Radio do Bloguer do capitão.

sábado, 14 de novembro de 2015

O MONGE E O EXECUTIVO

HUNTER, James C. Uma história sobre a essência
da liderança. Rio de Janeiro: Sextante, 2004.


1. Prólogo.

As idéias que defendo não são minhas. Eu as tomei emprestadas de Sócrates, roubei-as de Chesterfield, furtei-as de Jesus. E se você não gostar das idéias deles, quais seriam as idéias que você usaria?

Quando criança fui batizado na Igreja Luterana local. A certidão de batismo mostrava que o versículo da Bíblia escolhido para a cerimônia pertencia ao 2º capítulo de Lucas, a respeito de um homem chamado Simeão. De acordo com o livro em apreço, ele era "um homem muito correto e devoto, possuído pelo Espírito Santo".
Ao final da oitava série fui crismado na Igreja Luterana. O pastor  escolheu um verso da Bíblia para cada candidato à confirmação, e quando chegou minha vez leu em voz alta o mesmo trecho do Livro de Lucas sobre Simeão.
Vinte e cinco anos depois, tive um sonho que me atemorizou. Nele, era tarde da noite e estou completamente perdido, correndo num cemitério. Embora não possa ver o que está me perseguindo, sei que é o mal, alguma coisa querendo me causar grande dano.
De repente, um homem vestido com um manto negro aparece na minha frente, vindo de trás de um grande crucifixo de concreto. Quando esbarro nele, o homem muito velho me agarra pelos ombros, olha-me nos olhos e grita: "ache Simeão - ache Simeão e ouça-o!". Eu sempre acordava nessa hora, suando frio.
No dia do meu casamento, o pastor se referiu a essa figura bíblica durante a homília. Fiquei tão atordoado que cheguei a confundir-me na hora de pronunciar os votos, o que foi bastante constrangedor.
Na realidade, eu nunca soube ao certo se havia algum significado para todas essas "coincidências" envolvendo o nome de Simão.
Embora tivéssemos uma vida bem estável, eu gerente de uma grande empresa e minha esposa psicóloga. Um apartamento na cidade e uma casa muito bonita à beira do lago Erie, dois carros novos na garagem, mas de vez em quando surpreendia Rachel, orando pedindo a Deus um filho. Depois de muito tempo de tratamento, e nada dela engravidar. Decidimos adotar uma criança logo que ela nasceu e, colocamos seu nome de John Júnior. Dois anos depois, Rachel inesperadamente engravidou, e deu a luz a Sara, nosso outro milagre.
Nossa vida era muito boa,mas é claro que as coisas não são exatamente como parecem ser. Sem que eu desse conta, minha família estava se desestruturando. Um dia Rachel veio me dizer que vinha se sentindo infeliz no casamento há algum tempo e que suas necessidades não estavam sendo satisfeitas. Pensava que lhe dava tudo o que uma mulher podia desejar.
Para piorar, nosso relacionamento com os filhos não ia bem. John Jr. estava ficando cada vez mais malcriado e agressivo com sua mãe. Sara também estava diferente. Nós sempre tivemos uma ligação especial, mas agora ela parecia distante e eu não compreendia a razão.
Meu trabalho, a única àrea de minha vida onde estava seguro do meu sucesso, também passava por grandes mudanças. Decididamente eu estava passando por um período difícil. Eu não compreendia o que estava acontecendo, mas tudo isso mexeu muito com meu ego. Pois eu era orgulhoso demais para compartilhar meus problemas com os outros. Para disfarçar, adotei uma atitude descontraída, tentando enganar a todos, menos a Rachel.
Para encurtar a história, concordei em aceitar a idéia de Rachel e do pastor, para fazer um retiro em um mosteiro beneditino durante uma semana. O mosteiro João da Cruz estava localizado sobre um penhasco que ficava uns seiscentos metros acima do Lago Michigan, um cenário maravilhoso.
Fui recebido pelo padre Peter, que ajuda a dirigir a casa de hóspedes. Perguntei a ele quais são as atividades programadas para a semana? Ele respondeu que além das cinco cerimônias religiosas diárias, teremos aulas durante sete dias, começando amanhã de manhã e continuando até a manhã de sábado.
Gostaria de saber porque você chama alguns frades de "irmãos" e outros de "padre". Os chamados padre são sacerdotes ordenados, ao passo que os irmãos são leigos de diferentes setores.Todos nós fizemos votos de trabalhar juntos e compartilhar nossas vidas.
Eu gostaria de conhecer Len Hoffman e conversar sobre alguns assuntos com ele. Len Hoffman, Len Hoffman - Peter repetiu, ah, já sei quem é. Ele também tem um nome diferente agora, pois aqui recebemos outro nome que é escolhido pelo Reitor quando fazemos nossos votos. Ao se despedir, Peter disse a John Daily, a propósito, há dez anos o reitor deu a Len Hoffman o nome de Simeão.
Meu quarto era pequeno porém acolhedor, com duas camas, duas escrivaninhas e um pequeno sofá. O dividia com um pregador batista que já estava dormindo e roncava suavemente, enroscado na cama perto da janela.
Minha mente funcionava loucamente. Ache Simeão e ouça-o! Agora Irmão Simeão? Que espécie de coincidência poderia ser esta? Como me meti nisto? Meu sonho ... como será esse Simeão? O que terá para me dizer? Por que estou aqui? "Ache Simeão e ouça-o".

2. As Definições.

Estar no poder é como ser uma dama. Se tiver que lembrar às pessoas quem você é, você não é. - Margaret Thatcher.

O relógio despertou às cinco horas da manhã, antes mesmo que eu o desligasse, o meu companheiro de quarto, me cumprimentou, sou o Pastor Lee, de Wisconsin. E você, quem é? - John Daily, prazer em conhecê-lo, Lee.
Queria descansar mais um pouquinho, mas não conseguí. Levantei-me rapidamente e fui procurar a capela onde seria a cerimônia das cinco e meia.
Os frades vestiam longos hábitos pretos com cordões amarrados na cintura, enquanto os participantes do retiro usavam roupas informais.  às cinco e meia todos os assentos estavam ocupados.
Às cinco e meia os frades começaram a cantar uma liturgia em inglês.  Os participantes do retiro receberam um folheto para acompanhar, mas eu me vi perdido virando as páginas para frente e para trás, numa tentativa inútil de procurar o texto entre as várias seções de antífonas, salmos, hinos e respostas cantadas.
Após a cerimônia religiosa, caminhei até a biblioteca, bem pertinho da capela. Eu queria fazer uma pesquisa na internet, e um frade velho e estremamente solícito me mostrou como conectar.
Depois de uma hora de pesquisa, e ver mais de mil itens sobre Leonard Hoffman, encontrei um artigo sobre ele em um número da revista fortune de 10 anos atrás e o lí, fascinado.
Ele formara em administração de empresas pela faculdade Lake Forrest State, em 1941. Depois entrou para Marinha como oficial comissionado e rapidamente galgou postos até ser promovido a comandante de uma lancha destinada a patrulhar as ilhas Filipinas. Em uma missão de rotina, mandaram prender uma dúzia de japoneses, inclusive três oficiais que se haviam rendido depois de uma luta feroz em sua área de patrulhamento. Apesar da animosidade que pudesse ter em relação aos japoneses que tinham matado seu amigo em Pearl Harbor, Hoffman impediu que os oficiais e seus homens fossem humilhados e permitiu que fossem transportados sob vigilância, mas vestidos com seus uniformes.
O artigo dizia que no mundo dos negócios Hoffman era muito conhecido e respeitado como executivo, e sua habilidade para liderar e motivar pessoas tornou-se lendária nos círculos empresariais. Foi autor do best-seller The Great Paradox: To Lead You Must serve - O grande paradoxo: Para liderar você deve servir.
A última realização de Hoffman no mundo dos negócios foi a ressurreição de uma antiga empresa gigante, a Southeast Air. A companhia tinha tido um prejuizo de um bilhão e meio de dólares nos cinco anos anteriores à gestão de Hoffman como presidente.
O último artigo que encontrei na internet foi numa Fortune do final dos anos de 1980. Ele dizia que, aos sessenta e poucos anos e no topo de sua carreira bem sucedida, Hoffman demitira-se e desaparecera. Seus cinco filhos, todos casados e com filhos, não forneciam informações sobre seu paradeiro, apenas dizendo que ele estava feliz, saudável e queria ficar sozinho.
Depois da missa das sete e meia, resolví ir até o quarto para buscar um agasalho antes de tomar o café da manhã. Quando entrei, ouví barulho no pequeno banheiro e por isso gritei: - tudo bem, Lee?
Não é Lee, veio a resposta. Estou apenas tentando consertar o vazamento do vaso sanitário. Quando olhei dentro de pequeno banheiro, era um frade idoso, de quatro no chão, mexendo nos canos do vaso sanitário. Levantou-se vagarosamente e me vi frente a um homem no mínimo uns dez centímetros mais alto do que eu. Estendeu a mão para mim e disse: Alô, sou o irmão Simeão. Prazer em conhecê-lo John.
Era Len Hoffman, mais velho do que na foto da internet, com o rosto enrugado, maçãs do rosto salientes, queixo e nariz proeminentes e cabelos brancos um pouco compridos. Um corpo firme e enxuto, a face ligeiramente rosada. O que mais me chamou a atenção foram seus olhos, claros, penetrantes, de um azul profundo. Eram os olhos mais acolhedores  e cheios de compaixão que eu já vira.
Olá sou John Daily ... muito prazer em conhecê-lo, apresentei-me. Ah, sim, você é John. Padre Peter me disse que você queria me encontrar. Claro, mas só se o senhor tiver tempo, pois sei que deve ser um homem muito ocupado. Eu tenho um sonho recorrente, e acontecem algumas outras coincidências estranhas sobre as quais gostaria de conversar.
Eu mal podia acreditar que essas palavras tinham saido de minha boca! Eu, o Senhor sabe tudo, dizendo a outro homem que passava por dificuldades e precisava de conselhos? Estava surpreso comigo mesmo ou, com Simeão? Em menos de trinta segundos com esse homem, minha arrogância já tinha baixado.
Que tal se nos encontrássemos às cinco da manhã na capela, antes da  primeira cerimônia? Embora fosse muito cedo, não hesitei em interrompê-lo, concordei imediatamente com ele. Mas agora eu preciso terminar este serviço para não me atrasar para o café da manhã. Verei você na sala de aula às nove em ponto.
Quando o grande relógio soou nove vezes, Simeão puxou uma cadeira de madeira em direção ao pequeno grupo e começamos a aula. Bom dia, sou o irmão Simeão. Nos próximos sete dias terei o privilégio de compartilhar alguns princípios de liderança que mudaram minha vida. Assim, aprenderemos uns com os outros nesta semana, acreditem, por favor, eu não tenho todas as respostas, mas creio firmemente, que juntos  somos muito mais sábios do que cada um sozinho, e juntos faremos progressos nesta semana. Simeão pediu que cada um dos seis se apresentassem individualmente, e dissessem o motivo de virem para o retiro.
Lee, meu companheiro de quarto, foi o primeiro.  Seguido de Greg, um jovem sargento do Exército bastante vaidoso. Teresa, de origem hispânica, diretora de uma escola pública, falou a seguir, e depois Chris, uma mulher negra, alta e atraente, treinadora do time de basquete da Universidade Estadual de Michigan. Uma mulher chamada Kim apresentou-se antes de mim, mas eu não ouvi o que ela disse. Estava muito ocupado pensando no que diria a meu respeito quando fosse a minha vez de falar. Simeão olhou para mim e disse: - John, antes de começar, eu gostaria de pedir-lhe que resumisse para nós o que Kim falou a respeito de seus motivos para estar participando do retiro.
Estou constrangido por ter de admitir que não ouví muito do que ela disse, peço desculpas a você, Kim. Obrigado por sua honestidade John, Simeão respondeu. Ouvir é uma das habilidades mais importantes que um líder pode escolher para desenvolver.
Quando terminamos as apresentações, Simeão disse que durante esta semana, enquanto estivermos juntos, existirá apenas uma regra: quero que vocês prometam que falarão sempre que tiverem vontade. O que significa ter vontade de falar? o sargento do exército perguntou ceticamente. Você reconhecerá a vontade quando ela vier, Greg. Muitas das vezes é uma sensação de ansiedade que nos faz remexer na cadeira, o coração bate um pouco mais depressa, ou as palmas das mãos suam. É aquela sensação de que você tem uma contribuição a dar. Não tentem negar nem bloquear essa sensação durante esta semana.
Os  princípios de liderança que vou compartilhar com vocês não são novos nem foram criados por mim. São tão velhos quanto as escrituras e no entanto são novos e revigorantes como o nascer do sol desta manhã. Eles se aplicam a cada um e a todos os papeis de liderança que vocês têm  o privilégio de exercer. Lembrem-se de que sempre que duas ou mais pessoas se reúnem com um propósito, há uma oportunidade de exercer a liderança.
Lee levantou a mão para falar e Simeão fez sinal que sim com a cabeça. Eu percebí que sempre usa as palavras Lider e Liderança e parece evitar gerente e gerência, é de propósito?
Simeão respondeu: boa observação Lee. Gerência não é algo que você faça para os outros, você gerencia seu inventário, seu talão de cheques, seus recursos e etc. Você pode até gerenciar a si mesmo, mas você não gerencia seres humanos, mas gerencia coisas e lidera pessoas.
Liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum.
 Para compreender melhor como se desenvolve esse tipo de influência, é fundamental compreender a diferença entre pode e autoridade. Um dos fundadores da sociologia, Max Weber, escreveu há muitos anos um livro chamado The Theory of Social and Economic Organization - A teoria da organização econômica e social. Neste livro, Weber enunciou as diferenças entre poder e autoridade, vou parafrasear o melhor que puder.

Poder é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer. Uma forma de diferenciá-lo da autoridade, é que o poder pode ser vendido, comprado, dado e tomado. As pessoas podem ser colocadas num cargo de poder por serem parentes ou amigas de alguém.
Autoridade é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que você quer por causa de sua influência pessoal.  A autoridade não pode ser comprada nem vendida, nem dada ou tomada. A autoridade diz respeito a quem você é como pessoa. Tem ligação ao seu caráter e à influência que estabelece sobre as pessoas.

O fenômeno que ocorre frequentemente com os adolescentes, que chamamos de rebelião, é muitas vezes uma reação ao poder que os dominou dentro de suas casas por muito tempo.
Para minha surpresa, consegui participar de cada uma das cinco cerimônias diárias durante minha semana no mosteiro. Fazíamos três refeições substanciais por dia: café da manhã às oito e quinze, depois da missa matinal, almoço às doze e trinta, após a cerimônia de meio-dia, e jantar às seis horas, depois das vésperas da tarde. De forma bem simples, liderar é conseguir que as coisas sejam feitas através das pessoas. A chave para a liderança é executar as tarefas enquanto se constroem os relacionamentos.
Pensem em alguém, viva ou morta, que exerceu autoridade sobre você, pode ser um professor, treinador, pai, cônjuge, chefe, não importa. Depois, gostaria que vocês listassem as qualidades de caráter que essa pessoa possuía ou  possui, como se fosse uma lista de compras de supermercado.
Simeão foi ao quadro e  pediu a lista de cada grupo, escrevendo as principais no quadro e, assombradamente ficou, ao perceber a semelhança das listas. Vejamos algumas:

Honestidade e confiabilidade;
Cuidado;
Compromisso;
Bom ouvinte;
Bom exemplo;
Conquistava a confiança das  pessoas;
Tratava as pessoas com respeito;
Encorajava as pessoas;
Atitude positiva e entusiástica;
Gostava das pessoas.

Simeão perguntou: destas qualidades de caráter que vocês consideram essenciais  para liderar com autoridade, quais são aquelas com que nós nascemos?
Kim respondeu depois de alguns minutos, nenhuma delas. Exatamente, disse Simeão, pois todas as palavras que vocês listaram são comportamentos, e comportamento é escolha.
Outra pergunta para vocês: quantas dessas qualidades ou desses comportamentos vocês exibem em suas vidas, no momento?
A diretora respondeu que de certa forma todos, alguns melhor do que outros e alguns talvez precariamente. Maravilhoso Teresa, disse Simeão.
O desafio maior do lider é escolher os traços de caráter que precisam ser trabalhados e aplicar-lhes. Desafiar-nos a mudar nossos hábitos, nosso caráter, nossa natureza, isso requer uma escolha e muito esforço.
Resumindo, liderar é conseguir que as coisas sejam feitas através de pessoas. Sempre prevalecendo duas dinâmicas em jogo: a tarefa a ser feita e o relacionamento. Tudo na vida gera em torno dos relacionamentos, conosco, com Deus, com os outros. Isso é tão verdadeiro nos negócios, porque sem pessoas não há negócios.Os grandes lideres verdadeiramente têm essa capacidade de construir relacionamentos saudáveis. O princípio que se aplica ao cliente, deve ser o mesmo aplicado ao empregado, ao fornecedor, ao vendedor e etc.
O pregador disse: pensem na instituição do casamento neste país, aproximadamente a metade dessas parcerias que poderiam ser chamadas de organizações fracassa. Sabem qual é a principal razão alegada  pelas pessoas o dinheiro e os problemas financeiros. É como afirmar que pessoas pobres não podem ter bons casamentos.
A diretora perguntou: Simeão, eu concordo com você quando diz que os relacionamentos são muito importantes nas organizações e na vida. Qual é então o ingrediente mais importante num relacionamento bem sucedido?
Rapidamente Simeão respondeu: Confiança. Sem confiança é difícil senão impossível conservar um bom relacionamento.

3. O Velho Paradigma:

"Se você não mudar a direção, terminará exatamente no mesmo lugar onde partiu." - Provérbio Chinês.

Em uma das reuniões da cerimônia no mosteiro, Simeão percebeu que John não ouvia muito bem os colegas do grupo quando estavam falando. John, tentou se defender dizendo que ouvia muito bem, porém Simeão lhe falou, que quando conversavam dias anteriores ele o interrompera várias vezes.
Simeão começou a explicar que: quando você interrompe as pessoas no meio de uma frase, você acaba enviando algumas mensagens negativas. Primeiro, se você me interrompeu é porque não estava prestando muita atenção ao que eu dizia. Segundo, se você se recusa a me ouvir, não está valorizando a minha opinião. Finalmente, você deve acreditar que o que tem para dizer é muito mais importante do que o que eu tenho a dizer. Agindo assim, você acaba desrespeitando a pessoa com quem fala.
John, levei vários anos da minha vida para descobrir que não são as coisas materiais que nos trazem alegria na vida. Olhe em torno de nós, os maiores prazeres da vida são totalmente grátis. E para ilustrar, pense no amor, no casamento, na família, nos amigos, filhos, netos, no nascer e pôr-do-sol, nas noites de lua, nas estrelas brilhando, nas criancinhas, nos dons do tato, gosto, olfato, audição, visão, na boa saúde, nas flores, lagos, nuvens, sexo, na capacidade de fazer escolhas e na própria vida. Todos são grátis.
Muitas das vezes temos que desafiar alguns de nossos velhos paradigmas. Paradigmas são simplesmente padrões psicológicos, modelos ou mapas que usamos para navegar na vida. Podem se tornar valiosos e até salvar vidas, mas podem se tornar perigosos se os tomarmos como verdades absolutas, sem aceitarmos qualquer possibilidade de mudança, e deixarmos que eles filtrem as novas informações e as mudanças que acontecem no correr da vida.
Para termos idéia, vejamos o exemplo de paradigma perigoso, visto por uma garotinha que foi vítima de seu pai abusivo durante muitos anos. Provavelmente ela desenvolveria a idéia (paradigma) de que os homens adultos não devem ser confiàveis. Desta forma, enquanto criança, procuraria afastar-se do pai. Entretanto, se ela o transferir para o mundo adulto, é provável que, quando crescer, tenha grandes dificuldades em relacionar-se com os homens. Enquanto que o paradigma correto seria o de que alguns homens não são confiáveis, mas não todos. Portanto, o paradigma da menina é incorreto e ultrapassado.
Para finalizar, é importante que desafiemos continuamente os paradigmas a respeito de nós mesmos, do mundo em torno de nós, de nossas organizações e das outras pessoas.

Mark Twain disse:

 "devemos ter cuidado para absorver as lições adequadas de nossas experiências. Deu como exemplo o gato que senta no fogão quente. Como sua experiência foi dolorosa, ele jamais se sentará em qualquer fogão, nem quente, nem frio".

Em relação as organizações, se estas não desafiarem suas crenças e velhas maneiras de fazer as coisas, a concorrência e o mundo simplesmente a ultrapassam. Devemos ter em mente, que as pessoas são muito resistentes a mudanças. O progresso contínuo é fundamental tanto para as pessoas como para as organizações, porque nada permanece igual na vida. 

George Bernard Shaw disse:

"o homem sensato se adapta ao mundo, o insensato persiste em tentar adaptar o mundo a si mesmo; portanto, todo o progresso depende do homem insensato".

Nossas organizações trazem o modelo vertical de administração, ou seja, todos estão olhando para cima, para o chefe, e longe do cliente. Observa-se que os funcionários estão preocupados em agradar o Patrão, o Chefe, quando deveria ser ao Cliente. Esse modelo de administração serviu muito bem para um tempo, hoje teria que ser totalmente diferente, teriamos que inverter a estrutura organizacional. Onde o cliente estaria no topo da pirâmide, próximos a ele, os associados (empregados), supervisores, gerentes, vice-presidente e, por fim, o Presidente.
O grande paradoxo é que o papel do lider não é o de impor regras e dar ordens, mas sim o papel de servir, ou seja, o lider tem que identificar e satisfazer as necessidades de seus empregados e serví-los, atendê-los.
Existe uma grande diferença entre satisfazer vontades e satisfazer necessidades. As pessoas precisam de um ambiente com limites, um lugar onde haja padrões estabelecidos e onde as pessoas sejam responsáveis. As pessos têm necessidade de receber estímulos para se tornarem o melhor que puderem ser. Talvez isto não seja o que querem, mas o lider deve estar sempre mais preocupado com as necessidades do que com as vontades.

Uma vontade é simplesmente um anseio que não considera as conseqüências físicas ou psicológicas daquilo que se deseja.
Enquanto que uma necessidade, por outro lado, é uma legítima exigência física ou psicológica para o bem-estar do ser humano.

Assim, você enquanto líder deve saber quais são as necessidades das pessoas que trabalham com você, e não estamos falando somente de necessidades físicas como uma boa máquina, ferramentas adequadas, treinamento, material, de um salário justo e de um ambiente de trabalho seguro, mas também das necessidades psicológicas. E quais seriam estas necessidades? Perguntou Simeão.
Kim respondeu; no curso de psicologia aprendi a respeito de Abraham Maslou e sua hierarquia das necessidades humanas, comportando cinco níveis de necessidades, vejamos: comida, água e teto - nível mais baixo; segurança e proteção - o segundo, e assim por diante.
Pensamos que receber um salário justo e dar os benefícios satisfariam as necessidades do nível mais baixo, enquanto que a segurança e a proteção, exigiriam um ambiente de trabalho seguro, juntamento com o fornecimento de limites e o estabelecimento de regras e padrões.
Satisfeitas essas necessidades, o estímulo vem da auto-estima, o que inclui a necessidade de sentir-se valorizado, trabalho reconhecido, tratrado com respeito, apreciado, encorajado, premiado e etc.

4. O Modelo.

Quem quiser ser líder deve ser primeiro servidor. Se você quiser liderar, deve servir - Jesus Cristo.

As coisas nem sempre são como parecem ser, portanto, devemos tomar muito cuidado ao fazermos julgamentos precipitados e rápidos. Devemos adotar a filosofia de que nunca devemos tratar as pessoas da maneira que não gostaríamos de ser tratados.
Em uma reunião com dez de pessoas, se as dez concordarem com tudo, nove provavelmente são desnecessários, portanto, não despreze aquelas que pensam diferentemente das outras.
Teresa, numa bela manhã, aproximou-se de Simeão e lhe disse que eles tiveram uma discussão animada a respeito de quem teria sido o maior líder de nosso tempo. Muitos nomes foram sugeridos, mas parece que não chegamos a um consenso sobre quem seria. Na sua opinião, quem teria sido Simeão?
Sem pestanejar, ele respondeu: Jesus Cristo. Provavelmente você acha isso porque é Cristão. É natural que pense que Jesus foi um bom líder.
Simeão disse: não só um bom líder, mas o maior de todos os tempos.
Greg interrompeu-os e disse: não vim aqui para isso. Eu vim para aprender alguma coisa sobre liderança. Bem, disse Simeão, não conheço ninguém, vivo ou morto, que possa chegar perto de Jesus Cristo na personificação de líder, vamos olhar os fatos:
Hodiernamente mais de 2 bilhões de pessoas são Cristãos, ou seja, 1/3 (um terço) dos seres humanos do mundo. A segunda maior religião é o Islamismo, seu número de seguidores é menos da 1/2 (metade) menor do que o cristianismo.
Dois dos maiores dias santos deste país são o Natal e a Páscoa, baseados em eventos da vida de Jesus, e o nosso calendário até conta os anos a partir do nascimento dele, há pouco mais de 2000 anos. Portanto, não importa se você é budista, hinduista, ateu ou da igreja do momento e da moda, ninguém pode negar que Jesus Cristo influenciou bilhões de pessoas e, ao longo da história, ninguém está próximo de chegar ao segundo lugar.
Simeão, e como você definiria o estilo de liderança da administração de Jesus? Simplesmente, sua filosofia ou método era de que para liderar um grupo ou um povo você deveria serví-los. Os governantes Herodes, Pôncio Pilatos, os romanos, toda aquela gente tinha poder, mas Jesus possuía muita influência, o que eu chamo de autoridade, e é capaz de influenciar pessoas até os dias de hoje. Portanto, ele nunca usou o poder, nunca obrigou ou forçou ou coagiu alguém para seguí-lo, mas os convencia com sua argumentação e influência.
Jesus utilizou sua autoridade em sua forma literal, ou seja, a capacidade de levar as pessoas a realizarem a sua vontade de bom grado, por causa de sua influência pessoal, seu modo de vida. Esta influência e liderança são construidas sobre o serviço. A autoridade se constrói sobre serviço e sacrifício.
Greg perguntou: você poderia dar exemplos em que o serviço, o sacrifício e a construção da influência foram realmente eficientes para obter resultados positivos no mundo real?

1. Ghandi, aquele homenzinho da India de 1.60 m, ele conseguiu que algumas coisas fossem feitas usando autoridade e nenhum poder. Seu país vivia oprimido, com cerca de 1/3 de bilhão de pessoas, uma nação escrava do Império Britânico, mas ele declarou que obteria a independência da Inglaterra sem recorrer a violência. Foi achovalhado, escurraçado, mas ele conseguiu.
Como ele conseguiu isso; chamando a atenção das pessoas  para que pudessem começar a ver a injustiça de que estava acontecendo na India. Ele disse aos seus seguidores que era preciso se sacrificar para servir à causa da liberdade, mas através de seu sacrifício começariam a chamar a atenção de todas as partes do mundo. Foi preso e açoitado pro seus atos de desobediência civil, mas fez muitos jejuns rigorosos para chamar a atenção sobre a situação caótica da India. Finalmente em 1947, não apenas o Império Britânico deu a independência à India como recebeu Gandhi em Londres, com uma parada de herói.

2. Martin Luther King, que foi a India no final dos anos de 1950 para estudar os métodos de Gandhi. Após isso, seu aprendizado provocou grande impacto no Movimento dos Direitos Civis, no princípio dos anos 1960. O maior modelo e influenciador de sua luta foi Jesus Cristo. Quando lia algo sobre ele, M.L.K, ficava impressionado com sua coragem e impetuosidade, correndo riscos para proteger as prostitutas, os pobres e as viúvas, isto é, de quebrar as algemas da solidão dos miseráveis da sua sociedade. Os sonhos do Mestre dos Mestres, colocaram combustível nos sonhos desse jovem, ampliando sua arte de pensar e sua determinação (p.76, nunca desista de seus sonhos, Cury/2004).
Naquela época, os negros tinham que sentar-se na parte de trás dos ônibus, em setores especiais nos restaurantes, se é que o restaurante os receberia, beber em bebedouros separados e suportar humilhações ainda piores. É difícil acreditar que de fato este tipo de discriminação existiu. E isso foi cem anos depois da Guerra Civil, imaginem aquela guerra, americanos matando americanos. Acreditem ou não, perdemos mais americanos naquela guerra do que nas outras guerras juntas.
A enfermeira acrescentou; e no entanto todo o poder, sangue e sofrimento daquela guerra nao mudaram a situação cem anos mais tarde. Se uma pessoa branca entrasse num ônibus e todos os assentos estivessem ocupados, uma pessoa negra teria que se levantar, dar lugar a branca e ir para a parte de trás do ônibus.
Espelhando-se em seus maiores exemplos, Jesus e Gandhi, M.L.K, passou a afirmar que podia conquistar direitos civis para os negros sem fazer uso da violência. Muitos riram, zombaram e o desmereceram.
Ele sofreu ameaças de morte, violências pessoais e com seus familiares, passou tempo na prisão por sua desobediência civil, e até sua casa e sua igreja foram bombardeadas. Ele foi o homem mais jovem a ganhar o prêmio Nobe da Paz. O homem do ano na Revista Times - o primeiro negro americano a receber essa distinção. Dentre algumas conquistas de M.L.K, está o Decreto dos Direitos Civis de 1964 - que tornou-se Lei e ainda vigora até hoje.

3. Madre Teresa de Calcutá, que exerceu enorme influência sobre este país e sobre todo o mundo, tratando dos necessitados como se fossem seus próprios filhos.

Pelos modelos colocados, faz sentido que a autoridade seja construída sobre serviço e sacrifício. É a lei da colheita, que todos os fazendeiros conhecem muito bem. Você colhe o que planta. Você me serve e eu te servirei. Você se arrisca por mim, eu me arrisco por você. Alguém nos faz um favor, nós nos sentimos na obrigação naturalmente de devedores dessa pessoa. E, há, inclusive registro na Bíblia Sagrada, no capítulo 6, verso 7, do livro de Gálatas que assevera:

 "(...), porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará".

Em suma, dissemos que a liderança que vai perdurar deve ser baseada na influência e na autoridade. A autoridade sempre se estabelece ao servir aos outros e sacrificar-se por eles. O serviço que prestamos tem origem na identificação e satisfação das necessidades legítimas.
Para que o verdadeiro lider consiga construir sua autoridade por meio da influência, necessitará se valer de muito esforço e perseverança, mas eu gostaria de substiuir e usar a palavra amor.
Simeão, o que o amor tem a ver com isso? Você ao usar esta palavra está dizendo é que o amor é o que o amor faz?
Geralmente nos sentimos desconfortáveis a respeito desta palavra, principalmente em ambientes de negócios, é porque quando se fala em "amor" pensamos logo no sentimento. Quando faço a substituição e falo amor, estou me referindo a um comportamento humano e não a um sentimento.
O amor é sempre fundamentado na vontade. E, para tanto, teremos que definir o que vem a ser vontade. Aproveito uma fórmula que aprendí com Ken Blanchard, autor do clássico O Gerente Minuto. Vejamos a primeira metade da fórmula:

Intenções - Ações = Nada.

Muito simples, todas as boas intenções do mundo não significarão nada, se não forem acompanhadas por nossas ações. Vejo inúmeras pessoas dizerem como seus funcionários são sua mais valioza fortuna, mas no entanto, suas ações não são correspondentes ao que dizem. Agora veremos a outra metade da fórmula elaborada por Ken:

Intenções + Ações = Vontade.

Somente quando nossas ações estiverem de acordo com nossas intenções é que nos tornaremos pessoas harmoniosas e líderes coerentes. Eis, portanto, o modelo para liderar com autoridade.

A liderança começa com a vontade, que é nossa única capacidade como seres humanos para sintonizar nossas intenções com nossas ações e escolher nosso comportamento.

5. O Verbo.

Não tenho necessariamente que gostar de meus jogadores e sócios, mas como líder devo amá-los. O amor é lealdade, o amor é trabalho de equipe, o amor respeita a dignidade e a individualidade. Esta é a força de qualquer organização. Vince Lombardi.

Eu me sentia grato por Simeão não me impor sua religião ou outras crenças, mas nem nesse aspecto Ele era passivo. Sua natureza era gentil e expunha sua opinião claramente a respeito das coisas, sempre sorridente e possuía um brilho nos olhos, transmitindo uma verdadeira alegria de viver.
Fiquei impressionado por seu modelo de liderança Simeão. John, as idéias e o modelo não são meus, tomei emprestado de Jesus. Simeão, você sabe que não sou uma pessoa muito religiosa. É sim John, todos nós temos alguma espécie de crença a respeito da origem, natureza e finalidade do universo.
Nossa religião, é simplesmente nosso mapa, nosso paradigma, as crenças com que respondemos às difíceis questões existenciais. Todo ser humano pensa a respeito de determinadas coisas, por exemplo: como o universo foi criado? O universo é um lugar seguro? Por que estou aqui? Há algo depois da morte? Será que o universo foi feito ao acaso ou há uma finalidade maior?
Até as pessoas que se dizem ateus, são religiosas, tendo em vista que pensam nestas coisas e porque têm respostas para essa perguntas.
Simeão, mais existe tanta religião no mundo e nenhuma delas me parece plausível. Vejamos o Cristianismo, eu tentava entender o que Jesus queria dizer, mas ele sempre voltava a palavra amor. E, disse que era para "amar seu próximo". Eu só imaginava esta possibilidade, se fosse meus familiares ou meus bons vizinhos. Para complicar mais as coisas, Jesus insistia em que amássemos "nossos inimigos". Como eu poderia amar Adolf Hitler, um estuprador ou a um outro assassino?
Dentre as várias definições da palavra amor, vejamos algumas: forte afeição, ligação calorosa ou atração baseada em sentimentos sexuais.
No idioma orginal grego, existe várias expressões para conceituar amor, dentre elas Eros, da qual deriva a palavra erótico, e significa sentimentos baseados em atração sexual e desejo ardente. Outra palavra grega é Storgè, que significa afeição, principalmente entre pessoas de uma mesma família. Outra é Philos, ou fraternidade, amor recíproco. Uma espécie de amor condição, ou seja, tipo "você me faz bem que eu faço bem a você". Finalmente, os gregos usavam o substantivo agapé e o verbo correspondente agapaò, para descrever um amor incondicional, baseado no comportamento com os outros, sem exigir nada em troca.
Quando Jesus fala de amor no Novo Testamento, usa a expressão agapé, um amor traduzido pelo comportamento e pela escolha, não o sentimento do amor.
Na verdade, parece-me que Jesus não queria dizer que devemos amar nossos inimigos, ou seja, fazer de conta que pessoas ruins não são ruins, ou nos sentir bem a respeito de pessoas que agem indignamente, mas sim, de que devemos (como Cristãos) nos comportar bem em relação a estas pessoas.
Para ilustrar, há ocasiões em que minha mulher não gosta de mim, mas continua ao meu lado. Ela pode não gostar mesmo, mas continua a me amar e manifesta isso por suas ações e envolvimento no cotidiano.
Os pais que se derretem de amor pelos filhos mas não conseguem separar 15 minutos do dia para ficar com eles. Maridos que dizem amar suas esposas, mas estão sentados nos bares bebendo e em busca de outras mulheres.
Você pode ter um vizinho de difícil relacionamento, mas pode se comportar educadamente e amorosamente com ele. Embora ele opte por comportar-se mal, você pode tratá-lo respeitosamente e de maneira honesta.
Vocês lembram da atividade em que pedí para listarem virtudes nas pessoas que te influenciaram (nº 2 - Definições),  estando vivas ou mortas; vejam que existe uma narrativa Bíblica em 1º Coríntios, capítulo 13, que versa exclusivamente sobre o "AMOR", quando Jesus usou a expressão agapè, destacaremos algumas destas expressões:

1º Corintios:                                           Dicionário:

.Paciência.                      mostrar autocontrole em face da adversidade;
.Bondade.                       dar atenção, apreciação e incentivo;
.Humildade.                    ser autêntico, sem pretensão, orgulho, arrogância;
.Respeito.                       tratar as pessoas como se fossem importantes;
.Generosidade.              satisfazer as necessidades dos outros - abnegar;
.Perdão.                         desistir de ressentimento quando enganado;
.Honestidade.                ser livre de engano;
.Compromisso.              ater-se às suas escolhas.

Não parece muito com a lista descrita por vocês?  O que vocês poderiam me dizer a respeito destas palavras:
A treinadora respondeu: todas parecem tratar-se de comportamentos. Vocês concordam que a definição de amor agapé, escrita há mais de dois mil anos, também é uma bonita definição de liderança, e hoje?
Percebemos que o amor descrito no Novo Testamento é sinônimo de liderança.
Dentre as expressões encontradas na passagem Bíblica, são qualidades que vocês acham importantes para a qualidade do caráter para uma pessoa que desempenha liderança?
O pregador apropriou-se para fazer  um comentário: embora não esteja explicitamente inserido na lista, gostaria de incluir a palavra disciplina; ela deriva da raiz discípulo, com o significado de ensinar ou treinar. Qualquer disciplina objetiva corrigir ou mudar o comportamento, treinar a pessoa e não puní-la. No caso empresarial, ela pode se dar progressivamente: primeira advertência, segunda advertência, aviso final e, por último, você não pode mais fazer parte deste time ou equipe.
Foi feito uma experiência por um pesquisador de Harvard, para descobrir numa fábrica, em New Jersey, se havia uma relação direta e positiva entre a melhoria das condições de trabalho e sua produtividade. Uma das variáveis para a aplicação da experiência consistiu em aumentar as luzes do interior da fábrica. Constataram que a produtividade dos trabalhadores aumentou.  Quando se preparavam para aplicar outra variável, resolveram diminuir a luminosidade novamente, para não misturar com a já constatada. Se surpreenderam com os resultados, pois a produtividade continuou aumentando.
Perceberam que o aumento da produtividade não se deu por usarem lâmpadas mais fortes ou mais fracas, mas por alguém estar prestando atenção na execução e no ambiente de trabalho dos funcionários (pessoas humanas). Isso ficou conhecido como o efeito Hawthorne.
O fato que influenciou diretamente na melhoria da produtividade foi prestar atenção nas pessoas, e a melhor maneira para fazermos isso (líderes) é passar a observá-las e ouví-las ativamente. Tem pessoas que pensam que o ato de ouvir é um processo meramente passivo, precisamos entender que ouvimos seletivamente, fazendo julgamentos sobre o que está sendo dito e pensando em maneiras de terminar a conversa ou direcioná-la de modo mais prazeroso para nós.
Simeão disse: podemos pensar quatro vezes mais rápido do que falamos. Por isso, enquanto ouvimos alguém, há muitos ruídos internos acontecendo em nossas mentes.
A tarefa de ouvir ativamente acontece em sua cabeça, exigindo muito esforço e disciplina para silenciar toda a conversação interna enquanto ouvimos outro ser humano. Isso exige sacrifício, uma doação de nós mesmos para bloquear o mais possível o ruído interno e de fato entrar no mundo da outra pessoa.
O ouvinte ativo tenta ver as coisas como a pessoa que fala as vê e sentir as coisas como quem fala as sente. Essa identificação entre o locutor e o ouvinte, exige muito esforço e sacrifício, denominada de Empatia.
A enfermeira disse que em seu setor de trabalho, no hospital, definem empatia como presença total junto à paciente. E presença total não é apenas física, mas mental e emocional. É sinal de respeito estar totalmente presente com alguém que está "dando à luz", ouvindo e advinhando suas necessidades.
Há quatro maneiras essenciais de nos comunicarmos com os outros: lendo, escrevendo, falando e ouvindo. As estatísticas mostram que na comunicação uma pessoa gasta em média:

. 65 % - ouvindo;                      . 9 % - lendo;
. 20 % - falando;                       . 6 % - escrevendo.

Percebemos que algumas pessoas até desenvolvem bem uma ou duas línguas eletivas, mas não fazem esforço algum para ensinar a prática de ouvir. E esta é a habilidade que nossas crianças (os seres humanos) precisarão mais usar na vida.
A diretora acrescentou, no início de minha carreira achava que o meu trabalho era resolver todos os problemas de professores e alunos quando surgissem. Ao longo dos anos, aprendi que ouvir e compartilhar o problema da outra pessoa alivia sua carga. Há um efeito catártico (de catarse - alívio emocional, liberação de sentimentos que estavam reprimidos no inconsciente), em fazer-se ouvir atentamente por outra pessoa e poder expressar-lhe nossos sentimentos. 
Há uma citação que eu gosto muito, dita pelo Faraó Egípcio Ptahhotep que diz:

 "Aqueles que precisam ouvir os apelos e gritos de seu povo devem fazê-lo com paciência. Porque as pessoas querem muito mais atenção para o que dizem do que para o atendimento de suas reivindicações".

Prestar atenção e ouvir às pessoas é uma necessidade humana legítima e imprescindível, que não devemos negligenciar como líderes. Portanto, as pessoas necessitam e precisam ser ouvidas e que dediquemos atenção a elas. William James, provavelmente um dos grandes filósofos que este país já produziu, uma vez disse:

"que no centro da personalidade humana está a necessidade de serem apreciados". (observados, valorizados,reconhecidos).

É importante também elogiarmos as pessoas de forma sincera,  verdadeira e específica, valorizando as coisas boas que elas fazem em vez de ser o "gerente ou chefe gaivota", isto é, que vive procurando pegar os erros das pessoas. O elogio é uma necessidade humana legítima e essencial nos relacionamentos saudáveis.
Amor não é como nos sentimos a respeito dos outros, mas como nos comportamos como os outros. 
George Washington disse sobre a bondade:

"Seja bom com os outros. A distância que você caminha na vida vai depender da sua ternura com os jovens, da sua compaixão com os idosos, sua compreensão com aqueles que lutam, da sua tolerância com os fracos e os fortes. Porque algum dia na vida você poderá ser um deles".

Existe um provérbio que diz: "achamos o que buscamos", os psicólogos chamam isso de Percepção Seletiva. Você só começa a observar melhor uma coisa ou pessoa, quando surge algum interesse de sua parte por aquela pessoa ou coisa. Desta forma, você irá vê-las de uma forma totalmente diferente da qual as via antes. 
Infelizmente, a grande maioria de pessoas que exercem liderança é arrogante, egoísta e pretensiosos. Nós precisamos de líderes autênticos, habilidosos e verdadeiros com as pessoas. O ego pode de fato interpor-se no caminho e criar barreiras entre líderes e seus liderados.
Um professor certa vez descreveu algo a respeito da humildade, bem assim: "Ser humilde é ser real e autêntico com as pessoas e descartar as máscaras falsas".
A enfermeira, sempre com seu jeito suave e amigável de falar, interrompeu e disse: acredito que Deus não criou lixos humanos, apenas pessoas com problemas de relacionamento. Portanto, pelo simples fato de sermos seres humanos, devemos ser respeitados por todos.
Precisamos ter um comportamento afirmativo para com as pessoas, isso consiste em sermos francos, honestos e diretos, mas sempre de maneira educada e respeitosa. O perdão não é sinônimo de passar a mão na cabeça, de desconhecer as coisas ruins que a pessoa fez, nem deixar de lidar com elas à medida que acontecem. Perdoar é lidar de um modo afirmativo com as situações que surgirem e depois desapegar-se de qualquer resquício de ressentimentos.
Os terapeutas, em suas entrevistas diárias com seus pacientes, costumam sempre lembrá-los que o ressentimento destrói a personalidade humana. As pessoas que assim procedem, demonstram muita amargura e que são totalmente infelizes.
O líder comprometido dedica-se ao crescimento e aperfeiçoamento da equipe. Há diferença entre estar envolvido e comprometido. Greg, sitou um exemplo para distinguí-los: Quando forem comer ovos com bacon lembrem-se: a galinha estava envolvida, mas o porco estava comprometido.
Quando nos candidatamos a liderança estamos nos comprometendo a sermos pacientes, bons, humildes, respeitosos, abnegados, generosos, honestos e etc.Para finalizar este tópico, o verbo amar, na interpretação da enfermeira significa o ato ou os atos de doação aos outros, identificando e atendendo suas legítimas necessidades.

6. O Ambiente.

Homens e mulheres desejam fazer um bom trabalho. Se lhes for dado o ambiente adequado, eles o farão - Bill Hewlett.
Simeão, o pastor de minha igreja diz que devemos amar o próximo e a nós mesmos. Na verdade, vamos entender melhor o que Jesus quis dizer no versículo 39, do capítulo 22, do livro de Mateus, diz assim:

"E o segundo, semelhante a este é: Amarás o teu próximo como a tí mesmo".

Ele está dizendo para amarmos o próximo como a sí mesmo, e não a você mesmo. Ele não está simplesmente constatando que nós nos amamos, mas está nos pedindo que amemos os outros do mesmo modo como nos amamos. O ser humano por natureza, ou em sua grande maioria, tem a tendência de querer vir ou estar em primeiro lugar, não é?
Colocar nosso próximo em primeiro lugar e estar atento às suas necessidades é amar nosso próximo. Quando nós erramos, pense como rapidamente nos perdoamos. Será que agimos assim com o nosso próximo?
Se realmente formos honestos com nós mesmos, teremos que admitir que às vezes nos deleitamos, mesmo que por um breve momento, com a infelicidade de nosso próximo, com a perda do emprego, separação e divórcio, casos extraconjugais e outros transtornos. Nós verdadeiramente amamos nosso próximo quando nos preocupamos com seu bem-estar da mesma forma como nos preocupamos com o nosso.
Há ocasiões em que me aborreço com Deus e chego a não gostar muito Dele. Tenho muitas perguntas e há coisas que me parecem injustas, mas o que sinto tem pouco a ver com o meu amor por Deus e meu compromisso na relação com Ele. O bom é que, quando estamos comprometidos com o amor de Deus e aos outros, e continuamos a investir nesse sentido, comportamentos positivos acabarão produzindo sentimentos positivos, algos que os psicólogos chamam de práxis.
O trabalho do jardineiro que prepara a terra para o plantio, jogando sementes, regando, adubando, promovendo o exterminio de pragas e cuidando para não deixar o mato crescer sobre o jardim, mesmo fazendo tudo isso, não foi ele o responsável pelo crescimento das flores. Agora, com certeza, ele contribuiu para que ele viesse a ocorrer. Portanto, nós fazemos as coisas crescerem na natureza, mas somente nosso Criador ainda é o único que sabe como uma pequena semente plantada no solo se transforma em um grande e frondoso carvalho.
Esse princípio é de fundamental importância em relação aos seres humanos, o melhor que podemos fazer é criar as condições adequadas para que o crescimento se dê. Alguém poderia me dar alguns exemplos?
A enfermeira Kim, se antecipou: posso afirmar que para que uma criança se desenvolva normalmente durante os nove meses de gestação é essencial um ambiente saudável dentro do útero. O pastor, aproveitando o exemplo, e esta criança após o nascimento precisa de um ambiente amoroso e saudável para se desenvolver adequadamente. E perguntou: vocês sabem o que acontece aos bebês privados de qualquer contato humano? Morrem, disse a enfermeira. Exatamente, eles murcham e morrem.
A diretora disse: no sistema público onde trabalho há muitos anos, você sabe muito bem quais são as crianças que vêm de um ambiente hostil. Nossas prisões estão cheias de pessoas que cresceram em ambientes doentios. Estou me convencendo cada vez mais de que a resposta ao crime tem pouca relação com a cadeira elétrica e muito mais com o que acontece em casa e na escola.
As pessoas se enganam quando procuram o médico achando que vão ser curadas. Com todo o avanço da medicina, nenhum médico jamais consertou um osso fraturado ou curou um ferimento. O melhor que a medicina e os médicos podem fazer é prestar assistência através de medicação e terapias, criando as condições adequadas para que o corpo se cure.
Percebemos com os exemplos, que ficou bem claro que criar um ambiente saudável é muito importante para possibilitar o crescimento saudável, de modo especial para seres humanos.
Nós, seres humanos, somos igualmente ao jardim, precisamos ser adubados, ter cuidado com as pragas, observá-lo sempre com muita atenção. E quanto tempo é necessário para colhermos os frutos?
Simeão respondeu: conhecí muitos líderes que ficaram impacientes e desistiram do esforço antes que os frutos tivessem chance de crescer. Muitas pessoas querem o resultado rápido, mas o fruto só vem quando está pronto. E é por isso que o compromisso é muito importante para o líder. A enfermeira observou: outro fator importante que determina quando o fruto amadurecerá é o estado das nossas contas bancárias relacionais. Aprendi esta metáfora (emprego de palavra em sentido figurado; a significação de uma palavra é substituída por outra) quando lí o best-seller de Stephen Covey: Os 7 Hábitos de Pessoas Altamente Eficazes.
Em nossas contas bancárias financeiras fazemos depósitos e retiradas, esperando nunca ficar a descoberto. A metáfora da conta relacional nos ensina a importância de manter saudável o equilíbrio dos relacionamentos com as pessoas importantes de nossas vidas, inclusive as que lideramos.
Em síntese, o fruto pode levar mais tempo para aparecer, dependendo do estágio de nossas contas bancárias relacionais. Essa idéia da metáfora ilustra também por que devemos elogiar as pessoas em público e nunca puní-las ou chamar sua atenção em público. Quando fazemos o elogio, aumentamos nossa conta bancária relacional com as pessoas, enquanto que o contrário, diminuimos nossa conta bancaria relacional.
Simeão trouxe um artigo antigo sobre um levantamento a respeito do alto conceito que as pessoas têm de si mesmas e por que as retiradas da conta relacional têm um custo tão alto.

Revista Phychology Today: - o behaviorista que escreveu o artigo diz que não há uma relação uniforme entre o feedback positivo e o negativo. Trazendo para os termos de "depósitos e retiradas", ele afirma que para cada retirada que você faz em sua conta com uma pessoa são necessários quatro depósitos para voltar a ficar igual. Para fundamentar esta argumentação, ele prossegue discutindo um levantamento realizado para determinar com que realismo as pessoas se vêem, foi perguntado sobre sua habilidade de dar-se bem com os outros; vejam os resultados: 100 % puseram-se na metade superior da população;  perguntado sobre sua habilidade em liderar, disseram: 70 % se consideram na parte superior, e apenas 2 % na parte inferior.
Perguntado aos homens sobre suas habilidades atléticas comparada com outros homens; 60 % classificaram-se na parte superior e apenas 6 % disseram estar abaixo da média.
E o que isso quer dizer Simeão? Perguntou Greg. A treinadora explicou: é que as pessoas de modo geral têm alta opinião sobre sí mesmas, o que significa que devemos ser muito  cuidadosos ao fazer retiradas da conta dos outros porque o custo pode ser muito alto. Podemos passar anos nos esforçando para construirmos a confiança, e ela pode ser perdida em um instante por uma simples indiscrição.
Como líder você é o responsável pelo ambiente que existe em sua área de influência, e delegaram-lhe poder para cumprir com sua responsabilidade. Portanto, você tem o poder de determinar o comportamento de seus liderados. John alegou que não pode normatizar o comportamento de outra pessoa. Greg, o sargento, claro que pode! nós fazemos isso o tempo todo no Exército, e estou certo de que você faz isso com as pessoas em sua fábrica. Você tem políticas e procedimentos que todos devem seguir, não é? Como usar o equipamento de segurança, comparecer ao trabalho em uma deteminada hora, seguir os códigos de conduta no emprego.
Espere, me lembrei de um fato interessante, meu pai foi supervisor de primeira linha da fábrica de montagem da Ford em Dearborn durante mais de 30 anos. No início dos anos 1970, fui passar uma hora com ele num sábado pela manhã. Fiquei impressionado ao ver como as pessoas gritavam, xingavam e se zangavam umas com as outras. O ambiente de trabalho parecia uma selva, e os supervisores humilhavam publicamente os empregados sem qualquer condescendência ou hesitação.
Mais tarde, um dos melhores amigo de meu pai foi transferido para outra fábrica que fazia parte de uma parceria entre a Mazda (japoneza) e a Ford. Na primeira semana de trabalho na nova fábrica, o amigo de meu pai pegou um empregado fazendo algo errado e brigou agressivamente com ele na frente de todos, xingando-o no melhor estilo disciplinar de Dearborn, mas para seu azar, seu gerente japonês presenciou o incidente e o chamou à sua sala. Os japoneses são mestres em não perder a linha na frente dos outros, dizendo para o amigo de meu pai que estava sendo advertido uma única vez, pelo tipo de comportamento adotado com o funcionário, disse-lhe que se o visse novamente adotando aquele tipo de comportamento, seria demitido imediatamente. O amigo de meu pai, aposentou naquela fábrica dez anos mais tarde. Ele captou a mensagem.
Simeão disse, bom exemplo John. É importante porém, que não foi a Mazda que mudou o comportamento do supervisor, mas ele mesmo mudou, porque recebeu a mensagem e a intronizou. Não podemos mudar ninguém. O lema dos alcoólicos anônimos é:

 "A única pessoa que você pode mudar é você mesmo".

Tolstoi disse: "".todos querem mudar o mundo, mas ninguém quer mudar a si mesmo.

Nós como líderes podemos motivar as pessoas a mudar, não podemos? Eu defino motivação como qualquer comunicação que influencie as escolhas. Podemos fornecer todas as condições, mas são as pessoas que devem fazer suas próprias escolhas para mudar.
A treinadora perguntou se eles já tinham ouvido falar em Lou Holtz, o famoso ex-treinador de futebol. Sua fama se deu pela sua capacidade de gerar grande entusiasmo nos times que treinou. Consegue entusiasmar a equipe toda - treinadores, secretárias, assistentes e até os mensageiros. Certa vez um repórter se aproximou e perguntou: como você consegue ter todos tão entusiasmados em seu time? Lou respondeu: É muito simples, eu elimino os que não são.

7. A Escolha.

Visitei muitas companhias que estavam com algum tipo de problema, em lá chegando, apontavam o chucky da retroescavadeira ou alguma garota da expedição dizendo que neles estava o real problema. Mas nove vezes e meia de dez, quando eu começava a observar a companhia em crise, detectava que o problema estava no topo.
Engraçado Simeão, minha esposa atende mulheres com problemas familiares e constata a mesma dinâmica. Os pais trazem os filhos, dizendo: "conserte estas crianças, elas estão pintando o sete por toda a casa". Por experiência, ela sabe que este comportamento é apenas um sintoma do problema real, que na verdade está muito mais relacionado com a mãe e o pai.
O pensamento tradicional nos ensina que os pensamentos e os sentimentos dirigem nosso comportamento, e, claro, sabemos que isso é verdade. Nossos pensamentos, paradigmas, crenças, sentimentos, exercem grande influência sobre nosso comportamento. A práxis ensina que o oposto também é verdadeiro.
A práxis explica por que adotamos crianças, por que gostamos tanto de bichos de estimação, cigarros, jardinagem, bebidas, carros, golfe, coleção de selos e todo o resto de coisas que preenchem nossa vida. Ficamos presos a quem prestamos atenção, com quem passamos tempo ou a quem servimos.
Faz sentido, talvez explique por que eu de fato gosto do meu vizinho, mesmo sendo uma pessoa de difícil relacionamento.
A práxis também trabalha na direção oposta, John. No tempo de guerra, por exemplo, os paises muitas vezes desumanizam o inimigo, quando o chamamos de "soldados alemães" ou "asiáticos", por que desta forma fica mais fácil justificar matá-los. Ela também ensina que, se não gostamos de uma pessoa e a destratamos, vamos odiá-la ainda mais. Deixe-me entender, Simeão; então a práxis diz que, se me comprometo a amar uma pessoa e a me doar a quem sirvo, e sintonizo minhas ações e comportamentos com esse compromisso, com o tempo passarei a ter sentimentos positivos em relação a essa pessoa? Sim, John. Alguns preferem a expressão: "fingir para conseguir". 

Jerome Brunner, notável psicólogo de Harward, diz que:

"é mais comum representarmos um determinado sentimento do que agirmos de acordo com o sentimento".

Tony Campolo, fala sobre o poder da práxis na cura de casamentos. Afirma que a perda de sentimentos românticos que leva os casais a se divorciarem pode ser corrigida se o casal desejar. Para obter isso, cada um dos dois assume um compromisso que durante 30 dias, irão se tratar educadamente, respeitosamente, amorosamente, como aqueles momentos que antecederam ao casamento. 
O que deve ser priorizado nesse período é aquele glamour quando estamos buscando conquistar a pessoa amada e desejada. Importante lembrar dos elogios, estar sempre bem arrumado (a) para receber a pessoa amada, envios de flores, convite para jantar fora e etc.
Ele afirma que os casais que se comprometem e seguem estas difíceis tarefas retomam os antigos sentimentos. Isso é práxis. Os sentimentos virão em conseqüência do comportamento. 
De antemão, sabemos que não é nada fácil, por que é muito difícil começar. Conheci muitos pais, esposos, treinadores, professores e outros líderes que não queriam assumir sua responsabilidade diante das dificuldades de seus relacionamentos.
As grandes barreiras e obstáculos começam assim: "começarei a tratar minhas crianças com respeito quando elas passarem a se comportarem melhor", "só me dedicarei a minha mulher quando ela mudar seu comportamento", "vou prestar atenção ao meu marido quando ele tiver algo interessante a dizer", "só irei mudar se ela (e) mudar também" ou "respeitarei meus liderados quando meu chefe começar a me tratar com respeito".
Tenho certeza de que vocês sempre ouviram a declaração "mudarei quando ..." e podem preencher as reticências com várias outras afirmações. Talvez a declaração devesse transformar-se em uma pergunta: "Mudarei ... quando.?"
Muitas pessoas não querem assumir a responsabilidade adequada em suas vidas e preferem ignorar essa responsabilidade. A enfermeira aproveitou para contar uma experiência: uma das coisas que logo percebí no início de minha carreira, quando trabalhei no setor de psiquiatria de um hospital, é que as pessoas com problemas psicológicos sofrem muitas vezes do que eu chamaria de "doenças da responsabilidade". Os neuróticos por assumirem responsabilidades demais acreditam que tudo o que acontece é por culpa deles: "meu marido é um bêbado porque sou má esposa", ou "meu filho fuma maconha porque falhei como pai", ou "o tempo está ruim porque não rezei de manhã".
Por outro lado, pessoas com problemas de caráter, geralmente assumem muito pouco a responsabilidade por seus atos, acham que tudo o que sai errado é por culpa de outra pessoa; tipo assim: "meu filho tem problemas na escola por causa dos maus professores", ou "não posso progredir na companhia porque meu chefe não gosta de mim", ou "bebo porque meu pai me batia".
Simeão perguntou: Kim, você acha que hoje vivemos uma sociedade neurótica ou com problemas de caráter. Antes que ela respondesse, Greg se antecipou. Você está brincando? Na América nós nos tornamos tão cheios de doenças de caráter que o mundo todo está rindo de nós. Ninguém quer mais assumir responsabilidades por coisa alguma. Basta lembrar aquele prefeito de Washington, que foi apanhado fumando crack e disse que era uma intriga racista? A mulher que asfixiou seus dois filhos no banco traseiro do carro e disse que fez aquilo por ter sofrido abuso sexual quando criança? 
E os garotos que mataram os pais a tiros e alegaram que eram vítimas de abuso? E os fumantes de cigarros que processam as companhias culpando-as por anos de vício? E o funcionário municipal descontente em São Francisco que baleou o prefeito e o supervisor e alegou que estava temporariamente insano porque tinha comido doces em excesso?
Simeão retomou a fala, acredito que um dos problemas foi que exageramos um pouco em Sigmund Freud neste país. Embora tenha dado imensa contribuição ao campo da psiquiatria, e por isso lhe devemos ser gratos, ele plantou as sementes do determinismo que tem dado à sociedade todas as desculpas para os maus comportamentos, evitando assim assumir a responsabilidade adequada por seus atos.
Segundo Freud, determinismo significa que para cada efeito ou evento, físico ou mental, há um motivo, uma causa. Na fábrica de vidro, aquecer areia, cinza e os outros ingredientes é a causa que produzirá o efeito do vidro fundido. O determinismo escrito diz que, se soubermos a causa, física ou mental, poderemos predizer (dizer antecipadamente) o efeito.
Freud resolveu dar um passo adiante, e aplicou o mesmo princípio à vontade humana. Ele afirmou que os seres humanos essencialmente não fazem escolhas, e que o livre-arbítrio é uma ilusão. Ele acreditava que nossas opções e ações são determinadas por forças inconscientes das quais nunca nos damos conta completamente. Afirmou ainda, que se conhecermos suficientemente a ascendência genética e o ambiente de uma pessoa, podemos predizer seu comportamento e até mesmo as escolhas individuais que fará. Suas teorias dinamitaram o conceito de livre-arbítrio.
O velho argumento da natureza versus a criação, observou a enfermeira. O determinismo de Freud permite eu culpar meu avô pelos genes ruins, explicando por que ela é alcoólatra. Culpar meus pais por minha infância infeliz que me levou a fazer más escolhas e etc.
Há estudos que indicam com clareza que os alcoólicos são mais propensos a ter filhos alcoólicos, mas o alcoolismo não é uma doença?  Como eu posso dizer que é uma escolha?
Venho de uma família atormentada pelo álcool, sei que tenho certa predisposição para o alcoolismo e que preciso ter muito cuidado como isso. Quando estava por volta dos meus trinta anos, por pouco não me tornei um alcoólatra. Mas, embora eu possa ser predisposto a ter problema com álcool, faz sentido colocar a responsabilidade pela bebida em meu pai ou meu avô? Ou cabe a mim escolher tomar aquele primeiro gole ou não?
Todos os tipos de estímulos vêm a nós: contas a pagar, multas, maus chefes, problemas com vizinhos e o que mais houver. O estímulo sempre vem a nós, mas, como seres humanos racionais, temos a habilidade de escolher nossa resposta. Diferentemente dos demais animais, que respondem por instintos: um urso do Michigan faz o mesmo tipo de toca que um urso de Montana; um pássaro azul de Ohio faz o mesmo tipo de ninho que o pássaro azul de Utah.
Viktor Frankl, psiquiatra judeu, formou-se e foi professor na Universidade de Viena. Grande admirador e seguidor do determinismo de Freud, escreveu um livro chamado Em Busca de Significado. Durante a guerra, Frankl foi preso em um campo de concentração por vários anos, perdeu quase toda a família e os bens pessoais nas mãos do regime nazista e suportou horríveis experiências médicas no próprio corpo. Ele sofreu muito, e o livro com certeza não é para quem tem estômago fraco. Frankl aprendeu bastante a respeito de pessoas e da natureza humana em meio ao sofrimento, e isso forçou-o a repensar sua posição sobre o determinismo. Em um dos trechos do livro ele descreve:

"deixe alguém tentar expor à fome diversas pessoas, de maneira uniforme. Com o aumento da urgência imperativa da fome, todas as diferenças individuais obscurecerão e em seu lugar aparecerá a expressão uniforme do único desejo não-silencioso".

Nos campos de concentração, por exemplo, nesse laboratório vivo e nesse solo de testes, nós presenciamos e testemunhamos alguns de nossos companheiros comportarem-se como porcos, enquanto outros comportaram-se como santos. O homem tem ambas as potencialidades dentro de si mesmo: a que  se efetiva depende das decisões, não das condições.
Portanto, percebemos a magnífica mudança de paradigma, tendo em vista que devemos estar atentos a importância da responsabilidade e da escolha. E se a pessoa resolver pular fora da vida e não participar de nenhuma escolha ou decisão? - O sargento perguntou.

A diretora respondeu: O filósofo dinamarquês Kierkegaard uma vez disse que "não tomar uma decisão já é uma decisão, logo, não fazer uma escolha é uma escolha".

Dissemos que o caminho para a autoridade e a liderança começa com a vontade. A vontade são as escolhas que fazemos para aliar nossas ações às nossas intenções. Estou querendo dizer que, ao final, todos temos que fazer escolhas a respeito de nosso comportamento e aceitar a responsabilidade por essas escolhas. Escolheremos ser pacientes ou impacientes? Bons ou maus? Ouvintes ativos ou meramente silenciosos? Humildes ou arrogantes?
O conferencista M. Scott Peck, escreveu um livro chamado A Estrada Menos Concorrida. Em uma de suas falas ele disse que faz parte da natureza humana ir ao banheiro de calças. Parece uma piada, mas é muito profundo, vejamos:
Para uma criança, o treinamento no urinol parece coisa menos natural do mundo, pois para ela, é bem mais fácil fazer tudo nas calças. Mas, com o tempo, essa coisa artificial torna-se natural quando a criança, depois de treinar a autodisciplina, adquire o hábito de usar o vaso sanitário. Percebemos que isso vale para qualquer disciplina, seja aprender usar o vaso sanitário, escovar os dentes, aprender a ler e escrever, ou qualquer nova habilidade que nos disciplinemos a aprender.
Vocês conhecem os quatro estágios necessários para adquirir novos hábitos ou habilidades. Eles tanto se aplicam à aprendizagem de bons hábitos como à de maus hábitos, de boas e de más habilidades, de bons e maus comportamentos. Vejamos quais são estes estágios:

1º estágio: Inconsciente e sem habilidade. Nele você ignora o comportamento e o hábito. Isto se dá antes de sua mãe querer que você use o vaso sanitário, antes de você tomar seu primeiro drinque ou fumar seu primeiro cigarro, antes de você aprender a esquiar, jogar basquetebol, tocar piano, datilografar, ler e escrever, o que quer que seja. Você está inconsciente ou desinteressado em aprender a prática e, obviamente, despreparado.

2º estágio: Consciente e sem habilidade. Nele você toma consciência de um novo comportamento, mas ainda não desenvolveu a prática. É quando sua mãe começa a sugerir o vaso sanitário, você fumou seu primeiro cigarro, ou bebeu, e isso caiu mal, você pegou os esquis, tentou fazer uma cesta, sentou-se à máquina de escrever ou ao piano pela primeira vez. Tudo é muito desajeitado, antinatural e até assustador.

3º estágio: Consciente e habilidoso. Este é o estágio em que você está se tornando cada vez mais experiente e sente confortável com o novo comportamento ou prática. É quando a criança quase sempre consegue se controlar, quando você saboreia os cigarros e a bebida, quando já consegue esquiar razoavelmente, quando o datilógrafo e o pianista não precisam mais olhar para o teclado. Você está adquirindo o jeito da coisa. Qual seria a evolução final na aquisição de um novo hábito?

4º estágio: Inconsciente e habilidoso. Nele você já não tem que pensar, pois já escova os dentes e usa o vaso sanitário de manhã  da forma mais naturalmente do mundo. É o estágio final para o alcoólico e o fumante, quando estão praticamente esquecidos do seu hábito compulsório. Os datilógrafos e pianistas, não se preocupam com os dedos batendo no teclado. É o estágio em que os lideres conseguiram incorporar seu comportamento aos hábitos e à sua verdadeira natureza, estes são os lideres que não precisam tentar ser bons, porque já são. Eles não precisam tentar ser uma boa pessoa, pois já são boas pessoas.

John interpelou e disse: parece que você está falando da construção do caráter, Simeão. É exatamente isto John. A real capacidade de liderança não fala da personalidade do líder, de suas posses ou carisma, mas fala muito de quem ele é como pessoa. Eu achava que liderança era um estilo,mas agora sei que liderança é essência, isto é, caráter.
Paciência, bondade, humildade, abnegação, respeito, generosidade, honestidade, compromisso e amor. Estas são qualidades construtoras do caráter, são os hábitos que precisamos desenvolver e amadurecer se quisermos nos tornar líderes de sucesso, que vencem no teste do tempo. A diretora disse:

 "Pensamentos tornam-se ações, ações tornam-se hábitos, hábitos tornam-se caráter, e nosso caráter torna-se nosso destino".

8. A Recompensa.

Para cada esforço disciplinado há uma retribuição múltipla - Jim Rohn.

Muito tempo atrás, um advogado que chamavam de escriba, perguntou a Jesus qual o mandamento mais importante do Judaísmo. O judaísmo evoluíra durante séculos e foi gravado em milhares de velhos pergaminhos, mas o advogado queria saber a única coisa mais importante da religião. E Jesus lhe disse simplesmente que era amar a Deus e ao Próximo.
O que significa que amar é mais importante do que ir à igreja ou seguir uma série de regras. Um sábio cristão chamado Paulo escreveu há cerca de dois milênios que apenas três coisas importam: a Fé, a Esperança e o Amor. Acrescentando que a maior delas é o amor.
Simeão, bem sei que você acredita em Deus e que ele o ajuda. Mas eu sinto que preciso de um pouco mais de prova. Infelizmente, você não pode provar a existência de Deus.
Você está certo, John. Não posso provar a você, empiricamente, a existência de Deus, assim como você não pode, empiricamente, provar-me que Deus não existe. Contudo, vejo prova da existência de Deus em todos os lugares para onde olho. Com certeza, você vê um mundo diferente do meu, mas lembre-se do que falamos antes, não vemos o mundo como ele é, mas o vemos como somos.
A disciplina exige dedicação e trabalho duro, mas em compensação sempre traz prêmios. Vejamos o caso de quando nos doamos para servir alguém ou algumas pessoas, nos sacrificando pelos outros, nós construímos influência sobre elas. Um líder que sabe exercer influência é um líder cujas habilidades estão se desenvolvendo.
Simeão acrescentou: uma vez li um estudo sociológico feito a partir de uma pesquisa com pessoas acima de 90 anos. A pergunta era bem simples: Se você tivesse que viver sua vida outra vez, o que faria de maneira diferente? As três principais respostas que apareceram foram: 1. se arriscariam mais; 2.refletiriam mais sobre as coisas; e, 3. realizariam mais coisas que permanecessem depois que elas se fossem.

Bum Phillips, um ex-treinador do Houston Oilers, uma vez disse: "há apenas duas espécies de treinadores: os que são despedidos e os que estão para ser despedidos". O líder, com certeza tem que se arriscar de qualquer maneira. A diretora disse: uma tribo de índios americanos tem um velho ditado que diz:

"Quando você nasceu, você chorou e o mundo se regozijou. Viva sua vida de tal maneira que, quando você morrer, o mundo chore e você se regozije".

Fiz um curso de religiões comparativas e me lembro de ter lido o clássico de Huston Smith: The Religions of Man, ou seja, As Religiões do Homem. No epílogo, ele discute o relacionamento entre as grandes religiões do mundo e conclui que num ponto muito importante elas são iguais. Isto é, cada uma das grandes religiões contém uma versão da Regra de Ouro.

Vinci Lombardi disse:

"Nós não temos que gostar dos nossos colegas e sócios, mas, como líderes, somos instados a amá-los e tratá-los como gostaríamos de ser tratados".

Esta é a Regra de Ouro, dizendo como devo me comportar em relação aos meus liderados, exatamente como eu gostaria de ser tratado. O autor menciona, que todas as religiões do mundo concluem que o maior problema do homem, desde o princípio dos tempos, é sua natureza autocentrada, seu orgulho, seu egoísmo. Algumas religiões referem-se a isso como pecado. Smith conclui que todas as grandes religiões do mundo ensinam a superar nossa natureza egoísta.
Dentre as várias recompensas que estamos falando, há ainda uma muito valiosa que deve ser mencionada. É a recompensa da alegria. O que a felicidade tem a ver com liderança? Perguntou o sargento, Greg.
Eu estou falando de alegria e não de felicidade, Greg. Porque a felicidade é baseada em acontecimentos. Se coisas boas acontecem, estou feliz. Se acontecem coisas más, estou infeliz. No entanto, a alegria é um sentimento muito mais profundo, que não depende de circunstâncias externas. Alegria é satisfação interior e a convicção de saber que você está verdadeiramente em sintonia com os princípios profundos e permanentes da vida.
A diretora acrescentou: C.S.Lewis, uma vez disse que: "se você não acreditar que é autocentrado, provavelmente é autocentrado. Para ilustrar sua afirmação, ele nos desafia a olhar para uma coleção de fotografias de família e perguntar a nós mesmos: julguei, ou não, a qualidade da foto dependendo de como eu saí nela?
Quando negamos as nossas próprias necessidades e vontades e nos doamos aos outros, crescemos. Tornamo-nos menos autocentrados e mais conscientes dos outros. A alegria é uma conseqüência dessa doação.
A diretora novamente citou: uma vez perguntaram ao Dr. Karl Menninger, famoso psiquiatra, o que ele recomendaria a alguém que estivesse a ponto de ter uma crise nervosa. Ele disse para a pessoa sair de casa, ir ao encontro de alguém necessitado e ajudar essa pessoa. Simeão disse: eu tenho uma citação de minhas favoritas, o Dr. Albert Schweitzer disse:

"Eu não sei qual será seu destino, mas uma coisa eu sei. Os únicos que serão realmente felizes são os que buscaram e descobriram o que é servir".

Talvez serviço e sacrifício sejam o tributo (recompensa) que pagamos pelo privilégio de viver. Amar, servir e doar-nos pelos outros nos forçam a sair do egocentrismo. Amar aos outros nos força a crescer.  Finalizamos, com um provérbio chinês muito antigo:

"Uma jornada de duzentos quilômetros, começa com um simples passo. Portanto, nós precisamos dar apenas um passo, para iniciarmos uma nova jornada.