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quinta-feira, 22 de março de 2018

AMAR E PERDOAR: FÁCIL É FALAR, O DIFÍCIL É PRATICAR!

      Duas palavras pequenas e aparentemente simples, mas somente em sua forma escrita, pois possuem tão grande significado e amplitude que, muitas  vezes, confundem o nosso aprendizado ao ponto de encontrarmos dificuldades para coloca-las em prática no cotidiano.
     O amor pode ser conceituado como uma “afeição profunda por alguém ou por alguma coisa”. O termo afeição, como palavra escolhida neste texto para significar o amor, recebe inúmeros sinônimos, entre eles destacamos: apreço, bem-querer, carinho, ternura, amizade, devoção, meiguice, respeito, consideração e aceitação, entre outras. 
     Logo, fica subentendido que tanto podemos amar pessoas, animais ou objetos (coisas inanimadas). Portanto, devemos estar atentos com a amplitude do significado de cada uma dessas palavras. É interessante frisar que existem diferentes tipos de amor: - o amor dos pais pelos filhos; do marido pela esposa (e vice e versa); entre irmãos; entre amigos e entre pessoas. Todos nós podemos amar e ser amados, mas com conotações e comportamentos diferentes, mas mesmo assim, continua sendo amor.
    O sábio Salomão escreveu aproximadamente três mil provérbios (1 Reis 4:32), mas gostaria de colocar em relevo, o registrado no Livro de Provérbios, em seu capítulo 18:24, quando diz: “o homem que tem muitos amigos pode congratular-se (alegrar-se), mas há amigo mais chegado do que um irmão”. 
     Traduzindo noutras palavras, o amor e a amizade de certas pessoas, supera em alguns casos, a de um irmão, mas continua sendo amor. Um exemplo clássico disso, se deu entre o Davi e Jônatas, filho do rei Saul: “E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou com à sua própria alma” (1 Samuel 18:1).
     O que me intriga, é que acabamos confundindo a interpretação do termo amor, quando tentamos colocar em prática em nossos relacionamentos diários. E nessa confusão, acabamos por tomar atitudes que trazem dor e grande sofrimento, principalmente naquele (a) que figura na posição de vítima (não se esqueça que o agressor também pode vir a sofrer). Nesse sentido, vamos ver a seguir, o que não é amor:  O Amor não É:
    . Paixão: o amor é um sentimento duradouro, enquanto a paixão é efêmera, ou seja, de pouca duração. Aquele que ama, pratica naturalmente o amor diariamente e de diversas formas. Quem ama, tem uma conduta equilibrada, isto é, sabe controlar suas emoções em diversas ocasiões e circunstâncias.
     Enquanto que o apaixonado, costuma agir com desequilíbrio (muita desconfiança, ciúme doentio, autoritarismo,etc.). Ela, a paixão, costuma apresentar-se com muita compulsividade e, na maioria das vezes, acaba por sufocar o outro. Muitas pessoas casam-se apaixonadas, pensando que é amor. Depois de pouco tempo de matrimônio “cai a ficha”, vindo o desespero; resultando, muitas vezes, em separação ou divórcio.
    . Sexo: a relação sexual também faz parte e influencia muito no relacionamento conjugal, mas não é tudo, inclusive não é amor. Muitas pessoas começam seu relacionamento, praticamente com a relação sexual. Não houve sequer um tempo de namoro, para conhecer um ao outro melhor.
    E por haver uma “química” entre eles, ou seja, entre quatro paredes eles “se amam”; acabam confundindo o amor com o prazer sexual. Se a constituição desse relacionamento estiver fiada apenas na relação sexual, tem pouca probabilidade de prosperar.
    . Possessão: neste quesito, incluimos a figura masculina como o maior agente que faz a interpretação errada. E, como consequência, promove condutas inadequadas. Os homens confundem o amor – a pessoa que dizem amar, como se fosse de sua inteira propriedade.
    Quantas vezes ouvimos algum homem dizer: “se ela não for minha, não será de mais ninguém”. Um dos maiores índices de violência contra a mulher (vítima fatal), parte de um ex-marido ou ex-companheiro, por não ter aceitado a separação, configurando-se como crime passional.
    Quando o agente é preso e lhe é perguntado o motivo de ter matado “sua” mulher? A resposta é quase sempre a mesma: porque eu a amava e não queria vê-la com outro homem. Isto nunca foi amor! Tem um provérbio muito conhecido do povo, que diz assim:”Quem ama não mata”. O amor não é maligno.
    No Livro de 2 Coríntios, em seu capitulo 13:4-7, tem uma referência maravilhosa acerca do que vem ser o amor: “(...); o amor é benigno; não é invejoso; não se ensoberbece, não se porta com indecência; não busca os seus interesses; não se irrita; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Quem ama, entrega-se de corpo e alma ao outro, com o propósito de fazê-lo feliz.
     E, se for preciso sofrer para cumprir com este propósito, isto é, fazer o cônjuge feliz, ele (a) fará. E isto pode ser feito com educação, com brandura, com devoção, com respeito e com cuidado, entre outras formas.   
    . Subserviência: tem pessoas que se anulam totalmente para satisfazer os desejos e a vontade do outro, achando que isto é amor. E não é!  Ela se dispõe a cumprir as ordens do outro de forma humilhante, inclusive na presença de outras pessoas.
Nunca se dispõe a opinar e se opor a ela (e). Nunca diz não. O amor não pode te aprisionar, ele tem que fluir duma maneira carinhosa entre os cônjuges. Ambos tem que assumir o seu papel nesta relação, procurando dar o seu melhor para o outro.   
     . Conto de Fada: neste ítem, incluímos a figura feminina como o agente propulsor desta interpretação errada. E, como consequência, elas acabam imaginando ou esperando encontrar um “príncipe encantado”. E isto não é brincadeira, ainda existem mulheres que agem dessa maneira.   
    Elas fantasiam em encontrar um homem dócil, elegante, charmoso, obediente, bem financeiramente, pronto a satisfazer os seus desejos e vontades. É bem verdade que, ás vezes isso acontece, mas somente durante o período de namoro e noivado.
     Logo que se casam, os seus comportamentos mudam drasticamente; tanto de um como do outro. Por isso, opinião nossa, a importância do namoro, onde ambos poderão observar atentamente como se comportam em vários lugares e momentos que estarão juntos (bebedeira, ciúme, possessividade, arrogância, etc.).
   Quanto ao segundo termo – o perdão, não é muito diferente em relação ao amor. Confundimos e temos também dificuldades de coloca-lo em prática no dia a dia. Um de seus significados pode ser entendido como o de “absolver alguém de culpa ou de dívida”.
     Na área jurídica ou penal, usa-se como significado a remissão de pena, isto é, perdoar a pena daquele que cometeu uma infração ou delito. Temos muita facilidade em falar sobre o perdão, mas praticar o perdão, tem sido um grande problema nos relacionamentos humanos.
  Isto se deve por vários fatores, mas um deles é porque costumamos guardar ressentimentos e mágoas daqueles que nos ofendem. No geral, nós homens, temos muita dificuldade em perdoar. A pergunta a ser feita é: quem mais se beneficia com o ato de perdoar, o ofendido ou o ofensor? A resposta a esta pergunta é muito simples: – os dois são beneficiados! 
    Primeiro, o ofensor que toma consciência de que feriu outra pessoa, procurando-a para desculpar-se, tendo em sã consciência o seu erro, por isso vai em busca dela para pedir o seu perdão. Em sendo perdoado, tirará um grande peso de seus ombros (mente e coração).
  Segundo, o ofendido que concede o perdão, pois sabe que se retiver mágoas e ressentimentos em seu coração, isto poderá trazer sérias consequências para si, inclusive doenças psicossomáticas. Sabe também, que a falta da concessão do seu perdão, poderá prejudicar também o ofensor.
    Portanto, amigos e leitores, tanto um quanto o outro, deve refletir sobre seus atos e, se possível for, deve tentar reparar os erros cometidos. Não se esqueça que perdoar, trata-se de uma “tomada de decisão” e a escolha de perdoar, faz parte de um dos mandamentos do Mestre Jesus: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoarás a vós. Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:14-15).
   Lembre-se: quando decidimos perdoar, não podemos ter as seguintes atitudes: a) Relembrar o erro cometido pela pessoa; b) Não mencionar uma ofensa que já havia sido perdoada e; c) Tratar cada nova ofensa como se nunca tivesse acontecido antes.
    Se temos consciência de que ofendemos alguém, a iniciativa de ir pedir perdão deve partir de nós. Entretanto, se nós somos a pessoa ofendida, também devemos iniciar o processo de perdão. É claro que, ás vezes,  ofendemos ou somos ofendido, sem ao menos percebermos. E isto pode acontecer naturalmente em nossos relacionamentos. Trata-se de uma exceção!
     Para concluirmos, o ato de perdoar libera o ofensor para que possa se arrepender. Dois personagens que tomaram a decisão de perdoar seus ofensores, foram: - Estevão: “(...): Senhor, não lhes impute este pecado. E, tendo dito isto,  adormeceu” (Atos 7:60); - e Jesus Cristo: “(...): Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartiram as suas vestes, e lançaram sortes” (Lucas 23:34).
  Penso, que não existe exemplo maior do que esses dois personagens. Por isso, passemos a refletir sobre os nossos atos e que venhamos a tomar a decisão de perdoar aqueles que nos ofenderam (ou nos ofendem). Esta atitude agrada muito a Deus.


EDUARDO VERONESE DA SILVA
Evangelista e Membro da As. de Deus Nova Vida – Vila Velha/ES
Professor de Educação Física
Bacharel em Direito
Pós-graduado em Direito Militar

quarta-feira, 21 de março de 2018

O PROFETA E A MENSAGEM PROFÉTICA





Deuteronômio 18:17-20. Então o SENHOR me disse: Falaram bem naquilo que disseram: Eis que suscitarei um profeta do meio de seus irmãos; como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falarás tudo o que eu lhe ordenar. E será que qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, eu o requerei dele. Porém, o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá. 

Introdução:

O título de profeta foi dado por Deus, a alguns homens israelitas do tempo do Antigo Testamento (AT). Eles eram os porta-vozes ou os mensageiros de Jeová (ou Javé), com a missão de transmitir uma mensagem de admoestação (repreensão branda) ou de predição ao povo (ato de predizer o que vai acontecer no futuro).
O profeta no AT representa uma figura singular, ou seja, um fenômeno único em Israel. E isto se deve, pelo menos por três razões: 1ª - por sua própria natureza. A geografia do local e a constituição deste povo propiciou este surgimento; 2ª - por sua fonte. A característica marcante desses profetas eram as palavras usadas ao proferir a mensagem -  “Assim diz o Senhor” e; 3ª - por sua argumentação. Que não provinha deles, mas do próprio Jeová.
No entanto, esse fenômeno profético não era exclusivo da nação de Israel, haja vista que em outras nações também haviam profetas e profecias. A grande diferença entre eles, se dava em saber de onde provinha o Agente da profecia (o arauto ou mensageiro) e  a Mensagem profética (revelação dos céus). Em Israel, tanto o Arauto como a Mensagem Profética tinha origem no próprio Deus (Jeová).

Gênesis 6:8-11. Noé, porém, achou graça aos olhos do SENHOR. Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus. E gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé. A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência.

Algumas dessas predições já se cumpriram totalmente, por exemplo, o prenúncio descrito no livro do profeta Isaías, sobre a vinda do Messias, anunciado aproximadamente 700 anos antes de seu acontecimento:

Isaías 7:14. Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal; eis que uma virgem conceberá e dará a luz um filho, e será o seu nome Emanuel.

O pleno cumprimento desta profecia se deu com o nascimento de Jesus Cristo, gerado no ventre de uma virgem de nome Maria, registrado no livro do Evangelista Mateus (Novo Testamento), em seu capítulo 1:23, que assim diz: “Eis que a virgem conceberá  e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de EMANUEL (Emanuel que traduzido é: Deus conosco)”.
Outras profecias estão se cumprindo e algumas ainda irão se cumprir, como por exemplo, a registrada também no livro do mesmo profeta Isaías (Antigo Testamento), que assim diz: “Porque eis que eu crio céus novos e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” (Isaías 65:17).
Esta profecia aponta para o porvir, quando Deus irá estabelecer Seu reino na terra. O profeta fala de um só tempo, ou seja, da era da eternidade, em que o pecado e a morte já não mais existirão (versos 17-21). Portanto, a pessoa do profeta em Israel apresentava-se como a realização e a comprovação da Palavra do Deus na/da Aliança.

Gênesis 6:12-14. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra. Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra. Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e a betumarás por dentro e por fora com betume.

Pode-se dizer, que a origem ou a construção da identidade do profeta, se deu numa relação intensa e de completa dedicação a Jeová, o que resultou numa determinação da própria vida do profeta e de “sua mensagem”. Noutras palavras, pode-se dizer que o profeta se “apaixonou” pela pessoa de Javé,  e desta paixão, houve a promoção de uma grande intimidade e afeto entre eles.
Vale ressaltar que antigamente em Israel, havia uma distinção entre a pessoa do profeta e do vidente, mas, depois de algum tempo, os termos se tornaram sinônimos, conforme pode ser visto em 1 Samuel 9:9: “(Antigamente em Israel, indo qualquer consultar a Deus, dizia assim: Vinde, e vamos consultar ao vidente; porque ao profeta de hoje antigamente se chamava vidente)”.

Portanto, em alguns textos do Antigo Testamento, o profeta é chamado de “vidente”. Palavra de origem hebraica – Ro’eh, que significa “aquele que vê”. Para exemplo, cita-se o caso de Samuel:

1 Samuel 9:5-6, 10-11. Vindo eles então à terra de Zufe, Saul disse para o seu moço, com quem ele ia: Vem, e voltemos; para que porventura meu pai não deixe de inquietar-se pelas jumentas e se aflija por causa de nós. Porém ele lhe disse: Eis que há nesta cidade um homem de Deus, e homem honrado é; tudo quanto diz, sucede assim infalivelmente; vamo-nos agora lá; porventura nos mostrará o caminho que devemos seguir. (...). Então disse Saul ao moço: Bem dizes; vem, pois, vamos. E foram-se à cidade onde estava o homem de Deus. E, subindo eles à cidade, acharam umas moças que saíam a tirar água; e disseram-lhes: Está aqui o vidente? (grifamos)

Do texto em destaque, vale ressaltar algumas qualidades deste “vidente” da terra de Zufe: era um homem de Deus; um homem honrado, um homem de oração e tudo quanto ele profetizava, acontecia infalivelmente. Estes homens, eram capacitados de uma forma especial por Deus, para poder enxergar na “esfera espiritual” ou prever o futuro. O interessante é que este homem chamado de vidente no texto, era o Profeta Samuel.
Pode-se dizer que o coroamento deste relacionamento se revelou na pessoa de Moises. Personagem este, que foi o autor do Pentateuco, isto é, os cinco primeiros livros da Bíblia Sagrada: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuterônomio.  

1. O Profeta do Antigo Testamento.

            A origem etimológica do termo profeta significa “porta-voz de Deus cuja mensagem é ou de admoestação ou predição”. Outras fontes apresentam sua origem vindo do idioma hebraico e sua tradução mais comum é “Nabi”, cuja significação é incerta, mas acredita-se que significa “ferver ou borbulhar”, logo, o profeta seria “Aquele que ferve com a mensagem ou com a inspiração divina”.
Outros teólogos acham ser mais provável que “Nabi” tem conexão com o idioma Árabe ou Assírio. Para tanto, seu significado seria “Aquele que profere ou anuncia uma mensagem divina. Para nós, pode-se simplesmente dizer, que o profeta “é aquele que fala da parte de Deus aos homens” (p.ex., igual ao Embaixador de um País).
Num certo sentido, pode-se dizer que os primeiros profetas foram os patriarcas que viveram desde a criação do primeiro homem – Adão, até chegar ao profeta Moisés. Profeta este, que além de ter sido usado por Deus, juntamente com seu irmão Arão, para ser o libertador do povo hebreu, foi também, estadista, historiador, poeta e legislador. 

Êxodo 3:1-3,6,9-10. E, apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o Anjo do Senhor em uma chama de fogo, no meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. (...). Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus. (...). E agora, o clamor dos filhos de Israel chegou a mim, e também tenho visto a opressão com que os egípcios os oprimem. Vem agora, pois, eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito.

Ele é considerado por Orlando Spencer Boyer[1] e outros teólogos, o maior vulto do Antigo Testamento. Deus o usou para formar, de uma raça de escravos hebreus uma nação poderosa que alterou completamente o curso da história da humanidade.
Noutro sentido, é na pessoa do profeta Samuel que se inicia o ministério profético. Depois desses primeiros mensageiros do Senhor, surgiu uma nova ordem de profetas. Desta vez, dividida em duas classes ou categorias. A primeira delas, classificada como os Grandes Profetas ou os Profetas Maiores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel (quatro profetas, mas são cinco livros).
Eles receberam esta titulação, por terem profetizado por um período maior de tempo e, também, por terem escritos extensas profecias, apresentadas em seus livros contendo vários capítulos (Isaias, por exemplo, 66 capítulos). Dentro deste contexto, o ministério profético de Isaías, ocorreu durante o reinado de quatro reis de Judá: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias.

Isaías 1:1: Visão de Isaías, filho de Amoz, a qual ele viu a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá.

Toda sua mensagem estava centrada na cidade de Jerusalém, passando pelos reinados desses quatro governantes. “No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito (cortejo que acompanha uma pessoa, para servi-la ou honrá-la) enchia o templo” (Isaías 6:1).
Estima-se que o ano a que se refere este texto seria 740 a.C., registra também que o rei Ezequias veio a falecer no ano 687 a.C. Com base nessas duas datas, conclui-se que o ministério profético de Isaías durou cinquenta e três anos, isto é, mais de meio século.
A segunda categoria é conhecida como os Profetas Menores, que receberam esta denominação por terem escritos profecias de pequena extensão ou que sua duração se deu num período menor de tempo: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
O Evangelho de Jesus Cristo, segundo escreveu o médico e evangelista Lucas, em seu capitulo 24:44, diz assim:

Lucas 24:44. Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas (Maiores e Menores) e nos Salmos.

Neste texto de Lucas, é evidenciado como era (talvez ainda seja) apresentado o Antigo Testamento Hebraico, diferenciando-se da forma em que está impresso nas Bíblias atuais.   Um texto Bíblico elucidativo em que apresenta a figura do profeta, encontra-se no livro do profeta Jeremias, em seu capítulo 1:7-10:  

Jeremias 1:4-10. Assim veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta. Então disse eu: Ah, Senhor DEUS! Eis que não sei falar; porque ainda sou um menino. Mas o SENHOR me disse: Não digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar, falarás. Não temas diante deles; porque estou contigo para te livrar, diz o SENHOR. E estendeu o SENHOR a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as minhas palavras na tua boca; olha, ponho-te neste dia sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares, e para derrubares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares (grifamos).

Mesmo antes de nascer, Deus escolheu e determinou que Jeremias seria profeta. Assim como Deus tinha um plano para a vida ele, Ele também tem um para a sua vida. Por isso, precisamos nos preparar para sermos usados por Ele como instrumento em suas mãos. Uma das formas em que Jeová utilizava e ainda utiliza para transmitir sua revelação aos escolhidos, é por meio de sonhos e visões:

Números 12:5-8. Então o SENHOR desceu na coluna de nuvem, e se pós à porta da tenda; depois chamou a Arão e a Miriã e ambos saíram. E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele. Não é assim com o meu servo Moisés que é fiel em toda a minha casa. Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a semelhança do SENHOR; por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés?

O texto em relevo, registra o momento em que Deus repreende tanto a Arão como Miriã, por terem se queixado de seu irmão Moisés, quando se casou com uma mulher cuxita (Etíope). Na verdade, este argumento foi um mero pretexto para encobrir a inveja que tinham por Deus ter dado toda a autoridade a Moisés: “E disseram: Porventura, falou o Senhor somente por Moisés? Não falou também por nós? E o Senhor o ouviu”. (Números 12:2).
Deus também pode escolher, pessoas que, a princípio, não descendem da linhagem de profetas (netos ou filhos de pastores), como foi o caso do profeta menor Amós. “Era boieiro e cultivador de sicômoros”, na cidade de Tecoa, situada a cerca de 20 quilometros ao sul de Jerusalém (Amós 7:14).

Amós 7:11-15. Porque assim diz Amós: Jeroboão morrerá à espada, e Israel certamente será levado para fora da sua terra em cativeiro. Depois Amazias disse a Amós: Vai-te, ó vidente, e foge para a terra de Judá, e ali come o pão, e ali profetiza; mas em Betel daqui por diante não profetizes mais, porque é o santuário do rei e casa real. E respondeu Amós, dizendo a Amazias: Eu não sou profeta, nem filho de profeta, mas boiadeiro, e cultivador de sicómoros. Mas o SENHOR me tirou de seguir o rebanho, e o SENHOR me disse: Vai, e profetiza ao meu povo Israel.

1. 1 A Profecia do Antigo Testamento

            Vimos que o profeta quando abria sua boca para dirigir uma mensagem profética, ele se tornava naquele momento, o representante fiel de Deus – o Embaixador de Cristo (2 Coríntios 5:20). Esses representante de Deus, em atuação no Antigo Testamento, tiveram basicamente três tipos de mensagens: 

1.1.1 – De União: neste tipo de mensagem profética, podemos inserir a pessoa de Moisés, Arão e Josué, entre tantos outros. Eles tiam a missão de unir e de manter unido o povo de Deus, numa caminhada rumo a um lugar determinado e com o propósito já estabelecido por Deus – entrar na Terra Prometida (Canaã).
O interessante a ressaltar deste episódio acerca do Êxodo (saída do Hebreus do Egito), é que, nem Moisés, nem Arão e nem Miriã, entraram na Terra Prometida - em Canaã. Os três irmãos, morreram no espaço de um ano, na ordem da sua idade.

. Arão morreu com 123 anos, no Monte Hor (na fronteira da terra de Edom): “Então, partiram de Cades; e os filhos de Israel, toda a congregação, vieram ao monte Hor. E falou o Senhor a Moisés e a Arão no monte Hor, nos termos da terra de Edom, dizendo: Arão recolhido será a seu povo, porque não entrará na terra que tenho dado aos filhos de Israel, porquanto rebeldes fostes à minha palavra, nas águas de Meribá” (Números 20:22-24).
Ele, conforme o mandado do Senhor, “morreu ali no quinto mês do ano quadragésimo da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no primeiro dia do mês. E era Arão da idade de cento e vinte e três anos, quando morreu no monte Hor” (Números 33:38-39).

. Moisés morreu com 120 anos, no Monte Nebo, ao cume de Pisga (na terra de Moabe):  Então subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está em frente a Jericó e o SENHOR mostrou-lhe toda a terra desde Gileade até Dã; (...); era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor. E os filhos de Israel prantearam a Moisés trinta dias, nas campinas de Moabe; e os dias do pranto no luto de Moisés se cumpriram” (Deuteronômio 34:1,7-8).

. Miriã morreu em Cades, próximo ao deserto de Zim, com 130 anos de idade: “Chegando os filhos de Israel, toda a congregação, ao deserto de Zim, no mês primeiro, o povo ficou em Cades; e Miriã morreu ali e ali foi sepultada” (Números 20:1).

1.1.2  - De Admoestaçao: poderíamos inserir neste tipo de mensagem vários nomes de profetas do AT, inclusive o próprio Moisés. No entanto, escolhemos os profetas Jeremias e Natã. O primeiro, direcionou sua mensagem profética ao exortar, de forma especifica, o povo de Judá, advertindo-os sobre a sua irmã - Israel (Reino do Norte), que havia sido levada em cativeiro pela Assiria (722 a.C.).
            Entretanto, o povo de Judá (Reino do Sul), não lhe deu ouvidos ou importância. Jeremias profetizou por mais de duas décadas a mesma mensagem a este povo: “convertei-vos de seus maus caminhos, pois o Senhor virá com mão pesada sobre vós”.

Jeremias 25:1-4. A palavra que veio a Jeremias acerca de todo o povo de Judá no quarto ano de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá (que é o primeiro ano de Nabucodonosor, rei de Babilónia), a qual anunciou o profeta Jeremias a todo o povo de Judá, e a todos os habitantes de Jerusalém, dizendo: Desde o ano treze de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até o dia de hoje, período de vinte e três anos, tem vindo a mim a palavra do SENHOR, e vo-la tenho anunciado, madrugando e falando; mas vós não escutastes. Também vos enviou o SENHOR todos os seus servos, os profetas, madrugando e enviando-os, mas vós não escutastes, nem inclinastes os vossos ouvidos para ouvir,

            Eles esqueceram-se de que a mensagem do profeta Jeremias direcionada a eles, em todos estes anos, era proferida da boca do próprio Deus.
Quanto ao profeta Natã, ele exerceu seu ministério profético nos reinados de Davi e Salomão. Um homem comprometido com a missão que lhe foi confiada pelo Senhor e teve a ousadia para desmascarar o próprio rei, no cometimento de seu pecado.  

2 Samuel 12:1-8. E o SENHOR enviou Natã a Davi; e, apresentando-se ele a Davi, disse-lhe: Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre. O rico possuia muitíssimas ovelhas e vacas. Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara; e ela tinha crescido com ele e com seus filhos; do seu bocado comia, e do seu copo bebia, e dormia em seu regaço, e a tinha como filha, e vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para assar para o viajante que viera a ele; e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para o homem que viera a ele. (...). Então o furor de Davi se acendeu em grande maneira contra aquele homem, e disse a Natã: Vive o SENHOR, que digno de morte é o homem que fez isso. E pela cordeira tornará a dar o quadruplicado, porque fez tal coisa, e porque não se compadeceu. Então disse Natã a Davi: Tu és este homem. Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul; e te dei a casa de teu senhor, e as mulheres de teu senhor em teu seio, e também te dei a casa de Israel e de Judá, e, se isto é pouco, mais te acrescentaria tais e tais coisas.

1.1.3 – De um Deus Único: outras tribos e nações, como já fora dito, também possuíam profetas, mas eles eram politeístas, isto é, veneravam vários deuses. A nação e povo de Israel, adoravam um único Deus. E este Deus se mostrava presente em encontros pessoais (Genesis 12:1-3).

Gênesis 12:1-3. Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.
(...)
Êxodo 3:14-15. E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós. E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O SENHOR Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração.

            Mas, também, em encontros coletivos: “E disse o SENHOR a Moisés: Eis que eu virei a ti numa nuvem espessa, para que o povo ouça, falando eu contigo, e para que também te creiam eternamente. Porque Moisés tinha anunciado as palavras do seu povo ao SENHOR. Disse também o SENHOR a Moisés: Vai ao povo, e santifica-os hoje e amanhã, e lavem eles as suas roupas, e estejam prontos para o terceiro dia; porquanto no terceiro dia o SENHOR descerá diante dos olhos de todo o povo sobre o monte Sinai” (Êxodo 19:9-11).

2. O Profeta e a Profecia no Novo Testamento

            O profeta e a mensagem profética que passou a ser anunciada na Nova Aliança, continuou tendo o mesmo propósito, mas se diferenciando um pouco daquela propagada na Antiga Aliança. Agora, ela surge com uma admoestação mais incisiva e direta, onde o Deus comissionou a seu próprio Filho – Jesus Cristo para ser o seu porta-voz diante dos homens. Dito com outras palavras; no passado (Antigo Testamento), Ele usou os profetas como seus oráculos, para anunciar a Sua mensagem.

Hebreus 1:1-2. Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo filho.

Agora, no presente (Novo Testameto), Ele usa o seu próprio Filho para desempenhar esta missão profética. Além disso, a tônica da mensagem profética pauta-se, basicamente, acerca do arrependimento dos pecados, porque é chegado o Reino de Deus a Terra.

Mateus 4:14-17. Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: A terra de Zebulom e a terra de Naftali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia das Nações (ou dos Gentios). O povo que estava assentado em trevas (pecados) viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte (condenados) a luz raiou. Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.

            Vale lembrar, que antes de Jesus iniciar seu ministério profético, foi escolhido e chamado João, o Batista, para preparar todo o caminho para a sua chegada. Tanto um quanto o outro, profetizaram uma mesma Mensagem.

Mateus 3:1-2: E, naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.

            Portanto, o surgimento de João Batista e o de Jesus Cristo, foram profetizados séculos antes de seus nascimentos, mas Deus já havia usado o profeta Isaías e outros profetas da Antiga Aliança, para anunciar que o Messias – o Ungido de Deus, viria a terra.

Isaías 9:6. Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.
(...)
Isaías 40:1-5. Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai benignamente a Jerusalém e bradai-lhe que já a sua servidão é acabada, que a sua iniquidade está extirpada e que já recebeu em dobro da mão do Senhor, por todos os seus pecados. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo vale será exaltado, e todo monte e todo o outeiro serão abatidos; e o que está torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. E a glória do Senhor se manifestará, e toda carne juntamente verá que foi a boca do Senhor que disse isso.
           
As duas narrativas em destaque, comprovam o cumprimento total das profecias preditas pelo profeta Messiânico Isaías. Inclusive, que o nascimento de Jesus, ocorreria num tempo e lugar específicos na história – na Plenitude dos Tempos (Efésios 1:9-10). Como também descreve o lugar onde João, o Batista, surgiria pregando o Evangelho de Cristo – no Deserto.     

3. O Profeta Menor Habacuque:

Seu nome no idioma hebraico significa “o que abraça” ou simplesmente, “abraço”. Não se sabe quase nada acerca da vida pessoal ou familiar deste profeta, haja vista que em seu livro, um dos únicos registros que se tem é visto logo no primeiro versículo do capitulo

Habacuque 1:1-4. O peso que viu o profeta Habacuque. Até quando, SENHOR, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! e não salvarás? Por que razão me mostras a iniqüidade, e me fazes ver a opressão? Pois que a destruição e a violência estão diante de mim, havendo também quem suscite a contenda e o litígio. Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo, e a justiça se manifesta distorcida.

            O autor do livro, inicia a narrativa identificando-se como sendo “profeta”. E a expressão usada por ele neste versículo “Peso (...)”, sempre irá apresentar uma palavra de “juízo”, isto é, de que se não houver mudança de comportamento do povo, o “peso ou juízo” de Jeová virá sobre ele.
Outro registro que pode sinalizar algo a mais sobre este profeta, encontra-se no capitulo 3:19:

Habacuque 3:1,19. Oração do profeta Habacuque sob a forma de canto. (...). JEOVÁ, o Senhor, é minha força, e fará os meus pés como os das cervas , e me fará andar sobre as minhas alturas (Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de música). 

O texto sugere ter sido ele um músico que estava a serviço do templo de Jerusalém. É bem provável que ele era um dos levitas, ou seja, um descendente de Levi. E que ele participava da música que era tocada no  templo. A tribo de Levi era responsável pelos cuidados do Templo. Eles foram divididos em três grupos: os Gersonitas, os Coatitas e os Meraritas.

Números 3:21-22. De Gérson é a família dos libnitas e a família dos simeítas; estas são as famílias dos gersonitas. Os que deles foram contados pelo número de todo o homem da idade de um mês para cima, sim, os que deles foram contados eram sete mil e quinhentos. 27-28. E de Coate é a família dos amramitas, e a família dos jizaritas, e a família dos hebronitas, e a família dos uzielitas; estas são as famílias dos coatitas. Pelo número contado de todo o homem da idade de um mês para cima, eram oito mil e seiscentos, que tinham cuidado da guarda do santuário. 33-34. De Merari é a família dos malitas e a família dos musitas; estas são as famílias de Merari. E os que deles foram contados pelo número de todo o homem de um mês para cima, foram seis mil e duzentos.

O profeta Habacuque se diferenciou de outros profetas menores como Naum – que profetizou acerca da destruição de Nínive, capital da Assíria, que durante três séculos dominou o mundo e ameaçava invadir Judá. Enquanto que Obadias – profetizou sobre a invasão e destruição da cidade de Edom (Esaú).
Habacuque estava num meio embaraçado pelo problema da aparente tolerância de Deus pela iniquidade generalizada que estava sendo praticada. O profeta estava rodeado por todos os lados pela injustiça triunfante e, até então, não castigada.
Os três profetas eram contemporâneos, ou seja, viveram numa mesma época. Os dois – Naum e Obadias, dataram as suas profecias. Habacuque não fez igual a eles e profetizou acerca da queda do império Babilônico – os Caldeus.
Ele estava confuso e perplexo pelo motivo de Deus usar o povo babilônico, como instrumento de juízo (“Peso”) sobre sua nação – a cidade de Judá. Isto nos leva a crer que foi o período em que a Babilônia tornou-se uma grande potencia mundial.

Habacuque 1:6-7. Porque eis que suscito os caldeus, nação amarga e apressada, que marcha sobre a largura da terra, para possuir moradas não suas. Horrível e terrível é; dela mesma sairá o seu juízo e a sua grandeza.

            Os acontecimentos que ocorrreram , nos levam a crer que ele profetizou durante os reinados de Jeoacaz e Jeoiaquim. Outro diferencial do profeta Habacuque, em relação aos demais profetas menores, foi que ele não direcionou sua mensagem profética a desviada e apóstata cidade de Judá (e Jerusalém); mas, para os remanescentes piedosos de Judá, com o intuito de ajuda-los a compreender os caminhos de Deus à nação pecaminosa e, consequentemente, sobre o castigo que seria iminente.

3.1  Características Pessoais deste Profeta:

. Em vez de profetizar para a cidade apóstata de Judá/Jerusalém, registra seus diálogos e  conversações pessoais com Deus;
. Utiliza três formas literárias distintas para conversar com Jeová: o Diálogo realizado entre ele e Deus (cap. 1:2– 2:5); Ais proféticos clássicos (cap. 2:6-20) e;  Um cântico profético em forma de oração (cap. 3).
. Ele apresenta três características marcantes, mesmo em situações adversas: Faz perguntas bem honestas a Deus (cap. 1); Revela uma fé inabalável na soberania de Deus (cap. 2:4; 3:18-19) e manifesta preocupação e cuidado pelo avivamento (cap. 3:2).
. Nenhum outro profeta do Antigo Testamento, fala com tanta eloquência e propriedade, acerca do respeito e da fé como ele, principalmente em seu testemunho pessoal (cap. 3:17-19).

Habacuque 3:17-19. Porque ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação. O SENHOR Deus é a minha força, e fará os meus pés como os das cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas. (Para o cantor-mor sobre os meus instrumentos de corda).

Depois de um “prolongado” diálogo com Jeová, ele entendeu perfeitamente o motivo d’Ele ter usado os Babilônicos para promover o Seu juízo sobre a cidade de Judá. E, assim, apresentou esta linda oração em forma de cântico para Ele.

3.2  Data provável de seu ministério profético: algum período entre 612 e 599 a.C., aproximadamente treze anos, quando a Babilônia tinha começado a dominar o cenário internacional, mas antes de destruir Jerusalém, isto é, no  Século VII a.C., levando uma leva de cativos para a Babilônia.
Numa de suas primeiras queixas, o profeta se depara com uma aparente tolerância de Deus, em relação a violência e a injustiça que eram abundantes em Judá. A pergunta que se faz é: será que em nossos dias é diferente? Ouso a respondê-la, usando uma fala própria do apóstolo Paulo: De maneira nenhuma!

Habacuque 1:2-4. Até quando Senhor, clamarei eu, e tu não escutarás? ou gritarei a ti: Violência! e não salvarás? Por que razão me fazes ver a iniqüidade, e a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há também contendas, e o litígio é suscitado. Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo, de sorte que a justiça é pervertida.  

No texto acima, ele declara que a impiedade prospera e a justiça se cala. E o pior, quando finalmente a sua pergunta é respondida, ele fica ainda mais confuso, porque os agentes do julgamento de Deus, são nações mais ímpias e dignas de castigo (os Caldeus) do que suas proprias vítimas (a cidade de Judá). E a resposta dada por Jeová, não consola muito o profeta, já que os Babilõnicos são muito violentos e cruéis!

Habacuque 1:5-11. Vede entre as nações, e olhai; maravilhai-vos e admirai-vos; porque realizo em vossos dias uma obra, que vós não acreditareis, quando vos for contada. Pois eis que suscito os caldeus, essa nação feroz e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra para se apoderar de moradas que nao sao suas. Ela é terrível e espantosa; dela mesma sai o seu juízo e a sua dignidade. Os seis cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, se mais ferozes do que os lobos a tarde; os seus cavaleiros espalham-se por toda a parte; sim, os seus cavaleiros vêm de longe; voam como a águia que se apressa a devorar.  Eles todos vêm com violência; a sua vanguarda irrompe como o vento oriental; eles ajuntam cativos como areia. Escarnecem dos reis, e dos príncipes fazem zombaria; eles se riem de todas as fortalezas; porque, amontoando terra, as tomam. Então passam impetuosamente, como um vento, e seguem, mas eles são culpados, esses cujo proprio poder e o seu deus.

A cidade de Babilônia era para os profetas do Antigo Testamento, o que a cidade de Roma era para João no Apocalipse. Um berço de vaidade, de ostentação e de impiedade. Mas, felizmente, o profeta leva sua inquietação para Deus que logo a dissipa, apresentando a solução dos seus problemas com uma declaração  que é o coração do livro — “O justo pela sua fé viverá” (Habacuque 2:4).
Ou seja, por mais terrível que se apresente o futuro e por muito triunfante que pareça o mal, o homem justo não deve julgar pelas aparências, mas sim pela reta Palavra de Deus. Embora os pagãos vivam e prosperem nas suas impiedades e os justos venham a sofrer. Estes últimos devem viver uma vida de inteira fidelidade e confiança em Deus.
Depois de sofrer ao ver seu povo sendo oprimido pelos Caldeus, não entendendo o motivo de Deus usá-los para repreender Judá, Habacuque dialoga com Deus (= a Moisés) e compreende o agir de Deus, instruindo o seu povo que o justo deve “viver pela fé: “Eis que a sua alma se incha, não é reta nele, mais o justo, pela sua fé, viverá” (Habacuque 2:4; Romanos 1:17 e Gálatas 3:19).

Conclusão
  
No Antigo Testamento, haviam povos que reverenciavam vários deuses (eram politeístas), que tinham olhos, mas não viam. Boca, mas não falavam. Ouvidos, mas não escutavam. Pernas, mas não andavam. Obras feitas por mãos de homens, meros seres finitos e mortais (Atos 19:24-26).
Sendo assim, Deus usou vários homens escolhidos e chamados por Ele, para transmitir Sua mensagem a um povo de um único Deus (eram monoteístas). Deixando de forma clara de que este único Deus, falava e inclinava o seu ouvido para ouvir, aprovava ou reprovava suas atitudes, promovia intervenções em algumas situações (de cura, livramentos, etc.), ou seja, era um Deus vivo e poderoso.
No Novo Testamento, Ele delegou esta missão ao seu próprio Filho – Jesus Cristo, o profeta por Excelência. Ele profetizou durante aproximadamente 3 anos e 6 meses, divulgando uma Mensagem proféitica recebida diretamente do Deus-Pai.

Tito 2:9-10. Exorta os servos a que se sujeitem a seu Senhor e em tudo agradem, não contradizendo, não defraudano; antes, mostrando toda boa lealdade, para que, em tudo, sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador.  

Deus, no passado, escolheu homens comuns do povo para propagar sua mensagem, capacitando-os com poder e autoridade, haja vista que falavam por Ele. E hoje, continua a escolher homens comuns como “Eu e Você”, com caráter e personalidade diferentes, em situações e circunstâncias diferentes, em lugares, cidades ou países diferentes, para que possamos anunciar uma mensagem diferente daquela propagada pelo mundo ao povo. Amém!  


[1] Boyer. Foi um pastor pentecostal, missionário, tradutor e escritor de livros evangélicos norte-americano. Seu livro mais conhecido, Herois da Fé, teve mais de 300.000 exemplares vendidos desde o seu lançamento.