Radio do Bloguer do capitão.

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

BREVE DESABO PARA NOSSA REFLEXÃO!


Tenho por costume visitar minha mãe aos domingos. E, neste último, tive o privilégio de estar com ela na casa de minha irmã, Adê. E o melhor ainda, foi que apareceu mais dois de meus irmãos, Adonias e Adilson. Enquanto minha irmã preparava o almoço, ficamos na sala assistindo uma entrevista com Acelino de Freitas – o Popó, como também, depoimentos de sua mãe e irmãos.
Nós todos que estávamos na sala, enquanto víamos e ouvíamos esses depoimentos, fizemos um retorno ao passado. A história de vida deles, em muito se assemelhava a nossa (igual a de inúmeras pessoas espalhados pelo mundo), por isso, eles se emocionavam ao falar do sofrimento vivido na infância e adolescência na Bahia, enquanto nós todos também.
Uma das falas do Popó que foi muito marcante para mim, foi quando ele disse ter um “trauma” de ver uma geladeira vazia, somente com água. Noutras palavras, durante boa parte de sua infância foi a cena mais comum e habitual vivida por ele e por seus irmãos. Logicamente, amigos e leitores, continua a existir bem próximo de nós, pessoas, e não são poucas, que estão passando neste exato momento pelo mesmo problema (trauma) vivido por esta família brasileira.
Nosso desabafo e reflexão, pautar-se-á basicamente numa questão muito simples: o esporte, a arte, a música, a literatura, o cinema, o teatro, entre outras coisas, é uma forte ferramenta para a inclusão social. Poderíamos citar inúmeros exemplos para respaldar esta afirmativa. Acredito que todas as pessoas que estarão lendo este texto, deve conhecer alguém próximo (ou distante) que passou por este tipo de experiência em sua vida. E hoje desfruta de uma vida bem mais tranquila e com certa comodidade financeira e social (eu posso me inserir nesta relação).
Entretanto, gostaria muito de chamar sua atenção para outra questão que, talvez, não seja tão simples assim, principalmente para pessoas que tiveram esta terrível experiência, mas que, desfrutam na atualidade de uma vida totalmente “exagerada” (mera ostentação). Para melhor entendimento, colecionam em suas garagens uns simples “carrinhos” como uma lamborguini, uma ferrari, um porsche etc. Além de outros bens materiais de grande valor monetário. Eles, por certo, se esquecem de que essas posses não irão descer com eles para a sua sepultura: “E disse: Nú sai do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá”(cf. Jó 1:21).
Noutras palavras, outras pessoas irão desfrutar dos bens que vocês “se esforçaram” para adquirirem: “O fruto da tua terra e todo o teu trabalho, o comerá um povo que nunca conheceste (não fez nada para adquiri-lo); e tu serás oprimido e quebrantado todos os dias” (cf. Deuteronômio 28:30-33; Jeremias 8:10). Alguns ainda defendem que não devemos se “lembrar” de nosso passado. Costumam dizer a seguinte frase: “o que passou, passou. Agora estamos vivendo outra vida e outro momento”!
Tenho um pensamento totalmente contrário a esta fala, pois defendo que é o nosso passado que poderá ter grande influência em quem “somos” (ou seremos) ou em quem iremos nos “tornar” no futuro. O Seu ou o Meu sofrimento, não deve ser a razão única de sua arrogãncia e soberba atual. Ou, ainda, o único motivo de seu fracasso.
As ciências humanas afirmam que a Personalidade humana é formada entre 0 e 7 anos de idade e, que, a formação de nosso Caráter se dá entre os 8 aos 12 anos de idade. Sendo assim, tudo o que aprendermos no “passado”, isto é, entre esses anos de nossa vida, levaremos para o “futuro”, sejam ensinamentos bons ou ruins. Toda esta formação e constituição humana, será basicamente gerada pela herança genética de nossos pais e, também, pela influência do meio em que passaremos boa parte de nossa convivencia social.
Ainda existe uma outra questão que atribuo como sendo mais terrível ainda: pessoas que passaram por um período de grande miséria e infelicidade em sua infância, mas a vida lhes proporcionou dar a volta por cima, estando numa vida bem confortável e regalada na atualidade. No entanto, não querem, não se aproximam (ou não deixam que se...)  e nem pensam em ajudar seus familiares que continuam em estado de miserabilidade.

1 Timóteo 5:8. Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel (grifamos).  
  
Pense juntamente comigo: se a pessoa não pensa em ajudar os de “sua propria família”, ela irá mover um dedo para ajudar uma viúva, um órfão ou um necessitado qualquer (andarilho ou morador de rua etc.)? De maneira alguma. Ela era ou se tornou num “avarento” de carteirinha. Totalmente mesquinho e voltado com os olhares para o seu próprio umbigo.
Fico muito feliz quando vejo atitudes contrárias a esta. Uma pessoa afamada socialmente e de grandes posses na atualidade, que não possui nenhum grau de parentesco com as pessoas, mas que brotou em seu coração o desejo de ajudar uma instituição filantrópica que cuida de crianças e/ou de idosos, ou uma família ou uma comunidade periférica, e assim por diante. Atitude que demonstra, ao meu ver, dois sentimentos ou virtudes louváveis: gratidão e compaixão. Gratidão por tudo que Deus lhe tem proporcionado viver. E compaixão ao ver pessoas iguais (seres humanos), passando por tamanho sofrimento e necessidade.
No Brasil, e em boa parte do mundo, muitas coisas fogem da “realidade social”. Para algumas coisas adotam-se muito rigor, como por exemplo, ao “proletariado”[1] é estipulado um teto salarial mínimo, que não dá nem para sobreviver dignamente:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem á melhoria de sua condição social:
(...).
IV – Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender as suas necessidades vitais básicas e ás de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo (grifamos), sendo vidada sua vinculação para qualquer fim;

Poderíamos sublinhar todo este inciso IV, do Caput deste artigo Constitucional. Tenho grande tristeza ao ler e escrever acerca deste artigo de nossa Carta Magna, pois ele nunca teve a plena eficácia em sua aplicação. O valor estipulado para este salário mínimo, não tem como alcançar e atender todas as necessidades vitais básicas do pobre trabalhador assalariado, conforme apresentado no texto Constitucional.
Além disso, todos os anos assistimos uma disputa acirrada entre os parlamentares, para se chegar ao acordo sobre o percentual de aumento salarial, para ser dado aos bravos trabalhadores brasileiros. Entretanto, quanto o aumento trata-se da classe “burguesa” brasileira  (Desembargadores, Procuradores e Juízes federais, Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, Senadores, Deputados federais, Governadores, entre outros cargos Públicos e Políticos em geral, etc.), resolve-se rapidamente a aprovação dum percentual bem elevado para a categoria.
Você poderia dizer: mas existe vedação na Constituição Federal que proíbe o recebimento salarial excessivo, pelas pessoas que ocupam certos cargos, funções e empregos públicos da Administração Direta, Autárquica ou Fundacional.  Como também, das pessoas que ocupam cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário Brasileiro (cf. Art.. 37, incisos XI a XV, CRFB).
Realmente existe, entretanto, quero te lembrar acerca desses funcionários, de que eles possuem direitos a vantagens e benefícios que acabam elevando exorbitantemente seus vencimentos; tais como: verbas para o pagamento de aluguel, gasolina, viagens, contas de telefone, para seus assessores, auxílio paletó,entre outras.  Pesquisa feita recentemente, assegurou que cada um dos 513 deputados brasileiros e dos 81 senadores custam mais de $ 7 milhões por ano, isto é, seis vezes mais que um parlamentar francês, por exemplo. É o parlamento mais caro do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Outras categorias profissionais também são beneficiadas com este “mal” costume brasileiro, por exemplo, os atletas profissionais, principalmente os jogadores de futebol, com salários tão aviltantes. Poder-se-ia perguntar: não poderia existir um “teto” salarial mínimo também para todas as demais categorias profissionais? Acredito que sim.
Nosso desabafo tem como objetivo, trazer a memória de cada leitor, inclusive daqueles que se enquadram na posição de “bem-afortunado”, para fazer uma reflexão  sobre a sua vida e, quem sabe, mudar de atitude e começar a pensar também nos outros, em vez de apenas em si mesmo. Muitas e muitas pessoas, estão vivendo em estado de  pobreza e miserabilidade no Brasil (e no mundo).  E a partir de então, tomar a inciativa de ajudar alguém ou uma entidade que cuida de pessoas em estado de extrema pobreza.  Com isso, poderão estar contribuindo para mudar um pouco o destino de tantas e tantas pessoas. Gesto este, revestido de verdadeira  gratidão e duma sincera compaixão pelo próximo. Seria mais ou menos assim: “ajudar alguém, sem saber a quem e, muito menos, sem esperar receber algo em troca”.
          Precisamos tentar cumprir os dois maiores e melhores Mandamentos ordenados por Jesus Cristo: “Amar a Deus acima de todas as coisas, e amar o próximo como a ti mesmo” (cf. Mateus 22:37-39). Precisamos voltar a ter sensibilidade quando vemos uma pessoa ás margens da sociedade (de nossas ruas) mal vestida e faminta,  implorando, mesmo sem dizer uma única palavra, para que demos-lhe um pouco de atenção e de cuidados. Se realmente proclamamos por mudanças sociais, elas devem começar conosco. Pensemos mais sobre isto! Depois, que possamos colocar numa prática diária em nossas vidas.


[1] Proletariado. Conjunto de trabalhadores de um determinado País ou duma Região.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

O CRISTÃO DEVE BUSCAR O CAMINHO DA SANTIDADE



Introdução    

Pode ser que um dia, você resolveu visitar uma igreja evangélica a convite de um amigo ou duma pessoa conhecida. Foi muito bem recebido naquele lugar pelas pessoas presentes ao culto, mas, ao ouvir a ministração da Palavra de Deus, sentiu-se totalmente tocado pelas palavras que foram ditas pelo pregador (na verdade, inspiradas por Deus).
E, sendo feito o apelo (convite para ir a frente), resolveu render-se a Cristo e a aceita-lo como o Senhor e Salvador de sua vida. E, em isto acontecendo com qualquer pessoa, representa uma declaração publica de que a partir daquele dia (o que se espera), o seu modo de vida será mudado. E o mais importante, se isso ocorrer de forma sincera, o Espírito Santo de Deus passará a habitar em sua vida.

1 Coríntios 3:16. Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? 6:19-20. Ou não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possui da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois a Deus no vosso corpo.
 
Outra passagem Bíblica escolhida pelo comentarista desta lição, encontra-se na Carta aos Romanos:

Romanos 8:1-9. Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne condenou o pecado, para que a justa exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser; e os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.  

            Esse texto é maravilhoso e muito amplo em sua explanação, mas, entre outras coisas, o apóstolo Paulo estava demonstrando que a nossa vida (até os capítulos anteriores de Romanos), sem a Graça de Deus, é vazia, somente de derrota, fracasso, miséria e escravidão ao pecado.

Desenvolvimento

A partir do capítulo 8, ele afirma categoricamente, que a nossa libertação do pecado e da condenação, isto é, a nossa absolvição, vem como resultado de nossa comunhão com Deus (participar em comum das mesmas crenças, pensamentos e opiniões), pela união com Cristo (andar em suas veredas) e através do Espírito Santo. Seria mais ou menos, assim: Deus, o Pai Celestial, ordena dos céus; Jesus Cristo, seu Filho, apresenta aos homens na terra as suas ordenanças e o Espirito Santo nos conduz para colocá-las em execução.

João 8:31-32,35-36. Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (...). Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.    

            Portanto, ao recebermos o Espírito Santo de Deus, precisamos deixar sermos guiados por Ele e, desta forma, sermos libertos do poder do pecado:Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Romanos 6:14). Para podermos seguir em nossa caminhada rumo à glorificação final, que ocorrerá com/em Cristo, nos céus. Este é o grande plano de Deus para a vida de todos os seus seguidores.  
                       
Gálatas 5:16-18. Digo, porém: Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. 

             Quando o Espírito Santo habita no Cristão, ele promove sua libertação do poder do pecado, isto é, a Lei do Espírito entra em plena operação à medida que o servo do Senhor se compromete a ouvir e obedecer ao Espirito Santo.

Romanos 8:13-14. Porque se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.  

            Lembre-se: o pecado não mais terá domínio sobre sua vida. Ele não mais te governará. Você irá pecar, mas como alguém já disse: ele passa a ser um “acidente de percurso”. Quando Paulo diz: “Pois os que são segundo a carne se inclinam para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito” (verso 5).  Ele apresenta aqui duas classes de pessoas:
           
1ª Os que são segundo a Carne: no texto em analise, a expressão “carne” significa o elemento pecaminoso de nossa natureza humana. A parte que quer ser satisfeita pelos desejos corrompidos deste mundo, que quer meramente o prazer. Com isso, eles ocupam boa parte de nossa vida (ou tempo) na tentativa de alcança-lo. Para melhor entendimento, eles buscam por: fornicação, adultério, ódio, egoísmo, ambição, ira, acúmulo de riquezas etc. (Gálatas 5:19-21).

2ª Os que são segundo o Espírito: de forma totalmente oposta, buscam a orientação e a capacitação do Espírito Santo. Eles se submetem a elas e concentram boa parte de sua atenção (vida, tempo) na busca de realização da obra do Senhor. Os que vivem segundo o Espírito, são selados por Deus, com o propósito de serem identificados como pertencentes a Ele:

Efésios 1:13. No qual também vós, tendo ouvido a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa (...).

Este selo é a marca ou a evidência de que pertencemos a Deus, ou seja, somos de sua propriedade, mas também, somos Seus Filhos. Além de nos selar, Ele também Se colocou como o nosso Penhor[1]: “(...), o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória” (Efésios 1:14). Fazendo uma aplicação prática, o Espírito Santo nos foi dado, como sendo uma garantia de nossa herança (Penhor), isto é, como se fosse uma primeira parcela ou a prestação inicial, por conta daquilo que vamos receber no futuro.  

2 Coríntios 5:4-5. Porque, na verdade, nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos oprimidos, porque não queremos ser despidos, mas sim revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu como penhor o Espírito.  

            Vale destacar que, se alguns de nós (Cristãos), deixarmos de resistir aos desejos pecaminosos da carne, nos tornamos inimigos direto do Senhor: “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser” (Romanos 8:7).  

1. Diferença entre Santidade e Santificação

            Embora pareça muito uma com a outra, existe uma grande diferença entre elas: Santidade é uma qualidade ou o estado daquele (pessoas) ou daquilo (objetos) que é santo (= separado, consagrado). 2. O estado ou a condição duma pessoa: “Dai ao Senhor a glória de seu nome; trazei presentes e vinde perante ele; adorai ao Senhor na beleza de sua santidade” (ver também Salmo 29:2). Logo, hoje você pode estar na posição ou condição de santo, isto é, em santidade; mas noutro dia, pode não estar mais.

Romanos 6:19-22. Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Pois assim como apresentastes os vossos membros como servos da impureza e da iniquidade para iniquidade, assim apresentai agora os vossos membros como servos da justiça para santificação. Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres em relação à justiça. E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos envergonhais? Pois o fim delas é a morte. Mas agora, libertos do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna.  
           
A Santificação é um processo que possibilita ao Cristão em tornar-se uma pessoa dedicada e envolvida com a obra de Deus. Noutras palavras, é um ato ou efeito duma pessoa se santificar, separar-se do mundo (da corrupção e de impurezas) ou se fazer santo. Ele (nós, Marcos Paulo) sempre vai estar numa etapa deste caminho (processo).

Efésios 4:17-20,28-32. Portanto digo isto, e testifico no Senhor, para que não mais andeis como andam os gentios, na verdade da sua mente, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração; os quais, tendo-se tornado insensíveis, entregaram-se à lascívia para cometerem com avidez toda sorte de impureza. Mas vós não aprendestes assim a Cristo. (...). Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tem necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que seja boa para a necessária edificação, a fim de que ministre graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção. Toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmia sejam tiradas dentre vós, bem como toda a malícia. Antes, sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.  

            Não se esqueça: a Santidade de Deus é um estado intrínseco (sua essência e d’Ele próprio) e perfeito: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hebreus 13:8). Enquanto que a santidade do homem é relativa, é oscilante e instável.

No Antigo Testamento (AT), Deus separou tanto pessoas (Números 3:13), como animais (Êxodo 13:1-2), objetos (2 Samuel 8:10-11) e lugares (Êxodo 29:37, Números 7:10), para que fosses realizadas a Sua obra (ou serviço). Todos eles foram santificados para que fosse realizada a obra de Deus.

Números 3:13. Porque todos os primogênitos são meus. No dia em que feri a todos os primogênitos na terra do Egito, santifiquei para mim todos os primogênitos em Israel, tanto dos homens como dos animais; meu serão. Eu sou o Senhor.  

            No Novo Testamento (NT), Ele separou e santificou os Cristãos para serem o Seu povo, distanciando-os do pecado.

1 Tessalonicenses 4:4-7. Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santidade e honra, não na paixão da concupiscência (apetite sexual ou sensual desordenado), como os gentios que não conhecem a Deus; ninguém iluda ou defraude nisso a seu irmão, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação (acréscimo nosso).  

            Portanto, a santificação é a vontade de Deus para a vida de todos os Cristãos, pois foi para isto que Ele morreu. Ele quer que todo o Seu povo seja Santo, como Ele é santo!

1 Pedro 1:13-16. Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos oferece na revelação de Jesus Cristo. Como filhos obedientes não vos conformem às concupiscências que antes tínheis na vossa ignorância; mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em todo o vosso procedimento; porquanto está escrito: Sereis santos, porque eu sou santo.  

 2. Características duma vida santa

            Desde tempos muito remotos, a vida do homem é pautada por costumes, tradições, preceitos e regras. Do mesmo modo é a vida do cristão, pois há a necessidade de normas Bíblicas para que ele expresse ou apresente uma vida em/de santidade.  Na Epístola aos Colossenses, o apóstolo Paulo nos adverte acerca dos cuidados que devemos ter, com os ensinos advindos da Filosofia, Psicologia, Sociologia, Tradições e Religiões, entre outras coisas. Estas doutrinas estavam trazendo confusões ao povo desta cidade. Nesse sentido, o apóstolo sugere o estabelecimento de algumas regras para uma vida cristã pura e sadia.

2.1 Normas Para uma vida em Santidade:

a) Sujeitar-se a Deus: pauta-se, principalmente em deixar o pecado e fugir da aparência do mal: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7).

Colossenses 3:5-10. Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; Nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas. Mas agora, despojai-vos também de tudo: da ira, da cólera, da malícia, da maledicência, das palavras torpes da vossa boca. Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos, e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;

b) Praticar o Amor: tratar toda e qualquer pessoa com cordialidade e gentileza, honrando-as como sendo superiores a você (Marcos 10:42-44). Não praticando agressões verbais ou físicas, lembrando-se que “gentileza gera gentileza”.
           
Levítico 19:17-18. Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e por causa dele não sofrerás pecado. Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o SENHOR.

            Não se esqueça de que o “próximo” não é apenas aquele que está ao seu lado ou que você conhece, mas principalmente aquele que necessita de sua atenção ou ajuda.

c) Ser Compassivo: é estar sempre apto e pronto a se doar pelo outro. Se colocar à disposição daqueles que estão enfrentando sérios problemas em suas vidas.

1 Pedro 3:8-9. E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente (com muita intimidade), misericordiosos e afáveis. Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança alcanceis a bênção (acréscimo nosso).

d) Ser Humilde: não pense somente em si, tentando buscar benefícios próprios, querendo honras e glória de homens. Penso que há diferença entre humildade e simplicidade. Ser humilde é estar alinhado com a modéstia, ou seja, ser despretensioso, pessoa com pouca vaidade e comedido. 

1 Pedro 5:5-6. Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte;

            A Mansidão tem uma ligação muito estreita com a Humildade: “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Efésios 4:2).

            A Simplicidade pode ser vinculada a pessoa que vive sem ter a necessidade de ostentar aquilo que é ou que possui. Ser simples é o indivíduo que age ou se comporta com naturalidade, isto é, demonstrando esta qualidade em sua forma de viver (ao falar, escrever e se vestir), entre outros comportamentos.

            e) Ser Perdoador: mesmo estando na presença de Deus, isto é, sendo seu seguidor, continuamos a pecar diariamente, por isso precisamos alcançar o Seu perdão. No entanto, não podemos esquecer que também precisamos perdoar aqueles que nos ofendem.

Mateus 18:21-22. Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete? Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.
(...)
Marcos 11:25. E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas.

            O quantitativo dito por Jesus a Pedro, não deve ser interpretado de forma literal, mas, independente das vezes que meu irmão pecar contra mim, caso ele se arrependa com sinceridade de coração, devo perdoá-lo.

2.2  Considerações sobre a Santificação

            A santificação pode ser interpretada como uma lavagem completa por meio da Palavra de Deus. E, também, uma purificação espiritual. Na antiguidade, Deus exigia que os Sacerdotes tivessem o cuidado da  purificação de seu corpo, para que pudessem executar o serviço do templo.

Levítico 8:6-10. E Moisés fez chegar a Arão e a seus filhos, e os lavou com água. E vestiu-lhe a túnica, e cingiu-o com o cinto, e pós sobre ele o manto; também pós sobre ele o éfode, e cingiu-o com o cinto de obra esmerada do éfode e o apertou com ele. Depois pós-lhe o peitoral, pondo no peitoral o Urim e o Tumim; e pós a mitra sobre a sua cabeça; e sobre esta, na parte dianteira, pós a lámina de ouro, a coroa da santidade, como o SENHOR ordenara a Moisés. Então Moisés tomou o azeite da unção, e ungiu o tabernáculo, e tudo o que havia nele, e o santificou;

            Aos Levitas era determinado que limpassem muito bem os objetos e utensílios do templo: “E trouxe os sacerdotes, e os levitas, e ajuntou-os na praça oriental, e lhes disse: Ouvi-me, ó levitas, santificai-vos agora, e santificai a casa do SENHOR Deus de vossos pais, e tirai do santuário a imundícia” (2 Crônicas 29:4-5).
           
2.3  A Santificação é Progressiva

            Como a santificação é um processo que pode levar o cristão a envolver-se cada dia mais com a obra do Senhor; ela também é progressiva. Ela pode ser vista por meio de suas obras, de seu comportamento e de suas atitudes cotidianas. O próprio Deus, através do Espírito Santo, vai operando em sua vida conduzindo-o em santidade.
           
1 Tessalonicenses 5:23. E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.

            O seu comportamento e a sua procedência cotidianamente na sociedade, irá demonstrar se você vive ou não em santidade. Como já disse um Pastor: “a vida do cristão é a Bíblia do incrédulo”.

3. O Lado Divino e o Lado Humano da Santificação

            Achei bem interessante a colocação do Comentarista deste tema, ao apresentar que a santificação progressiva tem seu lado divino e seu lado humano. Ele fundamenta seu argumento, apresentando que o próprio Jesus Cristo teve seu lado divino na santidade (João 10:36) e seu lado humano (João 17:19).

3.1 Meio Divino para Santificação do Cristão

            a) Pelo Sangue de Jesus: esta santificação foi posicional perante Deus, quando os nossos pecados foram perdoados por Jesus Cristo, cancelando-os através da Justificação.

Romanos 5:8-11. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação.

Pelo Seu sangue vertido na Cruz do Calvário, fomos feitos Inocentes e Inculpáveis, embora fossemos merecedores da condenação, mas Ele assumiu o nosso lugar, nossa culpa e a nossa condenação.

b) Pela Palavra de Deus: a santificação acontece quando ela é lida, ouvida, crida, obedecida e praticada.

Tiago 1:21-22. Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas. E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos.

A palavra revela a impureza e também o fortalecimento do cristão para resistir o pecado: “Eu vos escrevi, pais, porque já conhecestes aquele que é desde o princípio. Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno” (1 João 2:14).

c) Pelo Espírito Santo: ele tem, entre tantas outras atribuições, a função de convencer o homem de seu pecado e de ajudar a abandoná-los.
           
João 16:8-11. E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.

            d) Pela Glória de Deus: quando ela se manifesta na vida do cristão, em suas obras e no ambiente em que ele está, traz um efeito santificador: “Este será o holocausto continuo por vossas gerações, à porta da tenda da congregação, perante o SENHOR, onde vos encontrarei, para falar contigo ali. E ali virei aos filhos de Israel, para que por minha glória sejam santificados” (Êxodo 29:42-43).

3.2  Meio Humano da Santificação do Cristão:

            Quando se trata acerca do lado humano, a santificação é uma atitude, um propósito de ser separado de todo o mal que há no mundo, para se dedicar as coisas de Deus. Seria como disse o apóstolo Paulo: “Já estou crucificado com Cristo, e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gálatas 2:20-21).

a) Dedicação pessoal: seria desprender-se do pecado, do mundo e das suas próprias conveniências, para dedicar-se a uma vida com Deus.

2 Coríntios 7:1. Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espirito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus (cf. Romanos 12:1-2).

b) Obediência: ela está ligada diretamente a cumprir a ordenança de Deus, não se posicionando de forma rebelde e contrária a Sua vontade.  

1 Pedro 1:22. Purificando a vossa alma na obediência à verdade, para caridade fraternal, não fingida, amai-vos ardentemente uns aos outros, com um coração puro (cf. Êxodo 19:5-6).

c) Cooperação de outras pessoas: a vida vivida pelo Cristão deve ser similar àquela conduta adotada entre seus familiares, ou seja, um buscando cooperar com o outro, ensinando as verdades das Escrituras Sagradas. E os líderes das Igrejas devem ajudar aos novos convertidos a se firmarem na fé, aconselhando-os com o propósito de buscar a santificação.           Função parecida é atribuída aos pais, que devem cooperar para a santificação de seus filhos, orar por eles, como fazia o patriarca Jó (Jó 1:5), exortá-los quando necessário e instruí-los no Caminho da verdade.

3.3 Algumas Bênçãos da Santificação:

            Quando mais o cristão busca aproximar-se de Cristo, mais ele experimentará a santificação. Com isso, recebe bênçãos divinas que lhe trarão paz e felicidade. Ela poderá trazer-lhe:

            a) a presença de Deus consigo (Êxodo 19:10-11) – O Jovem Samuel (1 Samuel 3);
            b) o reconhecimento da voz de Deus (Êxodo 19:19);
            c) o agir e operar de Deus em sua vida (Josué 3:5);
            d) a visão clara de Deus (Mateus 5:8);
            e) a viva esperança de ir morar nos céus (Salmo 24:3-4).

Conclusão;
           
            É bem possível viver uma vida em santidade, mesmo habitando num mundo de tremenda corrupção como o nosso. E este é um dos verdadeiros milagres da salvação. Por isso, precisamos monitorar nossas atitudes diárias, nascendo de novo a cada amanhecer, para vivermos em/para Cristo. Precisamos ser diferentes do mundo (não quer dizer que você é melhor) e repudiar tudo aquilo que tem aparência do mal, que contraria a vontade e a verdade de Deus: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convém; todas as coisas me são licitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Coríntios 6:12).
         Que eu e você (nós), independentemente se somos novos convertidos ou não, busquemos incessantemente ser “Sal e Luz” neste mundo; pois, conforme já estava prevista nas Sagradas Escrituras, este mundo se encontra em tremenda escuridão e trevas. Nós, Cristãos, precisamos iluminar alguns lugares (levar pessoas a conhecerem a Cristo) e temperar o ambiente para dar-lhe sabor e prazer (saírem da ignorância e adquirirem o conhecimento da Verdade). Amém!


[1] Penhor. Empenho ou entrega de coisa móvel ou imóvel como garantia de obrigação assumida.

sábado, 3 de agosto de 2019

NOSSO CRESCIMENTO EM CRISTO


Introdução:

            Os textos escolhidos para o estudo desta lição encontram-se em: 1 Pedro 2:1-5,10 (o Sacerdócio Espiritual) e Efésios 4:1,14-15 (a Unidade da Fé).

1 Pedro 2:1-4,10. Deixando, pois, toda a malícia, e todo o engano, e fingimentos, e invejas, e todas as murmurações, desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo; se é que já provastes que o Senhor é benigno; e, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo. (...). Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.

           Quando o apóstolo Pedro se refere a “desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado (...)”; ele estava querendo dizer, entre outras coisas,  que: vós (nós), como filhos nascidos de Deus, devemos desejar e ansiar pelo leite puro da Palavra de Deus, pois é ela que nos trará o crescimento espiritual (1 Coríntios 6:19-20; Gálatas 4:6-7).

Efésios 4:1,14-15. Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, (...), para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,
           
         Quando Paulo se refere,ao dizer “para que não sejamos mais meninos inconstantes, (...)”; ele está advertindo a seus ouvintes para que seja um cristão espiritualmente maduro, o que significa dizer, para não agirmos mais como meninos.
Se o cristão permanece tendo uma compreensão inadequada das verdades bíblicas e tem pouca dedicação em buscar conhecimento das mesmas, através dum estudo mais aprofundado, ele pode ser enquadrado como “infantil ou menino”. E, assim, ser facilmente levado pelas falsas doutrinas dos homens e suscetíveis ao engano.

Leitura Semanal Diária:
Segunda: 1 Coríntios 13:10-13. A Suprema Excelência da Caridade (ou do Amor);
Terça: 1 Pedro 2:1-4. Exortação à Santidade;
Quarta: 2 Pedro 1:3-8. Prática das Virtudes;
Quinta: Colossenses 3:12-16. Valorizar as Coisas Celestiais;
Sexta: Salmo 133. A Excelência do Amor Fraternal;
Sabado: Salmo 119:120-133. Santificação pela Tua Palavra.     

Desenvolvimento

            Amados irmãos e leitores, quando éramos meninos, falávamos e agíamos como meninos. Nossos pensamentos e sentimentos refletiam nossa faixa etária. No entanto, quando chegamos a fase adulta, precisamos tomar atitudes de pessoas amadurecidas e não agirmos mais como meninos.

1 Coríntios 13:11. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

            Nós sabemos que em muitos casos, ocorre o crescimento somente do corpo físico, mas a mentalidade e o agir de muitas pessoas continua infantil. Deus quer que o nosso crescimento seja integral (corpo e mente), isto é, que ocorra o crescimento espiritual de forma constante, até que alcancemos a “estatura de varão perfeito” (Efésios 4:13).
            Tanto na vida física como na espiritual, o crescimento faz parte de um processo. Ele ocorre de forma continua, paulatinamente, precisa de acompanhamento e de ajuda. Assim como o corpo humano precisa de cuidados alimentares, higiene, descanso e atividade física para adquirir crescimento, da mesma forma acontecem com o crescimento espiritual. Vamos conhecer alguns cuidados para o nosso crescimento espiritual.

1. CUIDADOS NECESSÁRIOS AO CRESCIMENTO

Antes mesmo de nascermos já precisamos de ajuda. Após o nascimento, precisamos contar com o auxílio de outras pessoas, para que o nosso desenvolvimento ocorra de forma saudável, até chegarmos a maturidade. Vejamos quais são os passos que podem nos ajudar a crescer espiritualmente:

     1.1  Crescendo em Santificação: esta palavra significa “ser separado ou ser santo”. Quando nos convertemos, inicia-se uma nova vida. É como se o novo convertido fosse um bebê que necessita de cuidados especiais. A santificação consiste em deixar o pecado (maus caminhos) e viver para Deus, isto é, separar-se do mundo (atitudes que contradizem a Palavra de Deus). Certa vez alguém já disse: “ou a Palavra de Deus te afasta do pecado, ou o pecado te afasta da Palavra de Deus”.
Não existe meio termo ou ficar em cima do muro: “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Mateus 6:24).

    1.2  Crescendo por meio da Palavra: o novo cristão deve desejar ansiosamente estudar a Palavra de Deus, fazendo uso das Escrituras Sagradas como um bebê que deseja se satisfazer com o leite materno. O cristão que inicia sua caminhada espiritual alimentando-se da genuína Palavra de Deus,  cresce robusto e sadio espiritualmente.

João 17:17-19. Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade.

A Palavra de Deus (a Bíblia) foi dada ao homem/mulher para a sua edificação. Portanto, a Palavra de Deus é o alimento que nos fortalece, robustece a nossa fé e que purifica o cristão. Precisamos entender que ao entregar nossa vida à Cristo, continuaremos a viver neste mundo, mas não pertencemos mais a ele, e sim a Cristo. 

João 17:14-16. Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou.

    1.3  Crescendo em Amor: a Palavra de Deus assegura que o cumprimento do Evangelho de Jesus Cristo é o amor. É este sentimento que muda o homem no seu modo de “pensar, sentir e agir”. Aquele que não é mais menino (não age mais como menino), passa a crescer no conhecimento e na graça de Deus (2 Pedro 3:18), sentindo esse amor inundar o seu coração duma maneira tão profunda que provará o mesmo sentimento do apóstolo Paulo: “Quem nos separará do amor de Cristo” (Romanos 8:35a).
Lembre-se: o amor não é algo estático. Pelo contrário, ele é dinâmico e deve gerar boas ações. Quando o cristão dá lugar para o amor crescer em seu coração, ele torna-se útil ao seu semelhante. Aquele que praticava o mal, agora pratica o bem. Onde havia o ódio, nasce o perdão.

Romanos 8:1b.  (...). A ciência (o mero conhecimento humano) incha, mas o amor edifica. (...). 13:10. O amor não faz mal ao próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.

Deus quer que o amor seja abundante no trato de uns para com os outros. O amor não escraviza e não aprisiona, ele liberta. Amar é se dar e se doar ao outro. Jesus deu a sua vida por amor a nós, miseráveis pecadores. A maior de todas as virtudes é o amor (1 Coríntios 13:13).   

         1.4 O Processo do Crescimento – é Gradativo: o nosso conhecimento e crescimento em Cristo, ocorre aos poucos, a cada dia vamos conquistando progressos (degraus). Precisamos buscar constantemente, o crescimento em todas as áreas de nossas vidas: “Porque, se em nós for acrescentadas todas esta coisas, não vos deixarão ociosos, nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (2 Pedro 1:8).

1 Coríntios 12:7-10.  E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte.

A palavra de Deus não revela qual seria o “espinho na carne” do apóstolo Paulo, mas deixa claro que foi lhe dado, para que não se vangloriasse achando que tudo que foi feito por ele, seria resultado apenas de seu próprio esforço, inteligência ou mérito.

2.  CRESCER NA GRAÇA E NO CONHECIMENTO

            Para se alcançar a graça de Deus, precisamos buscar o conhecimento: “Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus e de Jesus Cristo, nosso Senhor” (2 Pedro 1:2).  E por que devemos crescer na graça?  É ela que nos capacita a resistir aos sofrimentos da vida (2 Coríntios 12:7-10).
            Graça significa favor imerecido de Deus para com os homens, ou seja, Ele nos concede algo que não merecemos. Portanto, quando buscamos crescer na graça, significa conquistar poder divino para enfrentar as adversidades e não desistir, mas ser fortalecido e sairmos vitoriosos. Por meio da graça de Deus, conseguimos:

2.1 Alcançar Maturidade Espiritual: deixar de agir como menino e se tornar adulto na fé. Você passa a discernir entre o que é bom, agradável, perfeito e conveniente, para então, entender qual é a vontade de Deus (Romanos 12:1-2).

2.2  Cultivar o Entendimento: saber distinguir os valores espirituais para rejeitar tudo aquilo que não procede do Senhor. Você não aceita mais algumas situações que lhe são apresentadas, desenvolvendo um senso de princípios e valores que condizem com a Palavra de Deus (1 Coríntios 14:20).

2.3 buscar o Ideal Cristão: todo este conhecimento adquirido tem como propósito leva-lo a perfeição, a unidade da fé, ao pleno conhecimento de Cristo e a maturidade. Precisamos ter esta atitude com certa constância, para que busquemos o alcance da “medida da estatura completa de Cristo” (Efésio 4:13).

3. CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO CRESCIMENTO

            O novo cristão (novo convertido) deve ter uma vontade continua de “crescer na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18a). Sua persistência e constância, evitará que seja um “menino na fé”.

Hebreus 5:12-13. Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite, não está experimentado (amadurecido) na palavra da justiça, porque é menino (acréscimo nosso).      

            São nossas atitudes diárias, que irão comprovar se já somos maduros espiritualmente ou não. Se já alcançamos outros estágios de desenvolvimento.

       3.1  Participação das Verdades do Evangelho: quando ocorre o entendimento correto da Palavra de Deus, aprende-se a aplica-la a sua vida diária, sabendo discernir entre o bem e o mal (Hebreus 6:1-6).
O cristão precisa nutrir-se dum alimento sólido, isto é, precisa buscar o conhecimento e a aplicação das realidades mais profundas sobre Jesus Cristo e de Deus. Precisamos ser cheios da plenitude de Deus (Efésio 3:19).

        3.2 Seguir as Veredas da Justiça: neste particular, o comentarista utiliza-se da Epístola aos Hebreus 12:1-2, para mostrar aos cristãos como seguir o caminho certo.          

Hebreus 12:1-2. Portanto, também nós, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus,  autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.

Do texto em destaque, vale ressaltar ou extrair alguns ensinamentos para o nosso conhecimento e crescimento:

a) “(...) rodeados de uma tão grande nuvem de testemunha”:  devemos nos espelhar nos Heróis da Fé, como está registrado na Epístola aos Hebreus, em seu Capítulo 11. Esses homens, pela sua fidelidade, sacrifício, fé, coragem, amor e perseverança e, mesmo sendo castigados publicamente, alguns foram mortos, mas não negaram a sua fé.

b) “(...), deixemos todo embaraço”: todo cristão é assediado a pecar diariamente, principalmente pelo pecado da lascívia, luxúria e da  incredulidade, entre outros.  Muitas pessoas aceitam a Cristo e se convertem (ou são apenas convencidas), mas continuam com suas práticas pecaminosas (embaraços). Elas não conseguem ter progresso e firmar seus passos, pois  ainda estão presas ao passado (as coisas do mundo).

c) “(...) olhando para Jesus”. esse olhar somente ocorre pela fé. Por fé o cristão pode olhar para Jesus e seguir os seus passos. Embora sendo Deus, durante o tempo em que esteve aqui na terra, Ele portou-se como os demais homens (se fez carne ou encarnou-se), mas andando e se comportando sempre cuidadosamente.

Filipenses 2:6-8. Pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.

            Ele é o nosso maior e único referencial, pois se esvaziou de si mesmo, passou por todo o sofrimento e não usou de todo o seu Poder, que poderia fazer, mas sofreu como homem.

        3.3  Arraigados em Cristo: para que haja o crescimento contínuo no cristão até chegar a perfeição, é necessário que aconteçam três situações importantes em sua caminhada (Efésios 3:17):
            a) Deus precisa habitar em seu coração: o nosso coração (e corpo) deve ser a Sua morada, sentindo-se em sua própria casa. Esse acontecimento requer uma experiência mais profunda. Tem que existir uma verdadeira entrega, comunhão e intimidade com Deus.

            b) Que você esteja arraigado em Deus: noutras palavras, você precisa ter criado raízes em Deus e em seu Filho Jesus Cristo. As Escrituras Sagradas registram que devemos ser como as Palmeiras[1], pois são espécies de árvores que crescem profundamente para baixo da terra.
Pode ocorrer o maior vendaval e acontecer de se curvarem, ao ponto de suas folhas quase tocarem o chão, mas depois elas voltam para a mesma posição ereta de antes: “O justo florescerá como a palmeira, crescerá como o cedro no Líbano” (Salmo 92:12).

           c) Fundamentado em Amor: os alicerces do Cristão devem convergir no Amor. Dele partem todas as demais virtudes. Em outras palavras, todas as demais virtudes convergem para o amor. O amor é o princípio e o fim do plano de Salvação para a humanidade. O cristão que edificar sua Casa Espiritual no amor, pode ter a certeza de que será capaz de:

1º -  Vencer todas as tentações (1 João 2:14);
2º - Seguir de força em força, de fé em fé (Salmo 84:7) e
3º - Estar sempre florescendo a cada dia (Provérbios 4:18).

Conclusão:

            Quando pedimos a Deus aquilo que nos é necessário, Ele nos concede muito mais do que pedimos. Se procurarmos com diligência seguir os seus passos e buscarmos o crescimento espiritual, certamente Ele nos concederá a condição de alcançarmos a perfeição.
Quando fazemos bem a nossa parte, mesmo diante de grandes obstáculos e dificuldades, Ele sempre está pronto a nos dizer: “Não temas, porque eu sou contigo; não se assombres, porque eu sou teu Deus; eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça” (Isaías 41:10)


[1] Palmeira.  Existe cerca de mil espécies de palmeiras, mas a das Escrituras é a Tamareira (Phoenix dacty-lifera), cujo fruto é a tâmara. Atinge entre 15 a 30 metros de altura e produz frutos durante 100 a 200 anos.