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quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

A IMPORTÂNCIA DE SE PRESERVAR CERTAS TRADIÇÕES!

 

Introdução

 Muitas tradições que são preservadas e praticadas por muitos povos há séculos, não passam de meras atitudes cotidianas, isto é, tornou-se algo comum e rotineiro em nossos dias, não há quase nenhum significado e importância mais, com o propósito para o qual foram instituídas.

E o que é tradição? Pode-se definir esta palavra como sendo o ensinamento que se passa de pai para filho. Ou, ainda, uma comunicação oral de fatos, lendas, ritos, hábitos, crenças, usos e costumes, etc. que se passa de geração para geração. São estas tradições que costuma nos definir como pessoas.

 Poderia citar vários exemplos para nossa meditação e reflexão, mas, quero me ater, principalmente, numa em que é muito próxima da população capixaba (Estado do Espírito Santo),  a Romaria[1] dos homens e das mulheres. Falo isso com muita propriedade, pois antes de minha conversão ao Cristianismo, participei de muitas delas.

No entanto, quero enfatizar, que muitas pessoas que ainda participam desse evento, continuam com o mesmo propósito original de sua criação, ou seja, demonstrar total devoção e gratidão por algo que lhe foi concedido.

Entretanto, como eu (no passado), muitos são os que participam sem qualquer vínculo ao verdadeiro objetivo de sua realização. Preparam-se para irem ao evento, comprando muita bebida alcoólica e cigarros para consumirem durante a peregrinação (ou em parte dela). Outros vão, para “azarar[2]” ou tentar “fisgar” um peixe, isto é, conseguir uma aventura amorosa.

Nosso objetivo ao preparar esta Mensagem, não é de realçar tradições que foram criadas e preservadas por meros homens mortais (falhos e imperfeitos). Mas, apresentar uma das tradições do povo de Deus do passado (Hebreus ou Israelitas), que se traduzia em se reunirem habitualmente, para juntos, adorarem ao seu Senhor e Salvador, para cear (alimentar-se) ou celebrar alguma vitória ou conquista.

 Êxodo 25:1. Então, falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada.

 O texto em destaque faz referência a uma convocação da parte do Senhor, pedindo para que Moisés reunisse seu povo e lhe trouxessem ofertas voluntárias para construírem o Tabernáculo e, assim, poderem, como seus seguidores (povo ou família) apresentar sua adoração. Sendo assim, ao ler toda a Sagrada Escritura, você verá esta tradição sendo realizada pelos Israelitas.

Queremos centralizar nesta abordagem o ato de que as famílias atuais, inclusive os evangélicos (protestantes ou cristãos), quase não se reúnem mais à mesa para fazerem suas refeições diárias. Parece que essa tradição, com o tempo, foi sendo deixada de lado por muitas pessoas. A realização dessa reunião familiar pode trazer muitos benefícios para seus componentes ou, em caso da não realização, muitos problemas de ordens pessoais, sociais e espirituais.

Nesse sentido, apresentaremos resultados de uma pesquisa e observações a respeito desse ato tão simples, mas que pode apresentar resultados maravilhosos aos seus praticantes.

O contrário também é verdadeiro, isto é, diversos problemas para às pessoas que não mais o valorizam e, muito menos, se reúnem familiarmente para conversarem sobre todo e qualquer tipo de assunto.

Desenvolvimento 

            Vale lembrar que o alerta que será feita no transcorrer desta mensagem, alcança também todos os pais de famílias e não somente os seguidores de Cristo. Foi feita uma pesquisa recentemente na Inglaterra, sendo constatado que em 25% (vinte e cinco por cento) das residências do País não existem mais mesa de jantar.  Foi constatado também, que no Brasil 40% (quarenta por cento) das famílias não se sentam mais a mesa para alimentar-se.  Apresentou ainda a pesquisa que, 70% (setenta por cento) da população brasileira alimentam-se em frente do aparelho de televisão ou dum computador.

         O Salmo 128 foi escolhido (Pr. Josué Gonçalves) para nossa meditação, por abordar o assunto e nos trazer grande aprendizado, advertindo-nos para que voltemos a realizar essa tradição que era praticada no passado pelo povo Hebreu, no Antigo Testamento, e ordenada pelo próprio Deus a Moisés.

      Levítico 23:33-34. E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo, será a Festa dos Tabernáculos ao Senhor por sete dias. Ao primeiro dia, haverá santa convocação, nenhuma obra servil fareis.

    O povo hebreu (ou judeu) costumava realizar várias festas anuais, mas o texto em destaque faz referência a uma das três grandes festas realizadas no transcorrer do ano – a Festa dos Tabernáculos; as outras duas são: a Festa da Páscoa (Levítico 23:4-8) e a Festa das Primícias (Levítico 23:9-14).  Era assim chamada, tendo em vista que durante sua realização, o povo deixava suas casas e morava temporariamente em tendas ou cabanas.

Isto era feito para lembrar-se do ato bondoso de Deus para com eles durante os quarenta anos no deserto, sem habitação permanente. E neste Salmo, a ênfase a ser dada por nós, embasado na Palavra de Deus, é sobre a convocação das famílias para resgatarem o bom hábito (tradição) de sentar-se à mesa durante as refeições diárias, com o propósito maior de propagarmos as bênçãos do Senhor sobre nós e nossa família.

     Salmo 128:3. A tua mulher será como videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa. 

   Gostaria de detalhar alguns trechos deste versículo, para que possamos ser edificados pelo Senhor, e crescermos mais no conhecimento da Palavra de Deus.

     Verso3: A tua Mulher (...).

       Durante o transcorrer da história da humanidade, viu-se por bom tempo, que a mulher não tinha valor algum em algumas civilizações primitivas, algo muito parecido com o comportamento que se adotava aos servos (escravos).  

Entretanto, nas narrativas Bíblicas, observamos que exerciam papel fundamental na constituição familiar e no trabalho de implantação das igrejas, principalmente porque hospedavam os primeiros Cristãos (missionários) e realizavam cultos em suas casas. O profeta Eliseu ganhou até um quarto, com cama e uma mesa para meditar na Palavra de Deus. Tudo isso, por iniciativa de uma mulher que viu nele o Espírito Santo de Deus, e seu marido construiu a edificação.  Além de suas obrigações conjugais, era ela quem cuidava de todos os afazeres domésticos e administrativos da casa, como também da instrução e educação dos filhos.  

Pelos idos dos anos 60, a mulher começa a ingressar no mercado de trabalho, ou seja, a concorrer com os homens por uma vaga de trabalho. Assim, passou a se ausentar por longo período de tempo de sua casa e de seus filhos, deixando aquelas tarefas para outras pessoas. Com isso, entre outras coisas, começou a surgir alguns problemas de ordens familiares e conjugal: “Toda mulher sábia edifica sua casa, mas a tola derriba-a com suas mãos” (Provérbios 14:1). 

     (...) será como videira frutífera.

    A videira (vitis vinifera) pertence à família das vitáceas, provavelmente derivada de uma subespécie silvestre nativa do Mediterrâneo, de folhas alternas, munida de gavinhas, flores aromáticas esverdeadas e frutos bacáceos[3] comestíveis (a uva), ricos em açúcar, que fermentados dão o vinho. Apresenta inúmeras variedades e é amplamente cultivada.

    Este arbusto sarmentoso e seu fruto, era largamente cultivado no Egito: “Então, contou o copeiro-mor o seu sonho a José e disse-lhe: Eis que em meu sonho havia uma vide diante da minha face” (Gênesis 40:9).

    José estava preso no cárcere quando interpretou este e, também, o sonho do padeiro-mor. Ambos os sonhos aconteceram conforme a interpretação dada por ele. Em linguagem figurada, toda a nação de Israel foi comparada a uma videira trazida do Egito (Salmo 80:8).

   (...) aos lados da tua casa.

   Vimos que o Salmista faz uma comparação da mulher com a videira, deixando para nós de forma bem clara, a importância que tem em seu desempenho a tudo que se refere à sua família. Nesta parte do versículo 3, pode-se interpretar também, que a ela era confiado por em ordem a sua casa: “Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubis” (Provérbios 31:10). 

  Atribui-se também a ela e seu marido, a vigilância e proteção de sua prole. Portanto, todos os componentes da família, devem participar e ajudar para que este ambiente seja harmonioso e se torne o melhor lugar do mundo.

  (...) os teus filhos,  

  O Salmista deixou uma advertência para nós sobre nossos descendentes, ao dizer que: “Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão” (Salmo 127:3). Portanto, eles são um presente dado por Deus a nós, por isso, precisamos cuidar bem deles e ensiná-los a seguir o caminho do bem.

   Provérbios 22:6. Instrui o menino no caminho em que deve andar; e, até quando envelhecer, não se desviará dele.

  O Psicanalista renomado – Sigmund Freud, ficou muito conhecido por seus estudos sobre a mente e o comportamento humano, principalmente quando afirmou que: “tudo que ensinarmos as nossas crianças na primeira infância (de 0 a 5 anos), elas irão levar até sua morte”.

   Não sei se ele teve acesso as Escrituras Sagradas, pois Deus já havia inspirado homens ungidos (escritores), para afirmar muito tempo antes, a mesma coisa. Conforme descrito no texto do Livro de Provérbios acima.

   (...) como plantas de oliveiras. 

   A oliveira é uma das árvores mais impressionantes da terra. Não estamos familiarizados com elas porque o Brasil não é seu habitat. Entretanto, para o povo da Bíblia, ela foi e ainda é a árvore mais importante de todas as árvores, haja vista por ser uma fonte de alimento, luz, higiene e cura. 

Os seus frutos são comestíveis e, também, deles se extraem o óleo que sempre teve um papel importante na vida cotidiana de Israel. “Por quase 8.000 anos, azeitonas têm sido um alimento básico do Mediterrâneo e o azeite tem sido usado para cozinhar, para iluminar e como combustível”.

     Êxodo 27:20. Tu, pois, ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido, para o candeeiro, para manter a lâmpada acesa continuamente.

     Essa também deve ser a nossa obrigação a passar aos nossos filhos, para que iluminem continuamente o ambiente em que estiverem e o caminho por onde andarem, como sendo um verdadeiro candeeiro, isto é, como Filhos da Luz (de Deus).

 (...) à roda da tua mesa.

    Uma coisa que preciso enfatizar para você que é Pai (e Mãe), deve-se ao fato de valorizar a mesa de refeições em sua casa, como sendo um lugar aprazível, de reunião e de encontro. Iremos a seguir, apresentar bons resultados pela prática desta tradição:

 1. Benefícios ao reunirmos a família à mesa para alimentarmos.

    a) Há maior satisfação conjugal: a pesquisa feita, constatou que as famílias que preservam este hábito em suas casas, tem uma vida conjugal mais equilibrada.

 b) Maior senso de responsabilidade nos filhos: eles observam o comportamento de seus pais e tendem a reproduzi-los posteriormente.

 c) Os filhos alimentam-se melhores: melhora em muito a satisfação alimentar, promovendo também, maior felicidade aos filhos.

 d) Aumenta-se significativamente a comunhão familiar: por estar esse tempo juntos, promove maior aproximação e intimidade, surgindo assuntos de diversos temas durante as refeições.

 2. Por que o nosso maior adversário, tem tanto interesse em tirar a família da mesa?  

   Pelo significado e importância que representa esta reunião familiar diariamente. E, também, porque à Mesa é um lugar de:

  a)  Comunhão: O Salmista expressa e retrata bem sobre isso, quando nos diz: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em comunhão” (Salmo 133:1). 

 b)  Celebração: Podemos ver bem isso, na narrativa sobre o Filho Pródigo. Seu pai, ao avistá-lo, correu ao seu encontro e o beijou. E logo em seguida, deu ordem aos seus servos para que preparassem uma Festa (celebração).

    Lucas 15:22-23. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos.

 c)  Oração:  Nesse momento de reunião familiar, pode ser realizado o Culto Doméstico. E, antes de nos alimentarmos, podemos apresentar nossa gratidão a Deus pelo envio dos alimentos diários.

 d)  Conexão (União):  No Livro de apocalipse, tem uma mensagem que retrata muito bem sobre este tema: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele comigo” (Apocalipse 3:30).

 e) Ensino e Instrução (Pedagógico): Durante as refeições diárias, os filhos podem aproveitar para  tirar alguma dúvida sobre algum assunto ou os pais podem falar da Palavra de Deus a eles, semeando desde pequeno este valioso ensino que promove vida eterna.

   Deuteronômio 11:18-19.  Pondo, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, (...). E ensinai-as as vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te.

  Este texto de Deuteronômio estava trazendo um ensinamento sobre a obediência que deveria ser praticada pelo povo Hebreu, sendo que ela traria ricas bênçãos da parte do Senhor para aqueles que a ouvissem e a colocassem em prática. E esta instrução também nos alcança hoje.

 f) Reverência. Costumo dizer em casa quando estamos reunidos para nos alimentarmos, que esse momento é “sagrado”, isto é, um momento de respeito e de silêncio. Um bom momento para nossa reflexão.

 Conclusão   

    Por onde Jesus andava, uma grande multidão O seguia. Podemos afirmar, com base nas Escrituras Sagradas, que Ele gostava de estar reunido com várias pessoas. Ele havia escolhido doze homens para estarem o tempo todo com Ele (Mateus 10:1-13). E, em várias narrativas, estava cercado de inúmeras pessoas. Numa delas, Jesus havia se retirado de barco para um lugar deserto, mas, quando a multidão ficou sabendo para onde ia, seguiu para lá a pé. Ele, em lá chegando, notou que o povo já o esperava.

   Mateus 14: 14,19. E, Jesus saindo, viu uma grande multidão e, possuído de intima compaixão (...), curou os seus enfermos. (...). E ele disse: Trazei-mos aqui. Tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a erva, tomou os cinco pães e os dois peixes, e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos, à multidão.

   Os discípulos queriam que Jesus mandasse as pessoas embora, mas Ele, movido de íntima compaixão, pediu para os reunirem, pois queria estar com eles. O texto acima retrata um dos milagres realizados por Jesus: a primeira multiplicação dos pães e peixes, alimentando aproximadamente cinco mil pessoas. 

  Meus amigos e amados irmãos em Cristo, precisamos voltar e resgatar esta tradição amplamente propagada por nosso Mestre, pois vemos nas Escrituras que o único momento em que Ele gostava de estar sozinho, era quando queria ter seu momento em particular com o Pai Celestial – para Orar. É necessário profetizarmos igualmente o Salmista afirmou no Salmo 112:2: “A sua descendência (a minha família e a sua) será poderosa na terra, a geração dos justos (a nossa geração) será abençoada”. Amém!

 



[1] Romaria. Viagem ou peregrinação religiosa que se faz a um santuário. 2. Peregrinação que se faz por devoção.

[2] Azarar. Demonstrar interesse amoroso por alguém. 2. Arrastar asa para alguém.

[3] Bacáceos. Diz-se dos frutos semelhantes às bagas. 2. Da natureza da baga ou semelhante a baga.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

Igreja: O Povo de Deus da Nova Aliança.

          Na apresentação do artigo anterior, trouxemos uma abordagem mostrando a igreja do Senhor como sendo constituída pelo povo da Antiga Aliança ou do Antigo Testamento. E isto desde o momento da criação e existência do primeiro ser humano na face da terra. Prosseguimos com o desenvolvimento do artigo, colocando em relevo os personagens que foram os seus primeiros alicerces, como a pessoa de Adão e Eva e tantos outros que se seguiram. Além daqueles que assumiram importantes cargos e funções de liderança, como Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Josué, entre outros.

          Vale ressaltar, que Abraão foi escolhido e chamado por Deus, no passado, para depois que ele recebesse a benção da parte de Jeová, ela pudesse alcançar os povos gentio na pessoa de seu próprio Filho, Jesus Cristo. Mas isto somente viria a acontecer, muito tempo depois da vigência da Lei Mosaica, o Pentateuco (ou Torah), pois ela não tinha o poder de justificar os pecados cometidos pelos homens. Mas, pela realização dos holocaustos e sacrifícios de animais, esta atitude encobria os seus pecados: “Mostraste favor, Senhor, à tua terra (teu povo, tua igreja); fizeste regressar os cativos de Jacó. Perdoaste a iniquidade (grego: anomia - pessoa que não cumpre a Lei) do teu povo; cobriste todos os seus pecados” (Salmo 85:1-2).  

       Gênesis 12:1-3. Ora, o Senhor disse a Abraão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai, para a terra que te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma benção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.

       Gálatas 3:10-12. Todos aqueles, pois, que são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em todas as coisas que estão escritas no livro da lei, para fazê-las. E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não é da fé; mas o homem que fizer estas coisas, por elas viverás.     

           A Lei teve a sua grande importância naquela ocasião, entre outras coisas, para trazer o conhecimento do povo de Jeová, das coisas que eram contrárias à Sua vontade. Noutras palavras, ela serviu para aquele povo e época como sendo um “Aio”, isto é, como um criado encarregado de instruir e ensinar os filhos pequenos dos nobres, de como deveriam prosseguir em suas condutas diárias. Portanto, quando eles violavam as Ordenanças de Jeová, tratavam de apresentar os sacrifícios conforme ditava a Lei, pois, assim, aplacava a ira de Deus.  

          Para aqueles que tem o costume de ler as Sagradas Escrituras e alguns livros teológicos, escritos por diversos autores e teólogos renomados, podem ter lido ou ouvido alguma coisa sobre a expressão conhecida como “o silêncio profético”. Embora haja opiniões e interpretações divergentes sobre este acontecimento, a grande maioria concorda tratar-se dum período percorrido de aproximadamente 400 anos, em que o Senhor deixou de revelar a sua mensagem profética a certos homens, para que a transmitissem ao seu povo. A princípio, isto se deu pela obstinação e rebeldia que estava sendo apresentada por eles, um povo que foi escolhido para ser Seu. Este período de tempo é conhecido como “Interbíblico” ou “Intertestamentário”. Dito de outra forma, foi o período de tempo que se decorreu entre os dois Testamentos: o Antigo e o Novo Testamento!

          Pode-se dizer, que foi o tempo que marcou o silêncio profético desde o profeta Malaquias (último livro do AT) até o surgimento da pregação de João, o Batista, no deserto da Judéia, que está registrado no Evangelho de Mateus, o primeiro livro do Novo Testamento (NT). Neste artigo, daremos sequência ao povo de Deus da Nova Aliança, povo este que teve suas raízes e origens advindas dos primeiros seres humanos criados por Deus. Devido ao cometimento de alguns deslizes e pecados por parte deles, acabaram por desagradar ao Senhor. Por isso Ele se calou durante este tempo.

          Na Antiga Aliança, tudo teve início com a criação do primeiro homem (e mulher), Adão. Agora, com a chegada da Nova Aliança, foi dada por Deus a continuidade e o desenvolvimento de sua descendência, o que possibilitou o surgimento de um novo povo do Senhor. Eles foram chamados para assumirem a responsabilidade de serem os representantes de Cristo na terra. Mas agora, identificados como sendo a Igreja do Senhor e, de forma simbólica, a Noiva de Cristo.

      2 Coríntios 11:1-2. Quisera eu que me suportásseis um pouco na minha loucura! Suportai-me, porém, ainda. Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura (noiva) a um marido, a saber, a Cristo (noivo).

          Neste texto, o apóstolo Paulo adverte os seguidores de Cristo da Nova Aliança, a nova geração que foi formada, instruída e capacitada para dar continuidade à sua obra, ou seja, a pregação do Evangelho e das Boas Novas de Cristo. Vale lembrar, que nesta Nova Aliança, Deus, na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo, escolheria e chamaria alguns homens para compor a sua Igreja. Primeiramente, Ele levanta a pessoa de João, o Batista, para dar início a pregação de suas Boas Novas, mas, tempos depois, Ele escolheria doze homens para estar junto com Ele. Neste período de tempo, os instruiu e capacitou para dar sequência ao seu Plano de Redenção da humanidade. Ele sabia que seria julgado e condenado pelos judeus, sobrevindo-Lhe a condenação e morte, e morte de cruz. Mas, também sabia que iria ressuscitar ao terceiro dia, para retornar e estar ao lado do Deus-Pai. Entretanto, não deixou os seus seguidores e a sua igreja órfã (cf. João 14:24-26).

          Como Deus fizera com Abraão no passado, com o propósito de alcançar os demais povos estrangeiros (gentios), resgatando-os para Si; agora, passados muito tempo depois, faz o mesmo com a pessoa do apóstolo Paulo: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; para que a benção de Abraão chegasse aos Gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito” (cf. Gálatas 3:13-14).

          Gostaria de lembrar ainda, que Eu e Você (Nós), fazíamos parte dos povos gentios (não cristãos), mas pela graça de Deus (um favor que não merecíamos), fomos alcançados por Seu amor incondicional, suas infinitas misericórdias e por suas ricas bençãos. E isso aconteceu primeiramente na pessoa de Abraão que, por meio da fé, somos considerados como sendo os seus filhos (cf. Romanos 4:16). Depois dele, outros homens continuaram transmitindo as Boas Novas de Jeová. Portanto, fomos incluídos entre o povo do Senhor. E a sua nova igreja ressurgiu, com a pregação e representatividade de João, o Batista.

           . João, o Batista: depois de decorrido todo este tempo de silêncio profético, ressurgiu um homem de hábitos e comportamentos que destoavam das demais pessoas, como sendo o novo alicerce da igreja do Senhor e, com a sua vinda, cumpriu-se uma mensagem de Jeová, que foi anunciada pelo profeta messiânico Isaías, muitos antes de seu nascimento. O seu nome era João Batista: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus” (cf. Isaías 40:3).

          Ele chegou antes do Messias, para preparar todo o caminho para a sua chegada. Isto se deu principalmente por meio de sua pregação no deserto, apresentando uma mensagem que seria dada continuidade pelo próprio Jesus Cristo e, depois, por seus seguidores e discípulos, a sua igreja: “E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (cf. Mateus 3:1-2).

          Depois do anúncio de seu nascimento pelo profeta maior Isaías, veio a confirmação de sua vinda, mas desta vez, anunciada pelo profeta menor Malaquias: “Eis que o meu anjo, que preparará o caminho diante de mim; e, de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o anjo do concerto, a quem vós desejais; eis que vem, diz o Senhor dos Exércitos” (cf. Malaquias 3:1). Neste texto, o profeta enfatiza sobre a vinda certa do Messias à terra. Mas antes de sua chegada, Ele enviaria um mensageiro para preparar-Lhe o caminho. Muitos anos depois, esta profecia se cumpriu. Vale lembrar de que o nome Batista não é o seu sobrenome, mas ele foi chamado assim porque batizava às pessoas nas águas do rio Jordão.

       Marcos 1:2-4. Como está escrito no profeta Isaías: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Apareceu João batizando no deserto e pregando o batismo do arrependimento, para remissão do pecado (cf. Mateus 11:10, Lucas 1:76; 7:27)

          Esta foi a nova mensagem anunciava pela igreja do Senhor, o povo do Novo Testamento e da Nova Aliança. Ela continua sendo a mesma, em nada mudou. Nós, os seguidores de Cristo da atualidade, temos que nos prostrar todos os dias diante da Face do Senhor, arrepender-nos e confessar os nossos “inúmeros” pecados, nos distanciando deles (cf. Romanos 10:8-10,17). O nome João em hebraico significa “Graça ou Favor de Deus”. O seu nascimento se deu em resposta de muita oração.

        Lucas 1:5-7. Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote, chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas de Arão; o nome dela era Isabel. E eram ambos justos perante Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos do Senhor. E não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados em idade.

           Duas situações pelas quais eles não tinham filhos: Isabel era estéril e idosa, enquanto que o seu marido Zacarias, também era avançado em idade, provavelmente com mais anos que a sua esposa. Um fato importante a destacar, volta-se para a visita feita por um anjo ao sacerdote Zacarias, quando estava exercendo o seu ofício: “E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem da sua turma, (...). Então, um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso. E Zacarias, vendo- o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João” (cf. Lucas 1:8,11-13).

          Além de se trajar e se alimentar diferentemente das demais pessoas de sua época, João Batista costumava pregar de forma muito vívida, isto é, falava com uma voz muito audível e de forma a confrontar os pecados de quem quer que fosse. Era um homem que não temia a morte, desde que cumprisse com a missão que lhe fora confiado por Deus: Pregar a Palavra de Deus, para toda e qualquer pessoa, principalmente acerca do arrependimento de seus pecados.

        Lucas 1:15-17. Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto.

          Ele disse frente a frente com o rei Herodes, de que não era lícito o seu relacionamento incestuoso com a esposa de seu irmão. Por isso, foi jogado no cárcere e, por ocasião duma festa no palácio, a filha de Herodias dançou para ele e seus convidados, vindo a achar graça diante dos olhos do rei. Nisso, ele disse que poderia pedir-lhe até a metade do seu reino que ele lhe daria.

       Mateus 14:3-9. Porque Herodes tinha prendido João e tinha-o manietado e encerrado no cárcere por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; porque João lhe dissera: Não te é lícito possuí-la. (...). Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante dele e agradou a Herodes, pelo que prometeu, com juramento, dar-lhe tudo o que pedisse. E ela, instruída previamente por sua mãe, disse: Dá-me aqui num prato a cabeça de João Batista.

           Por mais que o rei Herodes quisesse, não poderia voltar atrás do que ela o pedira, tendo em vista que lhe prometera na frente de todos os seus convidados. Sendo assim, ele mandou um dos seus algozes ir até o cárcere e decapitar João, o Batista. Ele o fez e trouxe a sua cabeça numa bandeja e entregou na mão dela (Mateus 14:10).

           . Jesus Cristo: ele é tanto o centro da história de toda a humanidade e do mundo, como também de toda a doutrina contida na Bíblia Sagrada. Seu nome no idioma grego significa “Salvador”. Ele é o Messias anunciado pelos profetas do Antigo Testamento (AT), afirmando de que era certa a sua vinda na terra. O seu nascimento e surgimento se deu entre cinco e seis meses após o nascimento de João, o Batista (cf. Lucas 1:24-31): “E subiu da Galiléia também José, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), a fim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem” (Lucas 2:4-7 e ss.).

          Ele veio para escolher e chamar alguns homens para estarem representando a Sua igreja e a propagarem a sua Doutrina na terra. Durante o período de três anos, Ele percorreu inúmeras aldeias, vilas, cidades e várias regiões ensinando e pregando as suas Boas Novas, o Evangelho de Jesus Cristo. A sua mensagem inicial, era a mesma que fora anunciada por João Batista, para que o povo se arrependesse de seus pecados e voltassem para Deus.

       Mateus 3:1-2. E, naqueles dias, apareceu João Batista pregando no deserto da Judéia e dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. (...). 4:17-19. Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus. E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens (grifamos e sublinhamos). 

        Além de vir à terra com o propósito de resgatar o seu povo das trevas, Jesus Cristo veio também para capacitar homens escolhidos para estarem na liderança de Sua igreja, pois pelo atributo da Onisciência, sabia desde a sua descida à terra, de que sofreria afrontas, escárnios, vitupérios, condenação e morte. Antes de seu retorno as mansões Celestiais, por meio da ressurreição, deixaram homens ungidos e capacitados para dar continuidade aos Seus ensinos e instruções e, também, outros para assumirem a posição de liderança em Sua igreja. E alguns deles, foram considerados como “colunas” de Sua igreja.

     Gálatas 2:9. E conhecendo Tiago, Cefas (Pedro) e João, que eram considerados como as colunas, a graça que se me havia dado, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que, nós fossemos aos gentios (não cristãos), e eles à circuncisão (acréscimo nosso).

       Depois de ter concluído tudo que havia sido ordenado pelo seu Pai, para que fosse feito aqui na terra, Ele voltou para estar junto á Ele, estando sentado a Sua destra. No entanto, não deixou a sua igreja e o seu povo desamparado ou órfãos: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador (Paracletos), para que fique convosco para sempre. (...). Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós” (cf. João 14:16,18).

Ele é conhecido por inúmeros nomes, títulos e ofícios, mas iremos nos ater ao que está registrado no livro do profeta Messiânico Isaías: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6). Jesus Cristo é o Senhor da Igreja, Ele é a sua Cabeça, isto é, todo o poder, liderança e o controle pertencem a Ele. Não podemos esquecer, de que a igreja e o povo na Antiga Aliança, estava praticamente subjugada pela Lei Mosaica, principalmente nos Dez Mandamentos.

Este Decálogo foi escrito pelas próprias Mãos de Jeová, sendo entregue diretamente a Moisés. Para tanto, na Nova Aliança, a Sua igreja não está mais subjugada pela Lei, mas ela subsiste pela Graça do Senhor, isto é, não está sujeita à lei escrita nos papiros e em tábuas de pedras, mas sim, nas tábuas de nossos corações: “Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias; diz o SENHOR: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles (nós) serão o meu povo” (cf. Jeremias 31:33).

Abriremos um parêntese a seguir, para apresentar-lhes a composição social e política no tempo em que Jesus esteve desenvolvendo o seu ministério terreno. Depois, daremos seguimento falando acerca de seus novos representantes que, logo após a sua condenação e morte, passaram a ser mais perseguidos. Nosso propósito da escrita deste artigo, prende-se ao fato de levar aos leitores, de como era a formação da sociedade no tempo em que Jesus esteve na terra. É consenso entre os teólogos e historiadores, de que Ele esteve durante três anos aqui na terra, período em que ensinava e pregava a sua Sã Doutrina, conhecida como o Evangelho ou as Boas novas de Cristo.

 1. Composição Social no Tempo de Jesus Cristo:

           Achamos interessante, para melhor entendimento do leitor, apresentar como era a constituição social das cidades e regiões, por onde Jesus Cristo haveria de passar, permanecer por alguns dias e a conviver por um período de tempo. Por isso, de forma resumida, faremos uma abordagem das classes sociais e dos grupos políticos mais influentes daquela época.

        . Os Fariseus: é bem provável de que eles começaram a sua formação e organização social, logo após a guerra dos Macabeus. Tendo em vista que foi este povo liderou um forte movimento pela independência da Judeia, inclusive promoveram uma nova consagração do Templo de Jerusalém, que havia sido profanado pelos povos gregos. A ideologia propagada pelos fariseus, fazia oposição a helenização do povo judeu (harmonização com a cultura grega) através de Roma, com o propósito de preservar as suas tradições, a cultura e a fé judaica.

       Atos 26:1-6. Depois, Agripa disse a Paulo: Permite-se que te defendas. Então, Paulo, estendendo a mão em sua defesa, respondeu: Tenho-me por venturoso, ó rei Agripa, de que perante ti me haja, hoje, de defender de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus, mormente sabendo eu que tens conhecimento de todos os costumes e questões (ou tradições) que há entre os judeus; pelo que te rogo que me ouças com paciência.  A minha vida, pois, desde a mocidade, qual haja sido, desde o princípio, em Jerusalém, entre os da minha nação, todos os judeus a sabem. Sabendo de mim, desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu. E, agora, pela esperança da promessa que por Deus foi feita a nossos pais, estou aqui e sou julgado.

      Este texto, retrata o momento em que Paulo (antes da conversão ao Cristianismo, Saulo) fora preso, sendo acusado de promover confusão social e propagar uma doutrina totalmente contrária à daquele povo. Quando lhe é permitido pelo rei que possa se defender pessoalmente e em público. Os fariseus acreditavam e defendiam como sendo a sua doutrina: a) Predestinação harmonizada com o livre arbítrio; b) a imortalidade da alma; c) Na ressurreição; d) Na existência do espírito (e de anjos); e) No juízo futuro, entre outras.

     . Os Saduceus: esta classe social, tinha o posicionamento doutrinário e filosófico totalmente contrário aos fariseus. Existem várias ideias e posicionamentos acerca de seu surgimento, mas, segundo Kurt Schubert (1979), eles devem ter surgido através de Zadoque, um sacerdote contemporâneo de Davi. Era um grupo aristocrático (da nobreza), sacerdotal e muito fechado. Do ano de 539 a.C., em que estavam sob o domínio Persa, até o período de Alexandre, o Grande, as famílias dos sacerdotes, eram complacentes com os seus vizinhos pagãos.

Eles viviam em perfeita harmonia com os povos helênicos. Eram muito educados, ricos e de boa posição social. Flávio Josefo apud Schubert (1979), afirmou de que eles eram muito cépticos (incrédulos), acreditavam somente naquilo que pudesse ser provado por meio da ração. Eles não acreditavam: a) Na ressurreição; b) Na imortalidade da alma; c) Na existência de espíritos (nem em anjos); d) No juízo futuro; e) No inferno.

       . Os Essênios: segundo Schubert (1979), eles eram muito ascéticos (místicos; que se volta para vida espiritual). Eram conhecedores da Lei e dos Profetas. Buscavam viver em isolamento social, como uma forma de se resguardarem da contaminação filosófica Romana e Grega. Eram muito estudiosos e conhecedores das Escrituras Sagradas, dedicavam-se também a períodos de orações e em realizações de festas cerimoniais. Eles dividiam seus bens com membros de sua comunidade, eram muito trabalhadores e tinham uma vida piedosa. Eles acreditavam que só alcançariam a Santidade e a pura Fé, se estivessem em total isolamento social (das outras pessoas). Segundo escreveu Josefo citado por Schubert (1979), eles se julgavam os verdadeiros Israelitas. Eles se dedicavam em preparar o “Caminho do Senhor”, pois aguardavam as promessas do Messias e eram cuidadosos com a realização de sacrifícios, conforme prescrevera Moisés e Arão, principalmente em relação a Purificação e a Santidade dos Sacerdotes.

 1.1 A Sua Composição Política:

          Nesta segunda parte, apresentaremos os principais grupos políticos e/ou religiosos, que foram contemporâneos de Jesus Cristo, durante o período de três anos em que permaneceu na terra. Eles estavam em evidência a todo tempo e em todos os lugares por onde Jesus havia de passar.

        . Os Herodianos: acredita-se de que era um partido político que apoiava a dinastia de Herodes. Era composto por um grupo de judeus que aceitavam o favorecimento do rei Herodes, em troca de se deixarem helenizar e com o compromisso de pulverizar a helenização entre os demais judeus. Eles exerciam grande influência política acerca do poder judaico, persuadiam a liderança a corromper os bons costumes a fim de tornar a vida dos judeus mais fácil do Império Romano.

        Mateus 22:15-21. Então, retirando-se os fariseus, consultaram entre si como o surpreenderiam em alguma palavra. E enviaram-lhe os seus discípulos, com os herodianos, dizendo: Mestre, bem sabemos que és verdadeiro e ensinas o caminho de Deus, segundo a verdade, sem te importares com quem quer que seja, porque não olhas à aparência dos homens. Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar o tributo a César ou não? Jesus, porém, conhecendo a sua malícia, disse: Por que me experimentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um dinheiro. E ele disse-lhes: De quem é esta efígie e esta inscrição? Disseram-lhe eles: De César. Então, ele lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus (grifamos).

           Os herodianos se juntaram com os fariseus, para apanharem Jesus em alguma contradição ou em alguma atitude tida como violação a Tradição ou a Lei Judaica. Esta aliança foi firmada várias vezes, tudo com a intenção de atentarem contra a Sua vida. Enéas Tonini (2009) e outros historiadores, afirmam “de que os herodianos era um grupo mais político do que religioso. Eram independentes e oriundo de uma ala esquerdista dos saduceus. Eles trabalhavam como espiões para os Romanos, em troca de privilégios”.

       . Os Zelotes: era um grupo composto de pessoas patriotas anti-romanos. Segundo escreveu Packer (1991), “este grupo político é considerado o mais radical dentro do judaísmo”. Eles queriam a independência nacional, promovendo grandes levantes contra Roma. Eles eram fervorosos na fé judaica e comprometidos com o bem-estar social de seu povo.

          Mateus 10:2-4. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.

         Segundo relatos de Flavio Josefo no ano 100 d.C., Judas pertencia ao grupo dos zelotes: “Então, um dos doze, chamado Judas Iscariotes (da cidade de Queriote), foi ter com os príncipes dos sacerdotes, e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata. E, desde então, buscava oportunidade para o entregar” (cf. Mateus 26:14-16). Seus sacerdotes eram zelosos pelo cumprimento da Lei Mosaica. Eles possuíam uma característica que os diferenciavam dos sacerdotes de outros grupos, tendo em vista que se engajavam politicamente e tomavam as dores de seu povo, vindo a lutar por seus direitos sociais.

       . Os Samaritanos: o nome samaritano quer dizer, uma pessoa que habita na cidade de Samaria, capital do reino de Israel (as Dez Tribos). Eles foram constituídos depois que Sargom II, rei da Assíria, dominou a cidade e trouxe inúmeras pessoas de outras nações para colonizar Samaria.

         2 Reis 17:21-24. Porque, depois que o Senhor rasgou a Israel da casa de Davi, e eles fizeram rei a Jeroboão, filho de Nebate, Jeroboão apartou a Israel de seguir o SENHOR e os fez pecar um grande pecado. Assim, andaram os filhos de Israel em todos os pecados que Jeroboão tinha feito; nunca se apartaram deles. Até que o SENHOR tirou a Israel de diante da sua presença, como falara pelo ministério de todos os seus servos, os profetas; assim, foi Israel transportado da sua terra à Assíria, onde permanece até ao dia de hoje. O rei da Assíria leva para Samaria muitos estrangeiros. E o rei da Assíria trouxe gente de Babel (Babilônia), e de Cuta, e de Ava, e de Hamate, e de Sefarvaim e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; e tomaram a Samaria em herança e habitaram nas suas cidades (sublinhamos).

      O rei Sargão (Sargom) invadiu a cidade de Samaria, levando boa parte dos Israelitas (judeus) para o cativeiro na Assíria. Simultaneamente, ele levou estrangeiros de várias nações para residirem em Samaria, entre eles, pessoas da Babilônia, Cuta, Ava, Hamate e Sefarvaim (cf. 2 Reis 17:24-25). A partir de então, os samaritanos passaram a ser odiados pelo povo judeu. Eles foram impedidos de adorar no Templo de Jerusalém, por ordem do sacerdote Sambalate. Sendo assim, eles construíram uma réplica do templo sobre o monte Gerizim, acirrando ainda mais o ódio dos judeus (cf. Lucas 17:16; Atos 8:5,14; 9:31).

 1.2 Outras Classes Sociais:

        Haviam outras classes sociais nas vilas e cidades em que Jesus Cristo costumava ir e, por vezes, permanecia ali por alguns dias. No entanto, gostaríamos de dar ênfase sobre um grupo de pessoas que eram odiados pela maioria das classes sociais e políticas da época: os Gentios.

    . Os Gentios: Basicamente, pode-se dizer que eram todos os povos que não eram judeus (ou novos convertidos ao Cristianismo). Este nome foi dado pelos Hebreus a todos os povos que não pertenciam ao grêmio de Israel. Portanto, as pessoas que pertenciam a esse grupo social, não tinham o mesmo estatuto e não podiam se relacionar com um judeu (exceto, para negociar) e, muito menos, pensar em se casar com algum judeu. Normalmente, os gentios não professavam o mesmo Deus dos judeus, nem cumpriam a Lei de Moisés. Eles podiam conviver na mesma região dos judeus, mas não podiam entrar no templo judaico.

       1 Reis 11:1-6. E o rei Salomão amou muitas mulheres estranhas, e isso além da filha de Faraó, moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hetéias, das nações de que o SENHOR tinha dito aos filhos de Israel: Não entrareis a elas, e elas não entrarão a vós; de outra maneira, perverterão o vosso coração para seguirdes os seus deuses. A estas se uniu Salomão com amor. E tinha setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas; e suas mulheres lhe perverteram o coração. Porque sucedeu que, no tempo da velhice de Salomão, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era perfeito para com o SENHOR, seu Deus, como o coração de Davi, seu pai, porque Salomão andou em seguimento de Astarote, deusa dos sidônios, e em seguimento de Milcom, a abominação dos amonitas. Assim fez Salomão o que era mau aos olhos do SENHOR e não perseverou em seguir ao SENHOR, como Davi, seu pai.

          Neste texto do Antigo Testamento, Jeová tinha advertido o seu povo para que não se misturasse com os povos gentios (estrangeiros), muito menos que se casassem com suas mulheres. Entretanto, o rei Salomão veio a desobedecê-LO, sendo este um dos motivos de seu desvio dos caminhos do Senhor e da decadência dos últimos vinte anos de seu reinado.

         Deuteronômio 23:7-8. Não abominarás o edomita (descendentes de Esaú), pois é teu irmão; nem abominarás o egípcio, pois estrangeiro foste na sua terra. Os filhos que lhes nascerem na terceira geração, cada um deles entrará na congregação do SENHOR.  

          No segundo texto em destaque, encontra-se o registro de duas coisas importantes: “Não abominarás o Edomita, o Egípcio (...)”. O povo judeu não poderia maltratar o estrangeiro, muito menos a seu irmão. “Os filhos que lhes nascerem na terceira geração (...)”. O gentio que se convertesse ao judaísmo, abriria uma porta para que adquirisse certos direitos judaicos. Além da conversão, ele teria que passar pelo rito da circuncisão. Neste ato cerimonial, tanto os judeus como os povos muçulmanos, cortavam o prepúcio do pênis dos novos convertidos (neófitos). Dito com outras palavras, retirava-se da glande (cabeça) do pênis a pele que a encobria (prepúcio).

          Sendo assim feito, seus bisnetos passavam a adquirir o direito pleno de serem considerados cidadãos judeus. Vale lembrar que no passado, todos os homens hebreus (judeus) tinham que passar por esta cerimônia ou ritual, caso não o fizessem, a pessoa não estaria em consonância com o que prescrevia os costumes e a tradição judaica.

          Como pode ser visto, foi neste meio social, político e religioso conturbado que o Salvador do Mundo, o Messias prometido, Jesus Cristo viveu pelo período de três anos. Ele escolheu e chamou alguns homens simples e de hábitos costumes, para que pudessem estar ao seu lado e, depois de seu retorno para junto do Pai Celestial, dessem continuidade a pregação de suas Boas Novas. Vale lembrar que na Antiga Aliança, Jeová fez nascer em Jacó, as Doze Tribos de Israel. Eles eram os seus representantes legais e espirituais diante dos demais povos estrangeiros.

          Na Nova Aliança, o Deus-Pai, juntamente com o Deus-Filho e o Deus-Espírito Santo, fazem surgir um pequeno grupo de pessoas, que iriam dar início a Sua nova igreja na terra. O interessante é que esse novo grupo, foi escolhido pelo próprio Jesus Cristo. Ele, inicialmente teve em sua composição Doze Homens. Muito tempo depois, eles foram chamados de Cristãos.                 

 2. As Doze Colunas da Nova Igreja de Cristo:

          Vale ressaltar que os nomes dos homens escolhidos por Jesus Cristo, eram muito comuns para aquela época e, por isso, se tornavam repetidos. Em outras palavras, haviam muitas pessoas com o mesmo nome de nascença. Sendo assim, uma das estratégias para distingui-los dos demais, era acrescentar ao nome a sua cidade natal ou de quem era filho. Vamos conhecer esses homens e algumas de suas particularidades:

          . Simão, PEDRO: Geralmente, esta é uma forma abreviada do nome Simeão. O nome Simão era muito comum entre os moradores da região da Galileia, mas também de outras cidades circunvizinhas. Simão, chamado de Pedro, era um dos apóstolos de Jesus Cristo.

          Mateus 4:18. E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores.

Marcos 3:13-16. E subiu ao monte e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar. E para que tivessem o poder de curar as enfermidades e expulsar os demônios: Simão, a quem pôs o nome de Pedro.

         A região da Galiléia citada no texto, era uma província que compreendia toda parte do norte da Palestina; região esta que foi repartida pelas tribos de Issacar, Zebulom, Aser e Naftali. A palavra Galileia em hebraico significa “Circuito” que, no texto do Evangelista Mateus, pode ser representado por um pequeno território, composto de algumas cidades. Simão Pedro e André, eram irmãos e tinham como labor contínuo a pesca.

          . ANDRÉ: ele foi o segundo apóstolo a ser chamado por Jesus. Era irmão de Simão Pedro e também era pescador (cf. Mateus 4:18). Entre os doze apóstolos, quatro deles sempre estavam mais próximos do Mestre Jesus. André compunha o quarteto, vindo logo depois de Pedro, Tiago e João.

           Marcos 1:16-18. E, andando junto ao mar da Galileia, viu a Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E Jesus lhes disse: Vinde após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens. E, deixando logo as suas redes, o seguiram.

Atos 1:13. E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. 

Seu nome em grego significa “Varonil”. Ele era judeu, mas tinha o nome de origem grega. Isto tornou-se muito comum em Israel na época de Jesus Cristo, pelo fato de os gregos e, pouco tempo depois, os romanos, controlarem aquela região por um período de três séculos. Ele nasceu na cidade de Betsaida, na costa noroeste do mar da Galileia. No entanto, na época em que fora chamado por Jesus, morava com seu irmão Pedro, na cidade de Cafarnaum, que distava aproximadamente 5 quilômetros de Betsaida. Ambos eram filhos de Jonas (cf. Mateus 16:17).

           Mateus 16:16-17. E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas[1], porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está no céus.

João 1:43-44. No dia seguinte, quis Jesus ir à Galileia, e achou Filipe, e disse-lhe: Segue-me. E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.

          As Escrituras não nos revelam nada mais acerca de Jonas, mas podemos presumir que era um homem de grande importância na comunidade local. Provavelmente um pescador e, como seu filho, Pedro, tinha o seu próprio barco de pesca. Por certo, eram da cidade de Betsaida e pertenciam a uma família de classe média, Pedro e André falavam grego e também aramaico, a língua nativa daquela região.

           . TIAGO, filho de Zebedeu: ele também era conhecido como “Tiago, o maior”, para distingui-lo de outras pessoas de mesmo nome. Ele era um pescador e um dos primeiros apóstolos. Há algumas indicações que Zebedeu poderia ser tio de Jesus e, nesse caso, seria provável que Jesus já os conhecia desde a infância. Normalmente Tiago é sempre citado junto a seu irmão, João, pois moravam na cidade de Cafarnaum e eram pescadores.  

         Mateus 4:21-22. E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com Zebedeu, seu pai, consertando as redes; e chamou-os. Eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no. (...). Marcos 1:20. E logo os chamou. E eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os empregados, foram após ele.

 Toda vez que os dois irmãos são citados pelo nome, Tiago sempre aparece primeiro, dando-nos a entender que era o mais velho. Outra coisa que nos chama a atenção, é o fato que menciona-se que eles eram filhos de Zebedeu. Este registro pode indicar que seu pai era uma pessoa influente na comunidade, principalmente por possuir barcos de pesca e alguns empregados.

Tiago, João e Pedro, estavam no meio do “círculo íntimo” dos apóstolos e em relação a Jesus, pois foram os únicos que Ele permitiu estarem junto a Ele na ressurreição da filha de Jairo; no monte da Transfiguração e no Getsêmani, na noite em que foi traído por Judas Iscariótes (cf. Marcos 5:35-42; Mateus 17:1-8; 26:36-40). Ele foi morto por ordem de Herodes Agripa I, pouco tempo depois da destruição da cidade de Jerusalém, por volta do ano 70 depois de Cristo (d.C.).

De acordo com a tradição, o corpo de Tiago foi levado para a Espanha, pois foi missionário naquele País, sendo enterrado em Santiago de Compostela, inclusive o termo “santiago” no idioma espanhol, foi dado para fazer uma homenagem e referência a pessoa de São Tiago, que é o santo padroeiro daquela cidade. Cita-se, a título de informação aos leitores, outras duas pessoas com o mesmo nome: Tiago, o menor (mais jovem) e Tiago, o irmão de Jesus (cf. Gálatas 1:19).

       . JOÃO: ele era irmão de Tiago, o maior, e ambos eram filhos de Zebedeu, e era casado com Salomé. O nome de seu pai é a forma grega de Zebadias. João e seu irmão eram pescadores na região da Galileia. Sua família tinha bens suficientes para ter vários criados ao seu serviço.

        Marcos 1:19-20. E, passando dali um pouco mais adiantem, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes; e logo os chamou. E eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os empregados, foram após ele.

          Jesus deu a ele e a seu irmão, Tiago, o nome de “boanerges”, que quer dizer filhos do trovão. Dando a entender que ambos tinham um comportamento explosivo: “Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do Trovão” (Marcos 3:17).    

          Em certa ocasião, uma aldeia de samaritanos negou pousada a Jesus e a seus discípulos. Diante disso, Tiago e João se dirigiram a Cristo perguntando-O se poderiam fazer descer fogo do céu para os consumirem. Momento em que Ele os repreendeu, dizendo: “Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia” (cf. Lucas 9:52-56).

      Registra as Escrituras Sagradas, que João, antes, impetuoso e explosivo, tornou-se no discípulo amado de Cristo, recostando sua cabeça em seu peito, durante a última Ceia: “Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado no seio de Jesus. (...). E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus, disse-lhe: Senhor, quem é? Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão” (João 13:23-26).

         . FILIPE: nos evangelhos sinóticos [2], que são Mateus, Marcos e Lucas, ele só é mencionado na relação dos apóstolos, nada mais se diz a seu respeito. No entanto, no evangelho de João, ele desempenha um papel ligeiramente maior. Ele recebeu um convite direto de Jesus para se tornar seu discípulo: “No dia seguinte, quis Jesus ir à Galileia, e achou Filipe, e disse-lhe: Segue-me” (João 1:43).

        Foi ele quem levou Natanael, seu amigo, até a pessoa de Jesus Cristo. Seu nome no idioma grego significa “Amador de Cavalos”. Talvez, pelo fato de seu nome ter origem grega, este seja o motivo de ter sido procurado por alguns gregos que queriam se encontrar com Jesus. Dois fatos que ocorreram entre Filipe e Jesus, que merece destacar; a saber: a multiplicação dos pães (João 6:4-7) e quando ele pergunta a Jesus acerca de Seu Pai:  

          João 6:4-7. E a Páscoa, a festa dos judeus, estava próxima. Então, Jesus, levantado os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? Mas dizia isso para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de pão não lhes bastarão, para que cada um deles tome um pouco.

        Como o próprio texto do evangelho de João registra, em seu capítulo 6, Jesus estava apenas testando a compreensão de Filipe acerca de seus ensinamentos, pois pelo seu atributo divino da Onisciência, sabe de todas as coisas que vão acontecer. Neste caso, sabia perfeitamente que iria operar o milagre da multiplicação dos pães e peixes, alimentando todas aquelas pessoas.

 João 14:1-3,8-9. Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver, estejais vós também. (...). Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?

Neste segundo texto, Jesus estava dando suas últimas instruções aos discípulos, explicando-lhes acerca da necessidade d’Ele voltar para junto do Pai. Entretanto, seus doze apóstolos (ou discípulos), estiveram praticamente três anos em Sua companhia e presenciaram vários de seus milagres. E, mesmo assim, parece que ainda não O conheciam.

          . BARTOLOMEU: pouca coisa se sabe acerca de sua vida, mas de forma inquestionável ele era um dos doze apóstolos que seguia a Jesus. Seu nome tem origem no idioma aramaico, contendo o significado de “filho de Talmai”. Durante séculos, ele foi identificado como sendo “Natanael”, mas os estudiosos modernos tendem a rejeitar esta interpretação. Eles consideram que Natanael e Bartolomeu são indivíduos distintos. A razão de acontecer essa identificação entre Bartolomeu e Natanael, segundo eles, prende-se ao fato de que nos evangelhos de Mateus (10:3), Marcos (3:18) e Lucas (6:14), eles nomeiam Bartolomeu em suas listas, logo depois de Filipe, mas omitem o nome de Natanael.

          Mateus 10:2-5. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu (Judas). Simão, o Cananita, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu. Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho dos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos.

Entretanto, no evangelho de João, ocorre o contrário, pois ele liga o nome de Natanael diretamente a Filipe, omitindo o de Bartolomeu: “E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro. Filipe achou a Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem Moisés escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho de Jose. Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe Filipe: Vem e vê” (cf. João 1:44-51; 21:1-2).

          . TOMÉ: seu nome em hebraico significa “gêmeo”. Era chamado também de Dídimo: “Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele” (João 11:16). Como vimos acerca doutros apóstolos, ele também foi ignorado nos evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, sendo mencionado apenas três vezes no evangelho de João. Na lista dos apóstolos, ele era considerado de importância média na hierarquia apostólica.

Ficou muito conhecido como aquele que duvidou acerca da ressurreição de Jesus Cristo. Como dissemos, são três as ocasiões em que seu nome é citado no evangelho de João. A primeira menção, ocorre no fim do ministério de Jesus, quando ele havia se indisposto com as autoridades do templo, estando marcado para morrer (cf. João 11:7-16). Na segunda, após a ressurreição, quando Ele apareceu para os discípulos, mas Tomé não estava presente. Quando os onze lhe contaram sobre o fato, ele não quis acreditar: “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado (perfurado pela lança), de maneira nenhuma o crerei” (João 20:24-25).

Na terceira, Jesus aparece mais uma vez para os seus discípulos, mas desta vez, Tomé se fazia presente. Depois de se apresentar e cumprimentá-los com as seguintes palavras: – “Paz seja convosco”, dirigiu-se diretamente a pessoa de Tomé e disse-lhe: “Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente” (João 20:26-27). Neste encontro, Jesus finaliza seu diálogo com Tomé, repreendendo-o ao dizer-lhe: “Porque me viste, Tomé, creste? Felizes são aqueles que não viram e creram!” (João 20:29).

          . MATEUS: seu nome antes era Levi, e seu pai era Alfeu. Ele era um publicano judeu, isto é, um coletor de impostos que trabalhava para os romanos. Por isso, era considerado pelos demais membros de seu povo como traidor. Sua função era ficar postado na entrada da cidade (como atualmente atua o inspetor de alfândega de portos e aeroportos), e todo aquele que quisesse entrar na cidade, devia ser submetido por sua vistoria, olhando detalhadamente o que possuía: “E, depois disso, saiu, e viu um publicano, chamado Levi, assentado na recebedoria (alfândega), e disse-lhe: Segue-me. E ele, deixando tudo, levantou-se e o seguiu” (cf. Lucas 5:27-28).

O publicano era quem determinava o que poderia ser passível de taxas e o valor do imposto a ser cobrado sobre aquele item, coletando o dinheiro na hora. Um cobrador de impostos poderia se tornar num homem extremamente rico, haja vista que quanto mais ele cobrasse de impostos, mais ele receberia: “E, passando, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na alfândega e disse-lhe: Segue-me. E, levantando-se, o seguiu” (Marcos 2:14). Antes de conhecer a Jesus e segui-LO, ele era conhecido naquela região, por ser um repugnante pecador.

           . TIAGO, filho de Alfeu. embora ele apareça na lista como sendo um dos doze apóstolos, quase nada se sabe acerca de sua vida. Ele sempre aparece na relação dos quatro últimos apóstolos, indicando que estava numa posição baixa da hierarquia desse grupo, composto por doze homens.

            Mateus 10:2-3. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: Simão, chamado Pedro; e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu (Judas), apelidado Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.

           Lucas 6:12-16. E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também chamou o nome de apóstolos: Simão, ao qual também chamou Pedro; e André, seu irmão; Tiago e João, Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas (Tadeu), filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. 

          Os estudiosos acreditam que pelo fato de seu nome vir identificado como sendo filho de Alfeu, poderia significar que ele era irmão de Mateus, que normalmente é identificado como Levi, filho de Alfeu: “E tornou a sair para o mar, e toda a multidão ia ter com ele, e ele os ensinava. E, passando, viu Levi (Mateus), filho de Alfeu, sentado na alfândega e disse-lhe: Segue-me. E, levantando-se, o seguiu” (Marcos 2:13-14). Outro grupo acredita que este Tiago, filho de Alfeu, seja a mesma pessoa citada no Novo Testamento conhecida como Tiago, o menor, cuja mãe era Maria e esteve aos pés da cruz (cf. Marcos 15:37-40).

        . JUDAS (ou Tadeu): seu nome é mencionado no evangelho de Lucas, como sendo um dos doze apóstolos e como sendo filho de Tiago, não se sabendo a qual Tiago se refere o texto: “Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João, Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de alfeu, e Simão, chamado Zelote. Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor” (Lucas 6:14-16). Os livros de Mateus e Marcos registram na lista dos apóstolos seu nome como sendo Tadeu, enquanto em outros textos ele é conhecido como Lebeu: “Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu (Judas), apelidado Tadeu” (Mateus 10:3).

          Marcos 3:18. André, e Filipe, e Bartolomeu, e Mateus, e Tomé, e Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu, e Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, o que o traiu.

          Os estudiosos das Escrituras Sagradas, afirmam que os evangelhos foram escritos depois da traição de Judas. Por ter adotado esta conduta e sendo um dos apóstolos de Jesus, o seu nome passou a ser odiado entre a população. João refere-se a ele apenas como Judas: “Disse-lhe Judas (não o iscariotes): Senhor, de onde vem que te hás de manifestar-se a nós e não ao mundo?” (João 14:22). Há consenso entre os estudiosos, de que ele não é o mesmo Judas, que é o autor da Epístola que recebeu o mesmo nome. Além de constar na lista dos apóstolos e da pergunta feita a Jesus, nada mais se sabe acerca dele.

         .  SIMÃO, o Zelote: ele também foi um dos doze apóstolos, mas quase nada se sabe sobre ele. Acredita-se que ele tenha sido membro de um partido judaico, cujo nome era zelote e que ansiava por um Messias militar para defende-los e expulsar os romanos: “E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus (Levi), Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas (Tadeu), filho de Tiago” (Atos 1:13).

É bem provável que ele fosse um homem que demonstrava um entusiasmo efervescente pelo judaísmo, como também pela mensagem propagada por Jesus. Nas Escrituras Sagradas, além desses dois personagens, há outros registros com pessoas de mesmo nome. Para exemplo, o pai de Judas Iscariotes, o discípulo que traiu Jesus (cf. João 6:71) e um dos irmãos do próprio Jesus (cf. Mateus 13:55).

         . Judas ISCARIOTES: como dissemos anteriormente, “iscariotes” não é o seu sobrenome, mas pode ser uma referência de sua cidade natal - Queriote: “respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo. E isso dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão, porque este o havia de entregar, sendo um dos doze” (João 6:70-71). Quando seu nome é mencionado, lembramos acerca da traição que cometera contra Jesus. Mas gostaríamos de lembrar de que ele era um dos doze apóstolos de Jesus, como também, a princípio, uma pessoa confiável, pois lhe foi concedido cuidar da bolsa, ou seja, ser o tesoureiro deste grupo: “E nenhum dos que estavam assentados à mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isso, porque, como Judas tinha a bolsa (tipo tesoureiro), pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o que nos é necessário para a festa ou que desse alguma coisa aos pobres” (João 13:28-29). Segundo escreve o evangelista João, ele era o tesoureiro: “(...) tinha a bolsa” e, como tal, arrecadava e distribuía esses fundos de forma apropriada entre eles.

Não há nenhum registro de que ele tenha deixado de cumprir com as suas obrigações nesta função, até o momento de sua traição à Jesus. Nem os onze apóstolos desconfiaram de nada a seu respeito. Há inúmeras interpretações acerca do motivo dele ter traído Jesus. Mas pouca dúvida de que teria sido por causa das 30 moedas de prata. Era uma quantia de pequeno valor, o equivalente ao salário de dois ou três meses de um trabalhador inexperiente ou de um escravo. Segundo os estudiosos, se ele fosse realmente um ladrão, poderia ter usurpado uma quantia muito maior do que essa, durante todo o tempo que atuou como tesoureiro entre os doze apóstolos.

Foi desse pequeno grupo de homens, embora houvesse outros discípulos e seguidores de Cristo, atuando em diversas cidades e regiões, que nasceu a Igreja Primitiva de Cristo. No princípio, eles se reuniam na casa de algum neófito (novo convertido ao Cristianismo), pois havia uma perseguição ferrenha ao povo de Deus: “Saúdam-vos afetuosamente no Senhor Aquila e Priscila, com a igreja que está em sua casa” (1 Coríntios 16:19). Provavelmente, deva ter sido iniciado através das Homílias, isto é, uma “conversa familiar” sobre as Boas Novas de Cristo, o Evangelho. Nestas reuniões, havia uma pessoa separada (sacerdote etc.) para fazer a explicação sobre a leitura que havia sido feita.

Vimos que no Antigo Testamento, vários homens que foram escolhidos por Jeová, tiveram atuações muito importantes na formação, constituição e continuidade do povo Israelita (hebreus/judeus), mas alguns teólogos concordam que os personagens Abraão e Moisés, foram os seus maiores vultos. No Novo Testamento foi um pouco diferente, haja vista ter ocorrido a atuação direta de Jesus Cristo, o Cabeça da Igreja. Mas, excetuando a Sua pessoa, os estudiosos das Escrituras Sagradas, destacam a atuação dos apóstolos Pedro e Paulo. Mas precisamente, sobre a atuação de Paulo, o criador e fundador de igrejas, principalmente, por ter se tornado de “perseguidor de cristãos, a ser perseguido pelos judeus”. Por isso, não poderíamos encerrar este artigo, sem registrarmos alguns pontos acerca de sua história e dos grandes feitos para a continuidade da obra do Senhor Deus.

. Paulo: O seu nome era Saulo, nascido em Tarso, a principal cidade da Cilícia, situada na parte oriental da Ásia menor. Ela era famosa pelo fato de ser um centro de educação sob o governo dos primeiros imperadores romanos. Seu nome em hebraico significa “Pequeno”. Alguns teólogos afirmam que ele tinha por volta de 1,50/1,60 metros de altura, era calvo (pouco cabelo ou careca) e tinha as pernas tortas (tipo cambota). Ele falava vários idiomas e era um exímio conhecedor das tradições e dos costumes judaicos. Com isso, perseguia todas as pessoas que se diziam seguidoras de Cristo.

Era ainda muito jovem, mas já estava totalmente influenciado acerca de não tolerar a conduta e a pregação dos novos seguidores de Cristo. Ele presenciou a morte do primeiro mártir da causa de Cristo – Estevão: “E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo. E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão. E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava” (cf. Atos 6:8-10).

Vendo que não podiam rebater à altura os argumentos de Estevão, pois dizia acerca da Doutrina e da pessoa de Jesus Cristo, subornaram alguns homens para falarem que blasfemou contra a pessoa de Moisés e do próprio Deus. Sendo assim, o levaram ao conselho para o apresentarem (versos de 11-15). Ele, em sua defesa, faz um relato com riquezas de detalhes, de momentos do passado, citando a pessoa de Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, dentre outros homens que foram usados por Deus, até o momento de confrontá-los, inclusive a própria composição do conselho que o iria julgar. Com isso, revoltaram-se contra ele, expulsando-o da cidade e o apedrejaram até à morte. E Saulo estava ali assistindo a tudo o que ocorrera com Estevão (Sugestão: Leia todo o capítulo 7 de Atos dos Apóstolos). Depois de perseguir, prender, açoitar e de matar muitos cristãos, Saulo pede cartas aos Sacerdotes (homens religiosos) para ir até a cidade de Damasco na Síria, com a autoridade de prender todo e qualquer propagador do Cristianismo naquela cidade. No entanto, durante o percurso ele tem um encontro com o próprio Jesus Cristo e, a partir deste dia, tudo haveria de mudar em sua conduta e na sua vida.

 Atos 9:1-8. E Saulo, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, se encontrasse alguns daquela seita, quer homens, quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém. E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça? E disse- lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer. E os varões, que iam com ele, pararam espantados, ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. E Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via a ninguém. E, guiando-o pela mão, o conduziram a Damasco.

 Bastou que ficasse três dias sem enxergar, em oração e jejum total, para que ele recebesse a visita novamente de Deus, mas desta vez, na pessoa de seu enviado Ananias que, a princípio, questionou ao Senhor por ser o homem que mais assolava e matava cristãos (cf. Atos 9:9-15). Depois desse encontro e de sua conversão, ele passou a ser chamado de Paulo. Ele foi para a Arábia e ali ficou por um período de três anos. Passado este tempo, ele voltou para a cidade de Damasco, na Síria, mas agora com a missão de pregar o Evangelho aos Gentios (não cristãos). Entretanto, a população local queria matá-lo, tendo que fugir dentro dum cesto e por uma janela (cf. 2 Coríntios 11:32-33; Gálatas 1:13-15).

Nisso, correu a galope a notícia de que o “perseguidor” da Igreja de Cristo, havia se convertido e que se tornara Cristão. De Damasco ele vai a cidade de Jerusalém, mas os seguidores de Cristo não ficaram tranquilos e seguros com a sua presença entre eles (temeram). Sendo assim, Pedro que possuía uma liderança naquela cidade, tratou de trazê-lo consigo. Paulo ficou por volta de 15 dias na companhia de Pedro. Depois ele partiu para a cidade da Síria e rodou por várias de suas regiões (cf. Gálatas 1:16-25). Percorrido um tempo aproximado de 14 anos, após a sua conversão, ele voltou a cidade de Jerusalém, mas eles já tinham ouvido falar de que pregara por quase toda a Ásia Menor. Nesta sua segunda volta a cidade de Jerusalém, ele se encontrou com outros cristãos, entre eles, Barnabé, Tito, Tiago, Pedro e João.

Ele se tornou o enviado de Jesus Cristo aos povos Gentios, povo da incircuncisão, enquanto que o apóstolo Pedro, foi o enviado por Deus ao povo da circuncisão. Só para registro e não esquecimento: o Perseguidor passou a ser perseguido e, nesta perseguição, passou grande parte de seu ministério na Prisão, onde escreveu algumas de suas Cartas ou Epístolas: Efésios, Colossenses, Filemon e Filipenses (cf. Atos 28:14-31). Foi apedrejado algumas vezes (Atos 14:19); Preso na cidade de Filipos (Atos 16:9-19) e em Roma. Nesta cidade, ele teve a prerrogativa de ficar em Prisão Domiciliar e receber visitas. Ele sofreu Naufrágios (Atos 28:21-44) e açoites em praça pública (2 Coríntios 11:24-25).

 2 Coríntios 11:26-28. em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.

 Vale lembrar de que Paulo era hebreu (ou judeu), da Tribo ou linhagem de Benjamim (filipenses 3:1-14). Segundo o testemunho dos padres antigos, ele foi decapitado em Roma, a mando do imperador Nero, por volta dos anos de 67/68 depois de Cristo. As suas últimas palavras antes da morte, ecoaram mundo à fora e se tornaram bem marcantes: “Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo. Combati o bom combate, acabei a carreira, e guardei a fé” (2 Timóteo 4:6-7).   

Depois de muitos anos de luta, onde seguidores de Cristo sofreram dos mais diversos tipos de sofrimentos e torturas, por propagarem o seu Nome e pela pregação de seu Evangelho, inclusive, muitas delas foram mortas. Na cidade de Antioquia da Síria, pela primeira vez, eles foram chamados de Cristãos. Esta cidade fica aproximadamente 500 quilômetros de Jerusalém (cf. Atos 11:25-26).

Este título ou identificação com Deus e com Jesus Cristo, foi conquistado com o derramamento de muito sangue e com muito suor. Portanto, que nós, os seguidores de Cristo da atualidade, possamos dizer outras palavras ditas por este mesmo Apóstolo: “Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim” (cf. Gálatas 2:19-20). Ele se entregou e colocou-se em nosso lugar, mesmo sabendo de que éramos pecadores.

Lembrem-se: o nosso Deus não tem prazer na morte do ímpio (gentio), mas que ele se converta dos seus maus caminhos (Ezequiel 18:23). No passado, Ele derrubou a barreira da separação entre os povos (judeus e gentios) e continua com o propósito de fazer a junção dos povos da atualidade. E a sua igreja e ao seu povo (Nós), Ele confiou esta missão. Que possamos vir a exercer com excelência este encargo. Amém!