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quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Profetas e Políticos Corrompidos: o que fazer?

O assunto que nos propusemos a ser apresentado no transcorrer deste artigo, não é o tipo do tema ou da informação, de que sentimos prazer em fazê-lo e, até mesmo, de um motivo para nos alegrarmos quando conseguimos fazer a sua conclusão. Trata-se de comportamentos e condutas humanas, que foram apresentadas por civilizações do passado, mas que continuam sendo reproduzidas por boa parte da população atual de alguns Países. Principalmente, por se tratar de pessoas que ocupam cargos e posições sociais, que são de destaques no cenário nacional (e/ou internacional).

Como o próprio tema sugere, iremos apresentar de forma paralela, como ocorreu no transcorrer da história da humanidade, em que pessoas da sociedade local, que foram escolhidas ou levantadas para exercerem o título ou o encargo de profetas, para falarem em nome de Deus. Ou, em outras palavras, pessoas que deveriam anunciar ou predizer os propósitos divinos. E, ao mesmo tempo, falaremos também, acerca de pessoas que ocupam cargos políticos (e públicos), tendo em vista que foram eleitas democraticamente por seu próprio povo, para os representarem. Quer seja na Presidência do País, no Senado ou na Câmara Federal, no Governo ou na Assembleia Legislativa Estadual ou na Administração de seu Município.  

Vale ressaltar, que não será inserida nenhuma palavra ou opinião do autor, pois tudo que for apresentado, poderá ser consultado no endereço eletrônico que seguirá descrito no rodapé das páginas. Nosso objetivo e propósito, prende-se ao fato de se confirmar o que está escrito nas Escrituras Sagradas, que diz assim: “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem. O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um” (conferir Salmo 14:1-3; 51:1-3).

 1. Os Profetas de Baal e de Aserá:

    Quem reinava em Israel nesta época era o rei Acabe que, estando na posição de monarca, havia ao seu redor ou atuando como seus conselheiros, 450 profetas de Baal. Palavra que em hebraico significa “senhor ou dono”. Era uma das divindades cultuadas pelos povos cananeus. E as voltas de sua esposa, de nome Jezabel, outros 400 conselheiros ou profetas de Aserá, cujo nome significa “deusa dos tiros”. Na mitologia semita[1], ela é uma divindade relacionada a fertilidade que, no Antigo Testamento (AT), é citada como sendo Astarote. Nesta ocasião, havia um profeta que foi ungido por Jeová, ou seja, que foi escolhido e chamado por Deus, para poder falar em seu Nome ao povo. Dito de outra forma, um homem escolhido para representa-Lo diante do povo. O seu nome era Elias. Ele, juntamente com Deus, desafiou e enfrentou todos os 950 “pseudoprofetas”, homens comuns do povo, que foram levantados para este cargo ou função, pelo rei, mas sem a unção de Javé.  

 1 Reis 18:17-24. E sucedeu que, vendo Acabe a Elias, disse-lhe: És tu o perturbador de Israel? Então disse ele: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do Senhor, e seguistes a Baalim[2]. Agora, pois, manda reunir-se a mim todo o Israel no monte Carmelo; como também os quatrocentos e cinqüenta (450) profetas de Baal, e os quatrocentos (400) profetas de Aserá, que comem da mesa de Jezabel. Então Acabe convocou todos os filhos de Israel; e reuniu os profetas no monte Carmelo. Então Elias se chegou a todo o povo, e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o, e se Baal, segui-o. Porém o povo nada lhe respondeu. (...). Dê-nos, pois, dois bezerros, e eles escolham para si um dos bezerros, e o dividam em pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não lhe coloquem fogo, e eu prepararei o outro bezerro, e o porei sobre a lenha, e não lhe colocarei fogo. Então invocai o nome do vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor; e há de ser que o deus que responder por meio de fogo esse será Deus. E todo o povo respondeu, dizendo: É boa esta palavra.

O profeta do Altíssimo zombou de todos estes 950 pseudoprofetas, falando para que gritassem para que seus deuses pudessem ouvir. Então, eles começaram a retalhar os seus corpos (autoflagelo) e bradavam bem alto, mas nada acontecia. E este comportamento ocorreu desde o clarear do dia até o iniciar da tarde: “E tomaram o bezerro que lhes dera, e o prepararam; e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio-dia, dizendo: Ah! Baal, responde-nos! Porém nem havia voz, nem quem respondesse; e saltavam sobre o altar que tinham feito” (cf. 1 Reis 18:26-28).

Como nada aconteceu, foi a vez do profeta Elias, que fez uma oração ao Senhor, a Javé. Assim que terminou, desceu fogo do céu e queimou todo o sacrifício, lambendo as valetas d’água que foram feitas ao redor do local do holocausto. Depois, ele conclamou ao povo que matassem todos os falsos profetas de Baal e de Aserá. O que foi feito na mesma hora (versos 37-40). Vimos nesta narrativa, de que entre quase mil homens daquela população, apenas um deles, Elias, verdadeiramente era o profeta consagrado por Deus, para que pudesse exercer legalmente aquele ofício.

 2. Os Falsos Profetas do rei de Israel:

   Durante três anos de seu governo, Jeosafá reinava em paz e tranquilamente sobre a cidade de Judá (Reino do Sul). Num belo dia, ele resolveu fazer uma visita ao rei Acabe, que estava no comando de Israel (Reino do Norte). Em lá chegando, o rei de Israel o persuadiu a se unir a ele para lutar contra a cidade de Ramote de Gileade. E ele diz que irá com ele, mas antes, pede para que possam consultar ao Senhor (cf. 1 Reis 22:4-5). No mesmo instante, o rei Acabe manda reunir 400 homens que havia escolhido para atuarem como seus profetas. Estes pseudoprofetas, sempre que eram chamados pelo rei, só diziam as palavras que sabiam que ele gostava de ouvir, ou seja, jamais falavam aquilo que o contrariava.

Eles disseram para Acabe, que poderia ir para a batalha, pois Deus daria os seus inimigos em suas mãos. O rei Jeosafá indagou: “(...): Não há aqui ainda algum profeta do Senhor, ao qual possamos consultar?”. Dito de outra forma, não existe aqui em Israel, um profeta que tenha sido “ungido e consagrado” pelo Senhor Jeová? O rei respondeu que existia sim, mas que ele só falava aquilo que o desagradava ou, sempre algo contrário daquilo que gostava de ouvir. Em outras palavras, o profeta do Altíssimo só falava aquilo que o Senhor o havia revelado: – a verdade.

 1 Reis 22:8-9. Então disse o rei de Israel a Jeosafá: Ainda há um homem por quem podemos consultar ao Senhor; porém eu o odeio, porque nunca profetiza de mim o que é bom, mas só o mal; este é Micaías, filho de Inlá. E disse Jeosafá: Não fale o rei assim. Então o rei de Israel chamou um oficial, e disse: Traze-me depressa a Micaías, filho de Inlá.


O interessante desta passagem bíblica, era que mais de 400 homens foram levantados como profetas pelo rei Acabe, mas que, novamente, apenas um deles, que residia numa cidade um pouco distante, era quem realmente exercia a função com fidelidade, o seu nome era Micaías. Outro fato interessante, pauta-se acerca dos “pseudoprofetas” que foram busca-lo para o apresentar ao rei. Eles o ameaçaram dizendo: “Todos nós, os quatrocentos profetas, a uma só voz, falamos coisas boas para o rei; portanto, seja a tua palavra como a nossa, fale o bem”. Mas Micaias, sem hesitar, foi sincero e verdadeiro ao responder-lhes: “Vive o Senhor, que o que o Senhor me disser, isso falarei”. E, assim como disse, ele o fez (cf. 1 Reis 22:12-14). Falou para Acabe de que ele perderia a batalha e o povo de Israel ficaria disperso sem “pastor” (ficaria sem rei).

Quando Micaias acabou de falar, ele foi ferido no queixo por Zedequias, com um instrumento de ferro que tinha feito. E Acabe mandou jogá-lo no cárcere, devendo ser alimentado com pão de angústia e água de amargura, até que ele voltasse em paz da batalha. Mas o profeta Micaías não se intimidou e foi ousado ao dizer para o rei: “(...): Se tu voltares em paz, o Senhor não tem falado por mim” (cf. versos 24-28).

 3. Como Identificar um Falso Profeta?

  O verdadeiro profeta é aquela pessoa (homem/mulher) que fala a verdade em nome do Senhor. Em recebendo a revelação da parte de Deus, seja uma boa ou má notícia, ele não se intimida e a entrega.  Enquanto que o falso profeta, finge falar a verdade em nome do Senhor. Jesus nos alertou acerca deste tipo de pessoas, dizendo: “E Jesus, respondendo-lhes, disse (...): Olhai que ninguém vos engane; porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos” (cf. Marcos 13:5-6). Existem várias formas de se identificar um falso profeta, mas iremos apresentar apenas três delas:

 3.1. Quando suas profecias não se cumprem: o que eles profetizam para você, acaba não vindo a se cumprir.

   Deuteronômio 18:18-22. Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. E será que qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, eu o requererei dele. Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá. E, se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o Senhor não falou? Quando o profeta falar em nome do Senhor, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele (sublinhamos).

   Tem muitas pessoas da sociedade atual, que acabam usando o título de pastor, padre, profeta, bispo, evangelista, missionário, dentre outros, mas não possuem o perfil ou não foram consagrados para o exercício de cargos ou funções eclesiásticas. Com isso, acabam trazendo uma péssima impressão e descrédito, para aqueles que ainda não se decidiram por seguirem a Cristo: “Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os contaminados e infiéis (falsos profetas); antes o seu entendimento e consciência estão contaminados (foram corrompidos). Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as suas obras (condutas e palavras), sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda boa obra” (cf. Tito 1:15-16).  

 

  3.2 O seu modo de vida acaba negando as suas profecias: ele (a) se veste bem, conhece bem acerca das Escrituras Sagradas, fala de forma eloquente e pode até ser usado por Deus (em revelação e/ou mensagem), mas a sua conduta acaba testemunhando contra si mesmo. Em outras palavras, prega ou revela para as outras pessoas, aquilo que ele (a) mesmo não vive em seu cotidiano.

  Mateus 7:15-20. Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.

 Tem muitos líderes de igrejas cristãs, que acabam atuando com rigor excessivo com os seus membros, principalmente acerca de suas vestimentas, cortes de cabelos, certos tipos de bijuterias e maquiagens, frequência em alguns ambientes sociais, entre outra coisas (não estou dizendo que não deva ter padrões e/ou limites), mas eles acabam se esquecendo de sua própria conduta ou de seus familiares. Tem uma passagem bíblica descrita pelo próprio Jesus Cristo, que diz assim: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que limpais o exterior do copo e do prato, mas o interior está cheio de rapina e de intemperança. Fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo. Ai de vós, escribas e fariseus, pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia (cf. Mateus 23:25-27)”.

  Na verdade, muitas destas pessoas exercem uma “vida dupla”, pois atuam tão bem quando estão entre outros cristãos, passando a imagem de ser um verdadeiro “homem de Deus” (serva/mulher). Mas vivem de mera aparência, estando “limpos” exteriormente (bem vestidos etc.). Mas, quando estão noutro ambiente social e com pessoas que não professam a Cristo, exteriorizam comportamentos que estão em seu interior, que contradizem as condutas ordenadas pelo Mestre Jesus!     

 3.3. Seus ensinos e instruções não condizem com a Palavra de Deus: os argumentos que ele (a) usa para contra-argumentar ou rebater uma outra fala, não condiz com o que está descrito na Bíblia Sagrada.  

 Gálatas 1:6-12. Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo (distorcer, diluir). Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema[3]. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema (colocado de fora). Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo. Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo.

Por isso, é de suma importância estarmos lendo, meditando e estudando diariamente a Palavra de Deus, pedindo a Ele que nos dê sabedoria e a interpretação correta de sua Sagrada Escritura. Em agindo assim, quando alguém vir a te apresentar alguma revelação ou mensagem, dizendo vir da parte de Deus, você deve fazer o juízo pautado na própria Bíblia Sagrada. Atitude adotada por um povo do passado, os moradores da cidade de Bereia (na Macedônia), pois, enquanto Paulo falava sobre a doutrina de Cristo, estando dentro da sinagoga dos judeus, eles examinavam atentamente na Escritura, para confirmar se era verdadeira (cf. Atos 17:10-12).   

   4. A Classe Religiosa e Política Brasileira Atual:

   4.1 – Lideranças Religiosas: Como pudemos ver nos tópicos anteriores, o número de pessoas corrompidas que faziam parte do povo escolhido por Deus, que se desviaram dos seus retos caminhos, era infinitamente maior do que aqueles que decidiram por se manter fiéis a sua Sã Doutrina. Quando analisamos os tempos atuais, não vemos muitas diferenças nas condutas das pessoas que foram escolhidas para exercerem lideranças eclesiásticas ou para representar grande parte da sociedade politicamente. Vamos começar a ver, como tem se portado a classe religiosa.

    Segundo matéria jornalística feita no ano de 2020[4], com a participação do Centro Latino-Americano de Jornalismo Investigativo – Columbia Journalism Investigation (CJI), foram analisadas mais de 60 (sessenta) investigações envolvendo igrejas evangélicas e as suas lideranças, principalmente na Argentina, México, Chile, Colômbia e Brasil. Destas análises, foram identificados os possíveis crimes cometidos por seus líderes: lavagem de dinheiro, fraude, sonegação de impostos, evasão de divisas (envio de dinheiro para outro País, sem haver sido declarado), movimentações financeiras suspeitas, especialmente para compra de propriedades luxuosas e carros, entre outras coisas.

    Na Argentina, foi aberta uma investigação contra a filial local, da Igreja Brasileira Universal do Reino de Deus (IURD), onde a Unidade de Informação Financeira local (UIF), identificou várias operações financeiras suspeitas, principalmente usadas para a compra de carros, imóveis e até de um avião. Segundo disse Marcus Owens, ex-diretor da Divisão de Organizações Isentas do Serviço de Impostos dos Estados Unidos, órgão responsável por supervisionar as igrejas: “Não é como investigar a lavagem de dinheiro por si só; explica: (quando você investiga igrejas) você está sugerindo um comportamento inapropriado de um grupo que muitas pessoas daquela sociedade admiram”.

    No Brasil, dois líderes da Igreja Universal do Reino de Deus, foram investigados por lavagem de dinheiro e, no transcorrer das análises financeiras, tornaram-se réus na esfera federal. Mas, de acordo com matéria divulgada pela Agencia Pública e a Folha de São Paulo, houve muita morosidade jurídica, pois os trâmites processuais duraram 8 (oito) anos, quando houve a prescrição, isto é, o Estado perdeu o direito de punir o agente infrator, haja vista ter expirado o lapso temporal. Ainda em relação ao Brasil, o Ministério Madureira, um dos braços principais da comunidade evangélica do País, teve a Assembleia de Deus relacionada nas investigações, principalmente pela suspeita da lavagem de dinheiro. Nesta mesma investigação, também foi citado o Ministério do Brás, sendo que desde o ano de 2015, eles estão sendo investigados por lavagem de dinheiro e por subornarem um político, que já tinha sido condenado pela operação lava jato, inclusive com a pena de 15 anos de prisão, por corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

    No Vaticano, um pequeno País que fica situado dentro de Roma, ocorreu um dos maiores escândalos de corrupção recentemente, que abalou a estrutura da igreja católica romana[5]. O cardeal Giovanni Ângelo Becciu, uma das figuras de maior importância dentro do Vaticano, renunciou inesperadamente ao seu cargo e título, sendo anunciado pela Santa Sé na quinta-feira (24/09/20). No entanto, seu processo de "fritura" começou depois que foi revelado, que ele esteva envolvido na compra de um prédio muito luxuoso em Londres. Desde então, essa transação tem sido objeto de uma investigação financeira. Segundo a matéria jornalística, ele foi pressionado pelo Papa Francisco a renunciar, pelas denúncias de corrupção que pesavam contra ele.

 4.2 – Lideranças Políticas: pelo que já foi exposto até agora, podemos imaginar ou ter a compreensão de que a corrupção tem invadido todos os setores de nossa sociedade. Fazendo o uso de outras palavras, podemos pegar emprestado aquelas escritas pelo Salmista Davi, que diz assim: “Todos se desviaram, igualmente se corromperam; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer. Será que os malfeitores não aprendem? Eles devoram o meu povo, como quem come pão, e não clamam a Deus!” (cf. Salmo 53:3-4).

 4.2.1 – Senado Federal: No ano de 2017, dos nossos 81 Senadores, pelo menos 42 deles estavam sendo investigados (podendo tornar-se em processo), principalmente pela suspeita dos crimes de: corrupção, lavagem de dinheiro, desvio de verbas públicas, crimes eleitorais, entre outros. Destas investigações, foram totalizados 107 inquéritos (investigações) e 15 ações penais (Processos). Vale ressaltar, que dentre elas, houve caso de condenação de senador, mas, devido aos recursos impetrados, ele continua exercendo o seu mandato normalmente. Este é o nosso Brasil Varonil! No ano de 2018, passaram a ser 44 senadores investigados, ou seja, mais da metade[6]. Enquanto que em 2020, esse número veio a diminuir, sendo que para cada três senadores, um deles estava sob a investigação da justiça. Em outras palavras, 27 senadores estavam sendo investigados e, a maioria deles, por suspeitas de corrupção, formação de quadrilha, calúnias, peculato (apropriar-se ou desviar bens que tem acesso, devido a seu cargo), etc.

 4.2.2 – Câmara Federal: No ano de 2018, dos 513 Deputados Federais, 178 estavam sendo investigados. No ano de 2020, o número de parlamentares sob investigação, totalizava 106 deputados federais. Destas investigações, foram geradas 31 ações penais, isto é, trinta e um processos. Vale ressaltar que todos estes dados, foram elaborados ou fornecidos pela Base do Supremo Tribunal Federal (STF), juntamente com levantamentos do Tribunal Regional Eleitoral (TER) e os Tribunais de Justiça Estaduais (TJ).

 4.2.3 – Estados da Federação: Infelizmente, com a notícia do surgimento do Coronavirus no território brasileiro e, dias depois, a confirmação dos primeiros óbitos oriundos desta doença, foi uma porta escancarada (boa oportunidade) para os “pseudopolíticos” meterem a mão em milhões e/ou bilhões de reais, para serem alocadas para suas contas bancárias particulares (usando os “laranjas”). É muito triste, pois em 19 Estados brasileiros e no Distrito Federal, o Ministério Público e a Polícia Federal identificaram fraudes feitas por seus Governadores. São eles: Roraima, Amapá, Amazonas, Acre, Rondônia, Pará, Manaus, Tocantins, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e o Distrito Federal[7]. Outros 7 Estados da federação, foram denunciados e estão sendo investigados. São eles: Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte e Espirito Santo.

 5. Como identificar um Político Corrupto?

 Num primeiro momento, basta guardar ou registrar o que ele apresenta durante a sua candidatura e, caso venha a se eleger, acompanhar o transcorrer de seu mandato. Mas, estamos na era da ultramodernidade tecnológica e, principalmente para os mais jovens, a coisa fica muito mais fácil, haja vista que desde muito cedo, já começam a passar muitas horas com os modernos aparelhos celulares, smartphone ou tablet. Dentro deste contexto, existem algumas plataformas que ajudam a identificar estes “picaretas” que dizem estar nos representando. Mas que, na verdade, só estão interessados em se dar bem, principalmente em avolumar as suas contas bancárias e as suas posses materiais. Vamos conhecê-las:

 5.1 - Detector de Corrupção: é um aplicativo de uma iniciativa do site Reclame Aqui e foi desenvolvido para desmascarar políticos envolvidos em processos de corrupção. Para usar o aplicativo, é necessário tirar uma foto do político que se quer investigar e após o envio, imediatamente aparecem os processos de corrupção ou improbidade administrativa que ele responde na Justiça. É possível fotografar em qualquer lugar com o aplicativo, seja por fotos da internet, ou em shoppings, ruas, revistas e jornais, e não é necessário fazer login. A entrada no aplicativo é totalmente livre. Onde baixar o aplicativo? O app está disponível para download nos sistemas Android e iOS.

 5.2 – Monitora Brasil: o aplicativo disponibiliza ferramentas para que a população entenda o que os políticos estão fazendo. No site do aplicativo, existe uma página que mostra políticos do Brasil inteiro envolvidos no escândalo da Lava Jato, detalhando acusações e o perfil de cada um, além de também ter a opção de comparar político, conhecendo a situação de cada indivíduo. O app é gratuito e está disponível para Android e iOS. 

 5.3 – Vigie Aqui: o aplicativo é uma ferramenta de plugin para o navegador, que foi desenvolvida para destacar nomes de políticos de qualquer site ou lugar na internet. Com a extensão baixada, é possível passar o mouse em cima do nome e saber de todos os dados do político, além de pendências na justiça, se já esteve envolvido em escândalos, entre outros. Para baixar, basta acessar os link’s a seguir: https://chrome.google.com/webstore/detail/vigie-aqui-por-reclame-aq/fppgcbpmlfplbgmpcdlhjjniojgblded?hl=pt-BR.

5.4 – Site Corruptômetro: Os dados da plataforma são atualizados diariamente e são colocadas porcentagens indicando como está a situação. Por enquanto, pela falta de recursos, o monitoramento é feito somente no Estado de São Paulo. Para manter o site e ampliá-lo para todo o Brasil, os criadores dependem de doações. Com isso, a pessoa que doar pode dizer de que cidade está ajudando a custear, auxiliando no crescimento do site e aumentando a gama de cidades para atender. Para acessar: http://corruptometro.org/.

5.5 – Site Extrato Público: o site é semelhante ao Corruptômetro. O projeto nasceu a partir da iniciativa de pessoas motivadas a ampliar a transparência de dados públicos de vereadores. “Ele visa facilitar o acesso e o monitoramento dos gastos através de gráficos análises e informação a respeito da máquina pública”. A plataforma monitora desde os gastos simples, como compras de materiais de escritório ou combustível, a gastos maiores, como carros, especificando os gastos de cada vereador. Para acessar: http://www.extratopublico.com.br/

Não podemos ser mais ingênuos, pois esta é a sociedade atual da qual fazemos parte: “Somos homens de lábios impuros e vivemos no meio de um povo de impuros lábios” (cf. Isaías 6:5). Onde testemunhamos todos os dias, estas e outras tantas condutas imorais, sendo praticadas por diversas autoridades públicas, políticas e religiosas do Brasil. Gostaríamos de concluir este artigo, dizendo que: “Toda a lei é boa, se alguém dela faz uso legitimamente” (cf. 1 Timóteo 1:8).

E que, independentemente dos cargos e posições que ocupemos ou de qual classe social nós fazemos parte, iremos ser julgados pelas condutas que praticarmos aqui nesta terra:Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal” (2 Coríntios 5:10). E este julgamento não será feito por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ou por membros de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), compostos de seres humanos imperfeitos e mortais, mas sim, pelo Justo e Fiel Juiz, que não olha para a aparência e beleza física do homem (o exterior), mas que examina e esquadrinha os seus corações (cf. 1 Samuel 16:7; Salmos 26:2; 139:23). E que Ele possa ter misericórdia de todos Eles (e de nós)!!!


[1] Semita. A formação deste povo, teve origem de Sem um dos três filhos de Noé (cf. Gênesis 5:32).

[2] Baalim. Esta palavra é o plural do termo Baal.

[3] Anátema. Do idioma grego “Anáthema”, palavra formada da preposição “Aná” que significa - De Lado, enquanto que “Tithemi” que significa – Colocar. Logo, a tradução seria: que seja colocado de lado.

[4] Fonte: Https://apublica.org – Líderes Religiosos são investigados.

[6] Fonte: congressoemfoco.uol.com.br – Jornalistas: João Frey, Leila Calixto, Lúcio ...

[7] https://veja.abril.com.br/brasil/seis-governadores-sao-investigados-pela-pf-por-fraudes-na-pandemia/               

sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

O Vinho Usado pelo Povo do Antigo e do Novo Testamento.

A descoberta do vinho feito pela extração de uvas, ocorreu faz muito tempo e fez parte do costume e da cultura de muitos países do mundo antigo e ainda faz do mundo moderno (e atual). Como escreveu Anselmo Borges citando Ben Sira: “O vinho é como a vida para os homens, se o beberem moderamente. Que vida é a do homem a quem falta o vinho? Ele foi criado para a alegria dos homens (e digo eu; e das mulheres). Para alegria do coração e júbilo da alma, a seu tempo e moderamente”. Na antiguidade, dizia-se que era a bebida dos deuses. Para os Romanos, Dionísio, chamado do deus Baco que, segundo eles, teria ensinado aos homens o cultivo das videiras e a preparação do vinho (Borges, 2016).

Quando lemos as Sagradas Escrituras, desde o seu primeiro Manuscrito; o de Gênesis, catalogado no Antigo Testamento (AT), até os últimos livros do Novo Testamento, iremos ver tanto na civilização de um passado mais distante, como na população da época de Jesus Cristo, o uso e consumo desta bebida de tão grande significado e simbolismo para todas estas nações.

Sendo assim, o nosso proposito em escrever este artigo, visa registrar algumas destas narrativas do povo Hebreu, também chamado de Israelitas (ou judeus), que faziam a utilização diária e anual do vinho.

 

1. O Uso e Costume do Povo do Antigo Testamento (AT):

    Logo no primeiro livro, o de Gênesis, encontramos o personagem de nome Noé que, entre outras coisas, foi escolhido por Jeová para construir uma Arca de Madeira, com o propósito de salvar a vida de sua família e de preservar a vida de todas as espécies de animais existentes (cf. Gênesis 6:14-18).

 Gênesis 6:14-15,17-18. Faze para ti uma arca da madeira de gôfer; farás compartimentos na arca e a betumarás por dentro e por fora com betume. E desta maneira farás: de trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinquenta côvados a sua largura, e de trinta côvados a sua altura. (...). Porque eis que eu trago um dilúvio de águas sobre a terra, para desfazer toda carne em que há espírito de vida debaixo dos céus: tudo o que há na terra expirará. Mas contigo estabelecerei o meu pacto; e entrarás na arca, tu e os teus filhos, e a tua mulher, e as mulheres de teus filhos contigo.

Depois de passado o Dilúvio, Noé, sua esposa com seus três filhos (Sem, Cam e Jafé) e as suas noras, juntamente com todos os animais, começaram uma nova vida e a povoar a nova terra. Com o tempo, ele passou a lavrar a terra e plantou uma vinha. Dando-lhe os seus frutos e, numa certa ocasião, Noé bebeu exageradamente do suco extraído das uvas, vindo a ficar embriagado.

 Gênesis 9:20-22. E começou Noé a ser lavrador da terra e plantou uma vinha. E bebeu do vinho e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. E viu Cam, o pai de Canaã, a nudez de seu pai e fê-lo saber a ambos seus irmãos, fora. 

O que nos intriga diante deste acontecimento, volta-se, para a atitude de Noé que ficou bêbado e “nu” e que, ao saber que seu filho mais novo o viu despido e contou aos seus irmãos, amaldiçoou a Canaã (cf. Gênesis 9:24-25). Deste episódio, cabe um questionamento: Será que Noé, sendo um principiante cultivador de uvas, já sabia sobre o processo de sua fermentação[1], que poderia levar o bebedor a embriagar-se? Fica aí em aberto para vossa reflexão! 

A palavra do idioma hebraico para vinho é “yayin”, que é registrada de forma genérica mais de 140 vezes no AT., no entanto, este termo indica uma variedade de tipos de vinhos, tanto sendo fermentados (com teor alcoólico) ou não fermentados (o suco doce): “Também dos judeus e dos magistrados, cento e cinquenta homens, e os que vinham a nós dentre as nações que estão ao redor de nós, se punham à minha mesa. E o que se preparava para cada dia era um boi e seis ovelhas escolhidas; também aves se me preparavam e, de dez em dez dias, muito vinho de todas as espécies (grifamos); e nem por isso exigi o pão do governador, porquanto a servidão deste povo era grande” (Cf. Neemias 5:17-18). 

Para não deixarmos dúvidas sobre o emprego de forma genérica da palavra yayin (hebraico Vinho), pelo povo do Antigo Testamento, frisa-se que: Por um lado, ela se aplica a todos os tipos de suco de uva fermentado (cf. Gênesis 9:20-21; 1 Samuel 25:36-37 e Provérbios 23:30-32). Por outro lado, ela também é usada com relação ao suco doce de uva (não fermentado) e o suco fresco da uva espremida (Cf. Isaías 16:10; Jeremias 48:33 e Lamentações de Jeremias 2:12). A Enciclopédia Judaica (1901) declara que o termo yayin era usado para designar o suco de uva em diferentes etapas, inclusive “o vinho recém-espremido antes da fermentação” (Bíblia de Estudo Pentecostal,1995). Por isso, fizemos a pergunta anteriormente acerca da embriaguez de Noé. Tendo em vista que os registros citados anteriormente, são de muito tempo decorridos depois da geração pós diluviana. 

Presume-se, que depois que Noé principiou o plantio e cultivo de uvas, as gerações subsequentes descobriram as riquezas nutritivas e comerciais desta fruta. A partir de então, passaram a cultivá-las e a produzir vinhos de todas as espécies: - novos e velhos; simples e mistos; alguns diretos da uva; outros, fervidos e concentrados; outros, doces e espessos como o mel; alguns misturados com água; outros fermentados ou não” (BEP,1995). Em outro livro do AT, o de 1 Crônicas, encontramos um registro interessante acerca da partilha dos alimentos diários do povo Hebreu, que é visto também em outras passagens bíblicas e nos filmes que são transmitidos em todo final de ano, acerca da pessoa de Jesus Cristo: o pão, a carne e o vinho.

 1 Crônicas 16:1-3. Trazendo, pois, a arca de Deus, a puseram no meio da tenda que Davi lhe tinha armado; e ofereceram holocaustos e sacrifícios pacíficos perante Deus. E, acabando Davi de oferecer os holocaustos e sacrifícios pacíficos, abençoou o povo em nome do SENHOR. E repartiu a todos em Israel, tanto a homens como a mulheres, um pão a cada um, um bom pedaço de carne, e um frasco de vinho.

 Para tanto, no livro de 2 Crônicas, notamos o registro da narrativa em que Salomão está com a missão de construir o Templo para adoração a Jeová, que era a vontade e intenção de seu pai, Davi, mas Deus não O permitiu, pois suas mãos estavam manchadas de sangue. No entanto, esta missão seria confiada a seu filho, conforme ordem dada pelo próprio Senhor. Assim, Salomão fez um acordo com Hirão, rei de Tiro, para o fornecimento dos trabalhadores e dos materiais necessários para a construção.

   2 Crônicas 2:3-5. E Salomão enviou a Hirão, rei de Tiro, dizendo: Como procedeste com Davi, meu pai, e lhe mandaste cedros, para edificar uma casa em que morasse, assim também procede comigo. Eis que estou para edificar uma casa ao nome do SENHOR, meu Deus, para lhe consagrar, para queimar perante ele incenso aromático, e para o pão contínuo da proposição, e para os holocaustos da manhã e da tarde, nos sábados, e nas luas novas, e nas festividades do SENHOR, nosso Deus; o que é perpetuamente a obrigação de Israel. E a casa que estou para edificar há de ser grande, porque o nosso Deus é maior do que todos os deuses.  

Em contrapartida, Salomão deveria fornecer alguns gêneros alimentícios para os trabalhadores que ele enviasse, incluindo alguns batos[2] de vinho: “E eis que a teus servos, os cortadores, que cortarem a madeira, darei vinte mil coros de trigo malhado, e vinte mil coros de cevada, e vinte mil batos de vinho, e vinte mil batos de azeite” (cf. 2 Crônicas 2:10). Em outra narrativa, registrada no mesmo livro de 2 Crônicas, Roboão, filho de Salomão, que reinava em Judá (duas tribos, reino do sul), mas queria que o povo o aclamasse rei também em Israel (dez tribos, reino do norte). O povo, juntamente com Jeroboão, que havia retornado do Egito, por medo de ser morto por Salomão, foram até Roboão, e fizeram-lhe uma imposição para que ele viesse a reinar, pedindo-lhe para aliviar a carga pesada imposta por seu pai, o rei Salomão. 

Devido a esta proposta, ele pediu conselho aos Anciãos que auxiliavam seu pai, mas foi consultar também os jovens que cresceram com ele. Assim, ele privilegiou o conselho dado por seus amigos de infância, aumentando ainda mais o rigor contra o povo, preparando-se para uma guerra contra seus irmãos. Mas, Jeová enviou uma mensagem ao profeta Semaías, para dizer a Roboão para não ir a esta guerra. Assim, ele ouviu a Semaías, voltando para o seu reino e mandou edificar fortalezas em várias cidades, estabelecidas em suas terras.

 2 Crônicas 11:1-4. Vindo, pois, Roboão a Jerusalém, ajuntou da casa de Judá e Benjamim cento e oitenta mil escolhidos, destros na guerra para pelejarem contra Israel (Reino do Norte) e para restituírem o reino a Roboão. Porém a palavra do SENHOR veio a Semaías, homem de Deus, dizendo: Fala a Roboão, filho de Salomão, rei de Judá (Reino do Sul), e a todo o Israel, em Judá e Benjamim, dizendo: Assim diz o SENHOR: Não subireis, nem pelejareis contra os vossos irmãos; tornai cada um à sua casa, porque de mim proveio isso. E ouviram as palavras do SENHOR e desistiram de ir contra Jeroboão. 

Roboão, conhecendo o seu Deus - o "Yahweh-Tseva'ot" que significa "Senhor dos Exécitos", foi obediente a sua voz, dita através de seu enviado; o profeta Semaías e não entrou em guerra contra Israel. E em cada uma das fortalezas que ele mandou edificar, havia um local reservado para se guardar os vinhos e outros gêneros alimentícios: “E fortificou essas fortalezas, e pôs nelas maiorais, e armazéns de víveres, e de azeite, e de vinho” (cf. 2 Crônicas 11:11). Vale registrar , que muitos anos antes do reinado de Salomão, no tempo dos juízes, havia um casal que era originário da Tribo de Dã, que foi abençoada por Jeová, concedendo-lhes um filho homem, a qual recebera o nome de Sansão, sendo que a sua esposa era estéril.

 Juízes 13:2-5. E havia um homem de Zorá, da tribo de Dã, cujo nome era Manoá; e sua mulher era estéril e não tinha filhos. E o Anjo do SENHOR apareceu a esta mulher e disse-lhe: Eis que, agora, és estéril e nunca tens concebido; porém conceberás e terás um filho. Agora, pois, guarda-te de que bebas vinho ou bebida forte (com teor alcoólico), nem comas coisa imunda. Porque eis que tu conceberás e terás um filho sobre cuja cabeça não passará navalha; porquanto o menino será Nazireu[3] de Deus desde o ventre e ele começará a livrar a Israel da mão dos filisteus. 

Neste caso, devido o Voto do Nazireado, Sansão teria que se abster de vários tipos de bebidas e de certas comidas, entre outras coisas, por um período de tempo: “Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando um homem ou mulher se tiver separado, fazendo voto de nazireu, para se separar para o Senhor, de vinho e de bebida forte se apartará; vinagre de vinho ou vinagre de bebida forte não beberá; nem beberá alguma beberagem de uvas; nem uvas frescas nem secas comerá. Todos os dias de seu nazireado, não comerá de coisa alguma que se faz da vinha, desde os caroços até às cascas” (cf. Números 6:3-6).

Gostaríamos de apresentar para o leitor, o significado bíblico da expressão “bebidas fortes”, conforme citadas nos textos. Geralmente, no AT o termo hebraico – “Shekar” comporta o significado de bebidas fortes. Sendo defendido por estudiosos das Escrituras Sagradas, que ela faz referência a bebidas fermentadas. O interessante é que a Enciclopédia Judaica (1901), sugere haver uma distinção entre a palavra “Yayin” e “Shekar”. Segundo eles, a primeira bebida é fermentada e diluída em água, enquanto que as bebidas fortes não eram diluídas. Segundo defendeu Robert P. Teachout, em sua dissertação de doutorado em Teologia (1979) que: “Na maioria dos casos, quando yayin (vinho) e shekar (bebidas fortes) aparecem juntos, formam uma única figura de linguagem, que se refere às bebidas embriagantes” (BEP,1995).  

 Assim que o povo Israelita (ou Hebreus) voltaram para sua terra natal, após ter passado anos no cativeiro Babilônico (70 anos), devido a ordem dada pelo rei Ciro, confirmada pelos reis que o sucedeu, rei Dario e Artaxerxes, todos de origem Persas, sob a direção e liderança de Esdras, o escriba hábil e versado na Lei de Moisés (Pentateuco ou Torah), eles começaram a reconstruir o Templo e a volta regular de Adoração a Deus: “E, passadas essas coisas, no reinado de Artaxerxes, rei da Pérsia, Esdras, filho de Seraías, filho de Azarias, filho de Hilquias, (...). Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do SENHOR, e para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus direitos” (cf. Esdras 7:1,10).

 Esdras 6:3,8-10. No ano primeiro do rei Ciro, o rei Ciro deu esta ordem: Com respeito à Casa de Deus em Jerusalém, essa casa se edificará para lugar em que se ofereçam sacrifícios, e seus fundamentos serão firmes; a sua altura, de sessenta côvados, e a sua largura, de sessenta côvados, (...). Também por mim se decreta (rei Dario) o que haveis de fazer com os anciãos dos judeus, para que edifiquem a Casa de Deus, a saber, que da fazenda do rei, dos tributos dalém do rio, se pague prontamente a despesa a estes homens, para que não sejam impedidos. E o que for necessário, como bezerros, e carneiros, e cordeiros, para holocausto ao Deus dos céus, trigo, sal, vinho e azeite, segundo o rito dos sacerdotes que estão em Jerusalém, dê-se-lhes de dia em dia, para que não haja falta; para que ofereçam sacrifícios de cheiro suave ao Deus dos céus e orem pela vida do rei e de seus filhos.

Poderíamos inserir várias passagens bíblias com o uso e o costume sobre o vinho, mas gostaríamos de dar continuidade a abordagem, abrindo um tópico para conhecermos um pouquinho sobre esta fruta, a uva, como também acerca dos tipos de vinhos que podem ser feitos com a sua extração.

2.  Os Tipos de Uvas e Vinhos Produzidos no Mundo (Atualidade):

         No tempo em que Noé começou a ser lavrador, passando a plantar e cultivar uva, não temos como precisar, qual foi o tipo de uva plantada por ele naquela ocasião. Em nossos dias, sabemos existir muitos tipos de uvas, mas iremos apresentar algumas para nosso conhecimento.

        . Cabernet Sauvignon: ela é considerada a rainha das tintas por conta de sua popularidade no mundo todo. Mais precisamente, ela é originária e cultivada na região de Bordeaux, na França. Mas, atualmente é cultivada em todos os países produtores de vinho. Seus vinhos são encorpados e com aroma herbáceo (relativa a erva). Se as uvas forem colhidas antes do tempo, provavelmente irá apresentar notas de pimentão verde. Se o vinho for feito com uvas maduras, poderá exalar notas de cerejas negras frescas, cassis (tipo groselha) e framboesa.

      . Malbec: Originária da França, mas é na Argentina que ela se encontra forte. Os vinhos argentinos com esta uva são encorpados e concentrados. Enquanto que os vinhos franceses são mais rústicos e firmes. Em geral, a bebida é macia e muito aromática com sabores e aromas de especiarias e flores. É muito consumida no Brasil.

         . Tannat: originária do sudoeste da França, mas se adaptou muito bem em solos uruguaios. Tanto que eles se tornaram os maiores produtores desta uva do mundo. Os seus vinhos são encorpados e com muito tanino (substância química encontrada no grupo de fenóis vegetais[4]), precisando de envelhecimento para se tornar mais suave. As notas aromáticas são de frutas negras, couro e especiarias.

       . Pinot Noir: desde a antiguidade, esta uva é cultivada na França. Seus vinhos são elegantes e leves. As notas remetem a cerejas, cogumelos e frutas vermelhas maduras. Uma característica marcante é conhecida como “cheiro de bosque”, devido o aroma de folhas úmidas e ervas.

     . Carmenère: ela é conhecida como prima da Merlot e tem sua origem na região de Bordeaux, na França. Por conta de uma praga que devastou as videiras na Europa, a uva encontrou no Chile o terroir (francês, significa Solo) ideal para o seu desenvolvimento e foi por muitas vezes confundida com a Merlot. Seus vinhos são encorpados e com taninos marcantes, muito aromáticos com notas de frutas vermelhas e sabores apimentados e frutados. 

       . Merlot: ela é também de origem francesa e muito conhecida, principalmente por dar origem a vinhos que podem ser consumidos tanto jovens como envelhecidos. Se as uvas são cultivadas em regiões mais quentes, a bebida é frutada e com menos tanino – como na América do Sul. Em regiões mais frias, apresenta maior quantidade de taninos. Em geral, são macios, com notas de morango, framboesa, ameixa, amora e groselha.  

     . Syrah: esta uva se adaptou muito bem na Austrália, Espanha e Argentina. Nos vinhos, os taninos se sobressaem dando mais personalidade. Uma característica marcante é o envelhecimento, que melhora substancialmente a bebida. As notas são de mirtilo (subarbusto de até 60 cm), ameixas e amoras. Além das especiarias e pimenta. 

    . Chardonnay: sua origem é francesa, mas muito cultivada na California, Chile e Austrália. Seus vinhos são muito procurados, pois são fáceis de agradar e harmonizar. São encorpados e tem aromas frutados, que variam de frutas cítricas, como maça e limão, até frutas mais maduras, como pêssego e abacaxi.

      . Sauvignon Blanc: ela também é francesa, porém, o seu maior destaque é a Nova Zelândia. O vinho é mais encorpado e complexo. Com aromas de ervas, lima, aspargo, e maça verde. A bebida é muito aromática, fresca e com ótima maciez. 

2.1 – Os Tipos de Vinhos Produzidos:

         Acabamos de conhecer algumas das uvas que são plantadas e cultivadas por vários países do mundo. De forma resumida, iremos apresentar os tipos de vinhos que são produzidos a partir da extração de uvas e que são amplamente comercializados pelo mundo.

     . Vinho Tinto: o que faz dar cor ao vinho é a casca da uva. Sendo assim, a uva vermelha pode resultar num vinho branco. No entanto, a variedade branca não chegará a produzir um vinho tinto. Na preparação de vinhos tintos são usadas as seguintes uvas: cabernet sauvignon, pinot noir, merlot, syrah, malbec, carmennère e tannat.

     . Vinho Rosé: eles são muito apreciados pelo frescor e leveza. A sua cor é obtida pela retirada das cascas antes do mosto (sumo de uvas frescas sem passar pelo processo de fermentação) ficar tinto. As uvas usadas nesta bebida são: cabernet sauvignon, chardonnay, merlot e pinot noir.

     . Vinho Branco: as uvas brancas dão origem a vinhos frescos, leves, e com acidez acentuada. Eles são ideais para serem degustados mais gelados e com pratos mais leves. As uvas mais usadas em sua preparação são: chardonnay, sauvignon blanc, pinot grigio ou gris (uvas brancas de cascas escuras) e riesling (de origem Alemã). 

    Para concluirmos esta parte, vale lembrar que a importância de se conhecer a uva, prende-se ao fato de se saber como foi produzido o vinho (foi extraído de qual uva), para você escolher os sabores e os aromas que te agradam. Para exemplo: se você gosta de um vinho mais forte, a indicação é o Cabernet Sauvignon, pois a uva Merlot é menos encorpada. Outro exemplo: se a tarde estiver ensolarada e muito quente, a sugestão é o Sauvignon Blanc, pois é bem leve e refrescante. Além de ser um bom acompanhante para se degustar peixes e frutos do mar.

   Agora, para quem está se preparando para comer um prato mais intenso, como massas e molhos cremosos a base de queijos, a pedida é o Chardonnay, que é um vinho branco, mais encorpado e com notas de frutas amarelas, como o pêssego maduro.

 3. O Uso e Costume do Povo do Novo Testamento (NT).

   Vimos na primeira parte deste artigo, como o vinho (Yayin) estava presente em todos os lugares e festividades realizadas regularmente pelas civilizações do Antigo Testamento, mais especificamente o povo Hebreu (ou judeu). E como esta cultura e/ou costume milenar, veio avançando no decorrer dos anos e se fazendo de forma presente em nossos dias. Trouxemos ainda, para nosso conhecimento, algumas uvas que são plantadas e cultivadas por vários países da atualidade. Como também, a produção e a comercialização de uma variedade de vinhos que são extraídos destas frutas.

     Agora, passaremos a apresentar, alguns registros do uso e consumo do vinho, pela civilização que viveu no tempo em que Jesus Cristo estava realizando o seu ministério terreno. Dito com outras palavras, a população da época do Novo Testamento (NT). Em muitos dos seus 27 Livros, existem aproximadamente quarenta milagres que foram realizados por Jesus Cristo. E você sabe qual foi o primeiro deles? Não? Então vai ficar sabendo agora!

    Foi a transformação da água em vinho. Ele foi convidado para um casamento (Bodas), numa cidade da Galileia, de nome Caná: “E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus. E foram também convidados Jesus e os seus discípulos para as bodas” (cf. Evangelho de João 2:1-2). Nesta festa, acabou o vinho que estava sendo servido aos seus convidados. A mãe de Jesus, conhecendo-O, dirigiu-se a Ele e o informou sobre o ocorrido, ou seja, que tinha acabado o vinho. Ele, após dar-lhe uma resposta a princípio um pouco ríspida, transformou “a água” em um vinho de boa qualidade.

     João 2:7-11. Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. E disse-lhes: Tirai agora e levai ao mestre-sala. E levaram. E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os empregados que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo. E disse-lhe: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então, o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho. Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele. 

   Jesus, pelo atributo da Onisciência (sabe com antecedência de todas as coisas), sabia da importância do vinho para a festa e comemoração daquele casamento (alegria, celebração). Caso o milagre não fosse realizado, o noivo ficaria desmoralizado perante os pais da noiva e envergonhado perante os seus convidados. Além de poder ser difamado por toda aquela região. E como estamos falando sobre o uso e o consumo do vinho, ele se fazia presente nas várias festas sagradas do povo hebreu (AT), realizadas durante todo o transcorrer do ano. Podemos também verificar este mesmo costume sendo praticado com a civilização da Nova Aliança. 

    Vale ressaltar que além da palavra hebraica “yayin”, usada em vários livros do AT e que faz referência ao vinho em suas mais variadas espécies. Existe outra palavra também de origem hebraica “Tirosh”, que é encontrada em muitos livros do NT e que é traduzida por vinho novo ou vinho da vindima. A Enciclopédia Judaica (1901), afirma que esta palavra inclui todos os tipos de sucos doces ou de uvas recém-colhidas, mas não se refere ao vinho fermentado” (BEP,1995). Como falamos anteriormente sobre o casamento realizado na cidade de Caná da Galileia, pode ser visto no Evangelho de Lucas, a narrativa em que o Mestre Jesus, está sendo questionado acerca da prática do jejum, onde Lhe perguntaram o motivo de seus seguidores não se consagrarem, vindo a comer e beber.          

    Lucas 5:33-39. Disseram-lhe, então, eles: Por que jejuam muitas vezes os discípulos de João e fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus comem e bebem? (não se consagram?) E ele lhes disse: Podeis vós fazer jejuar os convidados das bodas, enquanto o esposo está com eles? Dias virão, porém, em que o esposo lhes será tirado, e, então, naqueles dias, jejuarão. E disse-lhes também uma parábola: Ninguém tira um pedaço de uma veste nova para o coser em veste velha, pois que romperá a nova, e o remendo não condiz com a veste velha. E ninguém põe vinho novo em odres velhos; de outra sorte, o vinho novo romperá os odres e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão. Mas o vinho novo deve ser posto em odres novos, e ambos juntamente se conservarão. E ninguém, tendo bebido o velho (passou pelo processo de envelhecimento), quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho. 

    Esta passagem é bem interessante, pois Ele se refere ao noivo (o homem) que está se casando, como também a Ele mesmo (o noivo espiritual), que irá se casar: as Bodas do Cordeiro (tendo a igreja como sua noiva), deixando claro que se o noivo está presente (o homem e Ele também) não há necessidade da prática do jejum. Ele também faz alusão acerca da valorização do melhor vinho (o novo e o velho), utilizando-se de uma parábola. Neste sentido, se faz oportuno inserir uma segunda pergunta bem intrigante, para você pensar e refletir: Jesus Cristo era bebedor de vinho? Pensamos que diante deste questionamento, poderemos obter, no mínimo, duas respostas: uma afirmativa e outra negativa. Gostaríamos que você observasse com atenção, o texto bíblico em que registra as palavras ditas pelo próprio Jesus:

     Lucas 7:33-34. Porque veio João Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho (grifamos), amigo dos publicanos e dos pecadores. 

    Jesus Cristo estava tendo um diálogo com dois discípulos de João, o Batista, que os haviam enviado para perguntarem se ele era o Messias: “(...): És tu aquele que havia de vir ou esperamos outro? Primeiramente, Ele faz menção a pessoa de João Batista, que se vestia com roupas feitas com peles de animais (camelos), usava um cinto de couro em volta de seus lombos, comia insetos (Gafanhotos) e mel silvestre (“vegetariano”). Além disso, João não ingeria vinho, nem bebida forte e não se alimentava de comidas impuras (cf. Mateus 3:1-4). 

    Logo em seguida, Ele faz alusão a Si mesmo (o Filho do Homem), que vindo à terra comia e bebia com os pecadores e publicanos. Sendo então, chamado de comilão e beberrão: “E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa. E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento. (...), e começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugava-lhos com os cabelos da sua cabeça e beijava-lhe os pés, e ungia-lhos com o ungüento” (cf. Lucas 7:36-38). 

  Portanto, se nos apegarmos apenas a narrativa do texto escrito pelo Evangelista Lucas, poderemos “pensar e entender” de que, em algumas ocasiões, Jesus Cristo fazia a ingestão de vinho, isto é, bebida extraída da uva que passou pelo processo de fermentação (inebriante e com teor alcoólico). Entretanto, encontramos em outros Manuscritos, tanto do Antigo como do Novo Testamento, a inserção da palavra “mosto” que tem sua origem do latim “mustum,i”, comportando o significado de “vinho doce”. Na tradução encontrada no dicionário Silveira Bueno (FTD,2007), iremos constatar que mosto é: “O sumo de uvas antes de sua fermentação”. Logo, podemos “pensar e entendermos” que é o suco extraído da uva, bebido antes do processo da fermentação. Assim, podemos também presumir de que Jesus Cristo poderia fazer a ingestão do mosto, ou seja, o suco de uva fresca sem ter passado pela fermentação (sem teor alcoólico). 

    Antigo Testamento: “E o Senhor bramará de Sião, e de Jerusalém fará ouvir a sua voz; e os céus e a terra tremerão, mas o Senhor será o refúgio do seu povo, e a fortaleza dos filhos de Israel. (...). E há de ser que, naquele dia, os montes destilarão mosto (grifamos) e os outeiros manarão leite, e todos os rios de Judá estarão cheios de águas; e sairá uma fonte, da casa do Senhor, e regará o vale de Sitim” (cf. Joel 3:16-18).  

   Novo Testamento: “E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar; e de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. (...). E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. (...). E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto. Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a terceira hora do dia (cf. Atos 2:1-15). 

    Neste segundo texto, registrado em Atos dos Apóstolos, retrata o dia em que aproximadamente 120 pessoas estavam reunidas dentro de uma casa (sobrado), quando foram impactadas e cheias pelo Espirito Santo de Deus. Entretanto, outras pessoas viram a mudança de seus comportamentos, principalmente pela linguagem e os idiomas com que falavam. Algumas delas, diziam que eles haviam exagerado ao ingerirem “mosto”. Numa das interpretações que podemos extrair daqui, principalmente pela fala do apóstolo Pedro, que saiu em defesa dos mesmos, seria de que o mosto, a bebida da qual eles se referiam, possuía teor alcoólico (passou pelo processo de fermentação). Tendo em vista que uma das primeiras palavras de Pedro, contesta de que eles não estavam embriagados.

    Vale lembrar, que muitos estudiosos das Escrituras Sagradas (AT e NT) e a Enciclopédia Judaica (1901), “afirmam que os povos daquela época, faziam suco de uva em diferentes etapas, inclusive produziam vinho recém-espremido, antes do término da fermentação”. Fica assim em aberto, para a interpretação própria e pessoal de cada leitor, pautada nas duas respostas que foram apresentadas neste artigo, quando questionamos se Jesus Cristo bebia vinho?

   Um grupo de pessoas irá defender que Ele bebia somente o mosto (o suco de uva doce), enquanto outras pessoas poderão afirmar de que Jesus fazia a ingestão do vinho fermentado (com teor alcoólico ou fermentado). Outra passagem bíblica interessante para que possamos analisar, encontra-se na Carta ou Epístola a Timóteo, escrita pelo apóstolo Paulo. Nela, ele orienta ou sugere ao jovem Timóteo, que venha a tomar água misturada com um pouco de vinho: “Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho (grifamos) por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades” (cf. 1 Timóteo 5:23).

   Sabe-se que Paulo, o autor desta Carta a Timóteo, possuía vasto conhecimento intelectual, falava vários idiomas e tinha grande influência social (era Fariseu) naquela ocasião. E isto bem antes de sua conversão ao Cristianismo (cf. Atos dos Apóstolos: cap. 9). Duas coisas importantes para se destacar desta recomendação do apóstolo Paulo:

     . Primeira: De acordo com comentários feitos por teólogos, a água potável (bebível) era muito alcalina, podendo resultar em problemas de saúde da população local, tais como: acidez estomacal, úlceras, gastrite etc. Por isso, asseguram eles, Paulo fez esta recomendação para que ele misturasse o vinho com a água. Assim, com as propriedades nutricionais contida nas uvas, esta mistura teria um efeito exclusivamente medicinal.

   . Segunda: Volta-se a respeito do uso e costume de alguns judeus do NT, que consumiam vários tipos de vinho que se comercializavam naquela época. Se Paulo estava recomendando a Timóteo para tomar o vinho misturado com água; parece-nos bem claro, de que Timóteo não fazia parte deste grupo de bebedores habituais de vinho. O interessante é que nesta mesma Carta, embora registrada em outro momento, o apostolo Paulo escreve para este jovem líder, acerca da mesma bebida: – o vinho!

    1 Timóteo 3:2-3,8. Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho (grifamos), não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento; (...). Da mesma sorte os diáconos sejam honestos, não de língua dobre, não dados a muito vinho, não cobiçosos de torpe ganância,

   Numa interpretação feita de forma superficial, pode ficar entendido, de que Paulo estava dizendo para Timóteo, que o líder da igreja e seus auxiliares (diáconos etc.), poderiam tomar seu vinho tranquilamente, mas de forma moderada. Numa outra interpretação, feita de forma mais aprofundada e detida, poderemos notar que a expressão “não dada ao vinho”, em seu idioma original grego – “me paroinon”, “me” significa - não e, o “paroinon” quer dizer: ao lado ou perto do vinho. Como está registrado no livro de Provérbios: “Para quem são os ais? Para quem são os pesares? (...). E para quem os olhos vermelhos? (ingestão de bebida alcoólica pode provocar isso) Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando bebida misturada” (cf. Provérbios 23:29-33).

     Em outras palavras, o pastor, presbítero, padre, líder eclesiástico, qualquer obreiro e seguidor de Cristo, não deve fazer a ingestão de vinho embriagante (ou inebriante), nem ser tentado ou atraído por ele. Pode-se concluir desta narrativa, que tanto Jesus como o apóstolo Paulo, tinham conhecimento do uso do vinho, que era extraído das uvas, com finalidade e efeito medicinal. 

    Não sei se você já ouviu uma frase bem antiga, que diz assim: “O vinho é o melhor remédio”. Em nossos dias, depois de passados tantos anos, sabe-se de certos benefícios advindos desta bebida chamada vinho (devido aos componentes existentes nas uvas). Logicamente, segundo afirmam os estudiosos e pesquisadores, se for ingerida de forma moderada, poderá fazer bem a saúde e o bem-estar dos seres humanos (seus usuários/bebedores). 

    Vale lembrar, de que não estamos defendendo ou induzindo o leitor a vir fazer uso desta bebida alcoólica, mas apresentar-lhes o que os especialistas da área médica têm pesquisado e confirmado acerca dos nutrientes encontrados nestas frutas. Sendo assim, vale ressaltar de que o vinho é rico em compostos nutricionais, que são de grande importância para a saúde, principalmente os polifenóis. Eles são componentes naturais encontrados em muitas verduras de cor verde-escura (couve, rúcula, espinafre, etc.) e frutas (morango, uva, açaí, pêssego, maça etc.). Portanto, passaremos a descrever, alguns destes benefícios (se ingerido de forma moderada): 

   1.  Redução da pressão arterial: isso se deve por conta de sua ação vasodilatora (aumentando o calibre dos vasos sanguíneos). 

   2.  Menor volume de Colesterol ruim circulando no sangue (LDL): a sigla significa Lipoproteína de Baixa Densidade. Ele transporta o colesterol do fígado até às células dos tecidos e favorece o seu acúmulo nas paredes internas das artérias, diminuindo o fluxo do sangue. Ele está diretamente relacionado a doenças cardíacas (infarto) e o AVC (acidente vascular cerebral). 

   3.  Maior volume de Colesterol bom circulando no sangue (HDL): a sigla significa lipoproteínas de alta densidade. Estando em alto volume, ele é capaz de absorver os cristais de colesterol, que são depositados nas artérias, removendo-o das artérias e transportando-o de volta ao fígado para ser eliminado. Este Colesterol, estando com o nível elevado, pode ser benéfico e reduzir o risco de doenças cardíacas. 

     4.  Menores riscos de desenvolvimento de tromboses e derrames: A trombose é causada por um coágulo sanguíneo que pode bloquear ou prejudicar o fluxo de sangue na região em que está e até se soltar e se mover para um órgão. Enquanto que o derrame se dá pelo acúmulo gasoso ou líquido no cérebro. Em outras palavras, o sangue “derrama” dentro do cérebro. 

   5.  Menor risco de apresentar quadros de AVC: existem alguns fatores de risco que não podem ser modificados, quais são eles: idade acima de 55 anos; sexo masculino; o histórico familiar de AVC; diabetes. Mas existem outros que podemos: alimentação equilibrada (evitar gorduras e sódio); fazer atividade física regular, controle da glicemia (diabetes); ter um acompanhamento médico; controle dos níveis de colesterol (LDL e HDL), etc. 

  6.  Proteção cardiovascular contra quadros de infarto: algumas condutas devem ser evitadas ou diminuídas, para que haja esta proteção, tais como: a cessação do tabagismo (parar de fumar), redução do sal na dieta, deve-se consumir frutas e vegetais, praticar atividades físicas regulares, entre outras. Estas condutas têm se mostrado eficazes para reduzir o risco de doenças cardiovasculares. 

   É de suma importância deixar bem claro, de que o uso e consumo de qualquer alimento ou bebida alcoólica (ou não), por maiores benefícios que possam oferecer para a saúde e o bem-estar dos seres humanos, sempre deve ser feito com muita cautela e moderação. Presume-se, de que qualquer pessoa saiba, independentemente se a bebida é alcoólica ou não (até água natural), se for ingerida de forma excessiva e exagerada, poderá trazer sérios problemas a saúde de seu bebedor (ou usuário). 

   O mesmo poderá acontecer, se for em relação a degustação de comidas (gordurosas ou não). Mas, quando estamos nos referindo ao consumo de vinho (ou outra bebida alcoólica), deve ser levado em consideração as necessidades nutricionais de cada pessoa. De uma maneira geral, os especialistas no assunto, recomendam que: - se o uso for diário, ele não deve ultrapassar uma taça de 150mL (copo simples e pequeno de vidro), para pessoas adultas. Este volume, segundo eles, já é suficiente para oferecer os benefícios que foram apresentados nesta abordagem (fonte: https://content.paodeacucar.com – acesso: 07.01.2022). 

    E para não deixarmos passar “em branco”, gostaríamos de inserir um registro fundamental para trazermos a memória: Quando Jesus Cristo foi condenado a morte e pregado no Madeiro, ele teve sede e pediu por água. No entanto, deram-lhe “vinagre”. Esta palavra foi traduzida do idioma grego – “oxos”, que significa “vinho azedo”. Mas, antes de Sua crucificação, já haviam dado vinagre a Jesus: “E chegando ao lugar chamado Gólgota, que significa lugar da Caveira, deram-Lhe a beber, vinho misturado com fel[5]; mas ele, provando-o, não o quis beber” (cf. Mateus 27:33-34). 

   Portanto, esta bebida que foi oferecida para Jesus, continha teor alcoólico (passou pelo processo de fermentação) e foi misturada com uma erva (planta) entorpecente: “(...); esperei por alguém que tivesse compaixão, mas não houve nenhum; e por consoladores, mas não os achei. Deram-Me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre” (cf. Salmo 69:20-21). Finalizamos este artigo, sem qualquer intenção de esgotarmos o assunto, deixando em aberto o questionamento proposto: Jesus era bebedor de vinho com teor alcoólico ou apenas suco de uva doce (sem ter passado/terminado o processo de fermentação)? Para que você, leitor, possa se aprofundar no estudo da Palavra de Deus, tirando a sua própria conclusão!



[1] Fermentação da uva. Processo pelo qual o açúcar do suco de uva converte-se em álcool (R-OH) e em dióxido de carbono (CO2). Em nossos dias, este composto químico é chamado de álcool etílico/etanol (C2H5OH).

 [2] Bato. Uma unidade de volume usada para medição daquela época (principalmente em Israel), que equivalia a aproximadamente 22,7 litros.

[3] Nazireado. Pessoa que, segundo o AT (Pentateuco ou Torah), se consagrou por um tempo determinado, ao fazer um voto ao Senhor. Abstendo-se de comer comidas ou ingerir certas bebidas, não cortar o cabelo etc.

[4] Fenóis. Eles também podem ser originários de fontes naturais, p.ex., pode ser observado nos fenóis extraídos da destilação de pétalas e folhas das plantas, que são muito usados pela indústria alimentícia. A vanilina é a essência de baunilha usada em doces, sorvetes, bolos etc.; o timol é a essência de tomilho, também usada na produção de alimentos; ambas extraídas de fenóis. 

[5] Fel. No AT, tratava-se de uma erva/planta excessivamente amarga (Deuteronômio 29:18; Jeremias 8:14). No NT, ela é referida como uma droga chamada de Mirra (Mateus 15:23), que produz dormência ou paralisação em partes do corpo do usuário.