Introdução
Por
onde Jesus passava, era muito comum ser seguido por uma multidão de pessoas,
principalmente quando ele realizava algum tipo de milagre, em qualquer que
fosse a área da realização desse feito sobrenatural. Neste sentido, gostaríamos
de ressaltar acerca do primeiro milagre realizado por Jesus, que ocorreu num
casamento na cidade de Caná, da Galileia. Chamada assim, para distingui-la de
outra Caná, que faz parte da Síria e está situada entre o Líbano e o Anti-Líbano.
João 2:1-3,7-10. E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galileia; e estava
ali a mãe de Jesus. E foram também convidados Jesus e os seus discípulos para
as bodas. E, faltando o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não tem vinho. (...).
Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima. E
disse-lhes: Tirai agora e levai ao mestre-sala. E levaram. E, logo que o
mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o
sabiam os empregados que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo.
E disse-lhe: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já tem bebido bem,
então, o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.
Segundo alguns escritores e
teólogos antigos, o vinho “bom” citado no texto, era o vinho mais doce que
podia ser bebido livremente e em grandes quantidades sem causar danos. O conteúdo
de açúcar não fora destruído no processo de fermentação. Em contrapartida, o
vinho “inferior” (ruim), era aquele que fora diluído com muita água.
Depois deste feito em Caná,
que em hebraico significa “Lugar de Juncos”, um povoado próximo da cidade de
Cafarnaum, tantos outros milagres foram realizados por Jesus. Um que nos chama
a atenção, se dá pelo fato de reunir muitas pessoas, que foi o primeiro milagre
da multiplicação dos pães e peixes, vindo a alimentar milhares de pessoas:
Marcos 6:34-38,41-42. E Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e teve compaixão deles,
porque eram como ovelhas que não tem pastor; e começou a ensinar-lhes muitas
coisas. E, como o dia fosse já muito adiantado, os seus discípulos se
aproximaram dele e lhe disseram: O lugar é deserto, e o dia está já muito
adiantado; despede-os, para que vão aos campos e aldeias circunvizinhas e
comprem pão para si, porque não tem o que comer. Ele, porém, respondendo, lhes
disse: Dai-lhes de comer. E eles disseram-lhe: Iremos nós e compraremos
duzentos dinheiros de pão para lhes darmos de comer? E ele disse-lhes: Quantos
pães tendes? Ide ver. E, sabendo-o eles, disseram: Cinco pães e dois peixes.
(...). E, tomando ele os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu,
e abençoou, e partiu os pães, e deu-os aos seus discípulos para que os pusessem
diante deles. E repartiu os dois peixes por todos. E todos comeram e ficaram
fartos.
Muitas
dessas pessoas que presenciaram esse e outros milagres de Jesus, passaram a segui-LO
por onde quer que Ele fosse. E alguns deles, se tornaram em seus discípulos. No
entanto, foi o próprio Jesus quem escolheu entre eles, apenas doze para ensinar-lhes
a sua Doutrina e conceder-lhes autoridade e poder para pregar a Sua Palavra.
E esses doze homens que
foram escolhidos por Jesus, se chamavam: Simão, chamado Pedro, e André, Tiago e
João, Levi (Mateus) e Filipe, Bartolomeu e Tomé, Tiago (filho de Alfeu), Tadeu
(Judas), Simão (o Zelote) e Judas Iscariotes.
Marcos 1:16-29. E, andando junto ao mar da Galileia, viu a Simão e André, seu irmão, que
lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E Jesus lhes disse: Vinde após
mim, e eu farei que sejais pescadores de homens. E, deixando logo as suas
redes, o seguiram. (...). 3:13-19. E subiu ao monte e chamou para si os
que ele quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que estivessem com ele e os
mandasse a pregar e para que tivessem o poder de curar as enfermidades e
expulsar os demônios: Simão, a quem pois o nome de Pedro; Tiago, filho de
Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que
significa: Filhos do trovão; André, e Filipe, e Bartolomeu, e Mateus, e Tomé, e
Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu, e Simão, o Zelote, e Judas Isacriotes, o que o
traiu.
Um dos motivos e propósito de
Jesus Cristo ter vindo á terra, foi o de destruir as obras malignas do diabo e
libertar os oprimidos por ele e pelo pecado: “E estava na sinagoga deles um homem
com um espirito imundo (maligno), o qual exclamou, dizendo: Ah! Que temos
contigo, Jesus Nazareno? Viste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.
E repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te e sai dele. Então, o espirito imundo,
agitando-o e clamando com grande voz, saiu dele” (Marcos 1:23-26).
Quando Ele escolheu os doze apóstolos
(ou discípulos), foi com a intenção de conceder-lhes poder e autoridade para darem
continuidade a Sua batalha contra as forças das trevas. Nossa intenção ao escrever
este estudo, tem como propósito levar um pouco mais de conhecimento acerca da
vida desses doze homens e, também, acentuar algumas características e
distinções de cada um deles.
Desenvolvimento
Vale
ressaltar que muitos nomes eram tão comuns na época, que se tornavam repetidos,
isto é, muitas pessoas com o mesmo nome. Sendo assim, uma das estratégias para
distingui-los, era acrescentar ao nome a sua cidade natal ou de quem era filho.
Vamos conhecer esses homens e algumas de suas particularidades:
1. Simão, Pedro: Geralmente, esta é uma forma abreviada do nome Simeão. O nome Simão era
muito comum entre os moradores da região da Galileia, mas também de outras
cidades circunvizinhas. Simão, chamado de Pedro, era um dos apóstolos de Jesus
Cristo.
Mateus 4:18. E
Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu dois irmãos, Simão, chamado Pedro,
e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores.
(...)
Marcos 3:13-16. E subiu ao monte e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele. E
nomeou doze para que estivessem com ele e os mandasse a pregar. E para que
tivessem o poder de curar as enfermidades e expulsar os demônios: Simão, a quem
pôs o nome de Pedro.
A região da Galiléia que foi
citada no primero texto, era uma província que compreendia toda parte do norte
da Palestina; região esta que foi repartida pelas tribos de Issacar, Zebulom,
Aser e Naftali. A palavra Galileia em hebraico significa “Circuito” que, no texto
de Mateus, pode ser representado por um pequeno território, composto de algumas
cidades. Simão Pedro e André, eram irmãos e tinham como labor contínuo a pesca.
2. André: ele foi o segundo apóstolo a
ser chamado por Jesus. Era irmão de Simão Pedro e, ambos eram pescadores (cf. Mateus
4:18). Entre os doze apóstolos, os quatro sempre estavam mais próximos do
Mestre Jesus e, André, compunha o quarteto, vindo logo depois de Pedro, Tiago e
João.
Marcos 1:16-18. E, andando junto ao mar da Galileia, viu a Simão e André, seu irmão,
que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E Jesus lhes disse: Vinde
após mim, e eu farei que sejais pescadores de homens. E, deixando logo as suas
redes, o seguiram.
(...)
Atos 1:13. E,
entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André,
Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus,
Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago.
Seu nome em grego significa
“Varonil ou Vencedor”. Ele era judeu, mas tinha o nome grego. Isto tornou-se
muito comum em Israel na época de Jesus, pelo fato de os gregos e, pouco tempo
depois, os romanos, controlarem aquela região por um periodo de três séculos.
Ele nasceu na cidade de
Betsaida, na costa noroeste do mar da Galileia. No entanto, na época em que
fora chamado por Jesus, morava com seu irmão Pedro, na cidade de Cafarnaum, que
distava aproximadamente 5 quilometros de Betsaida. Ambos eram filhos de Jonas
(cf. Mateus 16:17).
Mateus 16:16-17. E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, Filho do Deus vivo.
E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas[1],
porque não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai, que está no céus.
(...)
João 1:43-44. No
dia seguinte, quis Jesus ir á Galileia, e achou Filipe, e disse-lhe: Segue-me.
E Filipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.
As
Escrituras não nos revelam nada mais acerca de Jonas, mas podemos presumir que
era um homem de grande importância na comunidade local. Provavelmente, um
pescador e, como seu filho, Pedro, tinha seu próprio barco de pesca. Por certo,
eram da cidade de Betsaida e pertenciam a uma família de classe média, Pedro e
André provavelmente falavam grego e também aramaico, a lingua nativa daquela
região.
3.
Tiago, filho de Zebedeu: ele também é conhecido como “Tiago,o maior”, para
distingui-lo de outras pessoas de mesmo nome. Ele era um pescador e um dos
primeiros apóstolos. Há algumas indicações que Zebedeu poderia ser tio de Jesus
e, nesse caso, era muito provável que Jesus já os conhecia desde a infância. Normalmente
Tiago é sempre citado junto a seu irmão, João, pois moravam na cidade de Cafarnaum
e eram pescadores.
Mateus 4:21-22. E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu,
e João, seu irmão, num barco com Zebedeu, seu pai, conserando as redes; e
chamou-os. Eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.
(...)
Marcos 1:20. E
logo os chamou. E eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os empregados,
foram após ele.
Toda vez que os dois irmãos
são citados pelo nome nas Escrituras, Tiago sempre aparece primeiro, dando-nos
a entender que ele era o mais velho. Outra coisa que nos chama a atenção, é o
fato de que frequentemente menciona-se que eram filhos de Zebedeu. Este registro
pode indicar que seu pai era uma pessoa influente na comunidade, principalmente
por possuir barcos de pesca e alguns empregados.
Tiago, João e Pedro, estavam
no meio do “circulo intimo” dos apóstolos, em relação a Jesus, pois foram os
únicos que Ele permitiu estarem junto a Ele na ressurreição da filha de Jairo
(cf. Marcos 5:35-42), levou-os consigo para o monte da Transfiguração (cf.
Mateus 17:1-8) e, também, consigo para o jardim do Getsêmani, na noite em que
foi traído por Judas Iscariotes (cf. Mateus 26:36-40).
Ele foi morto por ordem de
Herodes Agripa I, pouco tempo depois da destruição da cidade de Jerusalém, por
volta do ano 70 depois de Cristo (d.C.). De acordo com a tradição, o corpo de
Tiago foi levado para a Espanha, pois fora missionário naquele País, sendo
enterrado em Santiago de Compostela, inclusive o termo “santiago” no idioma
espanhol, é alusivo a pessoa de São Tiago, que é o santo padroeiro desta
cidade.
Aproveitamos a oportunidade
neste tópico, para apresentar mais duas pessoas com o mesmo nome, mas
que tiveram atuações totalmente distintas nas Sagradas Escrituras:
.Tiago, o “menor”. Esse cognome menor, além de ser para
distingui-lo do outro Tiago, também poderia ter como sinônimo de “o jovem”. Era
filho de Maria, não sendo identificada nas Escrituras nada mais acerca dela, a
não ser que estava com outras mulheres no momento da crucificação de Jesus.
Mateus 27:55-56. E estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido
Jesus desde a Galileia, para o servir, entre as quais estavam Maria Madalena, e
Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
O nome maria também era muito
comum entre as mulheres daquela época, tendo sua raiz originariamente no idioma
hebraico “Miriã”. E ele aparece mais de cinquenta vezes no Novo Testamento. Portanto,
Tiago, o Menor, e seu irmão, José, ao que parece, eram conhecidos dos leitores
do Evangelho de Marcos; pois do contrário, o Evangelista não o teria mencionado
seu nome ou o teria descrito de forma mais detalhada. Há estudiosos que
acreditam que ele é a mesma pessoa de Tiago, o filho de Alfeu e, neste caso,
seria irmão de Mateus.
. Tiago, o irmão de Jesus. O acréscimo ao seu nome “o irmão de
Jesus” (epíteto), como é conhecido, gerou grandes controvérsias durante
séculos, sendo rejeitado por parte da Igreja Cristã, da Igreja Católica Romana
e da Ortodoxa Oriental. Isto se deu, tendo em vista defenderem a virgindade
perpétua de Maria, argumentando de que o termo traduzido por “irmão”, deriva-se da palavra “adelphos”, que
também significa primo, parente ou amigo intimo. Outro argumento apresentado, pressupunha que os irmãos e as irmãs
de Jesus, fossem filhos apenas de José, de um relacionamento anterior.
Tiago sempre é o primeiro a
ser citado nos textos Bíblicos, fazendo referência aos irmãos de Jesus, podendo-se
presumir que ele era o mais velho. A sua autoridade e posição diante da igreja,
não provinha de seu parentesco com Jesus Cristo, mas sim de sua dedicação e fé.
Ele e Paulo tinham visões distintas acerca da salvação.
Paulo acreditava que a
conversão dos gentios (pagãos) precederia a dos judeus. Enquanto Tiago
acreditava que a salvação estava concentrada nos judeus e, depois, se
estenderia por meio deles, aos gentios. Este foi um dos motivos que surgiu a
controvérsia judaizante, ou seja, alguns lideres cristãos acreditavam que o
indivíduo tinha de se tornar judeu, passar pela circuncisão e aceitar a Lei
mosaica. Assim, ele era considerado cristão, podendo ser batizado (Tiago
defendia esta visão).
Desse posicionamento
controverso, foi gerado o Concílio de Jerusalém (cf. Atos 15:1-2,6,13-21,28-29)
para tratar desta questão. Nele, decidiu-se que os gentios estavam isentos da
circuncisão e da Lei mosaica, exceto sobre alguns pontos basicos voltados para
a moralidade e costumes. Depois disso, o proprio Paulo denominou Tiago (o irmão
de Jesus) como sendo “coluna” da igreja (cf. Gálatas 2:9).
4. João: ele era irmão de Tiago, o
maior, e ambos eram filhos de Zebedeu, casado com Salomé. O nome de seu pai é a
forma grega de Zebadias. João e seu irmão eram pescadores na região da
Galileia. Sua família tinha bens suficientes para ter vários criados ao seu
serviço.
Marcos 1:19-20. E, passando dali um pouco mais adiantem, viu
Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as
redes; e logo os chamou. E eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os
empregados, foram após ele.
Jesus
deu a ele e a seu irmão, Tiago, o nome de “boanerges”, que quer dizer filhos do
trovão. Dando a entender que ambos tinham um comportamento impestuoso e meio
explosivo: “Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o
nome de Boanerges, que significa: Filhos do Trovão” (Marcos 3:17).
Em
certa ocasião, uma aldeia de samaritanos negou pousada a Jesus e a seus
discípulos. Diante disso, Tiago e João se dirigiram a Cristo perguntando-O se
poderiam fazer descer fogo do céu para os consumir. Momento em que os
repreendeu, dizendo: “Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do
Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram
para outra aldeia” (cf. Lucas 9:52-56).
Registra
as Escrituras Sagradas, que João, antes, impestuoso e explosivo, tornou-se no
discípulo amado de Cristo, recostando sua cabeça em seu peito, durante a última
Ceia: “Ora, um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava, estava reclinado
no seio de Jesus. (...). E, inclinando-se ele sobre o peito de Jesus,
disse-lhe: Senhor, quem é? Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o bocado
molhado. E, molhando o bocado, o deu a Judas Iscariotes, filho de Simão” (João
13:23-26).
5. Filipe: nos evangelhos sinóticos[2] –
Mateus, Marcos e Lucas, ele só é mencionado na relação dos apóstolos, nada mais
se diz a seu respeito. No entanto, no evangelho de João, ele desempenha um
papel ligeiramente maior. Ele recebeu um convite direto de Jesus para se tornar
seu discípulo: “No dia seguinte, quis Jesus ir á Galileia, e achou Filipe, e
disse-lhe: Segue-me” (João 1:43).
Foi ele quem levou Natanael,
seu amigo, até a pessoa de Jesus Cristo. Seu nome no idioma grego significa
“Amador de Cavalos”. Talvez, pelo fato de seu nome ter origem grega, este seja
o motivo de ter sido procurado por alguns gregos que queriam se encontrar com
Jesus. Dois fatos que ocorreram entre Filipe e Jesus, que merece destacar; são:
a multiplicação dos pães (João 6:4-7) e quando ele pergunta a Jesus acerca de
Seu Pai:
João 6:4-7. E a
Páscoa, a festa dos judeus, estava próxima. Então, Jesus, levantado os olhos e
vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde
compraremos pão, para estes comerem? Mas dizia isso para o experimentar; porque
ele bem sabia o que havia de fazer. Filipe respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de
pão não lhes bastarão, para que cada um deles tome um pouco.
Como o próprio texto do evangelho de João
registra, em seu capítulo 6, Jesus estava apenas testando a compreensão de
Filipe acerca de seus ensinamentos, pois pelo seu atributo divino da
onisciência, sabe de todas as coisas que poderia e vão acontecer. Neste caso,
sabia perfeitamente que iria operar o milagre da multiplicação dos pães e
peixes, alimentando todas aquelas pessoas. Entretanto, seus doze apóstolos (ou
discípulos), estiveram praticamente tres anos em Sua companhia e presenciaram
vários de seus milagres. E, mesmo assim, parece que ainda não O conheciam.
6. Bartolomeu: pouca coisa se sabe acerca
de sua vida, mas de forma inquestionável, era um dos doze apóstolos que seguia a
Jesus. Seu nome tem origem no idioma aramaico, contendo o significado de “filho
de Talmai”. Durante séculos, ele foi identificado como sendo “Natanael”, mas os
estudiosos modernos tendem a rejeitar esta interpretação. Eles consideram que
Natanael e Bartolomeu são indivíduos distintos.
A razão de acontecer essa
identificação entre Bartolomeu e Natanael, segundo eles, prende-se ao fato de
que nos evangelhos de Mateus (10:3), Marcos (3:18) e Lucas (6:14), eles nomeiam
Bartolomeu em suas listas, logo depois de Filipe, omitindo o nome de
Natanael.
Mateus 10:2-3. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado
Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e
Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu,
apelidado Tadeu (Judas).
Entretanto, no evangelho de
João, ocorre o contrário, pois ele liga o nome de Natanael diretamente a
Filipe, omitindo o de Bartolomeu: “E Filipe era de Betsaida, cidade de André e
de Pedro. Filipe achou a Natanael e disse-lhe: Havemos achado aquele de quem
Moisés escreveu na Lei e de quem escreveram os Profetas: Jesus de Nazaré, filho
de Jose. Disse-lhe Natanael: Pode vir alguma coisa boa de Nazaré? Disse-lhe
Filipe: Vem e vê” (cf. João 1:44-51; 21:1-2).
7. Tomé: seu nome em hebraico
significa “gêmeo”. Era chamado também de Dídimo: “Disse, pois, Tomé, chamado
Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele” (João
11:16). Como vimos acerca de outros apóstolos, ele também foi ignorado nas
evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas, sendo mencionado apenas três vezes no
evangelho de João.
Na lista dos apóstolos, ele
era considerado de importância média na hierarquia apostólica. Ficou muito
conhecido como aquele que duvidou acerca da ressurreição de Jesus. Como
dissemos, são tres as ocasiões em que seu nome é citado no evangelho de João. A
primeira menção, ocorre no fim do ministério de Jesus, quando ele havia se
indisposto com as autoridades do templo, estando marcado para morrer (cf. João
11:7-16).
Na segunda, após a
ressurreição, Jesus apareceu para os discípulos, mas Tomé não estava
presente. Quando os onze lhe contaram
sobre o fato, ele não quis acreditar: “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo,
não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros
discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos
cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a
minha mão no seu lado (furado pela lança), de maneira nenhuma o crerei” (João
20:24-25).
Na terceira menção do seu
nome, Jesus aparece mais uma vez para os seus discípulos, mas desta vez, Tomé
se fazia presente. Depois de se apresentar e cumprimentá-los – “Paz seja
convosco”, dirigiu-se a pessoa de Tomé e disse-lhe: “Põe aqui o teu dedo e vê
as minhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas
crente” (João 20:26-27). Neste encontro, Jesus finaliza seu diálogo com Tomé,
repreendendo-o ao dizer-lhe: “Porque me viste, Tomé, creste? Felizes são
aqueles que não viram e creram!” (João 2029).
8. Mateus: seu nome antes era Levi, e
seu pai era Alfeu. Ele era um publicano judeu, isto é, um coletor de impostos
que trabalhava para os romanos. Por isso, era considerado pelos demais membros
de seu povo como traidor. Sua função era ficar postado na entrada da cidade
(como atualmente atua o inspetor de alfândega dos aeroportos), e todo aquele
que quisesse entrar na cidade, devia ser obrigatoriamene submetido por ele,
passando por uma vistoria e exames acerca do que possuia.
Lucas 5:27-28. E, depois disso, saiu, e viu um publicano, chamado Levi, assentado na
recebedoria (alfândega), e disse-lhe: Segue-me. E ele, deixando tudo,
levantou-se e o seguiu.
O publicano era quem
determinava o que poderia ser passível de taxas e acerca do valor do imposto a
ser cobrado sobre aquele item, coletando o dinheiro na hora. Um cobrador de
impostos poderia se tornar num homem extremamente rico, haja vista que quanto
mais ele cobrasse de impostos, mais ele receberia: “E, passando, viu Levi,
filho de Alfeu, sentado na alfândega e disse-lhe: Segue-me. E, levantando-se, o
seguiu” (Marcos 2:14). Antes de conhecer a Jesus e segui-LO, ele era conhecido
naquela região, por ser um repugnante pecador.
João 14:1-3,8-9. Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na
casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois
vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e
vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver, estejais vós também.
(...). Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe
Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem
me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?
No
segundo texto de João, Ele estava dando as suas últimas instruções aos
discípulos, informando-lhes sobre a necessidade d’Ele voltar para o seu Pai. E,
ao mesmo tempo, dizendo-lhes que não deviam se preocupar, pois iria preparar
tudo para vir buscá-los depois. Ele também repreendeu Filipe, pelo pedido que
LHE fizeste: “Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe?”
Na
sequência dessas instruções aos discípulos (capitulo 14, do evangelho de João),
Jesus deixa bem claro sobre a necessidade de voltar para o Pai. Mas,
simultaneamente, diz para eles que eles não ficariam sozinhos na terra –
“órfãos”, pois pediria ao Pai, e ele os daria outro Consolador – “Paracletos”, que estaria com eles
(cf. João 14:16,18).
9.
Tiago, filho de Alfeu. embora ele apareça na lista como sendo um dos doze
apóstolos, quase nada se sabe acerca de sua vida. Ele sempre aparece na relação
dos quatro últimos apóstolos, indicando que estava numa posição baixa da
hierarquia desse grupo, composto de doze homens.
Mateus 10:2-3. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: Simão, chamado Pedro; e
André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e
Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu (Judas),
apelidado Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.
(...)
Lucas 6:12-16. E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite
em oração a Deus. E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e
escolheu doze deles, a quem também chamou o nome de apóstolos: Simão, ao qual
também chamou Pedro; e André, seu irmão; Tiago e João, Filipe e Bartolomeu;
Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas (Tadeu),
filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor.
Estudiosos
acreditam, que pelo fato de seu nome vir identificado como sendo filho de
Alfeu, poderia significar que ele era irmão de Mateus, que normalmente é identificado
como Levi, filho de Alfeu: “E tornou a sair para o mar, e toda a multidão ia
ter com ele, e ele os ensinava. E, passando, viu Levi (Mateus), filho de Alfeu,
sentado na alfândega e disse-lhe: Segue-me. E, levantando-se, o seguiu” (Marcos
2:13-14). Alguns estudiosos acreditam que
este Tiago, filho de Alfeu, seja a mesma pessoa citada no NT conhecida como
Tiago, o menor, cuja mãe Maria esteve aos pés da cruz (cf. Marcos 15:37-40).
10. Judas (ou Tadeu): seu
nome é mencionado no evangelho de Lucas, como sendo um dos doze apóstolos e
como sendo filho de Tiago, não se sabendo a qual Tiago se refere o texto.
Lucas 6:14-16. Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João,
Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de alfeu, e Simão, chamado
Zelote. Judas, filho de Tiago, e Judas
Iscariotes, que foi o traidor.
Mateus
e Marcos registram na lista dos apóstolos seu nome como sendo Tadeu, enquanto
em outros textos ele é conhecido como Lebeu: “Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu,
e Lebeu (Judas), apelidado Tadeu” (Mateus
10:3).
Marcos 3:18.
André, e Filipe, e Bartolomeu, e Mateus, e Tomé, e Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu, e Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, o
que o traiu.
Os estudiosos
das Escrituras, afirmam que os evangelhos foram escritos depois da traição de
Jesus, por Judas, e este nome passou a ser odiado entre a população. João
refere-se a ele apenas como Judas: “Disse-lhe Judas (não o iscariotes): Senhor,
de onde vem que te hás de manifestar-se a nós e não ao mundo?” (João 14:22). Há
consenso entre os estudiosos, de que ele não é o mesmo Judas o autor da
Epístola que recebeu o mesmo nome. Além de constar na lista dos apóstolos e da
pergunta feita a Jesus, nada mais se sabe acerca dele.
11.
Simão, o Zelote: ele
também foi um dos doze apóstolos, mas quase nada se sabe sobre ele. Acredita-se
que ele tenha sido membro de um partido judaico, cujo nome era zelote e que
ansiava por um Messias militar para expulsar os romanos.
Atos 1:13. E,
entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André,
Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus (Levi), Tiago, filho de Alfeu, Simão, o
Zelote, e Judas (Tadeu), filho de Tiago.
É muito provável que ele
fosse um homem que demonstrava um entusiasmo efervescente pelo judaísmo, como
também pela mensagem propagada por Jesus. Nas Escrituras Sagradas, além desses,
há outros personagens chamados com o mesmo nome de Simão. Para exemplo, o pai
de Judas Iscariotes, o discípulo que
traiu Jesus (cf. João 6:71) e um dos irmãos do próprio Jesus (cf. Mateus
13:55).
12.
Judas, o Iscariotes: o cognome “iscariotes” pode ser uma
referência de seu apelido no idioma hebraico “ish Qeryoth”, que significa homem de Queriote: “respondeu-lhe
Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? E um de vós é um diabo. E isso dizia ele
de Judas Iscariotes, filho de Simão, porque este o havia de entregar, sendo um
dos doze” (João 6:70-71).
Há outras explicações acerca da
etimologia do nome Isacriotes acrescentado ao nome Judas. Uma delas, seria para
distingui-lo de outro Judas, como o citado nas Escrituras como sendo Lebeu ou
Judas Tadeu. Outra identificação seria de conotação política e, neste caso, ele
poderia fazer parte de um grupo chamado Sikário (sicarii), que era uma ramificação da seita judaica de Zelotes, homens
violentos e sanguinários que promoviam ataques com punhais.
Outra possível explicação, alega que
Queriote seria o nome simplificado de uma aldeia ou conjunto de aldeias de nome
Quiriote-Hezrom, que significa
“cidades de Hezrom”, localizada na província romana da judeia, no território da
tribo de Judá, distando aproximadamente 20 quilômetros ao sul de Hebrom: “Esta
é a herança da tribo dos filhos de Judá, segundo as suas famílias. São,pois, as
cidades da extremidade da tribo dos filhos de Judá ate´ao termo de Edom para o
sul: (...), e Hazor-Hadata, e Quiriote-Hezrom” (Josué 15:20-21,25).
Embora seja lembrado pelo fato da
traição de Jesus, ele era um membro importante dos doze apóstolos, como também,
a princípio, uma pessoa confiável. A ele foi dada a responsabilidade de guardar
e prestar contas de todos os fundos recebidos pelo grupo: “E nenhum dos que
estavam assentados á mesa compreendeu a que propósito lhe dissera isso, porque,
como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe tinha dito: Compra o
que nos é necessário para a festa ou que desse alguma coisa aos pobres” (João 13:28-29)
Segundo escreve o evangelista João, ele
era o tesoureiro – “(...) tinha a bolsa” e, como tal, arrecadava e distribuía
esses fundos de forma apropriada entre eles. Nesse sentido, não há nenhum
registro no NT de que tenha deixado de
cumprir com as suas obrigações, antes da traição. Até os onze apóstolos que
estavam á mesa com ele, não compreenderam o que teria acontecido para ter saído
mais cedo da Ceia. Eles imaginavam que ele poderia ter ido distribuir esmolas
aos pobres.
Há inúmeras interpretações acerca do
motivo de Judas ter traído Jesus. No entanto, existe pouca dúvida de que teria
sido por causa das 30 moedas de prata. Isto pelo fato de que era uma quantia
relativamente de pequeno valor, o equivalente ao salário de dois ou três meses
de um trabalhador inexperiente.
Ou, ainda, o preço de um escravo comum.
Segundo alguns estudiosos, se ele fosse realmente um ladrão, poderia ter
usurpado uma quantia muito maior do que essa, durante todo o tempo que atuou
como tesoureiro entre os doze apóstolos. Por fim, vale lembrar que na Lei
Judaica, havia uma exigência de que se um criminoso, neste caso, Jesus, fosse
entregue ás autoridades, deveria ser pago o valor equivalente ao preço de um
escravo, para a pessoa que o entregou, neste caso, Judas Iscariotes. Ele
aceitou receber as moedas de prata, para selar o acordo feito com os
sacerdotes.
Conclusão
Como
podemos observar neste estudo, era costume da época, colocar o mesmo nome em
várias pessoas, principalmente quando havia algum grau de parentesco entre elas.
Para exemplo, vemos o caso do sacerdote Zacarias, casado com Isabel e pai de
João, o Batista (cf. Lucas 1:5).
Lucas
2:57,59-61.
E completou-se para Isabel o tempo de dar á luz, e teve um filho. (...). E
aconteceu que, ao oitavo dia, vieram circuncidar o menino e lhe chamavam
Zacarias, o nome de seu pai. E, respondendo sua mãe, disse: Não, porém será
chamado João. E disseram-lhe: Ninguém há na tua parentela que se chame por este
nome.
Você deve se lembrar, que Zacarias
estava mudo, pois havia duvidado do anúncio feito pelo anjo acerca da gravidez
de sua esposa, Isabel, tendo em vista de que ela era estéril e ambos estavam
avançados em idade (cf. Lucas 1:7). Assim, como era o costume, começaram a
chamar o menino pelo mesmo nome do pai, de Zacarias.
Entretanto,
o mesmo anjo voltou a visitar Zacarias e mandou-lhe dar o nome de João: “Então,
um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, á direita do altar do incenso. E
Zacarias, vendo-o, turbou-se, caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse:
Zacarias não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará
a luz um filho, e lhe porás o nome de João” (Lucas 1:11-13).
Por
certo, toda pessoa que for ler, meditar e estudar a Palavra de Deus, deve
atentar para este detalhe, fazendo-se necessário distinguir entre um e outro
personagem, principalmente quando possuem como característica marcante o mesmo
nome.
[1] Barjonas.
Do Grego, filho de Jonas.
[2] Sinóticos.
São os três primeiros livros do Novo Testamento (Mateus, Marcos e Lucas). O
termo sinótico significa “a mesma visão”, pois relatam de forma muito similar
acerca dum mesmo assunto ou fato.