Radio do Bloguer do capitão.

sábado, 6 de junho de 2015

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS E A DEPENDÊNCIA ALCOÓLICA



Está registrado historicamente que, em todo o mundo, o alcoolista era tratado como um criminoso ou doente mental. A partir do século XVIII o alcoolismo passou a ser considerada uma patologia distinta das demais. A psicoterapia, em especial a hipnose, em certos países da Europa, foi usada no tratamento do alcoolismo. Havia à época, estreitamento intelectual entre o Brasil e a Europa, em especial com a França. Assim, importamos de lá a tradição de tratar o alcoolismo com psicoterapia, sendo utilizada até os dias de hoje.
Nos Estados Unidos, no final do século XIX, o alcoolismo tornou-se um problema de ordem religiosa. Nesse contexto, surgiram várias grupos religiosos que tratavam dos alcoolistas. Entre os anos de 1920 a 1933, nos EUA, criou-se a Lei Seca, diminuindo consideravelmente o numero de alcoolistas.  Anos depois, nasceram os Alcóolicos Anônimos (AA).
O propósito da criação dos AA deu-se em razão de que o uso abusivo da ingestão alcoólica começou a apresentar sinais e sintomas prejudiciais em americanos; a principio, a níveis físicos e comportamentais, mas, com a continuidade da abusividade alcoólica, posteriormente, alguns apresentavam transtornos mentais.              
Nos dias de hoje, quando esses prejuízos podem começar a surgir? Geralmente, quando o individuo passa a beber diariamente ao ponto de prejudicar-se. E o prejuízo pode ir além de sua saúde física e mental, como por exemplo, um motorista de transporte escolar colocar-se em perigo (e de outrem) ao conduzir o veículo alcoolizado. O pedreiro exercer sua atividade laborativa sob efeito de bebida alcoólica, entre outras profissões que requerem atenção e movimentos corporais (psicomotricidade).   
A embriaguez pode tornar-se uma situação comum ao ponto de identificar a instalação da dependência química, podendo ser vista a partir dos aspectos: biomédico, genético ou psicossocial.  A Organização Mundial de Saúde (OMS) em sua Classificação Internacional de Doenças (CID-10) e de Transtornos Mentais (DSM IV), elaborou definição e normas que devem ser utilizadas como diretrizes diagnósticas desse tipo de comportamento social: “A síndrome da dependência química (alcoolismo), é um conjunto de fenômenos fisiológicos, comportamentais e cognitivos, no qual o uso de uma substância/ou uma classe de substâncias, alcançam prioridade maior para um individuo, dentre outros que antes tinha valor”.
Uma das características dessa síndrome de dependência alcoólica seria o desejo irresistível/incontrolável de consumir a substância (compulsão pelo uso), neste caso, a bebida alcoólica (ou outra droga psicoativa,  tabaco, etc.). Você pode então perguntar: Como posso aferir se sou um dependente químico? A CID-10 aponta seis diretrizes para a Identificação. Se três delas ou mais estiverem presentes, um diagnóstico de dependência é confirmado. Quais são elas?
1ª - Forte desejo/compulsão para consumir a substância psicoativa. 2ª – Dificuldade de controlar a vontade de consumir a substância em termos de seu início, término ou nível de consumo. 3ª - Uma síndrome de abstinência quando o uso da substância é interrompido ou foi reduzido. 4ª - Evidência de tolerância, i.e., necessidade de doses maiores para alcançar o efeito desejado. 5ª – Abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso das substâncias. 6ª - Persistência no uso da substância, mesmo tendo consciência clara e evidente de consequências prejudiciais à saúde.   
Se você identificou-se com o diagnóstico para a dependência alcoólica (ou de outra droga), saiba que ela é uma doença multifacetada, multidimensional, progressiva e incurável, mas tem tratamento. Um local de inicio para tratar-se é nas reuniões dos grupos de ajuda mútua dos AA. Controvérsias á parte, há mais de 70 anos á serviço de todos e em todos os lugares: “Só por hoje”!  


EDUARDO VERONESE DA SILVA
Educador Físico
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Militar
Ex-Integrante do Programa de Reabilitação à Saúde do Toxicômano e Alcoolista/PMES

Blogger: www.blogdocapveronese.blogspot.com.br

quinta-feira, 4 de junho de 2015

VOCÊ É O QUE APARENTA SER? OU QUAL MÁSCARA VOCÊ USA?

Romanos 16:17-18. E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples.

Introdução
           
            O Apóstolo Paulo, neste capítulo 16, direciona recomendações e advertências específicas para a Igreja de Cencréia, uma cidade próxima de Corinto. Em seus primeiros versículos (vv.1-14), ele saúda e enaltece as pessoas que trabalhavam fervorosamente para o Senhor, entre eles, ele faz questão de destacar a atuação de oito mulheres: Febe, Priscila, Maria, Júnia, Trifena, Trifosa, Pérside e Júlia.
            Essas mulheres, além de ministrarem aos pobres, enfermos e aos necessitados, abrigavam e prestavam assistência a missionários, inclusive ao próprio Paulo (Febe). Nota-se que a ênfase dada pelo apóstolo a essas mulheres, indica a grande relevância dos serviços prestados por elas à igreja de Cencréia.
            Entretanto, no decorrer do texto da Epístola (vv.17-18), Paulo faz severa advertência sobre pessoas que aproveitavam a inocência e bondade dos cristãos (inclusive, ás mulheres) para lesar á igreja, distorcendo o ensino Bíblico de Paulo e dos demais Apóstolos. Esses falsos mestres eram oradores eloquentes, apresentavam-se elegantemente e pregavam palavras agradáveis aos ouvidos. Eram educados e bajulavam com muitos elogios os irmãos daquela cidade (e igreja).  
Infelizmente, em nossos dias não é tão diferente do que estava acontecendo lá. Grande parte das pessoas são bem comportadas e educadas em suas apresentações públicas, ou seja, em certos lugares e em relação ao público que as rodeiam (na igreja ou entre pessoas Cristãs). Em outros ambientes sociais, nem parecem ser a mesma pessoa, pois seus comportamentos são totalmente diferentes do que realmente aparentam ser. Querem ser aceitas pelos outros, mas apresentando outra conduta e, com isso, vivem de uma falsa aparência. “Elas tentam substituir a essência pela forma” (Hernandes Dias Lopes).
Assim, é um sucesso na rua, mas um desequilibrado dentro de casa. Uma benção na igreja, mas um tormento para a família. São aparentemente piedosos entre os cristãos, mas em casa apresentam uma rigorosidade demoníaca.
No trabalho é assíduo, prestativo e respeitoso, bem conceituado entre os colegas de serviço e com o patrão, mas em casa, um imprestável e trata a família com muito desprezo. Na verdade, estas pessoas vivem de aparência, pois oscilam de comportamentos, são muito amáveis com alguns e extremamente severos com outros.
Tendo este comportamento, não adianta passar horas orando de joelhos na igreja e ao chegar a sua casa, tratar a esposa e os filhos (ou seus pais) com muita arrogância e crueldade. Não adianta ser um intercessor na igreja e, em casa, um acusador ao extremo. Na igreja, uma benção, em casa, uma maldição. Na igreja, um cordeiro, em casa, um lobo indomável.
Portanto, a grande pergunta é: você é o que aparenta ser? Ou qual máscara você está usando?



Desenvolvimento

Alguém já disse que: “o outro nunca é do jeito que desejaríamos que fosse. Nossa cultura impede que nos mostremos como realmente somos, principalmente quando somos fracos ante ao medo ou qualquer outra situação. E, assim, não somos o que demostramos ser. Com isso, compensamos nossos reais sentimentos de insegurança e fragilidade por comportamentos mesquinhos de ciúme, inveja, mentira e hipocrisia. Na realidade, para atrair as pessoas até nós e sermos aceitos por elas, vivemos diariamente usando máscaras. (...). Estamos a todo o tempo e o tempo todo, tentando passar uma imagem de ser alguém diferente do que aparentamos ser”.
O Salmista descreve muito bem sobre o assunto ao afirmar que: “Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará” (Salmo 39:6).
Nas Escrituras (na Bíblia), encontramos vários personagens que poderiam ser lembrados por usarem máscaras, ou seja, que representaram muito bem como atores diante da plateia que lhes interessava impressionar e, pouco tempo depois, em outro ambiente social e diante de outro público (ou em casa), voltava a ser quem realmente é.
A máscara ao qual é referida aqui, não é apenas aquele artefato de papel, pano, ferro ou de qualquer outro material fabricado manualmente ou pela indústria, com o objetivo de cobrir o rosto para resguardar a identidade de quem a usa. 
Ela vai muito, muito, além disso. Neste caso, representa um desvio de conduta (duplicidade ou dubiedade,) um defeito de caráter. O seu usuário (a), quer tentar passar uma imagem de forma positiva para as outras pessoas, enquanto que, em seu cotidiano, são totalmente opostas ao que apresenta e aparenta ser publicamente (exteriormente).
Diante disso, para nosso aprendizado e reflexão, serão apresentadas algumas dessas máscaras e, com certeza, eu e você, nos enquadraremos em alguma ou algumas delas. 

1. A Máscara da Piedade:

            Numa linguagem jovial, os que se utilizam desta máscara, fazem ou apresentam uma propaganda enganosa de si mesmo. Sacrificam a essência do seu ser, da forma que foi criado por Deus e eleva a voz aos gritos a proclamar não o que são, mas o que aparentam ser. Estes se vestem com peles de ovelhas, enquanto que dentro de seu peito, bate um coração de lobo voraz. As pessoas que usam esta máscara são, na verdade, falsos cristãos e transmitem uma mensagem falsa do Evangelho: são lobos devoradores que invadiram o aprisco das ovelhas.
           
Mateus 7:15. Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vem até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores.

Elas, com esse comportamento, conspiram contra o caráter santo de Deus. O falso piedoso mente para Deus, para si mesmo e para o mundo (outros). Anunciam e vendem um produto que não possuem. Seu rosto é de santo, mas sua vida é profana. Sua aparência é de anjo, mas seu coração é de demônio.
As pessoas que usam esta máscara costumam apresentar o seguinte perfil: - Necessitam de ser elogiadas; - Não toleram críticas; Tem que estar em evidência, ou seja, gostam de ser vistas e ouvidas; - Buscam aprovação dos homens do que o agrado de Deus; - São orgulhosas, - Estão sempre preocupadas com sua imagem (reputação) perante às pessoas do que com a glória de Deus e, - Tentam se convencer de que agradam a Deus, mesmo vivendo uma vida de mentira e pecados.

2 Coríntios 3:13. E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório.

Moisés passou quarenta dias no cume do monte Sinai, diante do Senhor. E a glória de Deus foi tão grande que o monte estremeceu. Quando ele desceu, o seu rosto resplandecia pela “shekiná” de Deus, ao ponto em que ninguém podia olhar para ele por causa do intenso brilho em sua face. Sendo assim, ele colocou um véu sobre seu rosto para que as pessoas pudessem se aproximar dele. Entretanto, com o passar do tempo, o brilho de seu rosto desvaneceu, mas ele continuou a usar o véu. Ele não queria que o povo soubesse que a manifestação da glória de Deus tinha sido transitória. Queria continuar a enganar o povo com aquele comportamento, usando o véu como sendo sua máscara.

2. A Máscara do Orgulho:

            Por natureza, o homem normalmente é orgulhoso. Ele tem um apetite exageradamente grande de ser aplaudido e reconhecido pelas pessoas. Quem usa esta máscara, quer sempre se destacar entre os demais e gostam de chamar a atenção para sua própria imagem.
             Não toleram viver fora do palco, pois tem necessidade de estar em evidência. São totalmente insatisfeitas com a sua condição ou posição (social e profissional). O orgulhoso é aquele que quer aparentar ser quem não é.
Agostinho de Hipona disse que: “Foi o orgulho que transformou anjos em demônios” (Lucífer). Os Israelitas foram orgulhosos ao se rebelarem contra a Lei de Deus no Sinai, mas nós somos tão orgulhosos quanto eles, pois o coração que bate em nosso peito tem as mesmas tendências pecaminosas.
            Podemos até não verbalizar isso, mas demonstramos com nossas atitudes diárias: - não gostamos de orar; - não gostamos de ler a Palavra de Deus; - não vivemos aos pés do Senhor; - achamos que podemos resolver os problemas por nossos próprios meios, sem precisar da ajuda e dos recursos de Deus.
            Thomas Adams disse sobre o tema que: “Foi o orgulho que lançou Nabucodonosor para fora da sociedade dos homens. O orgulhoso Saul a ser destituído de seu reino; Adão ser posto para fora do paraíso e Lucífer expulso do céu”. No sentido religioso, o orgulho é uma atitude de autonomia e de independência de Deus. Logo, todo orgulhoso é idólatra, pois adora a si mesmo.
            Para exemplo, podemos citar o Apóstolo Pedro. Sua vida pode ser dividida em dois momentos: A primeira parte foi marcada pelo orgulho, pois era extrovertido, impulsivo, gostava de estar em evidência, queria sempre se destacar e demonstrar que era melhor do que os outros discípulos; era contraditório em suas declarações, ou seja, oscilava muito em seu comportamento. Ora fazia declarações de ter muita fé e coragem, ora se apresentava como covarde e mentiroso.
    
Mateus 26:33. Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me escandalizarei.
(...)
Marcos 14:66-68. E, estando Pedro embaixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote; e, vendo a Pedro, que estava se aquentando, olhou para ele e disse: Tu também estavas com Jesus, o Nazareno. Mas ele negou-o, dizendo: Não o conheço, nem sei o que dizes. E saiu fora ao alpendre, e o galo cantou.
(...)
Lucas 22:33. E ele lhe disse: Senhor, estou pronto a ir contigo até a prisão e á morte.

A segunda parte de sua vida foi quando ele foi desmascarado pelo próprio Jesus. E a partir de então, começou a entender que dependia de Deus. Assim, Pedro deixou vazar sua autoconfiança, pois ele achava que era forte o suficiente para enfrentar o martírio. Ele passou a entender que era fraco, de barro e de pó, haja vista que ninguém pode manter-se de pé, escorado no bordão da autoconfiança e da autosuficiência.
O orgulho nos coloca num pedestal alto demais e depois tira a escada. Ele nos leva a crer que somos mais fortes do que apresentamos ser. O apóstolo Paulo escreveu a este respeito, ao dizer que: “Por isso, sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte”. (2 Coríntios 12:10).

3. A Máscara da Hipocrisia.
           
A hipocrisia é um verdadeiro disfarce, um engano, um fingimento. O hipócrita é um ator que representa um papel diferente daquilo que é na vida real. Ele vive de aparências. É a pessoa que faz com que sua luz brilhe de tal forma diante dos outros que eles não possam saber o que está acontecendo por detrás dela.
Nossa verdadeira identidade surge quando estamos sozinhos, longe de casa, da cidade, dos amigos, da igreja, dos holofotes. “Não há nada pior do que sermos por fora, aquilo que não somos por dentro” (Lopes). Há muitas pessoas vivendo em pecado e, ao mesmo tempo, fazendo a obra de Deus como se tudo estivesse normal. (o palhaço do circo – muito deprimido)
Um grande personagem Bíblico usou esta máscara: o rei Davi. Foi pastor de ovelhas, de coração integro, de conduta irrepreensível, de alma piedosa, amante a Deus e um grande adorador. Era um homem bonito por fora e por dentro. Um homem segundo o coração de Deus.
Entretanto, ele não só adulterou com a mulher de Urias, mas tentou encobrir o seu pecado. Ele não queria perder a pose de rei, não queria que as pessoas soubessem de seu abominável adultério e do seu hediondo crime de ter mandado matar o marido de Bate-Seba.
Assim, colocou uma grande máscara e continuou levando uma vida com se nada tivesse acontecido. Por dentro estava arrasado, mas por fora mantinha as aparências. E, ainda pior, tentou demonstrar generosidade ao casar-se com a viúva desamparada. Estava decidido a continuar fingindo, até o dia em que sua máscara foi arrancada pelo profeta Natã.

2 Samuel 12:1,3-7. E o Senhor enviou Natã a Davi (...). Havia numa cidade dois homens, um rico e um pobre. (...). Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena cordeira que comprara e criara (...). E vindo um viajante ao homem rico, deixou este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para assar para o viajante que viera a ele, e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para ele. Então o furor de Davi se ascendeu em grande maneira contra aquele homem, e disse a Natã: Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso. (...). Então disse Natã a Davi: Tu és este homem. Assim diz o Senhor Deus de Israel: Eu te ungi rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul.

O hipócrita é implacável com os outros e maleável consigo mesmo. O rei Davi condenava aquilo que ele mesmo estava praticando. O coração corrupto de Davi o enganou até que, confrontado, arrependeu-se amargamente e libertou-se das algemas do pecado.
 Mas, mesmo sendo perdoado por Deus, as consequências deste grave pecado o afetaram (a si e sua família) durante seus próximos vinte e cinco anos: “Agora, pois, não se apartará a espada jamais de sua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher” (2 Samuel 12:10).

4. A Máscara da Duplicidade.

            Existem máscaras para todo o gosto e ocasiões. Esta variedade é equivalente ao quanto variam também às personalidades humanas. As pessoas que vestem e usam esta máscara, tem dois pesos e duas medidas, isto é, aos outros elas tratam com o rigor da lei; e a eles com a doçura da graça.
            São pessoas que só querem o bônus, mas aos outros, o ônus (responsabilidades). Para os outros o trabalho e a luta, para eles a recompensa e os elogios. Aos outros as críticas e os bastidores, a eles o palco e os holofotes. Essas pessoas tem uma autoestima doente, por isso tentam esconder a feiura do próprio rosto, jogando lama no rosto dos outros.
            Sentem prazer e alegria na desgraça do outro. Eles possuem uma visão distorcida e dupla da vida. São preconceituosas, presunçosas, gananciosas, avarentas, desequilibrados emocionalmente. São pessoas de duas caras, de duas personalidades, ou seja, é uma coisa aqui e outra ali.
            Em certa ocasião, o apóstolo Paulo teve que repreender severamente a Pedro na presença de outras pessoas, porque ele estava adotando uma atitude assim, isto é, uma postura dupla.
    
Gálatas 2:11-12,14. E, chegando á Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível. Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os gentios (pagãos, impios); mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se apartou deles, temendo os que eram da circuncisão. (...). Mas, quando vi que não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?

Entre tantos outros personagens que poderiam ser citados aqui, escolhemos fazer referência a Naamã, um general da Síria. Ele era um grande líder, amado e admirado pelo povo e temido pelas outras nações. Sua fama percorria todo o país e seu nome era celebrado nas praças públicas. No entanto, ele era leproso.
Com sua armadura era um sucesso, mas sem ela, um homem desprezível. Lá fora e a frente do exército famoso, em casa leproso. Ele tinha duas vidas totalmente distintas: uma no exterior que era um tremendo sucesso e, outra, principalmente, em seu interior, lastimável.
Ele queria estender sua vida exterior, ou seja, de sucesso, onde os holofotes se voltavam para ele, para que o mundo girasse ao seu redor. Queria determinar a liturgia do culto de sua cura ao profeta Eliseu, por entender que sua fama merecia tal comportamento das outras pessoas. E quando não recebeu o tratamento que achava merecer, desacreditou e ficou indignado com as palavras do profeta de Deus: “Não são porventura Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles, e ficar purificado? E voltou-se, e se foi com indignação”. (2 Reis 5:12).

5. A Máscara da Falsa Modéstia.

            Uma característica marcante das pessoas que usam esta máscara é a capacidade que possuem de rebaixar-se para que sejam destacadas, vistas e promovidas pelos homens. O rei Saul conseguiu por um período de tempo esconder sua verdadeira identidade atrás desta máscara (1 Samuel 10:22).
            Os fariseus são exemplos característicos deste tipo de comportamento. Eles oravam em local público e quando jejuavam, apareciam com seus rostos desfigurados para que todos percebessem: “E, quando jejuardes, não vos mostrei contristados como os hipócritas, porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão” (Mateus 6:16).
            Jerônimo, considerado o pai da igreja, alertava sobre o perigo dessa máscara: “Normalmente, quem tenta vender uma imagem de modéstia e humildade, esconde atrás dessa máscara uma personalidade altiva, soberba e vaidosa
Ele faz uma comparação com o Albatroz. Esta ave não consegue fazer voos altaneiros nem longínquos, devido ao seu grande papo. As pessoas que usam esta máscara gostam de chamar a atenção para si mesma, gostam de estar sob os holofotes. Se bobear, jogam confetes em si mesmo. Proclamam suas próprias virtudes e tentam impressionar os demais, dizendo-se humildes.
Eles precisam se converter e fazer igual ao Apóstolo Paulo: “Eu sou o menor dos apóstolos, o menor dos santos e o maior dos pecadores. E, sou o que sou, pela graça de Deus”.   
             
6. A Máscara da Justiça Própria.

            Os usuários desta máscara observam com muito critério, os valores e padrões exteriores, mas na mente e no seu coração esses padrões não existem. Eles vivem uma mentira, uma farsa. Há um grande abismo entre o que aparentam ser e o que de fato são.  São bonitos por fora e podres por dentro, ou seja, “sepulcros caiados” (Mateus 23:27).  Em publico são um referencial de santidade, mas no secreto revelam a feiura de um cadáver torto e mundano.
            O escritor John Mackay em seu livro: O Sentido da Vida, conta a história de um homem muito rico, chamado de Peer Gynt de Ibsen, que queria descobrir o sentido da vida humana. Para isso, largou tudo e saiu pelo mundo a fora em busca de prazer e realização pessoal. Conheceu todos os Continentes, percorreu muitos países e cidades, cruzou muitos mares, enfim, se deleitou em todos os prazeres que o mundo oferece e que o dinheiro pode proporcionar.
             Ele resolveu voltar para sua casa, já velho, cansado, frustrado, vazio e sedento para descobrir o significado de viver. Chegando ao seu velho lar, foi direto para o quintal e começou a meditar sobre o sentido da vida. Se dirigiu ao canteiro de cebola e começou a cavar o chão, arrancando  das entranhas da terra o tubérculo.
            Começou pausadamente a descascar a cebola e, a cada casca tirada, pensava numa atividade e experiência vivida. Ao final, tirou a última casca da cebola e descobriu que ela não tem cerne, mas somente casca. Tomado de profunda tristeza, disse: “Assim foi minha vida, só casca”. Ele viveu toda a sua vida usando uma máscara, aparentando ser quem não era.
            Muitas pessoas que usam esta máscara professam ser ortodoxos de cabeça, mas hereges de conduta. São observadores dos preceitos externos da Lei, mas transgressores fieis desta mesma Lei. Cobram em público (na igreja, em casa, no trabalho), o que praticam em secreto. Coam um mosquito e engolem um camelo (Mateus 23:24). Proclamam e propagam uma justiça própria que não possuem.
            Para nós, o grande exemplo - os Fariseus: eram bonitos por fora, zelosos pelas tradições, pareciam muito espirituais, faziam longas orações, jejuavam duas a três vezes por semana, frequentavam assiduamente a Sinagoga e devolviam criteriosamente o dizimo. Eles enganavam muito bem ás pessoas, mas o nosso Mestre Jesus não.
            Ele os examinava minuciosamente, percebendo que praticavam uma justiça própria que era revestida por uma grotesca máscara. Eles os comparou a um copo que é lavado somente por fora, mas por dentro estão cheio de sujeiras e, também, aos sepulcros caiados; enfeitados e floridos por fora, mas por dentro cheio de podridão.
            O jovem rico que foi até Jesus e perguntou-lhe o que era necessário para herdar a Vida Eterna (Lucas ......): Ele foi a pessoa certa – Jesus; com a motivação certa – a Salvação; com uma postura correta – ajoelhou-se aos pés de Jesus; fez uma pergunta certa – o que era preciso fazer para herdar a salvação eterna. Entretanto, adotava uma aparência de piedade, ou seja, vivia de forma incorreta. Na verdade, não era aquilo que professara a Jesus, pois não era um cumpridor da Lei. Quebrara dois de seus principais Mandamentos: primeiro, não amava a Deus e, segundo, muito menos, amava ao seu próximo.
O grande problema desta máscara, é que ela apresenta uma propaganda totalmente enganosa. Geralmente, seus usuários são pessoas inseguras e com complexo de inferioridade, por isso, precisam estar sempre se elogiando, como uma forma de se auto afirmarem.

7.  A Máscara da Frieza ou da Falta de Perdão:

            Damos o nome desta máscara de “reserva”. Muitas vezes, somos um sarcófago, um tumulo existencial. Não nos abrimos com ninguém, não compartilhamos nada de nossa intimidade, dos pensamentos, dos desejos. Não confessamos os pecados, não compartilhamos sentimentos secretos, não dividimos a carga com ninguém.
            Guardamos a sete chaves os porões da memória e escondemos com muito cuidado o entulho que acumulamos no coração. Isolamos-nos e nos trancamos dentro de uma caverna existencial, com medo da rejeição, caso descubram quem de fato somos. A fala e a ideia de que para sermos amados e aceitos pelas pessoas, é de que precisamos ser perfeitos é uma tremenda mentira.
            Temos medo de que nos vejam como de fato somos. Por isso, preferimos o conforto da superficialidade. Precisamos estar atentos, pois a máscara da frieza endurece o coração para a pratica do perdão. E perdoar não é tarefa fácil. É mais fácil falar sobre o perdão do que perdoar.
            J, C. Lewis disse: “É fácil falar sobre o perdão, até você ter alguém para perdoar”. Há muitas pessoas esmagadas sob o peso avassalador da mágoa. Carregam no peito rios caudalosos de ressentimentos e são arrastados pelos dilúvios do ódio. “Quem não se abre para o perdão, fecha-se para a própria vida”. Quem não perdoa não tem paz. Quem não perdoa não pode orar ( Marcos 11:25) e nem ofertar (Mateus 5:23-24). Não pode nem receber perdão (Marcos 11:26).
            Thomas Watson disse que: “Uma pessoa pode ir para o inferno por não perdoar tanto quanto por não crer”. Quem não perdoa adoece e torna-se escravo de seus próprios sentimentos. O ato de perdoar não é uma mera questão de sentimento, mas de atitude. Nós, cristãos, não temos outra opção: Perdoar e viver ou não perdoar e morrer.
            Hernandes Dias Lopes: relata sobre o assassinato de seu irmão – Hermes, de forma cruel e impiedosa, quando tinha 27 anos de idade: “Foi o golpe mais doloroso que já sofri na vida. Foi uma dor que me deixou atordoado. Emudeci ao receber a notícia. Fique sem chão debaixo dos meus pés. Minha carne tremia tomada pelo desespero. Meus olhos inundaram-se de lágrimas (...). No auge da minha dor, quando recobrei os sentidos, a primeira palavra que Deus colocou em meus lábios foi: Eu perdoo o assassino do meu irmão”.            
            Nós, Cristãos, não temos outra opção: é perdoar ou adoecer. Perdoar ou se enterrar vivo na cova da amargura. Ou ainda, perdoar ou colocar a máscara da frieza e fingir ser quem eu não sou. A Bíblia (o próprio Deus) nos ensina a perdoar como Cristo nos perdoou. O seu perdão por nós é imenso, incondicional e constante (Colossenses 3:13).
            Perdoar não é fugir do problema. Nem o silêncio é sinônimo de perdão. O perdão implica em confronto, enfrentamento do problema. É mais fácil camuflar ou jogar os problemas para debaixo do tapete. O ensino de Jesus Cristo é muito claro sobre o perdão: “Se o seu irmão pecar repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe” (Lucas 17:3).
            O perdão que devemos oferecer é ilimitado, porque o perdão que recebemos de Deus é sem limites. O Apóstolo Pedro, não entendendo a matemática de Jesus o indagou sobre o perdão: “(...): Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes. Jesus respondeu: Eu lhe digo; não até sete, mas até setenta vezes sete”. (Mateus 18: 21-22). Jesus ainda apresenta em outra ocasião, a Parábola do Credor Incompassivo para ensinar aos seus discípulos sobre o perdão a ser praticado por todos nós. Resumidamente diz assim: Um homem devia 10 mil talentos ao seu senhor. Era uma dívida impagável. Este seu Senhor (que representa a figura de Deus), compadeceu-se dele e  perdoou sua divida. Este é o perdão que recebemos de Deus ilimitado. No entanto, esse mesmo homem, tinha um conservo que lhe devia 100 denários. Ele não se compadeceu dele e o encerrou na prisão.
            O perdão está além da capacidade humana ou natural do homem. Não perdoamos porque somos bons, temos boa índole, somos educados ou possuímos um coração bondoso. Perdoamos porque o perdão é uma atitude supra-humana. É a expressão da graça de Deus em nossa vida. Em Cristo temos um novo nome, um novo coração, uma nova mente e uma nova vida.
            O perdão é uma necessidade básica para que nossa vida esteja saudável, tanto no aspecto físico, emocional e, também, espiritual.  A falta de perdão é uma espécie de prisão perpétua, um inferno na terra. O ato de perdoar alguém te liberta desta terrível prisão.
Em síntese, quem não perdoa não pode ter comunhão com Deus. Porque onde reina o perdão, há saúde, há vida, há paz.

Conclusão

            Vimos nesta abordagem, que os tipos de máscaras apresentados, acabam por se encaixar em muitos dos nossos comportamentos (homens e mulheres) atuais. É preciso entender que muitos de nós, não iremos concordar e aceitar que usamos esta ou aquela máscara diariamente. Não é fácil reconhecer que somos de mau caráter, mas a Palavra de Deus é quem afirma: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo de imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como o vento nos arrebatam” (Isaías 64:6).
            Com certeza, tanto você quanto eu, fazemos uso de pelo menos uma dessas máscaras. O quanto antes procurarmos identificar em nossos comportamentos qual delas usamos, melhor será para buscarmos a cura (o desmascaramento) em/por Deus.
E como se livrar desta máscara?  Deixando de ser um religioso (Fariseu, Falsário, Vivendo de Aparência), ou seja, enfrentando seus medos, a vergonha, o preconceito etc., para ser uma pessoa espiritual.
 E como ser uma pessoa espiritual? Se apresentando ou vivendo na sociedade como você realmente é, em sua essência (da forma que foi gerado por Deus). Não esquecendo de buscar em primeiro lugar  “o Reino de Deus e a Sua Justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33).
O correto, segundo as Escrituras, é que passemos a aceitar e assumir quem realmente somos. Enfrentando toda nossa malignidade e imperfeição para, assim, tentarmos viver melhor consigo mesmo, com Deus e com as outras pessoas (o próximo).
Que o Nosso Deus e Pai, que é Galardoador e Misericordioso, possa estar nos moldando para forjar em nós, pessoas de bom caráter. Amém!



EDUARDO VERONESE DA SILVA
Obreiro da AD Ministério IX Marcas – Cariacica/ES