Romanos 16:17-18. E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos
contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem
a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e
lisonjas enganam os corações dos simples.
Introdução
O Apóstolo
Paulo, neste capítulo 16, direciona recomendações e advertências específicas
para a Igreja de Cencréia, uma cidade próxima de Corinto. Em seus primeiros
versículos (vv.1-14), ele saúda e enaltece as pessoas que trabalhavam
fervorosamente para o Senhor, entre eles, ele faz questão de destacar a atuação
de oito mulheres: Febe, Priscila, Maria, Júnia, Trifena, Trifosa, Pérside e
Júlia.
Essas mulheres, além de ministrarem
aos pobres, enfermos e aos necessitados, abrigavam e prestavam assistência a
missionários, inclusive ao próprio Paulo (Febe). Nota-se que a ênfase dada pelo
apóstolo a essas mulheres, indica a grande relevância dos serviços prestados por
elas à igreja de Cencréia.
Entretanto, no decorrer do texto da
Epístola (vv.17-18), Paulo faz severa advertência sobre pessoas que
aproveitavam a inocência e bondade dos cristãos (inclusive, ás mulheres) para
lesar á igreja, distorcendo o ensino Bíblico de Paulo e dos demais Apóstolos.
Esses falsos mestres eram oradores eloquentes, apresentavam-se elegantemente e
pregavam palavras agradáveis aos ouvidos. Eram educados e bajulavam com muitos elogios
os irmãos daquela cidade (e igreja).
Infelizmente,
em nossos dias não é tão diferente do que estava acontecendo lá. Grande parte
das pessoas são bem comportadas e educadas em suas apresentações públicas, ou
seja, em certos lugares e em relação ao público que as rodeiam (na igreja ou
entre pessoas Cristãs). Em outros ambientes sociais, nem parecem ser a mesma
pessoa, pois seus comportamentos são totalmente diferentes do que realmente
aparentam ser. Querem ser aceitas pelos outros, mas apresentando outra conduta e,
com isso, vivem de uma falsa aparência. “Elas
tentam substituir a essência pela forma” (Hernandes Dias Lopes).
Assim, é um
sucesso na rua, mas um desequilibrado dentro de casa. Uma benção na igreja, mas
um tormento para a família. São aparentemente piedosos entre os cristãos, mas
em casa apresentam uma rigorosidade demoníaca.
No trabalho é
assíduo, prestativo e respeitoso, bem conceituado entre os colegas de serviço e
com o patrão, mas em casa, um imprestável e trata a família com muito desprezo.
Na verdade, estas pessoas vivem de aparência, pois oscilam de comportamentos,
são muito amáveis com alguns e extremamente severos com outros.
Tendo este
comportamento, não adianta passar horas orando de joelhos na igreja e ao chegar
a sua casa, tratar a esposa e os filhos (ou seus pais) com muita arrogância e
crueldade. Não adianta ser um intercessor na igreja e, em casa, um acusador ao extremo.
Na igreja, uma benção, em casa, uma maldição. Na igreja, um cordeiro, em casa,
um lobo indomável.
Portanto, a grande pergunta é: você é o que aparenta ser? Ou qual máscara
você está usando?
Desenvolvimento
Alguém já disse que: “o outro nunca
é do jeito que desejaríamos que fosse. Nossa cultura impede que nos mostremos como
realmente somos, principalmente quando somos fracos ante ao medo ou qualquer outra
situação. E, assim, não somos o que demostramos ser. Com isso, compensamos
nossos reais sentimentos de insegurança e fragilidade por comportamentos
mesquinhos de ciúme, inveja, mentira e hipocrisia. Na realidade, para atrair as
pessoas até nós e sermos aceitos por elas, vivemos diariamente usando máscaras.
(...). Estamos a todo o tempo e o tempo todo, tentando passar uma imagem de ser
alguém diferente do que aparentamos ser”.
O Salmista
descreve muito bem sobre o assunto ao afirmar que: “Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na
verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará” (Salmo 39:6).
Nas Escrituras
(na Bíblia), encontramos vários personagens que poderiam ser lembrados por usarem
máscaras, ou seja, que representaram muito bem como atores diante da plateia
que lhes interessava impressionar e, pouco tempo depois, em outro ambiente
social e diante de outro público (ou em casa), voltava a ser quem realmente é.
A máscara ao
qual é referida aqui, não é apenas aquele artefato de papel, pano, ferro ou de
qualquer outro material fabricado manualmente ou pela indústria, com o objetivo
de cobrir o rosto para resguardar a identidade de quem a usa.
Ela vai muito,
muito, além disso. Neste caso, representa um desvio de conduta (duplicidade ou
dubiedade,) um defeito de caráter. O seu usuário (a), quer tentar passar uma
imagem de forma positiva para as outras pessoas, enquanto que, em seu
cotidiano, são totalmente opostas ao que apresenta e aparenta ser publicamente
(exteriormente).
Diante disso,
para nosso aprendizado e reflexão, serão apresentadas algumas dessas máscaras e,
com certeza, eu e você, nos enquadraremos em alguma ou algumas delas.
1. A Máscara da Piedade:
Numa linguagem jovial, os que se
utilizam desta máscara, fazem ou apresentam uma propaganda enganosa de si
mesmo. Sacrificam a essência do seu ser, da forma que foi criado por Deus e
eleva a voz aos gritos a proclamar não o que são, mas o que aparentam ser. Estes
se vestem com peles de ovelhas, enquanto que dentro de seu peito, bate um
coração de lobo voraz. As pessoas que usam esta máscara são, na verdade, falsos
cristãos e transmitem uma mensagem falsa do Evangelho: são lobos devoradores que invadiram o aprisco das ovelhas.
Mateus 7:15. Acautelai-vos,
porém, dos falsos profetas, que vem até vós vestidos como ovelhas, mas,
interiormente, são lobos devoradores.
Elas, com esse
comportamento, conspiram contra o caráter santo de Deus. O falso piedoso mente
para Deus, para si mesmo e para o mundo
(outros). Anunciam e vendem um produto que não possuem. Seu rosto é de santo,
mas sua vida é profana. Sua aparência é de anjo, mas seu coração é de demônio.
As pessoas que
usam esta máscara costumam apresentar o seguinte perfil: - Necessitam de ser
elogiadas; - Não toleram críticas; Tem que estar em evidência, ou seja, gostam
de ser vistas e ouvidas; - Buscam aprovação dos homens do que o agrado de Deus;
- São orgulhosas, - Estão sempre preocupadas com sua imagem (reputação) perante
às pessoas do que com a glória de Deus e, - Tentam se convencer de que agradam
a Deus, mesmo vivendo uma vida de mentira e pecados.
2 Coríntios 3:13. E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que
os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório.
Moisés passou quarenta dias no
cume do monte Sinai, diante do Senhor. E a glória de Deus foi tão grande que o
monte estremeceu. Quando ele desceu, o seu rosto resplandecia pela “shekiná”
de Deus, ao ponto em que ninguém podia olhar para ele por causa do intenso
brilho em sua face. Sendo assim, ele colocou um véu sobre seu rosto para que as
pessoas pudessem se aproximar dele. Entretanto, com o passar do tempo, o brilho
de seu rosto desvaneceu, mas ele continuou a usar o véu. Ele não queria que o povo
soubesse que a manifestação da glória de Deus tinha sido transitória. Queria
continuar a enganar o povo com aquele comportamento, usando o véu como sendo
sua máscara.
2. A Máscara do Orgulho:
Por natureza, o homem normalmente é
orgulhoso. Ele tem um apetite exageradamente grande de ser aplaudido e
reconhecido pelas pessoas. Quem usa esta máscara, quer sempre se destacar entre
os demais e gostam de chamar a atenção para sua própria imagem.
Não toleram viver fora do palco, pois tem
necessidade de estar em evidência. São totalmente insatisfeitas com a sua
condição ou posição (social e profissional). O orgulhoso é aquele que quer aparentar ser quem não é.
Agostinho de Hipona disse que: “Foi o orgulho que
transformou anjos em demônios” (Lucífer). Os Israelitas foram orgulhosos ao se
rebelarem contra a Lei de Deus no Sinai, mas nós somos tão orgulhosos quanto
eles, pois o coração que bate em nosso peito tem as mesmas tendências
pecaminosas.
Podemos até não verbalizar isso, mas
demonstramos com nossas atitudes diárias: - não gostamos de orar; - não
gostamos de ler a Palavra de Deus; - não vivemos aos pés do Senhor; - achamos
que podemos resolver os problemas por nossos próprios meios, sem precisar da
ajuda e dos recursos de Deus.
Thomas
Adams disse sobre o tema que: “Foi o orgulho que lançou Nabucodonosor para fora da sociedade
dos homens. O orgulhoso Saul a ser
destituído de seu reino; Adão ser
posto para fora do paraíso e Lucífer
expulso do céu”. No sentido religioso, o orgulho é uma atitude de autonomia e
de independência de Deus. Logo, todo orgulhoso é idólatra, pois adora a si
mesmo.
Para exemplo, podemos citar o
Apóstolo Pedro. Sua vida pode ser dividida em dois momentos: A primeira parte
foi marcada pelo orgulho, pois era extrovertido, impulsivo, gostava de estar em
evidência, queria sempre se destacar e demonstrar que era melhor do que os
outros discípulos; era contraditório em suas declarações, ou seja, oscilava
muito em seu comportamento. Ora fazia declarações de ter muita fé e coragem,
ora se apresentava como covarde e mentiroso.
Mateus 26:33. Mas Pedro,
respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem em ti, eu nunca me
escandalizarei.
(...)
Marcos 14:66-68. E, estando Pedro embaixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo
sacerdote; e, vendo a Pedro, que estava se aquentando, olhou para ele e disse:
Tu também estavas com Jesus, o Nazareno. Mas ele negou-o, dizendo: Não o
conheço, nem sei o que dizes. E saiu fora ao alpendre, e o galo cantou.
(...)
Lucas 22:33. E ele lhe
disse: Senhor, estou pronto a ir contigo até a prisão e á morte.
A segunda parte
de sua vida foi quando ele foi desmascarado pelo próprio Jesus. E a partir de
então, começou a entender que dependia de Deus. Assim, Pedro deixou vazar sua
autoconfiança, pois ele achava que era forte o suficiente para enfrentar o
martírio. Ele passou a entender que era fraco, de barro e de pó, haja vista que
ninguém pode manter-se de pé, escorado no bordão da autoconfiança e da
autosuficiência.
O orgulho nos
coloca num pedestal alto demais e depois tira a escada. Ele nos leva a crer que
somos mais fortes do que apresentamos ser. O
apóstolo Paulo escreveu a este respeito,
ao dizer que: “Por isso, sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas
necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando
estou fraco então sou forte”. (2
Coríntios 12:10).
3. A Máscara da Hipocrisia.
A hipocrisia é
um verdadeiro disfarce, um engano, um fingimento. O hipócrita é um ator que representa um papel diferente daquilo que é
na vida real. Ele vive de aparências. É a pessoa que faz com que sua luz
brilhe de tal forma diante dos outros que eles não possam saber o que está
acontecendo por detrás dela.
Nossa
verdadeira identidade surge quando estamos sozinhos, longe de casa, da cidade, dos
amigos, da igreja, dos holofotes. “Não
há nada pior do que sermos por fora, aquilo que não somos por dentro”
(Lopes). Há muitas pessoas vivendo em pecado e, ao mesmo tempo, fazendo a obra
de Deus como se tudo estivesse normal. (o palhaço do circo – muito deprimido)
Um grande
personagem Bíblico usou esta máscara: o
rei Davi. Foi pastor de ovelhas, de coração integro, de conduta
irrepreensível, de alma piedosa, amante a Deus e um grande adorador. Era um
homem bonito por fora e por dentro. Um homem segundo o coração de Deus.
Entretanto, ele
não só adulterou com a mulher de Urias, mas tentou encobrir o seu pecado. Ele
não queria perder a pose de rei, não queria que as pessoas soubessem de seu
abominável adultério e do seu hediondo crime de ter mandado matar o marido de
Bate-Seba.
Assim, colocou
uma grande máscara e continuou levando uma vida com se nada tivesse acontecido.
Por dentro estava arrasado, mas por fora mantinha as aparências. E, ainda pior,
tentou demonstrar generosidade ao casar-se com a viúva desamparada. Estava
decidido a continuar fingindo, até o dia em que sua máscara foi arrancada pelo
profeta Natã.
2 Samuel 12:1,3-7. E o Senhor enviou Natã a Davi (...). Havia numa cidade dois homens, um
rico e um pobre. (...). Mas o pobre não tinha coisa nenhuma, senão uma pequena
cordeira que comprara e criara (...). E vindo um viajante ao homem rico, deixou
este de tomar das suas ovelhas e das suas vacas para assar para o viajante que
viera a ele, e tomou a cordeira do homem pobre, e a preparou para ele. Então o
furor de Davi se ascendeu em grande maneira contra aquele homem, e disse a
Natã: Vive o Senhor, que digno de morte é o homem que fez isso. (...). Então
disse Natã a Davi: Tu és este homem. Assim diz o Senhor Deus de Israel: Eu te
ungi rei sobre Israel, e eu te livrei das mãos de Saul.
O hipócrita é
implacável com os outros e maleável consigo mesmo. O rei Davi condenava aquilo
que ele mesmo estava praticando. O coração corrupto de Davi o enganou até que,
confrontado, arrependeu-se amargamente e libertou-se das algemas do pecado.
Mas, mesmo sendo perdoado por Deus, as
consequências deste grave pecado o afetaram (a si e sua família) durante seus
próximos vinte e cinco anos: “Agora, pois, não se apartará a espada jamais de
sua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para
que te seja por mulher” (2 Samuel 12:10).
4. A Máscara da
Duplicidade.
Existem
máscaras para todo o gosto e ocasiões. Esta variedade é equivalente ao quanto variam
também às personalidades humanas. As pessoas que vestem e usam esta máscara,
tem dois pesos e duas medidas, isto é, aos outros elas tratam com o rigor da
lei; e a eles com a doçura da graça.
São pessoas que só querem o bônus, mas
aos outros, o ônus (responsabilidades). Para os outros o trabalho e a luta,
para eles a recompensa e os elogios. Aos outros as críticas e os bastidores, a
eles o palco e os holofotes. Essas pessoas tem uma autoestima doente, por isso
tentam esconder a feiura do próprio rosto, jogando lama no rosto dos outros.
Sentem prazer e alegria na desgraça
do outro. Eles possuem uma visão distorcida e dupla da vida. São
preconceituosas, presunçosas, gananciosas, avarentas, desequilibrados
emocionalmente. São pessoas de duas caras, de duas personalidades, ou seja, é
uma coisa aqui e outra ali.
Em certa ocasião, o apóstolo Paulo
teve que repreender severamente a Pedro na presença de outras pessoas, porque
ele estava adotando uma atitude assim, isto é, uma postura dupla.
Gálatas 2:11-12,14. E, chegando á Antioquia, lhe resisti na cara, porque era repreensível.
Porque, antes que alguns tivessem chegado da parte de Tiago, comia com os
gentios (pagãos, impios); mas, depois que chegaram, se foi retirando, e se
apartou deles, temendo os que eram da circuncisão. (...). Mas, quando vi que
não andavam bem e direitamente conforme a verdade do evangelho, disse a Pedro
na presença de todos: Se tu, sendo judeu, vives como os gentios, e não como
judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?
Entre tantos
outros personagens que poderiam ser citados aqui, escolhemos fazer referência a
Naamã, um general da Síria. Ele era um grande líder, amado e admirado pelo povo
e temido pelas outras nações. Sua fama percorria todo o país e seu nome era
celebrado nas praças públicas. No entanto, ele era leproso.
Com sua
armadura era um sucesso, mas sem ela, um homem desprezível. Lá fora e a frente
do exército famoso, em casa leproso. Ele tinha duas vidas totalmente distintas:
uma no exterior que era um tremendo sucesso e, outra, principalmente, em seu interior,
lastimável.
Ele queria
estender sua vida exterior, ou seja, de sucesso, onde os holofotes se voltavam
para ele, para que o mundo girasse ao seu redor. Queria determinar a liturgia
do culto de sua cura ao profeta Eliseu, por entender que sua fama merecia tal
comportamento das outras pessoas. E quando não recebeu o tratamento que achava
merecer, desacreditou e ficou indignado com as palavras do profeta de Deus:
“Não são porventura Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as
águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles, e ficar purificado? E
voltou-se, e se foi com indignação”. (2
Reis 5:12).
5. A Máscara da
Falsa Modéstia.
Uma característica marcante das
pessoas que usam esta máscara é a capacidade que possuem de rebaixar-se para que
sejam destacadas, vistas e promovidas pelos homens. O rei Saul conseguiu por um
período de tempo esconder sua verdadeira identidade atrás desta máscara (1 Samuel 10:22).
Os fariseus são exemplos
característicos deste tipo de comportamento. Eles oravam em local público e
quando jejuavam, apareciam com seus rostos desfigurados para que todos
percebessem: “E, quando jejuardes, não vos mostrei contristados como os
hipócritas, porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que
jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão” (Mateus 6:16).
Jerônimo,
considerado o pai da igreja, alertava sobre o perigo dessa máscara:
“Normalmente, quem tenta vender uma imagem de modéstia e humildade, esconde atrás dessa máscara uma
personalidade altiva, soberba e vaidosa”
Ele faz uma
comparação com o Albatroz. Esta ave não consegue fazer voos altaneiros nem
longínquos, devido ao seu grande papo. As pessoas que usam esta máscara gostam
de chamar a atenção para si mesma, gostam de estar sob os holofotes. Se bobear,
jogam confetes em si mesmo. Proclamam suas próprias virtudes e tentam
impressionar os demais, dizendo-se humildes.
Eles precisam
se converter e fazer igual ao Apóstolo
Paulo: “Eu sou o menor dos apóstolos, o menor dos santos e o maior dos pecadores.
E, sou o que sou, pela graça de Deus”.
6. A Máscara da
Justiça Própria.
Os
usuários desta máscara observam com muito critério, os valores e padrões
exteriores, mas na mente e no seu coração esses padrões não existem. Eles vivem
uma mentira, uma farsa. Há um grande abismo entre o que aparentam ser e o que
de fato são. São bonitos por fora e
podres por dentro, ou seja, “sepulcros caiados” (Mateus 23:27). Em publico
são um referencial de santidade, mas no secreto revelam a feiura de um cadáver
torto e mundano.
O
escritor John Mackay em seu livro: O Sentido da Vida, conta a história
de um homem muito rico, chamado de Peer Gynt de Ibsen, que queria
descobrir o sentido da vida humana. Para isso, largou tudo e saiu pelo mundo a
fora em busca de prazer e realização pessoal. Conheceu todos os Continentes, percorreu
muitos países e cidades, cruzou muitos mares, enfim, se deleitou em todos os
prazeres que o mundo oferece e que o dinheiro pode proporcionar.
Ele resolveu voltar para sua casa, já velho,
cansado, frustrado, vazio e sedento para descobrir o significado de viver.
Chegando ao seu velho lar, foi direto para o quintal e começou a meditar sobre
o sentido da vida. Se dirigiu ao canteiro de cebola e começou a cavar o chão,
arrancando das entranhas da terra o
tubérculo.
Começou
pausadamente a descascar a cebola e, a cada casca tirada, pensava numa
atividade e experiência vivida. Ao final, tirou a última casca da cebola e
descobriu que ela não tem cerne, mas somente casca. Tomado de profunda tristeza, disse: “Assim foi minha vida, só casca”. Ele viveu toda a sua vida usando
uma máscara, aparentando ser quem não era.
Muitas
pessoas que usam esta máscara professam ser ortodoxos de cabeça, mas hereges de
conduta. São observadores dos preceitos externos da Lei, mas transgressores
fieis desta mesma Lei. Cobram em público (na igreja, em casa, no trabalho), o
que praticam em secreto. Coam um mosquito e engolem um camelo (Mateus 23:24). Proclamam e propagam uma
justiça própria que não possuem.
Para nós, o grande exemplo - os
Fariseus: eram bonitos por fora, zelosos pelas tradições, pareciam muito
espirituais, faziam longas orações, jejuavam duas a três vezes por semana,
frequentavam assiduamente a Sinagoga e devolviam criteriosamente o dizimo. Eles
enganavam muito bem ás pessoas, mas o nosso Mestre Jesus não.
Ele
os examinava minuciosamente, percebendo que praticavam uma justiça própria que
era revestida por uma grotesca máscara. Eles os comparou a um copo que é lavado
somente por fora, mas por dentro estão cheio de sujeiras e, também, aos
sepulcros caiados; enfeitados e floridos por fora, mas por dentro cheio de
podridão.
O
jovem rico que foi até Jesus e perguntou-lhe o que era necessário para herdar a
Vida Eterna (Lucas ......): Ele foi
a pessoa certa – Jesus; com a motivação certa – a Salvação; com uma postura
correta – ajoelhou-se aos pés de Jesus; fez uma pergunta certa – o que era
preciso fazer para herdar a salvação eterna. Entretanto, adotava uma aparência de
piedade, ou seja, vivia de forma incorreta. Na verdade, não era aquilo que
professara a Jesus, pois não era um cumpridor da Lei. Quebrara dois de seus
principais Mandamentos: primeiro, não amava a Deus e, segundo, muito menos,
amava ao seu próximo.
O grande problema desta
máscara, é que ela apresenta uma propaganda totalmente enganosa. Geralmente,
seus usuários são pessoas inseguras e com complexo de inferioridade, por isso, precisam
estar sempre se elogiando, como uma forma de se auto afirmarem.
7. A Máscara da Frieza ou da Falta de Perdão:
Damos
o nome desta máscara de “reserva”. Muitas vezes, somos um sarcófago, um tumulo
existencial. Não nos abrimos com ninguém, não compartilhamos nada de nossa
intimidade, dos pensamentos, dos desejos. Não confessamos os pecados, não
compartilhamos sentimentos secretos, não dividimos a carga com ninguém.
Guardamos
a sete chaves os porões da memória e escondemos com muito cuidado o entulho que
acumulamos no coração. Isolamos-nos e nos trancamos dentro de uma caverna existencial,
com medo da rejeição, caso descubram quem de fato somos. A fala e a ideia de
que para sermos amados e aceitos pelas pessoas, é de que precisamos ser perfeitos
é uma tremenda mentira.
Temos
medo de que nos vejam como de fato somos. Por isso, preferimos o conforto da
superficialidade. Precisamos estar atentos, pois a máscara da frieza endurece o
coração para a pratica do perdão. E perdoar não é tarefa fácil. É mais fácil
falar sobre o perdão do que perdoar.
J, C.
Lewis disse: “É fácil falar sobre o perdão, até você ter alguém para
perdoar”. Há muitas pessoas esmagadas sob o peso avassalador da mágoa. Carregam
no peito rios caudalosos de ressentimentos e são arrastados pelos dilúvios do
ódio. “Quem não se abre para o perdão,
fecha-se para a própria vida”. Quem não perdoa não tem paz. Quem não perdoa
não pode orar ( Marcos 11:25) e nem
ofertar (Mateus 5:23-24). Não pode
nem receber perdão (Marcos 11:26).
Thomas
Watson disse que: “Uma pessoa
pode ir para o inferno por não perdoar tanto quanto por não crer”. Quem não
perdoa adoece e torna-se escravo de seus próprios sentimentos. O ato de perdoar
não é uma mera questão de sentimento, mas de atitude. Nós, cristãos, não temos
outra opção: Perdoar e viver ou não perdoar e morrer.
Hernandes Dias Lopes: relata sobre o
assassinato de seu irmão – Hermes, de forma cruel e impiedosa, quando tinha 27
anos de idade: “Foi o golpe mais doloroso que já sofri na vida. Foi uma dor que
me deixou atordoado. Emudeci ao receber a notícia. Fique sem chão debaixo dos
meus pés. Minha carne tremia tomada pelo desespero. Meus olhos inundaram-se de
lágrimas (...). No auge da minha dor, quando recobrei os sentidos, a primeira
palavra que Deus colocou em meus lábios foi: Eu perdoo o assassino do meu irmão”.
Nós,
Cristãos, não temos outra opção: é perdoar ou adoecer. Perdoar ou se enterrar
vivo na cova da amargura. Ou ainda, perdoar ou colocar a máscara da frieza e
fingir ser quem eu não sou. A Bíblia (o próprio Deus) nos ensina a perdoar como
Cristo nos perdoou. O seu perdão por nós é imenso, incondicional e constante (Colossenses 3:13).
Perdoar
não é fugir do problema. Nem o silêncio é sinônimo de perdão. O perdão implica
em confronto, enfrentamento do problema. É mais fácil camuflar ou jogar os
problemas para debaixo do tapete. O ensino de Jesus Cristo é muito claro sobre
o perdão: “Se o seu irmão pecar repreende-o; e, se ele se arrepender,
perdoa-lhe” (Lucas 17:3).
O
perdão que devemos oferecer é ilimitado, porque o perdão que recebemos de Deus
é sem limites. O Apóstolo Pedro, não entendendo a matemática de Jesus o indagou
sobre o perdão: “(...): Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão
quando ele pecar contra mim? Até sete vezes. Jesus respondeu: Eu lhe digo; não até
sete, mas até setenta vezes sete”. (Mateus
18: 21-22). Jesus ainda apresenta em outra ocasião, a Parábola do Credor
Incompassivo para ensinar aos seus discípulos sobre o perdão a ser praticado
por todos nós. Resumidamente diz assim: Um homem devia 10 mil talentos ao seu
senhor. Era uma dívida impagável. Este seu Senhor (que representa a figura de
Deus), compadeceu-se dele e perdoou sua
divida. Este é o perdão que recebemos de Deus ilimitado. No entanto, esse mesmo
homem, tinha um conservo que lhe devia 100 denários. Ele não se compadeceu dele
e o encerrou na prisão.
O perdão está além da capacidade humana
ou natural do homem. Não perdoamos porque somos bons, temos boa índole, somos
educados ou possuímos um coração bondoso. Perdoamos porque o perdão é uma
atitude supra-humana. É a expressão da
graça de Deus em nossa vida. Em Cristo temos um novo nome, um novo coração,
uma nova mente e uma nova vida.
O
perdão é uma necessidade básica para que nossa vida esteja saudável, tanto no
aspecto físico, emocional e, também, espiritual. A falta de perdão é uma espécie de prisão
perpétua, um inferno na terra. O ato de perdoar alguém te liberta desta terrível
prisão.
Em síntese, quem não perdoa não pode ter comunhão com
Deus. Porque onde reina o perdão, há saúde, há vida, há paz.
Conclusão
Vimos nesta
abordagem, que os tipos de máscaras apresentados, acabam por se encaixar em
muitos dos nossos comportamentos (homens e mulheres) atuais. É preciso entender
que muitos de nós, não iremos concordar e aceitar que usamos esta ou aquela
máscara diariamente. Não é fácil reconhecer que somos de mau caráter, mas a
Palavra de Deus é quem afirma: “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as
nossas justiças como trapo de imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e
as nossas iniquidades como o vento nos arrebatam” (Isaías 64:6).
Com
certeza, tanto você quanto eu, fazemos uso de pelo menos uma dessas máscaras. O
quanto antes procurarmos identificar em nossos comportamentos qual delas
usamos, melhor será para buscarmos a cura (o desmascaramento) em/por Deus.
E como se livrar desta máscara? Deixando de ser um
religioso (Fariseu, Falsário, Vivendo de Aparência), ou seja, enfrentando seus medos,
a vergonha, o preconceito etc., para ser uma pessoa espiritual.
E como ser
uma pessoa espiritual? Se apresentando ou vivendo na sociedade como você realmente
é, em sua essência (da forma que foi gerado por Deus). Não esquecendo de buscar
em primeiro lugar “o Reino de Deus e a
Sua Justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33).
O correto, segundo as
Escrituras, é que passemos a aceitar e assumir quem realmente somos. Enfrentando
toda nossa malignidade e imperfeição para, assim, tentarmos viver melhor consigo mesmo, com Deus e com as outras pessoas
(o próximo).
Que o Nosso Deus e Pai, que
é Galardoador e Misericordioso, possa estar nos moldando para forjar em nós,
pessoas de bom caráter. Amém!
EDUARDO
VERONESE DA SILVA
Obreiro da AD Ministério IX
Marcas – Cariacica/ES
E-mail:
proerdveronese@gmail.com
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