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sexta-feira, 10 de junho de 2016

ANDAR COM CRISTO NÃO É SINÔNIMO DE CONHECÊ-LO!

Lucas 12:13-21

Introdução

            O texto escolhido para estarmos falando sobre esse assunto é bem pertinente, haja vista que durante seu ministério terreno, muitas pessoas viram e estiveram com a pessoa de Jesus Cristo. Algumas delas, inclusive tiveram o privilégio de serem testemunhas de alguns de seus milagres ou, ainda, de serem beneficiados por eles.
Poderíamos citar aqui vários de seus milagres, mas colocarei em relevo apenas três para nossa reflexão: a pesca maravilhosa (Lucas 5:1-7); a cura de dez leprosos (Lucas 17:12-19) e a primeira multiplicação dos pães e peixes (Mateus 14:15-21); mas, mesmo assim, parece que esse  povo não O conhecia.
Interessante registrar, que a primeira pergunta feita a Jesus por Pilatos, governador romano, foi: “(...), e disse-lhe: “Tu és o rei dos judeus?” (João 18:33). Nota-se que ele não deveria conhecer Jesus, mesmo já tendo ouvido falar sobre Ele e seus feitos por todas as regiões e províncias dominadas pelo Império Romano.
Nem mesmo seus discípulos pareciam conhecê-LO. Certa vez, quando Jesus conversava com eles, tentando tranquiliza-los sobre a necessidade de ter que voltar ao seu Lar Celestial, Tomé e Filipe indagaram-lhe:

João 14:5-9. Disse Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto.  Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a mim vê o Pai, e  como dizes tu: Mostra-nos o Pai?  

Nesse texto, entre tantos outros, podem ser extraídos vários ensinamentos do Mestre Jesus, mas gostaria de destacar sobre o total desconhecimento dos próprios discípulos acerca da pessoa de Jesus Cristo, muito embora tivessem estado com Ele por bom tempo.

Desenvolvimento

            Com base nesta breve introdução e fundamentado na Palavra de Deus, pode-se concluir que: o fato de estarmos indo a igreja, frequentando os cultos diariamente e lendo a Palavra de Deus, não é garantia absoluta de que conhecemos a Cristo. E, de acordo com a fala do próprio Cristo direcionada a Pedro (Mateus 16:13-17), se não for por meio da ação do Espírito Santo em nós, jamais O conheceremos com total profundidade.

Verso 13: Conhecimento Equivocado Sobre a Pessoa de Jesus: (...): Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança:

Um dos homens que estavam em meio à multidão que seguia a Jesus, faz-lhe este pedido. Um ponto a ser observado neste verso, é que este homem devia estar em litígio contra seu irmão acerca da partilha da herança de sua família.
Outro ponto que podemos colocar em relevo refere-se a que, provavelmente, ele seguia a Jesus por algum tempo, haja vista que por onde Ele passava ou permanecia, atraia um grande número de pessoas que o acompanhavam.
Talvez, por esse motivo, esse homem sentiu-se com a liberdade de fazer-lhe este pedido, achando que, por acompanhá-lo durante esse tempo, já O conhecesse. Como escreveu o profeta Oséias, precisamos prosseguir em conhecer ao Senhor: “Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oséias 6:3).
Ele estava vendo na pessoa de Jesus Cristo como sendo um “Conciliador Familiar” ou um “Transgressor da Lei”. Caso o seu pedido fosse atendido por Cristo, isso O levaria a violar a lei, pois ela dava garantias e privilégios maiores ao filho primogênito (primeiro filho a nascer do sexo masculino); como por exemplo, receber o dobro da herança; ter uma alimentação melhor, suceder o pai no reinado ou como sendo a cabeça da família etc.

Verso 14: Advertido pelo próprio Jesus: (...): Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?

            O próprio Jesus mostra a ele e aos demais presentes naquele momento, que não veio a terra para ser criador ou violador das leis. Ele é o Senhor e Juiz de todas as coisas, inclusive das leis. Na verdade, Ele não veio anular, violar ou ab-rogar[1] a lei, mas sim, cumpri-la: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim destruir, mas cumprir” (Mateus 5:17).  
            Jesus Cristo se despiu de toda sua glória e majestade nos céus, para vir a terra e encarnar-se (se fazer homem, mas sem pecado), com o propósito maior de nos libertar ou nos resgatar do jugo pesado da lei (escravidão).

Gálatas 4:4-5. Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.

            Com sua vinda a terra e a sua morte na cruz, ele pagou a nossa dívida promovendo a liberdade da escravidão. Deixamos de ser servos (ou escravos) para sermos seus Filhos por adoção.

Verso 15a: Cuidado com o desejo de acumular riquezas materiais! E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza[2] (...).

            Na parte “a” desse versículo, Jesus está advertindo ao povo e, de forma especial, aquelas pessoas que colocam toda a sua confiança naquilo em que possuem, ou seja, em suas riquezas e bens materiais.
           
Salmo 20:7. Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.

Não estamos dizendo aqui, que é errado (pecado) o cristão ter prosperidade financeira, mas o grande problema é quando isso passa a se tornar numa obsessão, isto é, passa a ser sua prioridade.
Dito em outras palavras, o cristão não é grato por tudo o que Deus tem lhe dado, mas quer sempre mais. Ele transforma suas posses e riqueza em seu próprio “deus”. E o pior de tudo isso, é que a pessoa que comete esse pecado, conforme escreveu o apóstolo Paulo aos Colossenses, comete o pecado da idolatria:

Colossenses 3:5-6. Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria. Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.
           
            Vale lembrar que a avareza não está somente ligada a pessoa de grandes posses materiais e financeiras, pois o pobre também pode ser avarento. Neste caso, quando ele coloca como meta principal em acumular riquezas e, principalmente, quando não mede esforços e sacrifícios para consegui-lo. Muitas vezes, coloca sua família em grandes dificuldades em detrimento deste proposito.

Verso 15b: A nossa vida (ou existência) não está firmada nos bens materiais! (...); porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui.

O motivo da advertência de Deus neste versículo, prende-se ao fato de que a alma humana é eterna, mas as riquezas deste mundo perecem, ou seja, são temporais e passageiras. Nós, seres humanos e mortais, deveríamos buscar incessantemente as riquezas celestiais (espirituais), ou seja, as riquezas que vem do alto.

Mateus 6:19,33. Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. (...). Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

Todos aqueles que confiam em suas posses, estão fadados a ingressarem num caminho tortuoso e de sofrimento eterno, haja vista que, segundo a fala e o ensinamento do próprio Cristo “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que um rico entrar no reino de Deus” (Marcos 10:24-25). 

Versos 16-20: A Parábola do Homem Muito Rico.

Se olharmos a narrativa descrita por essa parábola pela óptica meramente humana e empresarial, diríamos com muita certeza, de que esse homem poderia ser considerado um grande empreendedor: “E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todas as minhas novidades e os meus bens” (verso 18).
Entretanto, se olharmos pela visão Teológica, isto é, pela Doutrina da Salvação ensinada por Cristo (esfera espiritual), podemos afirmar sem medo de errarmos, de que ele não passa de um “miserável pecador e egoísta”; de um louco. Ele só estava enxergando o que estava em sua frente (naquele momento), ou seja, preocupado somente com o seu próprio umbigo. Em nenhum momento pensava no porvir (vida futura; eternidade).

Vejamos a seguir, dois erros que ele cometeu:

1º. Pensava ser o possuidor de sua própria vida: desta forma, ele se colocava como sendo o criador de todas as coisas. Sendo assim, ele aderiu a uma doutrina filosófica que surgiu no final da Idade Média na Europa, conhecida como antropocentrismo. Filosofia esta, que considera o homem o centro do cosmos (das ações e atenções). Esqueceu-se totalmente do verdadeiro Criador de tudo que existe na face da terra (e, também do homem) – Deus.

Salmo 102:25. Não escondas de mim o teu rosto no dia da minha angústia, inclina para mim os teus ouvidos; no dia em que eu clamar, ouve-me depressa. (...).  Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obras das tuas mãos.
(...)
Isaías 45:18. Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez, ele a confirmou; não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o Senhor e não outro.

2º. Confiava plenamente em seu coração: a palavra descrita na narrativa em apreço nos diz que “Ele arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos” (verso 17).
Com base na Escritura, vemos que ele não buscou orientação alguma do que deveria fazer com alguém (mais especificamente, com Deus). Assim, acabou tomando a decisão por si mesmo.

Jeremias 17:9-10. Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o Senhor  esquadrinho o coração e provo as entranhas; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações.

Maldito é o homem que confia suas decisões ao seu coração, pois ele é puro sentimento e emoções. Sua natureza é enganosa e traiçoeira, e nele residem nossas vontades naturais (satisfação e prazeres da carne), ou seja, nele não habita bem algum, segundo escreveu o apóstolo Paulo:

Romanos 7:18-20. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já não faço eu, mas o pecado que habita em mim.

            Precisamos estar atentos quanto às decisões tomadas e impulsionadas por nossos sentimentos, vontades e emoções (que partem do coração), por isso nos advertiu o profeta Jeremias ao dizer que: “enganoso é o coração (...)”. Ele nos exorta a tomar muito cuidado com essas decisões.
O sábio Salomão também escreveu a respeito do nosso coração: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem às saídas da vida” (Provérbios 4:23). Dentre tantas coisas que devemos guardar, ele nos exorta a guardar o nosso coração, com o significado de “nos” guardar de si mesmos.

Verso 21: Será que você entende o que é realmente ser Rico?  Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.

A pergunta a ser feita neste ponto é: Qual é a sua maior riqueza?  Se a sua resposta não for Cristo, você jamais será rico para com Deus: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gálatas 6:14).
Para você estar inserido na riqueza conforme ensina a Palavra de Deus e o próprio Cristo, independente das circunstâncias, você deve glorificá-lo e adorá-lo todos os dias de sua vida. E demonstrar total satisfação com tudo que Ele tem lhe proporcionado. E, como disse John Bunnyan: “Tomara que possamos depender mais do Deus vivo, do que das nossas próprias forças”.

Conclusão  

            Para concluirmos esta mensagem, vamos voltar ao dialogo de Jesus com seus discípulos, principalmente quando indaga-lhes sobre o que dizia o povo  a seu respeito, isto é, quem diziam que Ele era: “E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas” (Mateus 16:13-14).
            Jesus não estava preocupado com o que o povo pensava a seu respeito, mas fez esta pergunta logo em seguida, para buscar o que Ele queria, isto é, saber o que seus discípulos pensavam a seu respeito: “(...): E vós, quem dizeis que eu sou?” O apóstolo Pedro, respondendo, disse: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo?” (Mateus 16:15-16).
Após a resposta de Pedro, o próprio Cristo diz que ele não a respondeu meramente pelo seu conhecimento humano (inteligência), mas pela revelação do Pai que estás nos céus.  Dito em outras palavras, foi o Espírito Santo de Deus quem impulsionou a ele a dar-lhe esta resposta.
Portanto, se quisermos conhecer em profundidade, largura, cumprimento e extensão a pessoa de Jesus Cristo, precisamos aceita-lo como nosso Senhor (somos sua propriedade) e Salvador (somente Ele pode nos libertar das amarras do pecado); ler a sua Palavra diariamente (as Escrituras Sagradas), Orar sem cessar (buscar viver em santidade) e pedir que o Espirito Santo (habite totalmente em nosso ser).
Desta forma, podemos ser impulsionados por Ele (Santo Espírito), igualmente ao apóstolo Pedro, passando realmente a conhecê-LO.


EDUARDO VERONESE DA SILVA
Membro da AD Ministério IX Marcas
Campo Grande, Cariacica/ES.



[1] Ab-rogar. Fazer cessar a existência ou a obrigatoriedade de uma lei.  2. Cair em desuso ou suprimir.
[2] Avareza. É o apego demasiado e sórdido pelo dinheiro. 2. É o desejo ardente de acumular riquezas.