Lucas 12:13-21
Introdução
O
texto escolhido para estarmos falando sobre esse assunto é bem pertinente, haja
vista que durante seu ministério terreno, muitas pessoas viram e estiveram com a
pessoa de Jesus Cristo. Algumas delas, inclusive tiveram o privilégio de serem
testemunhas de alguns de seus milagres ou, ainda, de serem beneficiados por
eles.
Poderíamos
citar aqui vários de seus milagres, mas colocarei em relevo apenas três para
nossa reflexão: a pesca maravilhosa (Lucas
5:1-7); a cura de dez leprosos (Lucas
17:12-19) e a primeira multiplicação dos pães e peixes (Mateus 14:15-21); mas, mesmo assim,
parece que esse povo não O conhecia.
Interessante
registrar, que a primeira pergunta feita a Jesus por Pilatos, governador
romano, foi: “(...), e disse-lhe: “Tu és o rei dos judeus?” (João 18:33). Nota-se que ele não
deveria conhecer Jesus, mesmo já tendo ouvido falar sobre Ele e seus feitos por
todas as regiões e províncias dominadas pelo Império Romano.
Nem
mesmo seus discípulos pareciam conhecê-LO. Certa vez, quando Jesus conversava
com eles, tentando tranquiliza-los sobre a necessidade de ter que voltar ao seu
Lar Celestial, Tomé e Filipe indagaram-lhe:
João
14:5-9. Disse Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde
vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade
e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim,
também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto. Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus:
Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem me vê a
mim vê o Pai, e como dizes tu:
Mostra-nos o Pai?
Nesse
texto, entre tantos outros, podem ser extraídos vários ensinamentos do Mestre
Jesus, mas gostaria de destacar sobre o total desconhecimento dos próprios discípulos
acerca da pessoa de Jesus Cristo, muito embora tivessem estado com Ele por bom tempo.
Desenvolvimento
Com
base nesta breve introdução e fundamentado na Palavra de Deus, pode-se concluir
que: o fato de estarmos indo a igreja, frequentando os cultos diariamente e
lendo a Palavra de Deus, não é garantia absoluta de que conhecemos a Cristo. E,
de acordo com a fala do próprio Cristo direcionada a Pedro (Mateus 16:13-17), se não for por meio
da ação do Espírito Santo em nós, jamais O conheceremos com total profundidade.
Verso 13: Conhecimento
Equivocado Sobre a Pessoa de Jesus:
(...): Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança:
Um
dos homens que estavam em meio à multidão que seguia a Jesus, faz-lhe este
pedido. Um ponto a ser observado neste verso, é que este homem devia estar em
litígio contra seu irmão acerca da partilha da herança de sua família.
Outro
ponto que podemos colocar em relevo refere-se a que, provavelmente, ele seguia
a Jesus por algum tempo, haja vista que por onde Ele passava ou permanecia, atraia
um grande número de pessoas que o acompanhavam.
Talvez,
por esse motivo, esse homem sentiu-se com a liberdade de fazer-lhe este pedido,
achando que, por acompanhá-lo durante esse tempo, já O conhecesse. Como
escreveu o profeta Oséias, precisamos prosseguir em conhecer ao Senhor: “Então
conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor” (Oséias 6:3).
Ele
estava vendo na pessoa de Jesus Cristo como sendo um “Conciliador Familiar” ou
um “Transgressor da Lei”. Caso o seu pedido fosse atendido por Cristo, isso O
levaria a violar a lei, pois ela dava garantias e privilégios maiores ao filho primogênito
(primeiro filho a nascer do sexo masculino); como por exemplo, receber o dobro
da herança; ter uma alimentação melhor, suceder o pai no reinado ou como sendo a
cabeça da família etc.
Verso
14:
Advertido pelo próprio Jesus: (...):
Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?
O
próprio Jesus mostra a ele e aos demais presentes naquele momento, que não veio
a terra para ser criador ou violador das leis. Ele é o Senhor e Juiz de todas
as coisas, inclusive das leis. Na verdade, Ele não veio anular, violar ou
ab-rogar[1] a lei,
mas sim, cumpri-la: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim
destruir, mas cumprir” (Mateus 5:17).
Jesus
Cristo se despiu de toda sua glória e majestade nos céus, para vir a terra e
encarnar-se (se fazer homem, mas sem pecado), com o propósito maior de nos
libertar ou nos resgatar do jugo pesado da lei (escravidão).
Gálatas
4:4-5. Mas, vindo a
plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a
lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de
filhos.
Com sua vinda a terra e a sua morte
na cruz, ele pagou a nossa dívida promovendo a liberdade da escravidão.
Deixamos de ser servos (ou escravos) para sermos seus Filhos por adoção.
Verso
15a: Cuidado com o desejo
de acumular riquezas materiais! E
disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza[2]
(...).
Na parte “a” desse versículo, Jesus
está advertindo ao povo e, de forma especial, aquelas pessoas que colocam toda
a sua confiança naquilo em que possuem, ou seja, em suas riquezas e bens
materiais.
Salmo
20:7. Uns confiam em carros e outros em cavalos,
mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.
Não
estamos dizendo aqui, que é errado (pecado) o cristão ter prosperidade
financeira, mas o grande problema é quando isso passa a se tornar numa obsessão,
isto é, passa a ser sua prioridade.
Dito
em outras palavras, o cristão não é grato por tudo o que Deus tem lhe dado, mas
quer sempre mais. Ele transforma suas posses e riqueza em seu próprio “deus”. E
o pior de tudo isso, é que a pessoa que comete esse pecado, conforme escreveu o
apóstolo Paulo aos Colossenses, comete o pecado da idolatria:
Colossenses
3:5-6. Mortificai,
pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, a
afeição desordenada, a vil concupiscência, e
a avareza, que é idolatria. Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os
filhos da desobediência.
Vale lembrar que a avareza não está
somente ligada a pessoa de grandes posses materiais e financeiras, pois o pobre
também pode ser avarento. Neste caso, quando ele coloca como meta principal em
acumular riquezas e, principalmente, quando não mede esforços e sacrifícios
para consegui-lo. Muitas vezes, coloca sua família em grandes dificuldades em
detrimento deste proposito.
Verso 15b: A nossa vida (ou
existência) não está firmada nos bens materiais! (...); porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que
possui.
O
motivo da advertência de Deus neste versículo, prende-se ao fato de que a alma
humana é eterna, mas as riquezas deste mundo perecem, ou seja, são temporais e
passageiras. Nós, seres humanos e mortais, deveríamos buscar incessantemente as
riquezas celestiais (espirituais), ou seja, as riquezas que vem do alto.
Mateus
6:19,33. Não ajunteis
tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões
minam e roubam. (...). Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e
todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Todos
aqueles que confiam em suas posses, estão fadados a ingressarem num caminho
tortuoso e de sofrimento eterno, haja vista que, segundo a fala e o ensinamento
do próprio Cristo “é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do
que um rico entrar no reino de Deus” (Marcos
10:24-25).
Versos 16-20: A
Parábola do Homem Muito Rico.
Se
olharmos a narrativa descrita por essa parábola pela óptica meramente humana e
empresarial, diríamos com muita certeza, de que esse homem poderia ser considerado
um grande empreendedor: “E disse: Farei
isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali
recolherei todas as minhas novidades e os meus bens” (verso 18).
Entretanto,
se olharmos pela visão Teológica, isto é, pela Doutrina da Salvação ensinada
por Cristo (esfera espiritual), podemos afirmar sem medo de errarmos, de que
ele não passa de um “miserável pecador e egoísta”; de um louco. Ele só estava enxergando
o que estava em sua frente (naquele momento), ou seja, preocupado somente com o
seu próprio umbigo. Em nenhum momento pensava no porvir (vida futura;
eternidade).
Vejamos a seguir, dois erros que ele
cometeu:
1º. Pensava
ser o possuidor de sua própria vida: desta forma, ele se
colocava como sendo o criador de todas as coisas. Sendo assim, ele aderiu a uma
doutrina filosófica que surgiu no final da Idade Média na Europa, conhecida
como antropocentrismo. Filosofia esta, que considera o homem o centro do cosmos
(das ações e atenções). Esqueceu-se totalmente do verdadeiro Criador de tudo
que existe na face da terra (e, também do homem) – Deus.
Salmo
102:25. Não escondas
de mim o teu rosto no dia da minha angústia, inclina para mim os teus ouvidos;
no dia em que eu clamar, ouve-me depressa. (...). Desde a antiguidade fundaste a terra, e os
céus são obras das tuas mãos.
(...)
Isaías
45:18. Porque assim
diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez, ele a
confirmou; não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada: Eu sou o
Senhor e não outro.
2º. Confiava
plenamente em seu coração: a palavra descrita na narrativa em
apreço nos diz que “Ele arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos” (verso 17).
Com
base na Escritura, vemos que ele não buscou orientação alguma do que deveria
fazer com alguém (mais especificamente, com Deus). Assim, acabou tomando a
decisão por si mesmo.
Jeremias
17:9-10. Enganoso é o
coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? Eu, o
Senhor esquadrinho o coração e provo as
entranhas; e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto
das suas ações.
Maldito
é o homem que confia suas decisões ao seu coração, pois ele é puro sentimento e
emoções. Sua natureza é enganosa e traiçoeira, e nele residem nossas vontades
naturais (satisfação e prazeres da carne), ou seja, nele não habita bem algum,
segundo escreveu o apóstolo Paulo:
Romanos
7:18-20. Porque eu
sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o
querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que
quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já
não faço eu, mas o pecado que habita em mim.
Precisamos estar atentos quanto às
decisões tomadas e impulsionadas por nossos sentimentos, vontades e emoções
(que partem do coração), por isso nos advertiu o profeta Jeremias ao dizer que:
“enganoso é o coração (...)”. Ele nos exorta a tomar muito cuidado com essas
decisões.
O
sábio Salomão também escreveu a respeito do nosso coração: “Sobre tudo o que se
deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem às saídas da vida” (Provérbios 4:23). Dentre tantas coisas
que devemos guardar, ele nos exorta a guardar o nosso coração, com o
significado de “nos” guardar de si mesmos.
Verso 21: Será
que você entende o que é realmente ser Rico?
Assim é aquele que para si ajunta
tesouros, e não é rico para com Deus.
A
pergunta a ser feita neste ponto é: Qual é a sua maior riqueza? Se a sua resposta não for Cristo, você jamais
será rico para com Deus: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz
de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado para mim e eu
para o mundo” (Gálatas 6:14).
Para você estar inserido na riqueza conforme ensina
a Palavra de Deus e o próprio Cristo, independente das circunstâncias, você
deve glorificá-lo e adorá-lo todos os dias de sua vida. E demonstrar total
satisfação com tudo que Ele tem lhe proporcionado. E, como disse John Bunnyan: “Tomara que possamos depender
mais do Deus vivo, do que das nossas próprias forças”.
Conclusão
Para concluirmos esta mensagem,
vamos voltar ao dialogo de Jesus com seus discípulos, principalmente quando indaga-lhes
sobre o que dizia o povo a seu respeito,
isto é, quem diziam que Ele era: “E eles disseram: Uns, João o Batista; outros,
Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas” (Mateus 16:13-14).
Jesus não estava preocupado com o
que o povo pensava a seu respeito, mas fez esta pergunta logo em seguida, para buscar
o que Ele queria, isto é, saber o que seus discípulos pensavam a seu respeito:
“(...): E vós,
quem dizeis que eu sou?” O apóstolo Pedro, respondendo, disse: “Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo?” (Mateus
16:15-16).
Após
a resposta de Pedro, o próprio Cristo diz que ele não a respondeu meramente
pelo seu conhecimento humano (inteligência), mas pela revelação do Pai que
estás nos céus. Dito em outras palavras,
foi o Espírito Santo de Deus quem impulsionou a ele a dar-lhe esta resposta.
Portanto,
se quisermos conhecer em profundidade, largura, cumprimento e extensão a pessoa
de Jesus Cristo, precisamos aceita-lo como nosso Senhor (somos sua propriedade) e Salvador (somente Ele pode nos libertar das amarras do pecado); ler
a sua Palavra diariamente (as
Escrituras Sagradas), Orar sem
cessar (buscar viver em santidade) e pedir que o Espirito Santo (habite totalmente em nosso ser).
Desta
forma, podemos ser impulsionados por Ele (Santo Espírito), igualmente ao
apóstolo Pedro, passando realmente a conhecê-LO.
EDUARDO VERONESE
DA SILVA
Membro da AD Ministério IX Marcas
Campo Grande, Cariacica/ES.
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