Eduardo Veronese da Silva[1]
Durante
bom tempo de história da humanidade, tinha-se a idéia de que a beleza física
(estética) era um dos atributos naturais dos seres humanos, mas nem todos eram
privilegiados por uma beleza nas mesmas dimensões e proporcionalidade.
Estima-se que naquela época, havia maior aceitação e conformidade quanto à constituição
corporal (biótipo) apresentada pela maioria da população.
Talvez,
por isso, entre os séculos XVVIII e XIX, os artistas plásticos apresentavam
belos trabalhos de pintura sobre telas, destacando como era vista a beleza
feminina à época. A silhueta e os contornos corporais das mulheres eram mais cheias
e arredondadas.
Com
o avançar dos anos, mudou-se o comportamento familiar e social em relação à
mulher, principalmente em relação aos afazeres domésticos. Elas não mais se
contentavam em cuidar apenas da casa e da educação dos filhos, agora almejavam disputar
o mercado de trabalho, juntamente com os homens.
Essa
inserção feminina no mercado de trabalho mudou consideravelmente sua própria concepção
de existência e postura sobre sua atuação e representatividade social. E, ao
mesmo tempo, promoveu mudanças na educação dos filhos e, especialmente, nos
setores empresariais, abrindo um leque de novos campos de trabalho em que poderiam
ser empregadas. Fato considerado extremamente positivo que vem sendo comprovado
a cada dia.
Presume-se
que essa virada do papel socioeconômico da mulher, até então, tratada como mero
objeto sexual (reprodução e educação familiar) ou coisa (como uma mobília da
casa), fez surgir à exigência de um novo perfil de beleza. Para contribuir com
esta mudança, ocorreu entre os anos de 1800 a 1930, o surgimento das produções cinematográficas,
apresentado inicialmente por imagens desenhadas sobre fitas transparentes e
projetadas numa grande tela. Logo em seguida surgiu o cinema mudo. Enquanto que
a década de 30 ficou marcada pelo grande impulso do cinema na forma verbalizada.
Nas
primeiras produções cinematográficas, foi apresentado ao público siluetas de
belíssimas mulheres. Sendo assim, elas passaram a ditar um novo padrão de
beleza, desta vez acentuando novos contornos corporais, explorando mais a sensualidade
feminina. Para conseguir essa beleza plástica, usavam uma peça de vestuário que
se prolongou por muitos anos – o corpete. Ele promovia uma diminuição da
cintura e evidenciava os seios e quadril da mulher. Logo, para ser considerada bela
e atraente, a mulher deveria ter a menor cintura possível.
A
partir dos anos de 1940, novas inovações sociais surgiram com a participação
ativa das mulheres, mas agora, com o incremento de nova peça de vestuário. A
francesa Coco Chanel revolucionou o conceito de beleza feminina, usando saias
até a altura dos joelhos. Mais adiante, os cabelos e as roupas passaram a ser
mais leves e soltas, evidenciando partes desnudas do corpo, principalmente as
costas e o colo dos seios.
Entre
os anos de 1950 e 1970, o mercado cinematográfico começou a apresentar clássicos
que se eternizaram, marcando época pela exuberância da beleza feminina, com a participação
de bonitas mulheres, entre elas, Grace Kelly (Janela Indiscreta), Rita Hayworth
e Ava Gardner (Femme Fatale) e loiras
atléticas de cabelos longos e soltos e com bustos grandes, como Farrah Fawcett (As Panteras) e a
inesquecível Marylin Monroe, entre
outras.
Essa
variedade de perfil apresentado nas telas de cinema impulsionou novos padrões de
beleza na sociedade. Marilyn Monroe
foi considerada uma das mais populares estrelas do cinema, apresentando um
corpo invejável à época: 1,67m de altura, 94cm de busto, 61cm de cintura, e
89cm de quadril. Estava declarado o padrão de beleza a ser atingido por
qualquer mulher. Vale lembrar que não eram empregadas intervenções cirúrgicas
para alcançá-lo, nem tampouco, muitas horas dentro de um salão de beleza ou nas
academias de musculação e ginástica.
A
partir dos anos 80 até alcançar nossos dias, começou a surgir certos exageros
em relação a tudo que é relacionado à moda, estilo ou conduta social. Madonna e Cyndi Lauper deram o pontapé inicial, ostentando uma maquiagem muito
vibrante, contrastando com seus cabelos tingidos com várias colorações e tonalidades
e figurinos totalmente desconexos.
Hoje,
diferentemente do passado, o excesso de peso ou outra característica entendida
como anormalidade (distinta da apresentada pela maioria das pessoas), torna-se um
grande obstáculo para a inserção no mercado de trabalho, tendo em vista que ele
é mais exigente e seletivo, escolhendo pessoas que apresentem a melhor beleza
estética. Esse mercado competitivo privilegia o culto ao corpo e a magreza
extrema. Eles entendem que ser magro é sinônimo de beleza (saúde), mas isto nem
sempre é verdadeiro. Pode-se ter uma pessoa magra e bonita, como também, o
contrário pode ser verdadeiro. Ademais, outros fatores devem estar associados à
beleza humana, principalmente quando está aliada a saúde do corpo (e da mente).
A
atriz Carolina Ferraz disse certa vez numa entrevista: “A genética foi generosa
com meu tipo físico, mas, apesar de ser magra, sempre gostei de atividades
físicas, como corrida. Malho quatro vezes por semana e alterno balé com pilates. [...]. Também sou fã de uma boa
limpeza de pele e faço sessões de drenagem linfática duas vezes por semana”.
Infelizmente, a maioria das mulheres não teve a sorte com tanta generosidade
divina e, muita delas, não possuem condições financeiras para cuidar de seu
corpo.
O
século XXI tem proporcionado aos novos afortunados, contratar profissionais
especializados para moldar ou criar o padrão de beleza exigido para o momento
atual (Personal Trainner, nutricionistas
etc.). Presume-se que todo ser humano é um ser insatisfeito, sendo que a mulher
está no ápice dessa eterna insatisfação, principalmente quando se refere ao
aspecto corporal (aqui se inclui tudo, cabelos, olhos, pele etc.). Há pouco
tempo, uma mulher desconhecida entre os brasileiros, tornou-se numa pessoa
totalmente popular nacionalmente. Seu nome: Valesca Popozuda. Qual foi o motivo
dessa popularidade emergente? Ter se submetido a uma intervenção cirúrgica para
o implante de 350 ml de prótese de silicone em cada nádega. Pouco tempo depois,
resolveu turbinar ainda mais essa parte do corpo, passando para 550 ml em cada bumbum.
A partir de então, houve um avalanche de tantas outras mulheres em busca de
cirurgias deste nível.
Entretanto,
tem aumentado o número de homens que se submetem a intervenções cirúrgicas por
estarem insatisfeitos com seu biótipo (corpo). Tanto o homem quanto a mulher,
tem priorizado pela modificação de partes principais de seu corpo, destas, destaca-se:
diminuição ou afilamento do nariz; aplicação de botox (usado principalmente
para suavizar marcas de expressão no rosto) e implante de próteses de silicone
nos seios (mulher), tórax (homem) e nos glúteos (ambos os sexos).
Agora
surge um novo produto que promete melhorar a beleza estética (plástica) das
pessoas, principalmente das mulheres: o hidrogel. Este produto contém 98% de
soro fisiológico e 2% de poliamida, mas só pode ser aplicado por médicos.
Geralmente é aplicado na região da testa, ao redor da boca, no bumbum e coxas,
com a finalidade de preenchimento de pequenos sulcos, rugas ou para aumentar o
volume da região.
É
preciso lembrar aos possíveis adeptos a esse comportamento humano-social, que
toda cirurgia possui riscos, umas mais, outras menos. Recentemente ocorreu a
morte de Maria José Medrado de Souza Brandão, 39 anos, logo após ter sido feito
uma aplicação de hidrogel para aumentar o seu bumbum, em Goiânia. A Justiça
autorizou a exumação do corpo, com o objetivo de constatar se a vítima recebeu
uma aplicação de hidrogel ou de outro produto químico. Porém, a data do
procedimento ainda não foi marcada.
Outra
mulher que usou desse mesmo procedimento cirúrgico foi à modelo Andressa Urach,
de 27 anos. Ela continua internada e apresenta quadro "estável" e uma
"melhora significativa", segundo informou sua assessoria de imprensa nesta
sexta-feira (12/12/14). Ela está internada desde 29 de novembro, no Hospital
Conceição, em Porto Alegre, para tratar de uma infecção causada pela aplicação
de hidrogel nas pernas, procedimento que foi realizado há cerca de cinco anos.
Ainda não há previsão de alta. Existem rumores de que ela usou além do hidrogel
outros produtos químicos que não foram divulgados pela equipe médica, nem
tampouco pela família da modelo.
Vale
lembrar, que o padrão de beleza, não está limitado apenas às evidências e contornos
de partes do corpo da mulher (ou do homem), segundo a opinião de um cirurgião
plástico americano. Inclusive, ele criou um teste que ajuda a verificar o
quanto você pode ser considerado belo e atraente, dando dicas com a possibilidade
de melhorar seu desempenho estético (QI da Beleza: Revista Veja; ed. 2199, 12
jan. 11, p.86).
Nesse
ponto, vale registrar alguns fatores que estão diretamente associados à beleza,
conforme assinalada por ele: mudança e disciplina nos hábitos alimentares;
cuidados diários com o corpo (massagens e hidratação da pele, cabelos etc.);
prática regular de uma atividade física; no mínimo, 6 horas de sono (o ideal
são 8h); não usar qualquer tipo de drogas (licitas e ilícitas); entre outros.
Portanto,
estima-se que ainda existem pessoas que preferem a beleza ditada genuinamente
pela bondosa natureza divina, sem o uso adicional de qualquer tipo de
artificialidade (ou anabolizantes e esteroides). Talvez, quem sabe, eles se
apeguem a uma máxima antiga de que: “a beleza está onde se quer ou pode
enxergar”.
EDUARDO VERONESE DA SILVA
Educador Físico
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Militar
[1] Educador Físico; Bacharel em Direito;
Especialista em Direito Militar; email: proerdveronese@gmail.com
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