Radio do Bloguer do capitão.

sábado, 25 de abril de 2015

CONHEÇA UM POUCO SOBRE NOSSA TRAJETÓRIA DE VIDA

Eduardo Veronese da Silva ingressou na Polícia Militar do Estado do Espírito Santo (PMES), após passar no Concurso Público para Soldado Combatente em agosto de 1983. Depois de formado, trabalhou em diversos serviços de rua (Policiamento ostensivo a Pé, Policiamento Ostensivo Motorizado, Destacamentos Policiais Militares, Policiamento de Praias, Policiamento em Diversos Eventos Públicos, Policiamento Rodoviário de Trânsito, Guarda de Aquartelamento e em Presídios do Estado, entre outros).
No ano de 1989, passou no Concurso Público para o cargo de 3º Sargento da PMES. Em abril de 1995, foi promovido a 2º Sargento. Em dezembro de 2002, foi promovido a 1º Sargento e, em dezembro de 2011, foi promovido a Subtenente PM.
No ano de completar seus 30 anos de serviço, foi promovido ao posto de 2º e 1º Tenente, pelos critérios de Antiguidade e Merecimento, ao Quadro de Oficiais Administrativos – QOA. E, no ato de passar para a Reserva Remunerada (RR), em agosto de 2013, foi promovido ao posto de Capitão PM.
É Formado em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo (1988-1993), Bacharel em Direito pela Faculdade Batista de Vitória/ES (2004-2008) e Especialista em Direito Militar pela Universidade Castelo Branco (2009-2010), do Estado do Rio de Janeiro (RJ). 
Desde o ano de 2001 leciona e ministra palestras sobre os temas: O Uso Abusivo de Drogas, Violência (Bullying) e Dependência Química.

Publicou Alguns Artigos (Jornais e Revistas):

1. O uso de algemas nas ocorrências policiais, pela Revista CPO-SUL, Edição 05, Ano II, Dezembro de 2008.
2. A Lei nº 11.343/2006: procedimento penal e policial acerca do usuário de drogas ilícitas, pela Revista Preleção, ano III, nº 06, agosto de 2009.
3. O Habeas Corpus nas transgressões disciplinares militares. Revista Preleção, ano IV, nº 08, agosto de 2010.
4. O Uso de drogas psicoativas por policiais militares e a interpretação e aplicação do Código Penal Militar. Revista Preleção, ano V, nº 10, agosto de 2011 (e vários Artigos no Jornal Impresso de A Tribuna/ES)..

Publicou os livros:

1.  Drogas: conhecendo suas origens, legislação e seu poder para se prevenir contra esse mal. Está a venda pelo Site: www.biblioteca24horas.com.br, de São Paulo.

2.   Saga de um Vencedor, pela Editora Livre Expressão, ano 2014. Edição Esgotada. 

3. Manuscritos Sagrados: o Pentateuco e os Livros Históricos do Antigo Testamento. São Paulo: Editora Biblioteca24horas.com.br , fevereiro 2017.

4. Revendo os Nossos Relacionamentos. São Paulo: Editora Biblioteca24horas.com.br, outubro de 2019.

Nos Últimos Anos de serviço (2011 a 2014), trabalhou no Programa de Reabilitação à Saúde do Toxicômano e Alcoolista (PRESTA), setor localizado dentro do Hospital da Polícia Militar do Espírito Santo (HPM-ES). Este setor trabalha com a internação voluntária para o tratamento da dependência química (drogas lícita ou ilícitas).

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Instagram: Eduardo Veronese da Silva
Telefone: (27) 99863.9443


quinta-feira, 16 de abril de 2015

VOCÊ É UM CRISTÃO AVIVADO?
                                           Atos 2:1-4
   
Introdução

            O texto Bíblico reportado aqui, refere-se a descida efusiva do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Esta expressão deriva-se do grego - penteekostos, tendo como significado literal “Quinquagésimo”, isto é, após cinquenta dias da celebração da Festa da Páscoa (a primeira festa anual dos Judeus, haja vista que realizavam três grandes festas anuais: a Páscoa, o Pentecostes e Dos Tabernáculos), era realizada a Festa do Pentecostes. Era também conhecida como a Festa das Semanas, haja vista que se realizavam sete semanas após a Páscoa (Deuteronômio 16:9).
           
Dt 16:1,9-10,12-13. Guarda o mês de abibe (março/abril) e celebra a Páscoa ao Senhor (do Hebraico – Pesah, que significa “pular além da marca ou passar por cima”), teu Deus, que te tirou do Egito, de noite, de noite. (...). Sete semanas contarás; desde que a foice começar na seara, começarás a contar sete semanas. Depois, celebrarás a Festa das Semanas ao Senhor (maio/junho, Pentecostes), teu Deus; o que deres será tributo voluntário da tua mão, segundo o Senhor, teu Deus, te tiver abençoado. (...). E lembrar-te-ás de que foste servo no Egito, e guardarás estes estatutos, e os farás. A Festa dos Tabernáculos guardarás sete dias (setembro/outubro – ou Festa da Colheita), quando colheres da tua eira e do teu lagar.

Na verdade, o povo Hebreu celebrava várias festas sagradas no decorrer do ano, conhecidas como “Santas Convocações”. Porém, em três delas (a Páscoa, o Pentecostes e Dos Tabernáculos), todos os varões Israelitas estavam obrigados a comparecer. Elas eram celebradas com duplo propósito: primeiro, para que o povo pudesse refletir sobra a bondade de Deus e, segundo, para recordar que os Hebreus eram o povo escolhido por Deus.
No dia da Festa de Pentecostes, conforme registra Atos 2, estavam reunidos aproximadamente cento e vinte pessoas, quando “(...) de repente, veio do céu um grande som, como se fosse um vento veemente e impetuoso, enchendo toda a casa em que estavam assentados” (verso 2). De acordo com os Eruditos e Teólogos, estes sinais apresentados neste dia, confirmam que Deus estava presente naquele lugar de modo poderoso. E, assim, houve um verdadeiro incendiar pelo “fogo do Espírito”, isto é, um avivamento genuíno entre aqueles que ali estavam. Como consequência desse reavivamento, foram produzidos os comportamentos conforme registrado na passagem Bíblica em exame (vv. 3-7). 
Estamos vivendo momentos em que se houve um clamor por um avivamento em nossas igrejas, haja vista que o que se vê, não passa de barulho e movimentos de completa mobilização humana e, em grande parte, os chamados “avivamentos” que estão ocorrendo nas igrejas ditas evangélicas, são meramente comportamentos adquiridos com técnicas “mundanas” diversas visando estimular o sentimento e a emoção de seu público, e o pior, é que conseguem.
            Esta súplica por um avivamento pode partir de um ou vários membros de uma igreja, por estar insatisfeito com o nível espiritual apresentado nos cultos e nas reuniões de orações de sua igreja. Vale lembrar que a “frieza e a acomodação são inimigas declaradas de um relacionamento vital com Deus. Existem muitos membros de igreja que, aparentemente, nem se importam com o que está acontecendo em sua igreja, desde que nada mude” (Russel Shedd).


O Cristianismo que se vê e é praticado na atualidade é facilmente perceptível aos olhos humanos, pois nota-se gritantemente, uma separação entre o que é falado publicamente (no púlpito) e a vida de quem fala, entre o compromisso declarado e o comprometimento na vida prática do pregador. (George Verver).
Portanto, o que temos visto nas igrejas hodiernas, é um baixo nível de espiritualidade e, com isso, elas acabam “não sendo frias e nem quentes”. E, segundo escreveu Russel Shedd, há ainda um relato mais desanimador do que este, pois tem igrejas que “tem fama e quer aparentar-se como avivada, mas está totalmente morta espiritualmente” (Ap. 3:15; 3:1).

Desenvolvimento

            R.O.Roberts, a maior autoridade em avivamentos da atualidade no mundo, afirmou que: “Em geral, as igrejas evangélicas, estão tão distantes do avivamento que são incapazes de sentir a sua falta”. Mas, afinal, o que é avivamento?

1.  Conceito:

A expressão avivamento origina-se da palavra “vida”, mas não apenas com o significado de barulho e movimentos. O real significado de avivamento é: “despertar; reanimar, tornar mais vivo, reavivar, estimular”, entre outros. (Romanos 13:11-12; Efésios 5:14).

Rm 13:11-12. E isto digo, conhecendo o tempo, que já é hora de despertarmos do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a fé. A noite é avançada, e o dia está próximo. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos dar armas da luz.
...﴿
Ef 5:14. Por isso diz: Desperta, tu que dormes, e levante-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá.

Stephen Olford definiu o avivamento como sendo “aquela estranha e soberana obra de Deus, na qual Ele visita o seu próprio povo, restaurando-o, reanimando-o e libertando-o para receber a plenitude de suas bênçãos”.
            No avivamento, são apresentados alguns sinais verídicos do agir de Deus, confirmando a sua divina Presença e Ação no meio de seu povo. Entretanto, existem alguns obstáculos que impedem o avivamento nas igrejas.

2. Barreiras que Impedem o Avivamento:

2.1 A Liderança da Igreja: John R Rice, renomado evangelista, atribui a culpa da falta de avivamento nas igrejas, como ocorriam no passado, aos líderes das igrejas; e disse: “Não é o pecador que é duro. O problema é o Pastor ou o Professor da Escola Bíblica Dominical. Eu acho mais fácil levar um bêbado ou a prostituta para Deus, do que atear fogo num pregador para ganhar almas”. (Oséias 4:9)

Os 4:9. Por isso, como é o povo, assim será o sacerdote; e visitarei sobre ele os seus caminhos e lhe darei a recompensa das suas obras.

2.2  O Pecado: O pecado faz com que ocorra a separação entre Deus e o Homem. Ele, o pecado, enquanto não confessado, impede que as bênçãos de Deus recaiam sobre nós. Ele nos afasta da presença de Deus (Gênesis 3:3,9-11;17-19).

Gn 3:3,9-11 17-19. (...), disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais (...). E chamou o Senhor Deus a Adão e disse-lhe: Onde estais? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? Comeste tu da árvore de que te ordenei que não comesses? (...). E a Adão disse: Porquanto destes ouvidos á voz de tua mulher e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos e cardos também te produzirá; e comerás a erva do campo. No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes a terra, (...), porquanto és pó e em pó te tornarás.

2.3  A Soberba: Enquanto os membros duma igreja não entenderam que precisam se humilhar e se colocarem como inferiores ao seu próximo (irmão), sendo obedientes aos seus Pastores e derramar seus corações de forma declarativa perante Deus, afirmando que são miseráveis pecadores, não haverá avivamento (2 Crônicas 7:14).

2 Cr 7:14. E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.

De acordo com o versículo acima, o povo de Deus deve humilhar-se, reconhecendo os seus pecados e manifestar tristeza por tê-lo cometido e, com isso, voltar-se para Deus. Deve também, orar sem cessar, clamando agonizantemente pela misericórdia do Senhor e aguardar por Sua resposta. Esse povo que diz ser do Senhor deve buscar diariamente a face de Deus de todo o seu coração e ansiar por sua presença continuamente entre eles. E, por fim, se converter dos seus maus caminhos, isto é, arrepender-se com sinceridade de coração vindo a abandonar em definitivo esses pecados.

2.4 Falta de Santidade: Por mais pecadores que sejamos, precisamos buscar dia-a-dia a Santidade, pois o Nosso Deus é Santo. Como Ele é santo, requer que tenhamos um coração puro e em santidade (Levítico 11:44; 1 Tessalonicenses 3:12-13).

1 Ts 3:12-13. E o Senhor vos aumente e faça crescer em caridade (amor) uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco; para confortar o vosso coração, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, com todos os seus santos.

3. Sinalizadores dum Avivamento Genuíno:

3.1  Aumenta sensivelmente o amor e a comunhão entre os irmãos: Sobre este assunto, escreveu Jonathan Edwards:

Novos convertidos então (após o começo do avivamento) notavelmente pareceram unidos em sua mútua afeição carinhosa, e muitos tem expressado grandemente aquele espírito de amor que eles sentiram com toda a humanidade.

3.2 Reservam-se momentos dedicados á Oração: Os discípulos na cidade de Jerusalém costumavam passar muito tempo unidos e em oração: “Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos” (Atos 1:14). Um avivamento genuíno cria um enorme prazer pela prática da oração.

3.3  Operação de Milagres e Prodígios:  Quando realmente Deus resolve visitar o seu povo, Ele sempre realiza algum (uns) milagre no meio deste povo. Os apóstolos realizavam muitas maravilhas e sinais, como aquele que Deus derramou no Dia de Pentecostes (Atos 2:42-47).

At 2:42-47. E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. E em toda alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister (necessário). E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração. Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.

3.4  Aumenta a Motivação pela Busca da Santificação: A frase “Esforcem-se para serem santos” vira uma realidade na igreja avivada como um todo. Todas as atividades da igreja como reuniões de oração, cultos de adoração a Deus, pregação expositiva, evangelismos e participação na Ceia do Senhor, entre outros, passam a ser muito prazerosos (Atos 2:46).

At 2:46. E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração.

3.5  Pregações Expositivas de Cunho Doutrinárias. Segundo escreveu o Pastor Martyn Lloyd Jones: “O avivamento depende das pregações das doutrinas ortodoxas”. A teologia que nega as verdades centrais da Bíblia, não tem potencial de transformar vidas, muito menos de provocar um avivamento.

4. Advertências Sobre o Avivamento:

4.1  Falta de Previsibilidade: O despertamento espiritual pode vir a qualquer momento, não temos como prevê-lo. Jonathan Edwards ficou maravilhado como um avivamento começava e terminava sem previsão alguma. Compete a nós, cristãos, buscarmos a Deus continuamente em nosso modo de viver e, quem sabe, Ele, com sua infinita Graça e Misericórdia, resolva nos visitar e faça descer sobre nós, sua fumaça Santa e Sua Gloriosa Luz (Espírito Santo).

4.2  Esfriamento Espiritual: Como não há como prever quando ocorrerá o avivamento espiritual, também não é possível estipular o tempo de sua durabilidade. Ele pode durar horas, dias, semanas, meses, anos ou séculos. Russel Shedd escreveu a respeito do assunto dizendo que: “Até onde sabemos, a cidade de Jerusalém manteve esse brilho durante anos”. Portanto, pode acontecer do povo esfriar-se espiritualmente tão rápido quanto foi o período do avivamento.

4.3  Surgimento de Aproveitadores: Como predisse o apóstolo Paulo numa de sua Epístolas que surgiriam lobos ferozes que penetrariam na igreja de Éfeso e não iriam poupar o rebanho. Nesta igreja, surgiram alguns líderes que, por vários motivos, se valeram do avivamento para atender aos seus próprios interesses. Isso também aconteceu na igreja de Corintos e, infelizmente, acontece muito nas igrejas da atualidade (2 Coríntios 2:17).

2 Co 2:17. Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença de Deus.  

Não podemos nos iludir, existem pessoas que adentram em nossas igrejas e esperam a oportunidade para se aproveitar de algum irmão ou irmã, e adquirir benefícios pessoais (financeiros). Esta grande ameaça acontecia naquelas civilizações e tem acontecido muito nos dias atuais.

Conclusão

Pode-se, dizer, irmãos, que um dos maiores avivamentos ocorridos na história da igreja (ou do Cristianismo) se deu pelo povo da Morávia. Entretanto, seu idealizador não era deste País, mas da Alemanha – o Conde  Zinzendorf que, impulsionado pelo desejo profundo de evangelizar o mundo, realizou um grande projeto de Deus, despertando a Igreja do Senhor para missões mundiais.
Durante cem anos ininterruptos, eles oraram ao Senhor pedindo para que pudessem realizar este desejo, inclusive, alguns moravianos se venderam como escravos para evangelizar as pessoas escravizadas.
A Morávia e a Boêmia eram duas províncias situadas a noroeste do Império Austríaco e faziam fronteira com a Saxônia. A Morávia do século XVIII localizava-se na Europa Central, no centro da antiga Tchecoslováquia, hoje dividida em República Tcheca e Eslováquia.
Um fator importante no ministério do povo moraviano, além de sua dedicação total a leitura da Palavra de Deus, era que dispunham de uma vida de oração ininterrupta, dia e noite, durante cem anos consecutivos.
É bem provável, irmãos, que não ocorra outro avivamento como este, a não ser que Deus, pela sua infinita misericórdia (através do Espírito Santo), levante homens do quilate de Zinzendorf,   para abraçar a causa de Cristo. Amém!


EDUARDO VERONESE DA SILVA
Obreiro da AD Ministério IX Marcas – Cariacica/ES

terça-feira, 14 de abril de 2015

VIOLÊNCIA: UMA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA.


Eduardo Veronese da Silva[1]


RESUMO: Este artigo tem como escopo levar os leitores a uma retrospectiva histórica e sociológica sobre a violência praticada pelos seres humanos. Desde o surgimento dos primeiros clãs, grupos familiares e sociais, delineando de forma cronológica sua origem e o aumento gradual das atrocidades praticadas contra seres humanos, no decorrer da historia da civilização. O texto ainda trás uma abordagem vinculativa da droga com a violência, sendo observado que em alguns casos, as drogas, corroboram em muito para  a prática da agressividade social.
Palavras-chave:  Violência – Drogas – Delitos e Frentes de Combate.


INTRODUÇÃO

Na fase histórica pré-romana havia grande hostilidade entre os diversos grupos existentes, dando primazia ao formalismo e a tradição. O indivíduo inadimplente poderia pagar sua dívida com seu próprio corpo, passando a ser escravo de seu credor, e este tinha a prerrogativa de tirar-lhe à vida, dividindo todo o seu corpo em pedaços. (428 a.C.)

“E falou Caim com seu irmão Abel; e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel e o matou”. (Gênesis 4:8)

Estudar a origem dos conflitos e da violência remonta às organizações humanas mais rudimentares: clãs, tribos, famílias, dentre outras. Infere-se, que a violência sempre esteve presente no transcorrer do desenvolvimento da humanidade, quer seja por questões de ordem religiosa, política ou econômica.
Poderíamos elencar vários tipos de atrocidades e violências, que foram praticadas no decorrer da História contra seres humanos, mas para efeito de ilustração, registraremos apenas duas:

A Guilhotina - muito usada na França no período da inquisição e na Alemanha, recebeu esse nome por causa de seu inventor Ignace Guilhotine. Era a máquina de punição pública do Estado, aplicada para punir bandidos, pessoas acusadas de bruxarias e, principalmente, para mostrar para a população o que acontecia com pessoas que não cumprissem o que lhes fora imposto e determinado.
O Serrote - foi um instrumento muito usado na Europa para punir rebeliões, bruxarias e desobediências militares. A vítima era amarrada de cabeça para baixo, com as pernas abertas e era serrada ao meio. Ela ficava nessa posição para haver uma oxigenação do cérebro e para perder pouco sangue. Assim demoraria mais tempo para morrer enquanto era serrada.

De igual modo, poderíamos descrever vários personagens históricos que foram os algozes dessas barbaridades e, o pior, colocado em relevo como verdadeiros heróis para serem revividos no seio de nossas instituições educacionais.
Para efeito de exemplo, destacam-se entre  eles: Tomás de Torquemada (1429-1498): Foi um implacável inquisidor geral da Península Ibérica, Portugal e Espanha, conhecido por seu rigor e intolerância. William Lynch (1736-1796), americano e juiz do Tribunal de Justiça da Virgínia, que permitia a prática de morte do condenado, mediante o linchamento pela multidão.

“Os homens são naturalmente iguais, mesmo possuindo diferenças físicas entre eles”  (Thomas Hobbes).

A referência acima, ao ilustre filósofo, que defendia a existência de três formas de se gerar a violência na natureza, quais sejam: pela competição, pela desconfiança e por reputação.

Pela Competição: Os homens a utilizavam para ascenderem ao poder;
Pela Desconfiança: Eles tinham medo de perderem suas posições sociais, suas posses e riquezas. E, por fim,
Pela Reputação: Com isso, pequenos insultos que viessem a ofender sua posição social ou moral, eram tratados com muito rigor.

Com o passar dos anos, levou o homem a deixar sua vida nômade para se estabelecer em um território, dedicando-se à agricultura e à defesa de sua propriedade. Com o advento da revolução agrícola e industrial houve uma mudança radical na relação dos homens entre si e do meio em que viviam, introduzindo novas técnicas e características de organização social.
Devido à expansão da agricultura com o aumento da produção e, ao mesmo tempo o aumento populacional, gerou conflitos sociais por meio da utilização da força, i.e., da violência. A Guerra, a Conquista e a Defesa são os novos ideais destas sociedades. Destarte, os homens passaram a enxergar a utilidade do emprego da violência como meio de repressão, proteção e punição social.
Cada sociedade passou a adotar uma atitude permanente de agressão e violência, para garantir a manutenção de direitos, privilégios, conquista de bens e de punir atitudes consideradas indesejáveis e nocivas ao meio social.
Hodiernamente, a violência vem crescendo assustadoramente, tendo o desenvolvimento tecnológico corroborado com esse avanço, aumentando novas dimensões e faces de agressão e defesa, havendo uma multiplicação dos conflitos sociais.
O desenvolvimento da civilização coadunado com o progresso tecnológico, tem concorrido para a degradação das condições da vida em sociedade, ao invés de favorecer o bem estar social. A violência incessantemente crescente e descontrolada tem provocado em nós um sentimento agressivo e destrutivo, mobilizando-nos com o propósito de destruir o nosso oponente (possível agressor) e, até nós mesmos.
Pode-se dizer que está havendo uma ruptura do pacto social, uma vez que observamos a degradação de valores básicos e agregadores da sociabilidade, tais como: a solidariedade, a dignidade humana, a justiça; considerados como os alicerces promovedores ou responsáveis pelo bem estar coletivo.

1 – EXPRESSÕES DA VIOLÊNCIA EM NOSSOS DIAS.

1.1 - Na Família: Ainda possuímos resquícios do modelo patriarcal, caracterizado pela submissão da mulher e dos filhos à autoridade paterna. Esse modelo, amparado pelas leis da época (proteção familiar), praticou inúmeras violências físicas e sexuais contra seus membros. Destaca-se ainda, a violência doméstica, como a falta de afetividade, o abandono, a negligência, a violência psicológica que acaba deixando marcas psíquicas relevantes, comprometendo o desenvolvimento saudável da criança e do adolescente.

1.2  - Na Escola: Essa instituição milenar deveria dar sequência ao processo de socialização iniciado na família, envolvendo aspectos educativos como: valores sociais, éticos, morais, expectativas para o futuro e práticas sociais. Muitas vezes, o professor assume um papel autoritário manifestando a violência contra o aluno, não dando lugar ao diálogo e a crítica, buscando apenas sua sujeição, modéstia, obediência e conformidade. A maior violência que se pode praticar com os alunos é aquela que impede as crianças e os jovens de pensar e expressar suas capacidades, considerando-os meros reprodutores de conhecimentos.

1.3  - Na Rua: O fenômeno violência afeta de modo particular as ruas dos grandes centros urbanos e, também, as regiões interioranas dos municípios brasileiros. Este espaço social e público transformou-se em espaço de guerra, do medo e da insegurança. Os delinquentes inovam a cada dia o seu modus operandi, dificultando a ação policial e deixando qualquer cidadão em estado de pânico. A população é obrigada a mudar de comportamento, às vezes, obrigando-os a colocar para fora sua agressividade, de forma destrutiva, na tentativa de se protegerem. Qualquer pessoa na rua que se aproxime, passa a ser percebido como um agressor em potencial ou um agente da violência, levando a um clima maior de insegurança, medo que percorre toda a população. E, esta, passa a reivindicar por um aparato repressivo de maior eficiência e, consequentemente, se torna vítima ou parceira da violência.

2 – RELAÇÃO DA VIOLÊNCIA E O USO DE DROGAS.

Devemos entender em um primeiro momento, que as drogas lícitas ou ilícitas e o seu uso abusivo, pode levar a um processo de degradação do ser humano, tendo como serventia sua autodestruição (costumo dizer em palestras, que estas pessoas estão se suicidando aos poucos). Elas criam um estado de dependência física ou psíquica, levando-se em consideração a quantidade do uso (dosagem), intensidade desse uso e sua frequência, a constituição biológica do organismo do usuário e as próprias substâncias químicas da droga (lícitas ou ilícitas). A Organização Mundial da Saúde (OMS), apresenta uma classificação dessas substâncias de forma tríplice, a saber:

Psicolépticas (depressoras das funções cerebrais): álcool, soníferos ou hipnóticos (promovem o sono), ansiolíticos (inibem a ansiedade, como o diazepam, lorazepam e outros), inalantes ou solventes (colas, tintas, removedores, etc.);
Psicoanalépticas (estimulantes das funções cerebrais): anorexígenos (inibidor do apetite), anfetaminas (bolinhas, rebites: dietilpropiona, fenproporex, etc.), cocaína;
Psicodislépticas (alucinógenas): extraídas de duas origens: vegetais e sintéticas: exemplos de vegetais: mescalina (cacto mexicano),  THC (da maconha), Psilocibina (certos cogumelos), Lírio (trombeta, zabumba ou saia-branca); Sintéticas: LSD-25, êxtase ou ecstasy, anticolinérgicos ( exemplo, o bentyl).

Oportuno acrescentar, que as drogas mencionadas atuam diretamente no sistema nervoso central (SNC), porquanto, sua administração ao organismo, não importando qual das vias seja utilizada pelo usuário (oral, nasal, intravenosa), terá um destino pré-determinado, o cérebro.
Tornando-se dependente químico, o adicto (usuário) passa a ser um escravo da droga, seja ela lícita ou não. De acordo com nossa ótica, existe grande relação entre a Violência e o Uso de Droga (ou vice-versa), haja vista que, o usuário em se tornando um dependente químico, principalmente de drogas ilícitas, aumenta-se consideravelmente a possibilidade de seu ingresso na criminalidade e, simultaneamente, a prática de atos de violência ou em algum tipo de delito. Alguém já disse a esse respeito: “Se você nunca furtou ou roubou alguém, um dia irá roubar. Se nunca se prostitui, irá se prostituir ou de uma forma (literal) ou de outra”.

2.1 – Estatística: A Droga  e o Crime.

Estudos realizados pela Universidade de Cambridge, na Inglaterra, calculou que os dependentes de drogas são responsáveis por 32% dos crimes, sendo a maioria dos casos ligados não ao uso abusivo, mais ao tráfico de drogas.
No ano de 1999, em Nova York, 21% dos presos por atos de violência, cometeram seus crimes sob o efeito do álcool; 3% haviam consumido crack ou cocaína; 1% heroína, enquanto que os demais apenados estavam sóbrios.
No Brasil, em 1997, foram assassinados na capital paulista, 247 menores na faixa etária compreendida entre 10 e 17 anos. Destes, 80% das mortes estavam relacionadas com a venda e ao uso de drogas.
A CPI do narcotráfico calculou que o tráfico emprega mais de 200.000 pessoas no país, mais que o exército brasileiro, que é de 190.000 pessoas.
No Rio de Janeiro há mais de 12.000 meninos atuando no tráfico (esses dados estão defasados), conforme dados do Departamento da Criança e do Adolescente, da Secretaria Especial de Direitos Humanos.
Quanto aos adolescentes, 84% já experimentaram álcool; 18% deles consomem com frequência e 8,8% da população brasileira bebem em excesso. Em relação a população mundial, o percentual é de 10%, que estão acima dos seus 15 anos de idade e sofrem de alcoolismo.
Os dados estatísticos acima citados, foram colocados propositalmente, para enfatizar e respaldar nossa defesa de que a “droga atualmente está sendo o combustível para a prática da violência e da ação delituosa”.

3 - FRENTES DE COMBATE ÀS DROGAS:           

Existem hodiernamente três frentes de combate para se tentar vencer esse “mal do século” que avassala toda a sociedade, são elas: A primeira frente, tentar acabar com a oferta da droga, ou seja, combater e perseguir os fornecedores, denominados de narcotraficantes. A polícia federal brasileira desempenha essa função com maior propriedade, apreendendo toneladas de entorpecentes todo ano (somando-se com a atuação das policias rodoviárias federal, polícia militar e polícia civil).
Existe também, em alguns países (por exemplo, na Bolívia e Peru), o incentivo estatal para beneficiar os agricultores, em trocarem o cultivo de coca por outras culturas. A segunda frente de combate ataca a redução da demanda, ou seja, a procura pela droga. Nesta linha de batalha, há duas maneiras de tentar convencer o indivíduo a não usar drogas:

1ª - ameaçar prendê-lo e processá-lo (aspecto repressivo) e,
2ª - tentar educá-lo (conscientização) e ensinar-lhe sobre os riscos que determinada substância química traz à sua saúde física e mental (aspecto preventivo).

A terceira e última frente faz parte do tratamento do indivíduo, tendo em vista que a pessoa passa a ser escravo da droga, não possuindo controle sobre suas vontades, fase esta, que na grande maioria, ocorre o aparecimento da agressividade e, concomitantemente, da violência.
Não se fala aqui em repressão policial, mas sim em tratamento médico. Nesta frente de combate, entende-se que o indivíduo é vítima (e não agressor de alguém, a não ser de si mesmo). E, como vítima (dependente químico – doente), ele (a) precisa de todo o aparato assistencial (envolvimento do poder público federal, estadual e municipal) no que se refere a sua saúde física e mental.
Não se trata de meramente um delinquente qualquer, mas alguém que, teoricamente, com seu uso diário da substância química (lícita ou ilícita), acabou adoecendo e perdeu totalmente o controle sobre seus atos (sua sanidade).

CONCLUSÃO

Infelizmente, dessas três frentes de combate às drogas (usuário e dependente) e a violência social ou aos traficantes de drogas, a que recebe maior atenção do governo federal, estadual e municipal, com a aplicação de recursos financeiros exorbitantes (concursos públicos, compra de viaturas e armas, entre outros) é, disparadamente a ação repressiva.
Não se está afirmando aqui, que esta atitude do governo esteja errada, principalmente quando se refere às pessoas que escolhem deliberadamente violar  Lei, seja o homicida ou ladrão, traficantes ou narcotraficantes, quaisquer que sejam, que lhes sejam aplicadas os rigores da Lei, mas precisamos, paralelamente, fomentar maiores investimentos em relação ao enfrentamento e tratamento dispensado aos usuários e dependentes de drogas (substâncias psicoativas). E, para isso, é necessário o envolvimento de todos os órgãos públicos (federal, estadual e municipal) e instituições privadas (empresas, hospitais, clinicas de tratamento ao dependente químico, escolas, faculdades, igrejas etc.),
Não podemos esquecer, em primeira mão, de cuidar das famílias das pessoas que apresentam este desvio de conduta ou estão querendo sair da dependência química, mas não conseguem (doentes) e que não podem simplesmente ser jogadas nas prisões, mas sim, serem encaminhadas para um tratamento médico-hospitalar.
Enfim, nota-se que as ações governamentais costumam ocorrer de forma isoladas, parece que uma ou outra instituição quer se valer de ter alcançado bons resultados em suas ações. É necessário planejar e colocar em prática e, ao mesmo tempo, ações tanto repressivas quanto preventivas, quem sabe assim, os resultados poderão ser muito melhores. 

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia de estudo pentecostal. CPAD, 1995.
CEBRID - Centro brasileiro de informações sobre drogas. Drogas psicotrópicas. São Paulo: Unifesp- Universidade Federal de São Paulo.
CETAD/UFBa - Centro de estudos e terapia do abuso de drogas. Drogas isso lhe interessa? Salva2dor/BA, 002.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume II. São Paulo: Saraiva, 2004.
SILVA, Eduardo Veronese da.  Drogas: conhecendo suas origens, legislação e seu poder para se prevenir contra esse mal. Editora: Biblioteca24horas.com.br, São Paulo, 2012.
SUPERINTERESSANTE, Revista. Como lidar com as drogas? Edição 172, Janeiro/2002.




[1] Educador Físico; Bacharel em Direito e Pós-graduado em Direito Militar.
Blogger: www.blogdocapveronese.blogspot.com.br 

segunda-feira, 13 de abril de 2015

EM DEFESA DO ARMINIANISMO

Pastor Silas Daniel



1. Breve Biografia de  Jakob Hermanszoon:

            Ele nasceu em 10 de outubro de 1559, na cidade de Oudewater, na província de Utrecht, na Holanda. Era filho do casal Hermand Jacobszoon, um ferreiro especialista em fabricar armaduras; sua esposa era Engeltje ambos protestantes. Seu pai morreu de forma trágica no mesmo ano de seu nascimento, deixando sua mãe viúva e com filhos pequenos.
            Condoído da situação do pequeno Jakob, um padre simpático ao protestantismo, chamado de Teodoro Emílio, sustentou a criança e seus estudos. Porém, quando o garoto completo seus 15 anos, seu benfeitor morreu. Deus, contudo, logo colocou outra pessoa na sua vida: um homem chamado Rodolfo Sneillus, que, ao saber da história de Jakob, resolveu adotá-lo e leva-lo para Marburg. Foi assim que, aos 16 anos, Jakob ingressou na Universidade de Leiden.
            No mesmo ano em que ingressara na Universidade, outra tragédia aconteceu. Em 1575, a sua cidade natal – Oudewater, que á época, estava sob o domínio espanhol, mas havia se libertado desse domínio e se tornado protestante, voltaria a ser atacada pelos espanhóis. A invasão foi sangrenta, passando para a posteridade como o “Massacre de Oudewater”, no qual a mãe de Jakob, seus irmãos e demais parentes foram todos mortos. Portanto, somente Jakob sobraria de toda a sua família.
            Na cidade de Leiden, o jovem protestante adotou a forma latinizada de seu nome e, ao invés de Jakob Hermanszoon, passou a se chamar Jacobus Arminius. Concluiu seus estudos nesta cidade em 1582, mesmo ano em que foi a Genebra para estudar com ninguém menos do Teodoro Beza, amigo e sucessor do já falecido João Calvino.
            Não ficou muito tempo em Genebra, haja vista as controvérsias decorrentes do seu uso de técnicas ramistas, que aprendera em Leiden. Estas técnicas foram criadas pelo professor calvinista francês Pierre de La Ramée (1515-1572) que eram ensinadas em algumas universidades protestantes.
            De Genebra ele seguiu para a Basileia e de lá para Amsterdã, onde recebeu o convite para pastorear, sendo ordenado ao pastorado em 1588. Ganhou fama de bom pastor e ensinador. Em 1590, casou-se com a jovem Lijsbet Reael. Em 1603, após 15 anos de profundo ministério, Arminius encerra suas atividades como pastor para aceitar o cargo de professor na Universidade de Leiden.
            Foi em Leiden que começou os  primeiros e históricos embates teológicos da vida de Jacob Arminius, e o principal responsável pelos ataques desferidos contra ele foi o teólogo e professor calvinista radical Fransciscus Gomarus (1563-1641). A principal divergência entre eles, era em relação aos Decretos de Deus. Para entendermos essa divergência, é necessário explicar o que vem a ser Calvinismo Infralapsariano e Supralapsariano.

1.1 Calvinismo Infralapsariano: é aquele que afirma que os decretos divinos de eleição e condenação ocorreram após o Decreto da Queda.

1.2  Calvinismo Supralapsariano: é aquele que assevera que os decretos divinos de eleição e condenação, foram determinados por Deus antes mesmo do Decreto da Queda; isto é, primeiro Deus planejou que alguns se salvariam e outros se perderiam, para depois determinar do que eles seriam salvos (sic).

Portanto, Gomarus era adepto do Calvinismo radical Supralapsariano, enquanto que Arminius era absolutamente contra deste Calvinismo. A divergência entre os dois começou exatamente aí. No entanto, o debate se intensificou mais quando Arminius acrescentou que a Confissão Belga (1562) e o Catecismo de Heidelberg (1563), ambos os documentos calvinistas, precisavam de reformas.
Isto irritou muito a Gomarus que queria uma explicação de Arminius de quais reformas eles precisariam. Entretanto, Arminius preferiu se calar por um tempo, para acalmar os ânimos. Vários debates públicos ocorreram posteriormente entre eles, e a controvérsia ultrapassou a instituição onde lecionavam e chegou a outras universidades, até que Gomarus e Arminius foram chamados a comparecer a Suprema Corte de Haia para apresentarem seus argumentos, que dividiam os acadêmicos protestantes no país. 
Ao final da exposição de cada um, a Suprema Corte, formada por 8 Magistrados, declarou que as diferenças no que concernia á Doutrina da Predestinação eram pequenas, e por isso, ambos deveriam aprender a conviver com essas diferenças. Arminius acatou a resolução, mas Gomarus partiu novamente para o ataque. De tantos que foram os ataques contra ele, Arminius pediu que se formasse uma assembleia para ouvi-lo. Esta assembleia foi marcada para o dia 30 de outubro de 1608.
Nesta assembleia Arminius apresentou as reformas que ele tinha em mente ao falar da Confissão Belga e do Catecismo de Heidelbeg. Ele disse acreditar que tanto o Calvinismo Infralapsariano quanto o Supralapsariano, no fundo, carregavam o mesmo erro, e expôs sua crença na predestinação a partir da presciência divina, apoiando-se em Textos Bíblicos.
Contrariado, Gomarus, por sua vez, teve permissão para falar sobre o pensamento de Arminius, mas somente no dia 12 de dezembro de 1608. Nesta ocasião, atacou direta e agressivamente a Arminius, não tentou rebater nenhum dos argumentos que Arminius apresentou fundamentado na Bíblia.
Arminius simplesmente argumentou que os dois textos – a Confissão Belga e o Catecismo de Heidelberg, não estavam acima da Bíblia e, como produções meramente humanas, estavam sujeitas a revisões e aperfeiçoamento. Diante deste debate, momento em que Arminius usou somente o biblicismo para apresentar sua opinião contrária a Gomarus, acabou com que mesmo alguns discordantes de Arminius lhe dessem razão.

2. O Que Apregoa o Arminianismo?

Em linhas gerais, o que ensinava o Arminianismo ou, na verdade, o que é o Arminianismo? Ele está pautado em ensinamentos a luz da Bíblia. Quais são estes ensinamentos?

1º - Que Deus determinou salvar algumas pessoas e condenar as demais: Ele fez isso a partir de Seu pré-conhecimento sobre a fé ou a incredulidade futuras dessas pessoas. Ou seja, a eleição ou a condenação divinas não são decisões arbitrárias de Deus, mas decisões tomadas por Deus desde a eternidade com base em Sua presciência em relação as escolhas futuras das pessoas.

            Romanos 8:29-30. Porque os que dantes  conheceu também, os predestinou, para serem a conforme a imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.
            (...)
            1 Pedro 1:2. Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.

*Obs:  Os Calvinistas erram ao vincular a presciência de Deus á causalidade. Ora, o texto Bíblico é bem claro: a presciência vem antes da predestinação e da eleição. Estas decorrem daquela, e não o contrário. Um exemplo clássico desse tipo de conhecimento divino é o da oração de Davi sobre o povo de Queila (1 Samuel 23:1-13).

2º - A Doutrina da Depravação Total do ser humano. Ensina que o ser humano é tão depravado espiritualmente que precisa da graça de Deus tanto para ter Fé como para Praticar boas obras. “Em seu estado caído e pecaminoso, o homem não é capaz, de e por si mesmo, pensar, desejar ou fazer aquilo que é realmente bom; mas é necessário que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar e executar o que quer que seja verdadeiramente bom”. (Arminius; FEICS, 2014).  O homem não regenerado é escravo do pecado e incapaz de servir a Deus com suas  próprias forças (Romanos 3:10-12; Efésios 2:1-10).

Romanos 3:10-12. Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há ninguém que faça o bem, não há nem um só.

3º - Que a Graça Divina pode ser resistida. O próprio Arminius disse: “Creio, segundo as Escrituras, que muitas pessoas resistem ao Espírito Santo e rejeitam a graça que lhes é oferecida”. São vários os Textos Bíblicos que deixam clara a possibilidade de resistir a graça divina: (Gn 4:6-7; Dt 30:19; Js 24:15; 1 Rs 18:21; Is 1:19-20; Sl 119:30; Mt 23:37; Lc 7:30; At 7:51; 10:43; Jo 1:12; 6:51; 2 Co 6:1; Hb 12:5).

Gênesis 4:6-7. E o Senhor disse a Caim: Porque te iraste? E porque descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz a porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.
            (...)
           Salmo 119:30. Escolhi o caminho da verdade; propus-me seguir os teus juízos.
            (...)
2 Coríntios 6:1. E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão.

*Obs. É equivocado pensar que Deus não é absolutamente soberano se concede ao homem, através de Sua graça preveniente, o livre-arbítrio, isto é, uma vontade livre para escolher ou não a salvação. É verdade que ninguém merece a salvação, mas se Deus resolver salvar uns e condenar outros sem conceder uma possibilidade real de escolha para Suas criaturas, estará Deus manchando Sua justiça (Isaías 6:3).

4º - Que Cristo morreu por todos. Os Arminianos entendem e sustentam que realmente Cristo morreu por todos, mas Sua obra salvífica só é levada a efeito naqueles que se arrependerem e creem.

João 1:12; 6:51. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome. (...). Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.
            (...)
Hebreus 2:9. Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.

*Obs. Dito em outras palavras, a Expiação de Cristo é suficiente, mas só se torna eficiente na vida daqueles que sinceramente se arrependerem de seus pecados e aceitam Cristo como único e suficiente Senhor e Salvador de suas vidas. Portanto, trata-se de uma Expiação Universal Qualificada. Sendo assim, a expiação de Cristo foi realizada em prol de toda a humanidade, mas só os que a aceitam usufruem de sua eficácia.

5 – Que o Ser Humano pode cair da graça. Sobre este ponto, o próprio Arminius preferiu deixar em aberto essa questão, isso porque há muitos textos Bíblicos que enfatizam a perseverança dos santos (o que defendem os Calvinistas) e há muitos outros que sugerem a possibilidade de cair da graça, ou seja, de eventualmente se perder a salvação (o que defendem os Arminianos).

Armínius escreveu: “Nunca ensinei que um verdadeiro crente pode, total ou finalmente, cair da fé e perecer. Porém, não vou esconder que há passagens das Escrituras que me parecem ensinar isso” (Arminius Works, volume 1, p.131).

Textos sugeridos para consulta: Mt 24:12-13; Lc 9:62; 17:32; Jo 15:6; Rm 11:17-21; 1 Co 9:27; 15:1-2; 2 Co 11:3-4; Gl 5:4; 1 Tm 1:19; 4:1; 2 Tm 2:10,12; Hb 3:6,12,14; 2 Pe 2:20-22; Ap 3:5.

            Mateus 24:12. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
            (...)
1 Coríntios 9:27. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.
(...)
Gálatas 5:4. Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído.
(...)
Apocalipse 3:5. O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.

*Obs. O fato de sabermos que temos segurança em Cristo não deve nos levar a relaxar em nossa vida espiritual, pois tal atitude pode, se não tomarmos cuidado, nos levar, mais à frente, a perecermos espiritualmente.

C. Spurgeon certa ocasião, comentando 1 Timóteo 2:3-6, que afirma que Deus deseja “que todos os homens sejam salvos” e Cristo se entregou “por todos”, escreveu: “E então? Tentaremos colocar um outro sentido no texto do que já tem? Penso que não. Entretanto, os Calvinistas mais velhos lidaram com esse texto “todos os homens”, e diziam eles que o texto quer dizer “alguns homens”, como se o Espírito Santo não pudesse ter falado “alguns homens” se quisesse ter falado isso.
            Enfim, não devemos tratar nossos amigos Calvinista como “hereges perniciosos”, o que nunca foram, mas também devemos nos conscientizar que o Arminianismo é, sem dúvida alguma, a melhor explicação, à Luz da Bíblia, para a mecânica da Salvação. Tanto um quanto o outro honram a Deus, sendo que o Arminianismo o faz de uma forma muito mais coerente à Luz do Texto Sagrado, sem forçar alguma aparente contradição (...). Ensinemos, pois, o Arminianismo.


Autor do Artigo: Pastor Silas Daniel. Membro da Assembleia de Deus em Augusto Vasconcelos, Rio de Janeiro (RJ);
Extraído da Revista: Obreiro Aprovado. Em Defesa do Arminianismo. Edição Nº 68, Ano 36, CPAD, 2014.