FOX, John. O livro dos Mártires. Rio de Janeiro: CPAD,
2ª Ed. 2002.
Capítulo I: Perseguição aos Cristãos sob o Poder de Nero.
O trocadilho com o nome Pedro que significa
pedra, e consigo mesmo, que é a Rocha (Jesus), afirmou que sobre aquela rocha
edificaria sua Igreja (Mateus 16.18). Observa-se aqui 3 coisas:
1ª – Que Cristo tinha uma Igreja neste mundo;
2ª – Que esta igreja sofreria de todas as
forças e poderes do inferno;
3ª – Que esta mesma igreja, apesar de todo o
Poder e Maldade por parte do diabo, ela haveria de permanecer e prevalecer.
No transcorrer de toda nossa história, temos
assistido ela resistir a reis, governadores e todo tipo de autoridades do
mundo. Basta realçar a história de Jesus Cristo, traído por um de seus apóstolos
– Judas. E outros de seus seguidores, o negou 3 vezes, enquanto outros o
abandonaram, mas a sua ressurreição redirecionou os corações não somente dos
Judeus, mas foi, prinicipalmente, após a descido do Espírito Santo, que suas
mentes e seus corações foram infundidos de nova confiança (esperança e coragem)
para proclamar o nome de Cristo, vindo a causar grande confusão aos
governadores judeus e, de certa forma, aos prosélitos[1]
gentios.
Assim, durante séculos, muitos seguidores de
Cristo foram martirizados de forma brutal e cruel, mas eles não negaram (nem
negociaram) sua Fé. Entre eles:
Estevão – Foi um dos primeiros mártires a morrer
pela causa de Cristo. Eles o arrastaram para fora da cidade e o apedrejaram até
a morte.
Atos
7.51-58: Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido,
vós sempre resistis ao Espírito Santo; como o fizeram os vossos pais, assim
também vós. (...). Vós, que recebestes a
lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes. Ouvindo eles isto,
enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra Estevão. Mas ele, cheio do
Espírito Santo, fitando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à
direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos, e o
Filho do homem em pé à direita de Deus. Então eles gritaram com grande
voz, taparam os ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele e,
lançando-o fora da cidade o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas
vestes aos pés de um mancebo chamado Saulo.
Tiago, o Maior – o irmão mais velho de João e parente
de Jesus Cristo, pois sua mãe – Salomé, era prima de Maria. Sua morte ocorreu
aproximadamente após 10 anos da morte de Estevão. Foi decapitado a mando de
Herodes Agripa, por volta do ano 44 d.C.
Filipe – Sua morte ocorreu em Heliópolis, na
Frígia. Ele foi açoitado, lançado no cárcere e depois crucificado, por volta do
ano 54 d.C.
Mateus
– Foi morto na Etiópia,
assassinado com uma alabarda, isto é, arma antiga com longa haste de madeira,
terminando em ferro longo e pontiagudo, atravessado por outro em formato de
meia-lua. Isso ocorreu na cidade de Madaba. no ano 60 d.C.
Tiago, o Menor – Foi escolhido para supervisionar
as igrejas de Jerusalém. Autor da Epístola que leva seu nome. Aos 99 anos, foi
espancado e apedrejado pelos judeus que, ainda, abriram o crânio com um
garrote.
Matias
– Substituto de Judas
Iscariotes. Sofreu apedrejamento em Jerusalém e, em seguida, foi decapitado.
André – Irmão de Pedro. Pregou o Evangelho a
muitas nações da Ásia. Ao chegar em Edesa, foi preso e crucificado. As extremidades
de sua cruz foram fixadas no solo (Cruz de Santo André).
Marcos – Escreveu seu Evangelho em Grego. Ele foi
arrastado e despedaçado pela população de Alexandria, na solenidade do ídolo
Serapis.
Pedro – Ele foi preso, condenado a morte e
crucificado em Roma. Jerônimo afirma que ele foi crucificado de cabeça para
baixo, a pedido dele mesmo, por se julgar indigno de morrer crucificado
igualmente ao seu Mestre – Jesus Cristo.
Paulo – Abdias disse que após deliberação a
respeito de sua execução, o imperador Nero enviou dois cavaleiros – Ferega e -
Partemio, para dar a notícia a Paulo de que seria morto. Chegando-se próximo a
Paulo, pediram-lhe que orasse por eles para que cressem. Após ser levado pelos
soldados, orou e ofereceu o pescoço á espada.
Judas – Era também chamado de Tadeu. Foi
crucificado em Edesa, no ano de 72 d.C.
Bartolomeu
– Traduziu o Evangelho de
Mateus para um dos idiomas da Índia, propagando-o neste País. Foi cruelmente
açoitado e crucificado pelos idólatras.
Tomé – Chamado de Dídimo. Pregou em Partia e na
Índia, onde, ao provocar a ira dos sacerdotes pagãos, morreu atravessado com
uma lança.
Lucas – Supõe-se que tenha sido pendurado em uma
oliveira pelos idólatras sacerdotes da Grécia.
Simão – De sobrenome Zelote. Foi crucificado na
Grã-Bretanha no ano de 74 d.C.
João – O discípulo amado era irmão de
Tiago, o Maior. Foi jogado num caldeirão de óleo quente. Foi o único que teve
morte natural.
Barnabé – Supõe-se que tenha morrido por volta do
ano de 73 d.C. Mesmo diante de toda esta perseguição e a crueldade com que
foram mortos, a Igreja de Jesus Cristo crescia cada vez mais.
Capítulo II: As Dez Primeiras Perseguições:
1ª Perseguição: Esteve
sob o domínio do 6º Imperador de Roma – Nero,
em 67 d.C. Nos primeiros 5 anos foi tolerante, mas após isso, deu vazão as
atrozes barbaridades. Ordenou que Roma fosse incendiada. Milhares de pessoas
foram mortos nas chamas e outro tanto sufocado pela fumaça ou sepultado sob as
ruínas (p. 8).
Nero colocou a culpa nos cristãos pelo
incêndio, ele inventou castigos infernais, tais como: costurar alguns em peles
de animais selvagens e lançados aos cães para serem destroçados. Outros eram
encharcados de ceras inflamáveis, atadas em postes de seu jardim particular,
para atear fogo e arder em chamas. Durante essa perseguição Paulo e Pedro
sofreram o martírio.
2ª Perseguição: Esteve
sob o domínio de Domiciano, em 81 d.C.
Ele matou primeiro seu irmão, suscitando a segunda perseguição aos cristãos.
Matou alguns senadores romanos por desconfiança e para confiscar-lhes os seus
bens. Mandou executar todos pertencentes a linhagem de Davi.
Flávia, filha de um senador romano, ditou a
seguinte lei: “Que nenhum cristão, uma vez trazido ao tribunal, fique isento de
castigo, sem que renuncie a sua religião”. Alguns mártires desta perseguição
foram:
Dionisio – era ateniense e instruído
em toda literatura útil e estética da Grécia.
Nicodemos – sofreu em Roma durante o
furor da perseguição de Domiciano.
Protásio e Gervásio - Foram martirizados em
Milão.
Timóteo – o discípulo de Paulo foi
bispo de Efeso onde pastoreou a igreja até 97 d.C. O povo armado de paus, o
espancaram terrivelmente até morrer.
3ª Perseguição: Esteve
sob o domínio de Trajano, em108 d.C.
Inácio, foi designado ao bispado de
Antioquia, em sucessão a Pedro. Dizem que ele foi entregue as feras para ser
devorado. Adriano, sucessor de
Trajano, deu seqüência a perseguição. Sob seu governo foram martirizados;
Alexandre, bispo de Roma, seus dois Diáconos – Quirino e Hermes, com suas
famílias; Zeno, um nobre romano, com outros 10.000 cristãos.
4ª Perseguição: Esteve
sob o domínio de Marco Aurélio, em 162
d.C. Era um homem de natureza rígida e severa, foi duro e feroz contra os
cristãos. Desencadeou uma perseguição ferrenha a alguns dos mártires, em que
eram obrigados a passar com os pés feridos sobre espinhos, cravos, conchas, etc.
Outros eram açoitados até os tendões e veias ficarem expostas, para depois
serem mortos. Dentre Eles, destacam-se:
Germânico – jovem e verdadeiro cristão foi entregue as
feras por causa de sua fé.
Policarpo – respeitado bispo de Esmirna, ao ser preso,
pediu aos guardas para orar por 1 hora. Ele foi condenado e queimado na praça
do mercado. O Procônsul pressionou para que blasfemasse contra Cristo, mas
Policarpo respondeu: “Durante 86 anos o tenho servido e nunca me faz mal algum.
Como blasfemaria contra meu Rei, que me tem salvado”. (p.11).
Felicitate – uma dona romana de classe social elevada e
muito virtuosa, era uma devota cristã e tinha 7 filhos:
Enero, o mais velho, foi flagelado e prensado com
pesos até a morte.
Félix
e Felipe – foram
descerebrados com garrotes.
Silvano – foi jogado de um precipício.
Alexandro, Vital
e Marcial, os três mais novos,
foram decapitados. A mãe foi morta
com a mesma espada que os decapitaram (p.12).
Justino – o célebre filósofo foi martirizado nesta
perseguição. Era natural de Meápolis, em Samaria. Por volta do ano 133 d.C.,
aos 30 anos de idade, converteu-se ao cristianismo. Dedicou-se grande tempo a
viajar e até estabelecer sua residência em Roma. Ele recusou-se a prestar
sacrifício aos ídolos pagãos, sendo condenado ao açoite e decapitação. Sentença
cumprida com toda severidade e rigor.
5ª Perseguição: Esteve
sob o domínio de Severo, em 192 d.C.
Embora rugisse a malícia persecutória, o Evangelho resplandecia firme como uma
rocha resistia com êxito aos ataques dos inimigos.
Victor - bispo de Roma sofreu o martírio em 201
d.C.
Leônidas – pai do célebre Orígenes, foi decapitado
por Cristiano.
Brasilides – oficial do Exército, executou as ordens de
matar os cristãos, mas converteu-se ao Evangelho. Ao declarar sua conversão,
foi arrastado e lançado no cárcere, depois foi decapitado (p.15).
6ª Perseguição: Esteve
sob o domínio de Maximino, em 235 d.C.
Muitos cristãos sofreram o martírio sob seu comando, entre eles:
Pontiano – o bispo de Roma foi executado, juntamente
com inúmeros cristãos, sem sequer ter direito a um julgamento e foram
enterrados indiscriminadamente. Muitas vezes, 50 ou 60 eram jogados numa vala
comum, sem a menor decência. Após a morte de Maximino, seu sucessor foi Gordiano e Felipe, que não permitiram perseguições aos Cristãos. A igreja
descansou por aproximadamente 10 anos (p.16).
7ª Perseguição: Esteve
sob o domínio de Décio, em 249 d.C.
Neste período, os templos pagãos começavam a ficar vazios, enquanto ia
aumentando o número de cristãos nas igrejas. Entretanto, em algumas regiões as
perseguições continuavam.
Fabiano - bispo de Roma foi decapitado em 250 d.C.
Julião – da Cilícia foi colocado junto com várias
cobras e lançado ao mar.
Pedro – jovem e inteligente recusou-se a
sacrificar a Vênus; e disse: “Estou atônito ao ver que sacrificais a uma mulher tão infame,
cujas abominações são registradas por vossos historiadores, cuja vida consistiu
em ações que vossas próprias Leis castigariam. Não sacrificarei a ela, mas ao
verdadeiro Deus apresentarei oferta aceitável de louvores e orações”.
Foi colocado na roda de tormento, rompendo todos os seus ossos, depois
decapitado (p.18).
Nicômaco – diante do Procônsul recebeu ordens de
sacrificar aos ídolos pagãos, mas disse: “Não posso dar a demônios a reverência devida somente ao Todo
Poderoso”. Foi posto no potro. Depois de suportar os tormentos por
um tempo, retratou-se. Porém, logo depois desta prova de debilidade, entrou em
agonia, tombou ao chão e morreu imediatamente (p.18).
Denisa – jovem de 16 anos, exclamou: “Oh, infeliz,
para que comprar um momento de alívio à custa de uma eternidade de misérias”.
Optimo ao saber que era cristã, mandou decapitá-la. Na Ilha de Creta, foi o
local em que houve maior manifestação de ira contra os cristãos.
8ª Perseguição: Esteve sob o
domínio de Valeriano, em 257 d.C.
Esta perseguição durou 3 anos e 10 meses.
Rufina e Secunda
– eram formosas e refinadas damas, estavam prometidas em casamento com dois
cristãos promissores. Quando iniciou a perseguição, eles tentaram persuadi-las
a fugirem, mas não obtiveram êxito. Para salvar suas fortunas fugiram e as
denunciaram. Elas foram presas e mortas a mando do Governador Julio Donato, de
Roma.
Estevão – bispo de Roma foi decapitado, enquanto Saturnino Bispo de Toulouse, foi
amarrado pelos pés à cauda de um touro que, enfurecido desceu em disparada a
escadaria do Templo. Seu crânio abriu e o seu cérebro espalhou-se pelo chão (p.
22).
Na África a perseguição rugiu com peculiar
violência; milhares de pessoas receberam a coroa do martírio. Dentre eles
destacam-se:
Cipriano – converteu-se ao cristianismo ao ser
evangelizado por Cecílio (246 d.C.). Depois de seu Batismo, vendeu suas posses
e distribuiu seu dinheiro aos pobres (Livro Atos). Passou a ser o Bispo de
Cartago. Uma peste atingiu toda a cidade (Epidemia), culparam os cristãos,
dando início a perseguição. Em 257 d.C. ele teve que comparecer perante o
Procônsul Aspásio Paturno, este o desterrou para uma pequena cidade, no mar da
Líbia. Com a morte de Paturno, ele voltou para Cartago, mas o novo governador o
condenou a morte por decapitação (258 d.C.).
9ª Perseguição: Esteve
sob o domínio de Aureliano, em 274 d.C.
Aqui se destacam os dois mártires: Felix e Agapito. O primeiro, bispo de Roma
foi decapitado. O jovem Agapito vendera suas possessões e as dera para os
pobres. Foi preso, torturado e. logo em seguida, decapitado na cidade de
Praeneste, cidade que dista de um dia de viagem de Roma (p.26).
No ano de 286 d.C. uma legião de soldados,
composta de seis mil, seiscentos e sessenta e seis (6.666), era totalmente
constituída de Cristãos. Eram chamados de “Legião Tebana”, ou seja, todos recrutados em
Tebas. O imperador Maximiano, ordenou um sacrifício geral que deveria ser assistido
pelo Exército. Eles se recusaram a sacrificar e fazer os juramentos de lealdade
e de auxílio na extirpação dos cristãos das Gálias.
Maximiano determinou que um de cada dez
soldados fossem mortos á espada. Dos que sobraram, continuaram inflexíveis a
ordem dada. Por isso, Maximiano determinou uma segunda dizimação: “um de cada dez
homens dos que ficaram vivos devem morrer de igual modo”. Os que restaram mantiveram-se firmes, isso
encolerizou o Imperador que mandou matar a todos da Legião. Outra tropa de
soldados os mataram à espada (22 setembro de 286 d.C.).
10ª Perseguição: Esteve
sob o domínio de Diocleciano, em 303 d.C.
Sua mãe era uma fanática pagã, com isso estimulou-o a iniciar a perseguição aos
cristãos. A cidade de Nicomédia foi a escolhida para dar início a perseguição.
O prefeito da cidade com oficiais invadiram a igreja e tomaram todos os livros
sagrados e os lançou ás chamas. Aproveitou para destruir também a igreja. A
partir de então, houve uma perseguição generalizada a todas as igrejas e aos
cristãos em Roma.
Publicou-se um Edito Imperial e, com isso,
houve um martírio imediato. Um cristão atrevido arrancou este Edito de onde o
fixaram, mas também, execrou o nome do Imperador naquele local, pela injustiça
que estava sendo praticada. Ele foi preso, torturado severamente e queimado
vivo.
O filho adotivo de Diocleciano – Galério ordenou secretamente que
ateassem fogo no Palácio Imperial, para que pudessem culpar os cristãos. Com
isso, teria a justificativa para levar com maior rigor a perseguição. Depois
disso, não se fazia distinção de sexo ou idade.
Este martírio durou cerca de 10 anos. É
impossível determinar o número de cristãos mortos, como também, descrever as
várias formas de martírio. Entre elas, pessoas queimadas vivas, enforcadas,
crucificadas, açoitadas em praça pública até a morte,mortos à espada,
punhaladas, com veneno, de fome, entre outras. Uma cidade da Frigia totalmente
povoada por cristãos, foi queimada e todos morreram entre as chamas (p. 29). Em
304 d.C. a perseguição se tornou mais rigorosa.
Ela chegou a Espanha e o governador de
Tarragona - Daciano ordenou que Valério, o bispo fosse exilado, e Vicente
o diácono, fosse posto no tronco. Seus membros foram deslocados e sua carne
rasgada com garfos. Depois disso, foi colocado sobre uma grelha com fogo por
baixo. Mesmo assim, ele não negou a sua Fé. Foi levado ao cárcere onde morreu
em 22 de janeiro de 304 d.C. Seu corpo foi jogado num rio (p. 32).
Diocleciano abdicou da coroa, com isso,
assumiram o poder – Constâncio e Galerio.
O primeiro muito gentil e humano, enquanto que o segundo era destacado
por sua crueldade e tirania. O império foi dividido entre eles. Galerio
governava o oriente com muita opressão e torturas, enquanto o ocidente era
governado por Constâncio, de uma maneira gentil e humana (p.34).
Constâncio – nasceu na Inglaterra e era príncipe
generoso, desejoso de cultivar a educação e as belas artes. Com ele uma nova
era havia começado, homem bom e cheio de virtudes herdado pelos pais. Ele
sempre estava a ler, escrever e dedicava-se aos estudos. Prosperou em tudo que
aprendeu e foi um grande favorecedor da Fé Cristã. Fé que foi abraçada por ele
com a mais devota reverência.
Capítulo III: Perseguição contra os Cristãos na Pérsia.
Os sacerdotes pagãos, adoradores do Sol
ficaram receosos de perder a influência que até então mantinham sobre as mentes
e as posses das pessoas. Acharam conveniente queixar-se com o Imperador Sapores
de que os cristãos eram inimigos do Estado e que mantinham traiçoeiramente
correspondência com os Romanos, grandes adversários da Pérsia.
A partir de então, o imperador ordenou que
perseguissem os cristãos em todo o território persa. Constantino, o Grande,
sabendo da perseguição na Pérsia, escreveu uma longa carta a Sapores, narrando
o castigo aplicado aos perseguidores dos cristãos: “(...). Muito me regozijaria se o trono da
Pérsia achasse também glória e abraçasse os cristãos, de modo que tu comigo, e
eles contigo, pudéssemos gozar a verdadeira felicidade”. (p.40) Como resultado
desse apelo feito por Constantino, a perseguição parou por um bom tempo,
reascendendo quando outro rei assumiu o trono persa.
.
Perseguição sob os Hereges Arianos.
O autor da heresia
ariana foi Ário, natural da Líbia e bispo de Alexandria, que em 318 d.C. começou
a tornar público os seus erros. Ele foi condenado por um Conselho de Bispos
(Líbios e Egípcios) e a sentença prolatada foi confirmada pelo Concílio de
Nicéia em 325 d.C. No Egito e Líbia, 30 bispos sofreram o martírio e muitos
outros cristãos foram cruelmente atormentados. Em 386 d.C. ordenados por Jorge,
o bispo de Alexandria, começou uma perseguição com diversas práticas infernais,
ele recebeu ajuda do governador do Egito – Catofonio, do general das forças
egípcias – Sebastião, do tesoureiro – Faustino, e de um oficial romano –
Mareclio. Se alguém que era acusado de ser cristão, fugisse, toda a sua família
era morta e seus bens confiscados.
. Perseguição sob Julião – o Apóstata.
Ele era filho de Júlio Constâncio e sobrinho
de Constantino, o Grande. Foi enviado para Nicomédia para que fosse instruído
na religião cristã pelo bispo Eusébio, seu parente. Seus princípios, porém,
eram totalmente contrários ao cristianismo, sendo pernicioso. Em 361 d.C. ao
assumir o trono, renunciou ao cristianismo e abraçou de vez o paganismo. Chamou
de volta todos os pagãos que foram exilados.
Permitiu o livre exercício da religião a
todas as seitas, mas privou os cristãos de assumirem cargos na corte, na
magistratura e no exército. Em Alexandria, foram inumeráveis os mártires que
morreram pela espada, pelo fogo, pela crucificação e pela decapitação. Em
Arethusa vários foram estuprados e tiveram o ventre cheio de milho, antes de
serem entregues aos porcos. Ao devorar os grãos, os porcos também comiam suas
entranhas.
.
Perseguição pelos Godos e Vândalos.
O rei dos Visigodos – Fritegem, era aliado
dos Romanos, porém, Atanarico, rei dos Ostragodos, estava em guerra contra
eles. Os Godos eram arianos e se denominavam cristãos. Por isso, destruíram
todas as estátuas e templos dos deuses pagãos, mas nenhum dano causaram as
igrejas cristãs conservadoras.
.
Perseguições dos Meados do Século V ao Final do Século VII.
Proterio foi constituído pregador por Cirilo,
bispo de Alexandria, que se achava familiarizado com suas virtudes antes da
designação. Com a morte de Cirilo, a sede de Alexandria estava ocupada por
Díscoro, um inveterado[2]
inimigo da memória e da família de seu antecessor.
Díscoro foi deposto por condenação do
Concílio de Calcedônia e com a aprovação do Imperador. Proterio assumiu seu
lugar, o que gerou uma grande rebelião, pois Alexandria estava dividida em duas
Facções.A primeira defendia a causa do anterior prelado[3] –
Eutico, enquanto a outra defendia o atual.
Os Eutiquianos decidiram lançar sua vingança
contra Proterio, que teve de fugir da igreja e se refugiar em outro lugar. No
ano de 457 d.C. quando estava numa igreja, uma multidão a invadiu e o
assassinou brutalmente, arrastando-o pelas ruas aos gritos e o queimaram,
espalhando suas cinzas pelo ar. (p.45).
Hermenegildo, filho mais velho do rei dos
Godos, na Espanha,que era ariano, converteu-se a fé genuína através de sua
esposa Ingonda. Quando seu pai (o Rei) ficou sabendo de sua conversão, privou-o
do posto de governador, em Sevilha, ameaçando-o matá-lo, caso não renunciasse
esta fé. Na festa da Páscoa, ele rejeitou receber a Eucaristia[4]
das mãos de um bispo ariano, o que encolerizou muito o rei (Leovegildo),
inclusive ordenou que seus guardas despedaçassem o príncipe, o que fizeram com
todo o rigor, no dia 13 de abril de 586 d.C.
Killien, nasceu na Irlanda e recebeu de seus
pais uma educação piedosa e cristã. Obteve licença da igreja de Roma para
pregar aos pagãos em Franconia, na Alemanha. Em Wurtburg, converteu o
governador Gozberto e outras pessoas. Quando repreendeu Gozberto que o
casamento com a viúva de seu irmão era pecaminoso, fez com que o decapitassem,
em 689 d.C. (Herodes – João Batista).
.
Perseguições no Início do Século VIII ao Final do Século X.
Bonifácio, arcebispo de Mentz e pai da Igreja
da Alemanha, era inglês e, na história eclesiástica éconsiderado um dos mais
formosos ornamentos daquela nação. Aos seis anos de idade, exibia propensão à
reflexão e parecia ávido[5]
por questões religiosas. Seu nome original era Winfred e nasceu em Kirton, Devonshine,
parte do Reino Saxão[6]
Ocidental. Aos 30 anos de idade, foi qualificado para exercer o ministério
cristão. Então, começou a pregar e a trabalhar para a salvação de seus
semelhantes. Em 719 d.C. foi a Roma, sendo recebido pelo Papa Gregório II.
Depois disso, teve a liberdade de pregar o Evangelho aos pagãos. Chegou a
Turíngia, país que já havia recebido a luz do Evangelho. Visitou Utrecht e
dirigiu-se a Saxônia, onde converteu milhares ao Cristianismo.
Com a idade avançada e com muitas
enfermidades, mesmo assim, empreendeu uma viagem para a Frísia, onde levou a
conversão e ao batismo milhares de nativos; demoliu templos pagãos e levantou
igrejas. Ao separar um dia para a realização do batismo de muitos convertidos,
alguns pagãos lançaram-se sobre eles durante a noite e mataram 52 de seus
amigos e ajudantes. Assim, em 5 de junho de 755 d.C. caiu o grande missionário
da igreja Alemã.
.
Perseguição no Século XI.
Alfago, arcebispo de Canterbury, descendia de
uma família nobre e seus pais eram cristãos dignos. Ele regeu a sede deste
local por quatro anos com grande crédito para si e benefício para o povo. Os
dinamarqueses lançaram-se numa incursão pela Inglaterra e invadiram Canterbury,
muitas pessoas importantes fugiram, mas ele, como Pastor, decidiu ficar e
enfrentá-los.
A cidade foi tomada de assalto e destruíram a
todos os que entravam pelo fogo e pela espada. Alfago dirigiu-se aos inimigos e
se ofereceu a ele, como sendo o mais digno de sua ira do que a do povo.
Rogava-lhes que perdoassem o povo e que descarregassem a sua raiva nele.
Amarraram-no e o fizeram assistir sua igreja ser queimada e seus monges serem
mortos. (p. 48)
Nesse dia, foram mortas 7.236 pessoas; apenas
4 monges foram poupados e 800 leigos permaneceram vivos.
Os invasores torturaram barbaramente Alfago,
para que dissesse onde estavam os tesouros da igreja. Ele manteve-se inflexível
e exortou-os a abandonar a idolatria e abraçar ao cristianismo. Os
dinamarqueses ficaram mais enfurecidos e o golpeavam implacavelmente. Um dos
soldados que fora convertido por ele, não suportou ver tamanho sofrimento e
cortou-lhe a cabeça, para por fim ao seu martírio, em 19 de abril de 1012. (p.
48-49)
Capítulo IV: As Perseguições Papais:
A igreja papal usou a roupagem do
cristianismo para cometer atrocidades piores que as que infamaram os anais do
paganismo. Ela estava armada com o poder das espadas, com isso humilhou e
devastou a igreja de Deus por séculos, período conhecido historicamente como a
“Idade ou Período das Trevas” (Livro de Juízes). A tempestade de perseguição papal
atacou primeiro os Valdenses, na França.
.
Perseguição aos Valdenses.
Em 1000, Berengário, pregou denodadamente[7] as
verdades do Evangelho, seguindo sua primitiva pureza. Os seguidores de sua
doutrina começaram a ser chamados de Berengários. No ano 1140 de nossa era, o
número de reformados era muito grande, e a probabilidade de seu crescimento
alarmou o Papa. Este escreveu a vários príncipes para que desterrassem de seus
domínios os reformados e empregassem eruditos para que escrevessem contra as
suas doutrinas. (p.52)
Em 1147, eram chamados de Henericianos,
devido a Henrique de Toulouse, considerado seu mais eminente pregador. O
partido papista deu-lhes o nome de Apostólicos. Pedro Waldo, natural de Lyon,
ilustre por sua erudição[8] e
piedade, tornou-se enérgico opositor do papa. Desde então, os reformados
receberam a alcunha de Valdenses.
As atividades de Waldo e dos reformadores
suscitaram a primeira aparição dos Inquisidores, pois o Papa Alexandro III
conferiu poderes para alguns monges para inquirirem e que fizessem investigação
e os entregassem para julgamento. Nem mesmo os meios mais cruéis surtiram o
efeito desejado pelo papa.
Usando outra estratégia, o papa enviou monges
eruditos para pregar aos valdenses e convencê-los de suas opiniões. Entre eles,
destaca-se Domingo, por ser muito zeloso pela causa papal (Saulo – Paulo). Ele
criou a instituição chamada a “Ordem dos Frades Dominicanos”. Seus membros
tornaram-se os principais inquisidores do mundo. Seus poderes eram ilimitados e
qualquer acusação era aceita, mesmo que fosse anônima. Eles não diferenciavam
as pessoas, nem por sexo, idade ou condição financeira (classe social). Ser
rico nesta época era considerado uma heresia. Sendo assim, encarceravam ou
mandavam matar a pessoa e confiscavam seus bens.
Nenhum familiar ou amigo poderia intervir,
pois poderiam acabar sendo também perseguidos e mortos. Os advogados não
ousavam defender nenhuma pessoa considerada herege, mesmo que fosse de sua
própria família (irmão), pois seriam perseguidos. Eles matavam, exumavam os
ossos e queimavam para servir de exemplo aos demais.
.
Perseguições aos Albigenses.
Eles eram membros da igreja reformada e
viviam no país de Albi[9]. O
Papa Alexandro III ordenou que fossem condenados por causa de suas doutrinas, o
que foi realizado pelo Concílio de Latrão. Sua crença e doutrina fez com que
crescesse muito, inclusive teve vários membros da nobreza, entre eles; Ramon –
conde de Toulouse; Ramon – conde de Foix e o conde de Beziers.
Com o assassinato do Frade Pedro, em
Toulouse, foi o grande pretexto para iniciar as perseguições aos nobres e seus
vassalos[10]. Para
arregimentar pessoas para seu exército sanguinário, prometia dar-lhes o paraíso
a todos que acudissem a “Guerra Santa”. A mesma estratégia foi usada na época
das “Cruzadas da Terra Santa”.
O valente conde de Toulouse os enfrentou, mas
o Rei da França, a Rainha Mãe e Três Arcebispos compuseram um formidável
exército e, astutamente, o fizeram comparecer a uma Conferência. Foi preso
traiçoeiramente e obrigado a comparecer descalço e descoberto diante de seus
inimigos, com isso, estaria demonstrando sua abjeta (desprezível) retratação.
Iniciou-se a perseguição aos Albigenses e é determinada expressamente a
proibição de leigos lerem as Escrituras Sagradas. (p.54)
Em 1648, desatou-se dura perseguição na
Lituânia e Polônia pelos Cossacos, tanto que até os Tártaros se envergonhavam
de suas barbaridades. Entre os torturados, destaca-se Adrian Chalinsk, que foi assado em fogo lento.
No Século III, um erudito de nome Almerico e
seis de seus discípulos, foram queimados em Paris; pelos seguintes motivos: 1º
- Afirmar que Deus não estava presente no pão sacramental, mais que em outro
alimento; 2º - Que era idolatria construir altares ou santuários aos santos e,
3º - era ridículo oferecer-lhes incenso. Embora sofressem duro martírio, mas
sua defesa e dos discípulos levou muitas pessoas perceberem a justeza de seus
conceitos e enxergassem a pureza da Religião Reformada. Essa percepção, isto é,
a Fé em Cristo, aumentava continuamente e não ficou restrito às partes da
França, mas alcançaram vários outros países.
Em 1524, na cidade de Melden, na França –
Juan Clark pôs uma nota fixada na porta da igreja, a qual chamou o papa de
anticristo. Por isso foi açoitado duas vezes e marcado com ferro em brasa. Ao
seguir para Mentz, em Lorena, destruiu algumas imagens que lhe custou a
amputação da mão direita, do nariz e o dilaceramento, com uma tenaz[11]
dos braços e peito. Ele manteve-se sereno para cantar o Salmo 115 que proíbe a idolatria.
Foi lançado ao fogo até que se transformasse em cinzas.
A partir de então, tornou-se comum aplicarem
o martírio através do fogo às pessoas consideradas hereges, principalmente na
França. Francisco Bribard, secretário do Cardeal de Pellaury, por ter dito algo
favorável aos reformistas, teve sua língua cortada e o queimaram ao fogo. Em 1546, Pedro Chapot trouxe da França boa
quantidade de Bíblias no idioma Frances e as vendeu nas ruas (publicamente).
Pouco tempo depois, foi preso, julgado e sentenciado a morte.
.
Matança no Dia de São Bartolomeu:
Em agosto de 1572, teve início este ato
diabólico e sanguinário, cuja intenção era destruir com um só golpe a raiz da
árvore protestante; que havia só havia sido podada em alguns de seus ramos. O
Rei da França propôs o casamento de sua irmã com o Príncipe de Navarra, capitão
e príncipe dos protestantes. Quatro dias depois o príncipe Colignny foi ferido
em seus dois braços por vários disparos. Ele foi aconselhado a fugir, mas
preferiu permanecer em Paris. Logo depois foi morto por Bemjus que confessou:
“Jamais vi alguém enfrentar a morte com tanta coragem como o Almirante”.
Cortaram-lhe a cabeça, os braços e os órgãos genitais e o arrastaram três dias
pelas ruas, depois o penduraram pelos pés fora da cidade (selvagens papistas).
A fúria era tanta que mataram papistas
considerados pouco devotos a sua diabólica religião. Em Orleans, mil homens
foram mortos. Em Rouen, mulheres, crianças e seis mil homens. Em Lyon,
oitocentas pessoas foram mortas, onde crianças agarravam-se aos pescoços dos
pais e serviam de alimentos para as espadas e as mentes sanguinárias daqueles
que chamavam a si mesmos de a Igreja Católica.
O conde Teligny casara-se há pouco mais de
dez meses com a filha de Coligny, seu rosto era tão formoso que os rufiões[12]
ao entrarem para matá-lo, sentiam-se tomados de compaixão. Contudo, outros
bárbaros precipitaram-se e o assassinaram. Esta terrível carnificina não se
limitou á cidade de Paris, pois ordens semelhantes foram dadas aos governantes
de todas as províncias, de modo que, ao cabo de uma semana, cerca de cem mil protestantes foram despedaçados. Em
Anjou, mataram o ministro Albiacus. Muitas mulheres foram violentadas e
assassinadas. Duas irmãs foram violentadas na frente de seu pai, que estava acorrentada
a uma parente para que visse tudo. Depois de tudo isso, os três foram mortos.
(p.60)
.
Da Revogação do Edito de Nantes á Revolução Francesa – 1789:
O Edito de Nantes assegurava aos
protestestantes a igualdade de direitos em todos os aspectos, civis e
religiosos. Ele foi promulgado por Enrique, o Grande, na França, em 1598. Ele
foi confirmado por Luis XIII, por intermédio do Edito de Nismes, e permaneceu
em vigor até o final de seu reinado.
Quando Luis XIV assumiu o trono Frances, ele
revogou este Edito de Nantes, e assim teve inicio novamente as perseguições aos
protestantes. Os papistas foram designados para presidir sobre os protestantes
e suas decisões não poderiam ser contestadas. Os protestantes foram expulsos de
seus cargos, profissões e privilégios. Até as parteiras foram proibidas de
exercer o seu trabalho. Com isso, as mulheres grávidas tiveram que se submeter
aos seus inimigos, os brutais católicos. Seus filhos eram tomados para ser
educados por eles. Ao completarem sete anos de idade, eram obrigados a abraçar
o papismo. Com a revogação desse Edito, o rei não mais admitia a presença de
huguenotes[13] em seus
domínios. Por isso, todos têm de mudar de religião. Eles pronunciavam o slogan:
“Sejam católicos, ou morram!”.
Os protestantes que se recusavam a ouvir a
missa eram condenados a “salmoura”. Este castigo consistia em tirar as cadeias
das vítimas, e entregarem-nas aos turcos, conhecidos como carrascos. Estes
algozes, consideravam este sacrifício como sendo aceitável ao seu profeta
Maomé, açoitando com um duro garrote a mísera vitima até que sua carne se
abrisse, possibilitando ver seus ossos, até que expirasse (desmaiar). Depois
aplicavam uma mistura atormentadora de sal com vinagre, deixando-os naquele
intolerável hospital, onde milhões morriam sob suas crueldades (p. 62-63).
. O
Martírio de Juan Calas.
Em 1761, Juan Calas era mercador da cidade de
Toulouse, na França, ofício aprendido com seu pai (Pedro Calas). Ele se
estabelecera e vivia em boa reputação. Ele se casou com uma inglesa de origem
francesa. Eles eram protestantes e tiveram cinco filhos, instruindo-os na mesma
religião. Mesmo sendo inocente, aproveitaram para culpá-lo pela morte de um de
seus filhos, que suicidara no porão de sua casa (parte debaixo da casa).
Sofreu a tortura com grande coragem e foi
levado á execução com uma atitude que suscitou admiração de todos os que
estavam presentes, em particular dos Dominicanos – os Padres Borges e
Coldagues, que presenciaram seus últimos momentos de suplício e, inclusive,
teceram o seguinte comentário: “este homem é inocente das acusações, sua
atitude era um exemplo de verdadeira paciência, fortaleza e caridade cristã”.
(p.68). Toda a família Calas foi jogada ao cárcere.
No dia 9 de março de 1765, três anos após a
execução do inocente e virtuoso Calas, foi firmada a sentença que defendia a
Família Calas. Com isso, mudaram-lhe a sorte. Todos se aglomeraram para vê-los
sair da prisão, e aplaudiram prazerosos, enquanto lágrimas brotavam de seus
olhos (p.69).
Este exemplo terrível de fanatismo religioso,
moveu a caneta de Voltaire, sendo ateu declarado, atacou os horrores da
superstição em um de seus ensaios, abordando sobre a tolerância.Isto circulou
pela Europa, e abateu os rigores da perseguição na maioria de seus países: “A
pureza do Evangelho fugirá da superstição e da crueldade, pois a mansidão dos
ensinamentos de Cristo consola neste mundo e ensina a buscar a salvação para o
mundo vindouro”. “Perseguir as
diferenças de opinião é tão absurdo quanto odiar por se ter um rosto feio”
(p.69).
Permitam-me aqui, um acréscimo nosso:
discriminar o outro, por ter a cor da pele diferente, o cabelo e a condição
social diferente, também é um verdadeiro absurdo. Infelizmente, este ranço[14]
perpassou a barreira do tempo e atua como verdadeiro câncer em nossa sociedade (Veronese).
Capítulo V: A História da Inquisição.
Ele viu que sua ordem não promoveu o
resultado esperado, pois mesmo com os rigores sendo aplicados (prisões e
castigos), o numero de reformados só ia aumentando. Assim, mudou de estratégia,
instituindo Tribunais Fixos e Regulares da Inquisição. O primeiro a ser criado
foi na cidade de Toulouse, na França, e Domingo foi seu primeiro inquisidor
regular (Ordem dos Frades Dominicanos, p.52), como também tinha sido o primeiro
inquisidor itinerante (p.71).
Depois disso, estabeleceram-se tribunais da
inquisição por vários países, no entanto, a Inquisição Espanhola foi a mais
temida e a que maior poder adquiriu. Em 1244, o poder deste tribunal aumentou
muito mais, graças ao Imperador Federico II, que se declarou amigo e protetor
de todos os inquisidores. Ele publicou um Edito Cruel, onde constava:
1º - Todos os hereges que persistirem em sua
obstinação serão queimados;
2º - Todos os hereges que se arrependerem
serão encarcerados pelo resto de sua vida.
A principal acusação contra os que se achavam
sujeitos a este tribunal era de heresia. Abrangendo tudo que se falava ou
escrevia contra os artigos do Credo ou das Tradições da igreja de Roma. A
inquisição tinha poderes para investigar qualquer acusado, poderia ser por ser
mago, de ler a Bíblia comum, ou o Talmude[1]
dos Judeus ou o Corão[2] de
Maomé.
Na inquisição, uma defesa vale pouco ou quase
nada, para um preso. Quanto maior sua riqueza, maior o perigo de ser
considerado herege. Grande parte das crueldades aplicadas pelos inquisidores
deve-se ao fato de sua ambição. A máxima da inquisição é infundir (incutir ou
inspirar) terror e pavor nos que estão sob o seu poder, a fim de levá-los a
obedecer.
Nem a alta classe, a linhagem real e pessoas
com cargos ilustres, estavam livres da perseguição. Depois do juízo, uma
procissão dirigia-se a um lugar público determinado para a execução. Esta
cerimônia era intitulada de “Auto de Fé ou da Fé”.
Em 1682, ocorreu um grande auto de fé no dia
30 de maio deste mesmo ano. Foram executados ao fogo, vinte e um homens e
mulheres, cuja coragem nesta horrenda morte, foi verdadeiramente assombrosa. A
missa começou ao meio-dia e não acabou até as nove horas da noite. Ela foi
alongada pela proclamação das sentenças e execução, que eram pronunciadas em
alta voz, uma após outra (p. 73-5).
Foi dada ênfase a inquisição espanhola, mas
pode-se dizer que foi aplicado muita severidade em outros países. Destaca-se,
porém, a Inquisição Portuguesa, pois
atuou exatamente sob o mesmo plano e normas aplicadas pela Espanha. Os
inquisidores portugueses permitiam o uso da tortura por três vezes. Porém,
nestas três ocasiões, era infligida tamanha severidade a vitima, que se ela não morresse, ficaria
incapacitada para sempre e sofrendo dolorosamente a cada mudança de clima.
Para se ter uma breve idéia, registra-se o
relato de alguém que passou por ela e, não se sabe como, sobreviveu:
Na
primeira tortura, entram
três carrascos e colocam a vitima sem roupa, colocam-lhe de costas numa tarimba[3].
Após isso, colocam um anel de ferro em volta de seu pescoço e ao redor de seus
pés. Estando fixado e estirado sobre o estrado, atam-lhes cordas ao redor de
cada coxa que, ao passar sob a tarimba por meio de furos, são esticados após um
sinal, para ser executado por quatro homens (carrascos). Estas cordas acabam
cortando sua carne até os ossos, fazendo brotar muito sangue em oito partes
diferentes do corpo. Se o preso persistir em não confessar o que pedem seus
inquisidores, as cordas tornam a ser esticadas mais quatro vezes sucessivas.
Na
segunda tortura, forçam-lhes
os braços para trás, de forma que as palmas das mãos fiquem viradas para fora.
Com uma corda, fazem com que as unam pelos pulsos. Depois com a utilização de
um torno, erguem-se as cordas com o propósito de juntarem-nas (mãos)
gradualmente entre si, até se tocarem os seus dorsos, que estavam paralelas.
Com este manejo, promovem o deslocamento dos ombros, momento em que jatos de
sangues jorram pela boca da vitima. Este suplício é repetido por três vezes.
Caso este preso apresente uma recuperação (em meses), ele volta para uma
terceira tortura (p.74-75).
.
Atrocidades da Inquisição Reveladas num Acontecimento Singular:
No começo do presente século, a coroa
espanhola foi disputada por dois príncipes: a França pôs-se do lado de um dos
adversários e a Inglaterra do outro. O duque de Berwick abdicou a coroa da Inglaterra, mandando um exercito
composto de força Espanhola e Francesa, vindo com isso, derrotar os ingleses na
Batalha de Almansa[4].
Este exército foi dividido em duas partes,
uma composta de franceses e outra de espanhóis. A de franceses foi comandada
por Berwick, que dirigiu-se a Catalunha, enquanto que o segundo grupo,
comandada pelo Duque de Orleans, que se lançou sobre a conquista de Aragão.
Suas tropas cercaram a cidade de Zaragoza, sendo que seus magistrados não
ofereceram resistência, inclusive lhe ofereceram as chaves da cidade.
Entretanto, ele as recusou e os tachou de rebeldes. Ordenou que disparassem os
canhões em direção as muralhas. Entrou na cidade pelas fendas produzidas pelas balas de canhão.
O Duque de Orleans estabeleceu novas ordens a
cidade e deixou uma forte guarnição para defendê-la e aterrorizá-la. Destacou o
Tenente M. de Legal, para ficar no comando. Mesmo sendo católico, eram
totalmente leal as superstições e reunia grandes talentos e coragem, além de
ser um completo cavalheiro. Antes de partir, o duque deixou algumas determinações
para que fossem cumpridas:
1ª – Os magistrados e principais habitantes
deveriam pagar mil coroas mensais, para a mesa do Duque;
2ª – Cada casa deveria pagar uma pistola, ou
seja, o equivalente a 18.000 pistolas mensais;
3ª – Cada Convento ou Monastério, deveria
pagar a contribuição proporcional à suas riquezas e rendas;
4ª – As duas últimas contribuições seriam apropriadas
à manutenção do exército.
O dinheiro imposto pelo Duque aos
magistrados, aos principais habitantes e a cada casa, foi pago no ato; porém,
os diretores de conventos e monastérios, encontravam clérigos indispostos a dar
sua contribuição. Estas contribuições ficaram assim designadas:
. Ao Colégio dos Jesuítas – 2.000 pistolas;
. Aos Carmelitas – 1.000 pistolas;
. Aos Agostinianos – 1.000 pistolas;
. Aos Dominicanos – 1.000 pistolas.
Diante da resistência dos clérigos ao
pagamento do imposto, o Tenente M. de Legal enviou uma Companhia dos Dragões[5]
para que acampassem no Colégio dos Jesuítas com a sarcástica mensagem: “Para convencê-los da necessidade do
pagamento, envio ao seu Colégio quatro argumentos poderosos, tirados do sistema
de tática militar. Assim, espero não ser preciso outra admoestação adicional
para dirigir sua conduta”.
Os jesuítas
acharam melhor acertar a questão de forma amistosa e pagar o que lhe pediam,
antes que eles arruinassem tudo. Os Agostinianos
e os Carmelitas, advertidos pelo sucedido aos
jesuítas, foram prudentes e pagaram. Desta forma, escaparam ao estudo dos
argumentos militares e ao ensinamento de tática de guerra por parte dos
Dragões.
Os Dominicanos
imaginaram que aquelas advertências e circunstâncias não lhes afetariam, haja
vista pertencerem a famílias de inquisidores. Entretanto, estavam totalmente
enganados, pois o M. de Legal não temia, nem respeitava a inquisição. O diretor
dos Dominicanos enviou-lhe uma carta que dizia assim: “Toda riqueza que temos,
consiste nas imagens de prata de apóstolos e santos, de tamanho natural, que
estão na igreja, e seria sacrilégio entregá-las”.
Eles imaginavam que o Comandante Francês não
ousaria ser tão profano a ponto de desejar a posse dos preciosos ídolos. Mais
uma vez, estavam enganados, pois ele mandou a seguinte mensagem: “Porque
enquanto vocês as conservam assim, em nichos[6],
estarão inúteis e imóveis, sem proveito algum para a humanidade. Eu as
colocarei em movimento, pois tenciono fazer com que viajem com os apóstolos, e
sejam de benefício em lugares variados e circulem para serviço universal da
humanidade”. (p.80-81)
Os frades fizeram um grandioso movimento em
direção a residência de M. de Legal, mas ao ficar sabendo de suas intenções,
mandou preparar quatro companhias de granadeiros com mosquetes carregados, para
que pudessem repelir a força com força. Com medo, entregaram as imagens de
prata a M. de Legal, que as enviou a Casa da Moeda, para que fossem fundidas
imediatamente.
Ao saberem de sua intenção, os inquisidores
mandaram-lhe avisar através de carta (e Secretário), que se não liberassem as
estátuas, ele seria excomungado.
O Comandante Francês escutou com paciência a
leitura da carta pelo secretario, e de forma cortês, disse-lhe que no outro dia
daria uma resposta. No dia seguinte, enviou uma carta de mesmo teor
(excomunhão), por meio de quatro regimentos militares, juntamente com seu
secretário. Nesta carta, mandou retirar o seu nome e incluir os nomes dos
inquisidores (p.81).
O secretário de M. de Legal, leu a carta em
voz audível contra os inquisidores, estando todos presentes. Ele disse-lhes que
teriam de sair de suas moradas, pois seu Comandante acamparia suas tropas na
Sede da Inquisição, por ser o lugar mais cômodo de toda a cidade. Neste
ínterim, o secretario de M. de Legal, acompanhado dos militares, abriu todas as
portas da Sede da Inquisição, e liberou os presos, que eram em torno de
quatrocentos. Dentre eles, seiscentas belas jovens
mulheres, que compunham o harém[7]
dos principais inquisidores.
.
Perseguição ao Dr. Egídio:
Ele foi educado na Universidade de Alcalá,
onde recebeu seus títulos e aplicaram-se ao estudo das Sagradas Escrituras e da
Teologia Escolástica. Após a morte do professor de teologia, foi eleito seu
substituto. Atuou satisfatoriamente que sua reputação de erudito e piedoso se
espalhou pela Europa. (p.84).
Os inquisidores marcaram uma reunião, e ele,
ao comparecer, foi levado ao calabouço. Membros da Catedral de Sevilha e muitas
pessoas que pertenciam ao bispado de Dortois fizeram uma petição ao imperador
ao seu favor. Este imperador, mesmo sendo católico, estava longe de ser um
fanático, e determinou que o libertassem.
Egidio visitou a Igreja de Vallarolid, e fez tudo o que pôde para
promover a causa da religião. Pouco tempo depois, ele adoeceu e morreu na mais
extrema velhice. Os inquisidores ficaram
frustrados em não ter satisfeito sua malícia contra ele em vida, e decidiu vingar-se
dele já morto. Pouco depois de sua morte, empreenderam um processo legal, sendo
ordenado que seus restos mortais fossem exumados e queimados.
.
Perseguição ao Dr. Constantino:
Ele era amigo intimo do Dr. Egídio, e também
um erudito, dotado naturalmente de capacidades incomuns. Conhecia várias
línguas modernas, estando familiarizado com o idioma Latim, Grego e o Hebraico,
conhecia bem as ciências abstratas e outras que eram denominadas de literatura
moderna.
Era muito popular e pregava para multidões.
Teve muitas oportunidades de ascensão na Igreja, mas as rejeitava: “Estou
satisfeito com o que ganho”. Costumava pregar duramente contra a simonia[8].
Por isso, muitos de seus superiores discordavam de suas doutrinas. Depois que o
Protestantismo ficou plenamente confirmado pelo Dr. Egídio, passou a pregar abertamente pela pureza do Evangelho,
isto é, sem contaminações dos erros que, através de eras, infiltraram-se na
Igreja de Roma.
Com isso, ele atraiu muitos inimigos entre
Católicos e, alguns deles, totalmente dedicados a destruí-lo. Um digno
cavalheiro de nome Scobaria, fundou uma Escola de Teologia e o designou como
Professor. Constantino conferenciou em seções, sobre o Livro de Provérbios,
Eclesiastes e Cantares.
Quando começava a expor o Livro de Jó, foi
preso pelos inquisidores. Estes se apossaram de vários de seus escritos e
moveram um processo para incriminá-lo. No interrogatório perguntaram-lhe: “Você
conhece estes escritos? Respondeu-lhes: “Nem neste e nem noutro de meus
escritos, apartei-me da verdade do Evangelho, mas sempre tenho em vista os
puros preceitos de Cristo, tal como Ele os entregou a humanidade”. (p. 85).
Ele ficou mais de 2 anos no cárcere, vindo a
sofrer uma hemorragia, a qual pôs fim a sua vida. Mesmo após sua morte, o
processo foi concluído e a sentença cumprida contra seu corpo, igualmente ao
ocorrido com o Dr. Egídio.
. A
Vida de William Gardiner:
Ele nasceu em Bristol e foi em idade
apropriada, posto aos cuidados de um mercador chamado Paget. Ao completar 13
anos de idade, foi enviado para Lisboa, para atuar como Procurador. Em lá
chegando, aplicou-se aos estudos de Português, levando com seriedade sua
atividade com eficácia e diligência.
Manteve boas amizades com poucos que sabia
serem protestantes zelosos. Ele evitava qualquer ofensa aos católicos. Contudo,
nunca freqüentou uma Igreja Papista. Um belo dia, ao presenciar um casamento do
filho do Rei de Portugal e a infanta (filha do Rei) da Espanha, ficou
tremendamente assustado pelas superstições que presenciou. Ele não conseguia
esquecer aquele culto, sentindo-se desgraçado ao ver todo o País voltado para a
idolatria, ao invés de , facilmente obter a verdade do Evangelho.
Gardiner tomou uma decisão louvável, porém
incabível: Levar a cabo uma reforma em Portugal, ou morrer no intento, mesmo
que viesse a ser um mártir. No domingo seguinte (...), dirigiu-se a Catedral
com um Novo Testamento na mão, e pôs-se perto do altar. Um Cardeal iniciou a
missa. Ao ver o povo adorar a hóstia[9],
não se conteve e correu até o altar e tomou-a de suas mãos, pisoteando-a. Todos
ficaram atônitos. Alguém o feriu com uma adaga nos ombros, sendo levada a
presença do Rei. Quem és tu? Respondeu: “Sou inglês, protestante, e minha
profissão é mercador. O que fiz não é em menosprezo à vossa realeza, pois não é
isso que Deus quer. Faço-o por uma honrada indignação ao ver as ridículas
superstições e idolatrias aqui praticadas”. Quem o levou a fazer isso?
Respondeu: “Minha própria consciência, pois não arriscaria a minha vida por
algum homem vivo, mas devo este e todos os meus serviços a Deus”l.
Ele foi levado ao cárcere e uma ordem de prisão foi emitida a todos os
ingleses que estavam em Lisboa - Portugal. Poucos escaparam e muitos inocentes
foram torturados para que confessassem
sobre o assunto. Gardiner foi torturado cruelmente, porém em seus tormentos
gloriava-se de sua ação. Foi sentenciada a morte numa fogueira, disposta perto
de uma plataforma. Ele foi levado por meio de roldanas e foi assado lentamente
na fogueira, mas suportou seu sofrimento pacientemente e entregou sua alma
corajosamente ao Senhor. (p. 87)
Faíscas do fogo que o consumiu, foram
espalhadas pelo vento, ateando fogo em um dos barcos do Rei, causando danos
irreparáveis.
. O
Sofrimento de William Lithgow, um Escocês:
Era jovem e de boa família, este cavalheiro
visitou as Ilhas do Norte do Ocidente. Depois a França, Alemanha, Suiça e
Espanha. Em uma de suas viagens permaneceu por bom tempo em Paris. Foi em
Málaga, na Espanha, que encontrou o lugar de todos as suas desgraças. No dia em
que viajaria para Alexandria, enquanto caminhava para o hotel, foi rodeado por
nove oficias, que o envolveram num manto negro e o conduziram a força para a
Casa do Governador.
Sem saber o motivo de sua captura, foi levado
para um interrogatório, onde estavam presentes o Governador, o Prefeito, um
Capitão e o Escriturário da Cidade. Tudo isso feito em secreto. O Governador
presidiu o interrogatório, fazendo-lhe diversas perguntas, entre elas, de que
País procedia, para onde ia, quanto tempo estava na Espanha? Após isso, Foi
deixado num aposento e, dentro de pouco tempo, foi visitado pelo Capitão da
Cidade, que perguntou se já havia estado em Sevilha, ou se de lá chegara havia
pouco tempo? Deu-lhe uma palmada no rosto e suplicou-lhe que dissesse a
verdade: “Seu rosto revela que há algo escondido em sua mente, e a prudência o
levará a revelá-lo”. Entretanto, nada conseguiu tirar do Sr. Lithgow.
Ele foi trazido a presença do Governador, e
uma acusação unânime pesava em seu desfavor. Lithgow foi obrigado a jurar que
daria respostas verazes às perguntas que lhe fizessem. O Governador
perguntou-lhe a respeito do Comandante do Navio Inglês e por qual motivo
recusara seu convite para descer á terra? Também pediu o nome dos Capitães
Ingleses da Frota. Todas suas respostas foram registradas pelo Escrivão. Todos
ficaram surpresos diante de sua negação sobre a frota. O Governador acusou-o de
estar mentindo e de ser um traidor e espia, que viera da Inglaterra para
favorecer e ajudar os planos contra a Espanha. Afirmou que ele passou nove
meses em Sevilha colhendo informações sobre o tempo de chegada da frota
Espanhola vindo das Índias. (p. 89)
Acusaram-no de ser cúmplice na queima da Ilha de São
Tomás, nas Antilhas: “Por isso, não se deve dar crédito
algum ao que dizem ou juram estes Luteranos e Filhos do Diabo”. Um dos
Oficiais pediu-lhe que entregasse todo seu dinheiro: onze ducados e 37 peças de
ouro.Depois disso, foi jogado ao cárcere do Palácio, no mais terrível onde foi
acorrentado e teve suas pernas estendidas com uma barra de ferro de um metro de
comprimento, cujo peso real era tanto que não podia ficar de pé e nem se
sentar. Com isso, era obrigado a ficar inclinado continuamente de costas.
Lithgow ficou assim por um bom tempo e sem direito a água e a comida. Tempos depois lhe trouxeram um refrigério: uma libra de cordeiro cozido e um pedaço de pão, com uma pequena quantidade de vinho, que não foi só o primeiro, mas o único e melhor alimento durante sua permanência naquele lugar.
O Governador prometeu libertá-lo se
confessasse ser um espião. Ele porém, alegou total inocência. Com isso,
aumentou a fúria do governador: “Não o verei mais até que outros tormentos
façam com que você confesse”. Ordenou aos guardas mais
rigor ao preso, inclusive, a cada dois dias, seu sustento seria cem gramas de
pão mofado, e meio litro de água, que não tivesse cama, nem travesseiro ou
cobertas. Mandou fechar as janelas com pedra e cal, e disse para não
dar-lhe nada que lhe pudesse melhorar sua comodidade.
Lithgow ficou 47 dias neste lugar. Pela
madrugada (2 horas da manhã), os nove oficiais que o abordaram na rua, abriram
a cela e sem dizer nada, o levaram com as cadeias para a rua. Uma carruagem os
esperava. Levaram-no até um edifício com um lagar, cerca de uma légua da
cidade. Ali o trancaram naquela noite. Mais uma vez, passou por outro
interrogatório. Neste último, começou pela manhã e foi até tarde da noite. Os
interrogantes notaram que em todas as suas respostas, não houve nenhuma
contradição em relação aos anteriores. Todavia, estimularam-no mais uma vez a
fazer uma plena confissão, isto é, acusar a si mesmo de crimes que nunca
cometera (fazer prova contra si mesmo = direito).
E acrescentou o Governador: “Você continua em
meu Poder. Posso libertá-lo, mas se você colaborar. Caso contrário, terei que
entregá-lo ao Alcaide. Como alegou inocência, ele ordenou ao escrivão que
redigisse uma ordem para entregá-lo ao Alcaide, para ser torturado. Lithgow
estava há três dias sem comer nada. O carrasco tirou-lhe imediatamente entre as
cadeias, provocando-lhe profundas dores, pois as estacas de ferro estavam muito
próximas de sua carne, chegando ao ponto do martelo arrancar meia polegada de
seu calcanhar. (p.91)
Ele, ao cair de joelhos, fez uma curta oração, pedindo que Deus o ajudasse a estar
firme e a sofrer com coragem a terrível prova que iria enfrentar. É
impossível descrever os vários suplícios aplicados, basta dizer que esteve
amarrado no tronco por 5 horas, durante as quais recebeu cerca de 60 torturas
de natureza infernal. Se tivessem continuado um pouco mais, teria morrido.
Ele foi tirado do tronco e levado a sua
antiga masmorra, sem receber outro alimento além de um pouco de vinho quente,
para impedir que morresse, pois queriam preservá-lo para futuros tormentos.
Ao término desta farsa, deram-lhe 8 dias para
pensar e resolver se iria se converter-se a religião deles. Um dos Jesuítas
falou, fazendo antes o sinal da cruz sobre o peito: “Meu filho, você merece ser
queimado vivo, mas, pela graça de nossa senhora de Loretto, contra quem você
tem blasfemado, salvar-lhe-emos tanto a alma como o corpo”. (p.93)
Terminado o prazo de 8 dias, os jesuítas
voltaram com um ar grave e solene e perguntaram-lhe: Qual foi a sua decisão? O
senhor Lithgow disse já ter se decidido: A profissão de
Fé que eu sustento existe desde o tempo dos Apóstolos. E Cristo sempre tem
mantido a sua igreja (ainda que obscuramente), no tempo de vossas trevas mais
espessas”.Eles imploraram: Converta-se, querido irmão! Converta-se!
Então respondeu-lhe Lithgow: “Não temo a morte, nem a fogueira. Estou preparado
para ambas”.
Uma intervenção divina ocorreu através de um
criado que nem o conhecia e não possuía interesse pessoal em sua preservação,
mas arriscou desagradar seu amo, ao informar aos Procuradores algo importante e
perigoso sobre um cavalheiro desconhecido, que dependia de sua própria
discrição para sobreviver.
O Senhor Lithgow foi solto na véspera do
domingo de Páscoa e levado para casa do Dr. Bobisch, recebendo todo cuidado
médico. Com isso, ele foi restaurado de uma mísera condição de saúde e força,
mas seu braço esquerdo ficou para sempre inutilizado. (p. 96-97).
Capitulo VI: Perseguições na Itália Sob o Papado.
A Itália é um país que ainda constitui:
. Um centro do Papado (Vaticano);
. A sede do Pontífice;
. A fonte dos erros que têm alcançado outros
países, a fim de enganar a mente de milhões de pessoas e difundir as nuvens da
superstição.
Neste capítulo, será dada ênfase as mais
notáveis perseguições e crueldades praticadas contra os reformadores
(Protestantes), ordenadas pelo:
. Poder direto do Papa;
. Pela investigação de ordem eclesiástica
particular;
. Pelo fanatismo dos príncipes italianos.
O papa Adriano pôs toda a cidade de Roma sob
interdição, a fim de causar a intervenção do Clero. Ele convenceu os Senadores
e o Povo a ceder e permitir o exílio de Arnaldo. Sendo assim, foi sentenciado e
expulso do país, indo para a Alemanha, onde pregou contra o Papa e denunciou os
graves erros da Igreja Romana. (p. 100)
Com a ascensão de Frederico Barbarroja ao
Trono Imperial, Adriano pediu ao Monarca que entregasse Arnaldo em suas mãos. O
Papa Adriano pode, enfim, fazer sua vingança contra ele, enforcando-o e seu
corpo foi reduzido a cinzas.
.Perseguições
na Calábria:
No Século XIV, muito dos Valdenses de Pragela
emigraram para a Calábria, estabelecendo-se em locais ermos sob a permissão dos
nobres daquele país. Os senhores Calabreses sentiram-se extremamente contentes
por serem pacíficos, serenos e trabalhadores; porém os Sacerdotes daquele lugar
apresentavam várias queixas contra eles.
Como não achavam nada para os acusarem, basearam-se naquilo que não
faziam; a saber;
. Não eram católicos;
. Não fazerem sacerdotes a um de seus filhos;
. Não fazerem freiras a uma de suas filhas;
. Não participavam das Missas;
. Não davam velas aos sacerdotes como
ofertas;
. Não participavam das procissões;
. Não se inclinavam diante das imagens dos
santos.
Mesmo assim, os senhores Calabreses
aquietaram os sacerdotes, pois afirmavam que eles eram pacíficos e não ofendiam
os Católicos e, de bom grado, pagavam os dízimos aos sacerdotes. As coisas se
mantiveram assim por vários anos, mas, no final, os Valdenses enviaram a
Genebra uma petição dos Clérigos para pregar o Evangelho nas cidades.
O Papa Pio IV, ao saber do ocorrido, decidiu
exterminá-los da Calábria. Enviou o inquisidor Alexandrino, homem que possuía o
temperamento mais violento, fanático e furioso, juntamente com dois monges.
Dirigiram-se a uma das cidades dos Valdenses – Saint Xist. Logo que os
habitantes desta cidade foram exterminados, sua atenção voltou-se para a cidade
de La Garde. Um homem chamado Chalin, foi torturado tão cruelmente, a ponto de
seu ventre se romper e suas entranhas se derramarem, e morreu na mais atroz
agonia. Entretanto, as atrocidades não serviram para desanimá-los de sua fé,
pois se mantiveram constantes e nenhuma tortura do corpo nem terrores da mente
jamais os levariam a renunciar o seu Deus ou adorar imagens de escultura.
(p.104)
Sessenta mulheres sofreram tão violentamente no Potro
(figura abaixo), que as cordas lhes ultrapassaram os braços e pés até próximo
aos ossos; ao serem enviadas novamente ao cárcere, suas feridas se gangrenaram,
e morreram da forma mais dolorosa possível. A Tirania se manifestava de três maneiras: 1) Escravizava a pessoa; 2) Apoderava-se de suas propriedades e, 3) Dava ordens à mente. As duas primeiras são chamadas de tiranias cíveis e têm sido praticadas por soberanos arbitrários em todas as épocas. Porém, a terceira classe, pode receber o nome de tirania eclesiástica. Esta é a pior de todas, por incluir as duas outras classes. É a pior por que o Clero não somente torturava o corpo e roubava as propriedades daqueles a quem perseguem, mas também arrebatam as suas vidas, atormentam as mentes e, se fosse possível, imporiam sua tirania sobre as almas de suas infelizes vítimas. Muitas outras pessoas foram mortas mediante meios cruéis, e se algum católico intercedesse em favor dos reformados, era imediatamente preso e compartilhava a mesma sorte como favorecedor de hereges.
.Perseguições nos Vales de Piemonte:
Os
Valdenses eram pessoas de conduta irrepreensível, inofensivas em sua conduta e
pagadores de seus dízimos ao clero Romano; contudo este não se sentia
satisfeito. Queriam perturbá-los e foram se queixar ao Arcebispo de Turim,
alegando que os Valdenses de Piemonte eram hereges, pelas seguintes razões:
. Não
criam nas doutrinas da Igreja de Roma;
. Não
davam ofertas e nem faziam orações em favor dos mortos;
. Não iam
a Missa;
. Não
confessavam e nem recebiam a absolvição;
. Não
criam no Purgatório[1],
nem pagavam com dinheiro o resgate das almas de seus amigos que ali estivessem.
Por estas
acusações, o Arcebispo ordenou uma perseguição contra eles, e muitos foram
vítimas da fúria supersticiosa dos sacerdotes e monges. O Parlamento de Turim
celebrou um parecer em que se acordou enviar delegados aos Vales de Piemonte,
com as seguintes propostas:
1. Se os
Valdenses ingressassem no seio da Igreja de Roma e abraçassem a religião
católica, desfrutariam de suas casas, propriedades e terras, e viveriam com
suas famílias, sem o menor incômodo;
2. Eles
deveriam enviar a Turim doze de seus principais líderes, acompanhados de todos
os seus ministros e mestres, para que fossem tratados cortesmente;
3. O
papa, o rei da França e o Duque de Sabóia aprovavam e autorizavam os
procedimentos do parlamento de Turim nesta ocasião;
4. Se
eles recusassem a ceder a estas propostas, lhes sobreviria uma perseguição, e a
sua sorte seria a morte certa.
Os Valdenses não se intimidaram, e a cada
uma destas propostas, responderam:
1.
Nenhumas de suas classes renunciariam sua religião;
2. Jamais
entregariam seus melhores e respeitáveis amigos a custódia e discrição de seus
piores e mais inveterados inimigos;
3.
Valorizavam mais a aprovação do Rei dos Reis que reina no Céu, acima de
qualquer autoridade temporal (humana);
4. As
nossas almas eram de maior valor do que os nossos próprios corpos. (p.109)
Estas
respostas irritaram consideravelmente o Parlamento de Turim, aumentando o rigor
nas perseguições e promovendo mortes cruéis. Os piores perseguidores que
estavam assistindo o Duque de Sabóia foram:
. Tomás Incomel:
Era apóstata e foi criado na religião reformada. Ele renunciou sua fé e abraçou
os erros do papado, tornando-se monge.
. Corbis: Homem de
natureza feroz e cruel, cuja atividade era a de interrogar os presos.
. Preposto da Justiça:
Este estava sempre desejoso pela morte dos Valdenses, haja vista que em cada
execução entrava dinheiro em seu bolso. (p. 111)
.Perseguições em
Veneza:
Durante
bom tempo, um grande número de protestantes se fixou nesta cidade da Itália.
Entretanto, noticias haviam se espalhado que estava havendo muitas conversões
neste lugar. Em 1542, chegou aos ouvidos do Papa que, enviou inquisidores para
lá. Com isso, teve início uma severa perseguição e muitas pessoas dignas foram
martirizadas, por servir a Deus com pureza e escarnecer (zombar ou
ridicularizar alguém) aos parâmetros da Idolatria.
Entre as
várias formas de torturas e mortes praticadas pelos papistas, inventaram uma
mais recente; tão logo pronunciavam a sentença: “Colocava-se no preso uma
corrente que prendia uma grande pedra atada ao seu corpo. Logo a colocavam
deitada de rosto para cima, depois sobre uma prancha de madeira, apoiada sobre
dois barcos pequenos. Estes barcos o levaria até certa altura do mar, depois
soltavam as amarras do barco, momento em que a pessoa era levada ao fundo do mar”. (p. 114)
.Pessoas Notáveis Martirizadas em Regiões
Italianas:
Juan
Mollius: Nascido em Roma, de boa família social. Aos 12 anos ingressou
no mosteiro “Frailes Grises”. Aos 18 anos foi permitido participar da Ordem
Sacerdotal. Foi enviado a Ferrara para estudar. Depois de 6 anos de estudo,
tornou-se professor de Teologia da Universidade local. Anos depois, passou a
ser professor em Bolonha.
Após ler
alguns trabalhos dos Ministros da Religião Reformada, tornou-se um zeloso
protestante. O papa descobriu sobre sua conversão. Tendo que apresentar uma
defesa pelo tal ato, o que o fez por escrito. Ele escreveu e enviou ao papa
suas opiniões, abordando sobre os seguintes assuntos: - O Pecado Original; - O
Livro Arbítrio; - A Infalibilidade da Igreja de Roma; - A Infalibilidade do
Papa; - A Justificação por meio da Fé; - A Transubstanciação; - O Purgatório; -
A Missa; - A Confissão Auricular; - A Oração a favor dos mortos; - A Hóstia; -
Oração pelos Santos; - As Peregrinações; - A Extrema Unção; - Os Cultos em
Idiomas desconhecidos, entre outros. Após isso, o Papa ordenou sua prisão e
morte. Em 1553, foi enforcado e depois teve seu corpo queimado até ser reduzido
a cinzas.
Em 1554, Francisco Gamba; um Lombardo de
religião protestante foi condenado a morte pelo Senado de Milão. Antes da
execução, um monge lhe mostrou a cruz, e ele disse: “A minha mente está tão repleta dos verdadeiros
méritos e da bondade de Cristo, que não quero utilizar um pedaço de pau
insensível para trazê-lo a memória”. Perfuraram-lhe a língua e o
queimaram.
Em 1559, Juan
Alloysius: foi enviado a Genebra
para pregar na Calábria. Foi preso em Roma e queimado por ordem do papa. Pela mesma razão, Jacob Bovellu, foi
queimado em Messina.
Em 1560,
o Papa Pio IV, ordenou que todos os protestantes fossem severamente perseguidos
nas províncias Italianas. Certo Católico
Romano, erudito e humano escreveu (p.118):
“Temo ante a forma pela qual a morte é aplicada.
Parece mais um matadouro onde se degolam carneiros e ovelhas, do que a execução
de seres humanos. O carrasco entrava no cárcere, pegava um a um, retirava para
fora, e cortava-lhe a garganta. Isso ocorreu com os setenta presos
protestantes. O que mais me chamou a atenção, era a paciência com que eles
enfrentavam a morte: Oravam fervorosamente a Deus e iam para a morte com muito
ânimo”.
. Século XVII – Perseguições nos Vales de Piemonte:
O Papa Clemente VIII enviou missionários aos Vales de
Piemonte, para seduzir os protestantes a renunciarem a sua religião. O Duque de
Sabóia publicou um Edito, declarando
ser necessária apenas uma testemunha em
juízo contra um protestante. E que qualquer pessoa poderia lograr (usufruir
ou adquirir aquilo que por direito lhe pertence) a convicção de um reformado
por qualquer crime, podendo receber uma recompensa no valor de cem coroas.
Depois publicou outro
Decreto: “Nenhum protestante poderia ser professor, tutor, nem publico e
nem particular, e não ousasse ensinar arte, ciência, nem qualquer idioma,
independentemente da religião do aprendiz”.
E assim, publicou outro Edito: “Nenhum protestante deveria
ocupar qualquer posto de benefício, confiança ou honra”. Por último, publicou
outro: “Os reformadores eram obrigados a irem a Missa”. (p.121)
O
Duque de Sabóia contou com o apoio de Nobres Católicos, com o propósito de
extirpar os Reformadores, estabelecendo que: “Todos os chefes de família, da
religião reformada, independente de sua classe social, fortuna ou condição
financeira, sem exceção alguma, dos possuidores de terra em Lucerna, St.
Giovanni, Bibiana, Campiglione, St. Secondo, Lucemetta, La Torre, Fenile e
Bricherassio, deveriam, ao cabo de três dias da publicação desta ordem,
retirar-se
e partir, pois estavam expulsos dos lugares
mencionados”. Tudo isso deveria ser levado a cabo sob pena de morte e confisco
da casa e bens, a não ser que dentro deste prazo, eles se convertessem ao
Catolicismo. Como não renunciaram a sua religião, muitas pessoas foram
martirizadas, conforme transcreve-se abaixo:
. Pedro
Symonds: Protestante de 80 anos, foi amarrado pelo pescoço e calcanhares e
lançado de um precipício.
. Esay Garcino: Foi cortado em pedaços.
. Magdalena
Bertino: Protestante de La Torre foi totalmente despida e amarraram sua
cabeça entre as pernas, jogando-a de um precipício.
. Maria
Raymondet: Também de La Torre, foi esfolada viva até morrer.
. Jacob e David Perrin: Protestantes da
igreja de Vilario foram esfolados vivos.
. Giovanni
Andrea Michialm: Foi preso com seus 4 filhos; sendo que 3 deles foram
esquartejados na sua frente. Perguntaram se ele estava disposto a mudar de
religião? Negou-se constantemente. O soldado pegou seu último filho, o mais
novo, e perguntou-lhe novamente.
E ele negou-se. Aquela besta humana matou a
criança e, num descuido, ele conseguiu fugir para os Alpes. (p. 124)
. Magdalena
Fontaine: Uma menina de 10 anos muito formosa, foi violentada e morta pelos
soldados. Outra
menina de mesma idade foi assada viva em Vila Nova.
. Jacob
Michelino: Principal Presbítero da Igreja de Bobbio, e vários outros
protestantes, foram pregados por meio de garfos fixados em seus ventres até a
morte.
. Daniel
Seleagio e sua Esposa, com mais cinco pessoas, foram explodidas com grande
quantidade de pólvora dentro de suas bocas. Suas cabeças e pedaços de corpos
voaram longe.
. Jacob
Birone: Mestre de Rorata, recusou-se a mudar de religião, e foi
completamente despido arrancaram-lhe as unhas dos pés e das mãos com tenazes
incandescentes e perfuraram as mãos com a ponta de um punhal. Arrastaram-lhe
pelas ruas até chegar na ponte, cortaram-lhe a cabeça e a jogaram, junto com o
corpo no rio.
. Paulo
Garnier: Protestante piedoso arrancou-lhe os olhos e o esfolaram vivo,
depois o esquartejaram. Seus membros foram postos em quatro principais casas de
Lucerna.
. Daniel
Cardon: De Rocappiata, cortaram-lhe a cabeça, fritaram a carne do seu peito
e a comeram. (p. 126)
. Michael
Gonet: De 90 anos, foi queimado até a morte.
. Cipriano
Bustia: Perguntaram a ele se renunciaria a sua religião e tornar-se-ia
católico? Respondeu: “Prefiro antes renunciar a vida, ou até mesmo tornar-me um cão”.
Prenderam-no ao cárcere e o deixaram por vários dias sem alimento e água, vindo
a morrer de inanição[2].
Seu corpo foi jogado na rua e comido pelos cães.
. Daniel
Rambaut, de Vilario, pai de uma numerosa família, foi preso e levado
juntamente com várias pessoas ao cárcere de Paysana. Os sacerdotes tentaram
persuadi-lo em detrimento de sua família, prometendo salvar sua vida, caso
afirmasse a sua fé nos seguintes artigos:
1. A presença real de Cristo na hóstia.
2. A Transubstanciação.
3. O Purgatório.
4. A Infalibilidade do Papa.
5. As Missas que se celebravam a favor dos
mortos liberavam as suas almas do purgatório.
6. Rezar aos santos traz a remissão de
pecados.
Ele disse aos sacerdotes que nem sua religião, nem o seu
entendimento, nem a sua consciência lhe permitiriam aprovar qualquer um destes
artigos, pelas seguintes razões:
1ª –
Crer que a presença real de Cristo está na hóstia é uma forte união de
blasfêmia e idolatria.
2ª –
Imaginar que as palavras de consagração fazem com que aconteça o que os
papistas chamam de transubstanciação, ou seja, a transformação do pão e do
vinho no verdadeiro e idêntico corpo e sangue de Cristo, que foi crucificado e,
após ressuscitar, ascendeu ao Céu, é algo demasiadamente errôneo e absurdo para
que sequer uma criança com a mínima capacidade de discernimento possa crer; e
nada além da mais cega superstição poderia fazer com que os católicos pusessem
a sua confiança em algo tão ridículo.
3 –
A doutrina do purgatório é mais inconseqüente e absurda do que um conto de
fadas.
4 –
Era impossível a infalibilidade do Papa, pois ele se apropriava de um atributo
que pertence a Deus como ser perfeito.
5 –
Celebrar a missa em favor dos mortos era ridículo.
6 –
A oração aos santos para a remissão dos pecados é uma adoração fora de
propósito, porquanto eles mesmos tiveram a necessidade da intercessão de
Cristo. Desta forma, devemos ir somente a Deus para que nossos pecados possam
ser perdoados.
Os
sacerdotes com muita raiva pela resposta dada por ele, decidiram se vingar
mediante métodos cruéis de tortura. Ordenou que cortassem uma articulação do dedo
das mãos em cada dia. Depois dos pés. Depois, cortar uma de suas mãos, noutro
dia, um de seus pés. Como viram que suportava seus sofrimentos com a mais
admirável paciência, fortalecido e resignado, mantendo a sua fé, apunhalaram
seu coração, e deram seu corpo aos cães. (p.130)
. Guerra
Piemontesa:
Depois
de tantos assassinatos nos Vales do Piemonte, foi despovoada a maioria de suas
cidades, restando apenas uma pequena comunidade que não foi tomada de assalto -
Roras, haja vista a inacessibilidade, pois estava sobre uma alta penha (rocha).
O
Marques de Pianessa, a fim de tomá-la enviou por inúmeras vezes, tropas armadas
para conquistá-la, mas não obteve êxito. Numa vez, foram 300 (trezentos) homens
bem armados; fracassou. Noutra, foram 500 (quinhentos) homens, mas também
fracassou. Em mais uma de suas tentativas, destacou o capitão Mário como seu
comandante, um católico violento e fanático. Este militar recrutou homens de
seis cidades: Lucerna, Borges, Famolas, Bobbio, Begnal e Cavos. Formou um regimento
com dois mil homens, e partiu para a tomada da Cidade de Roras.
Como
a cidade estava sobre as rochas, restava apenas um desfiladeiro para chegar a
cidade. Isto facilitava a vida do Capitão Gianavel que, mesmo com um número
muito menor, colocava grupos em locais específicos para pegá-los numa
emboscada. Depois de todas estas conquistas, Giavanel, reunia os homens e os
fazia ajoelhar-se e agradecer ao Todo Poderoso pela vitória, e tinha por
costume, concluir este momento, lendo o Salmo 11, cujo tema nos ensina a
colocarmos nossa confiança em Deus. (p. 137)
O
Marques indignado com todas as derrotas e tantas perdas ordenou que fossem
mobilizadas todas as milícias católicas de Piemonte. Depois de reunidas,
acrescentou mais 8 mil soldados. Preparou uma nova estratégia de combate:
dividiu o grupamento em três divisões. Estes agrupamentos deveriam atacar ao
mesmo tempo, mas por lugares diferentes.
A não ser que os moradores de Roras, a quem enviou uma Carta sobre seus
grandes preparativos, cedessem as suas exigências.
Quando
os habitantes da cidade de Roras, tomaram ciência das condições exigidas pelo
Marques, encheram-se de honrada indignação e, como resposta, enviaram a réplica
(resposta) de que, antes de cederem a suas condições, estavam dispostos a
sofrer as três coisas mais terríveis para a humanidade:
1 –
Que lhes tomassem seus bens;
2 –
Que suas casas fossem queimadas;
3 –
Que eles fossem mortos.
A tropa começou a avançar: uma pelas rochas
de Vilario; outro grupo pelo caminho de Bagnol, e o terceiro, pelo desfiladeiro
de Lucerna. Como estavam em grande número, conseguiram acessar a cidade,
matando muitas pessoas pelo caminho, geralmente pendurando-as em arvores,
queimando-as, colocando no potro do tormento (figura anterior) até a morte. As
mulheres, destriparam, crucificaram, afogaram ou lançaram do precipício. Seus
filhos eram jogados sobre lanças, trucidados, degolados ou jogados contra as
rochas. No primeiro dia de ocupação, foram 126 habitantes que foram mortos.
(p.138).
Muitos protestantes conseguiram fugir com a
ajuda do Capitão Gianavel. Entretanto, sua esposa e filhos foram presos. O
marques de Pianessa escreveu uma carta para ele prometendo-o: Se ele abraçasse
a religião católica, seria indenizado por todas as perdas que teve, sua mulher
e seus filhos seriam libertos, e ele seria promovido no exército do Duque de
Sabóia. Caso recusasse, sua esposa e filhos seriam mortos. E seria oferecida
uma alta recompensa para quem o encontrasse.
O Capitão Gianavel respondeu: “Não existe um
tormento tão grande e nem uma morte tão cruel que sejam capazes de fazer-me
preferir abjurar[3] minha
religião. Desta maneira, as promessas perdem a sua efetividade e as ameaças
somente fortalecem a minha fé. Com respeito a minha mulher e filhos, nada pode
afligir-me tanto quanto pensar que foram presos, e nada pode ser mais terrível
para a minha imaginação do que pensar que sofrerão uma morte violenta e cruel.
Sinto agudamente as ternas sensações de um marido e de um pai; o meu coração
está cheio de todos os sentimentos humanos; sofreria quaisquer tormentos para
resgatá-los do perigo, morreria para preservá-los.
Asseguro-lhe que a compra de suas vidas não
pode custar a minha salvação. Certo é que tendes em seu poder, uma autoridade
temporal sobre os seus corpos, podeis destruir a parte mortal; porém, as suas
almas imortais estão além de vosso alcance e viverão no mundo vindouro para dar
testemunho contra vós por causa de vossas crueldades. “Por isso mesmo,
encomendo-os e também a mim mesmo encomendo-me, a Deus, e oro para que o vosso
coração seja transformado - Josué Gianavel”. (p.139)
. Perseguições ao Espanhol Miguel de Molinos: (p.147)
Por ser muito rico, não aceitava qualquer
retribuição por parte da igreja. Tinha grandes talentos naturais, que dedicou
ao serviço de seus semelhantes, sem esperar qualquer recompensa para si mesmo.
Tinha uma maneira piedosa de viver e uniforme; por esta razão, não praticava os
atos severos tão comuns entre os que faziam parte do Clero Romano.
Em 1675, Molinos publicou um livro intitulado
“O Guia Espiritual”. Após isso, foi amplamente lido e elogiado, tanto na Itália
como na Espanha. Sua reputação cresceu muito, ao ponto de sua amizade ser
cobiçada pelas mais respeitáveis personalidades.
Esta reputação foi tamanha que os Jesuítas e
os Domênicos alarmaram-se e decidiram deter o progresso de seu método de
religião. Molinos e seus seguidores foram taxados de Hereges, isto atraiu a
atenção da Inquisição. Os jesuítas passaram a ser seus acusadores. Entretanto,
um dos membros da sociedade de Jesus, a princípio, aprovava o livro de Molinos;
porém, o restante deles cuidou de que não fosse mais visto em Roma.
Os jesuítas fracassados em seus intentos de
esmagar o poder de Molinos em Roma, apelaram à Corte Francesa, onde, em pouco
tempo, lograram êxito que o Cardeal d’Estrees recebeu a ordem que lhe mandava
perseguir Molinos com todo o rigor possível. Em 1684, fizeram com que
comparecesse perante seus inquisidores, embora não dispusessem de qualquer
acusação justa contra ele; contudo, levaram todos os cuidados ao extremo para
surpreendê-lo como culpado por heresia. (p.150-151)
O próprio Cardeal d’Estrees, apresentou
algumas circunstâncias falsas e agravantes contra Molinos, que foi confinado
pela inquisição e permaneceu assim durante algum tempo, em que tudo se manteve
em paz, e os seus seguidores continuaram utilizando o seu método sem nenhuma
interrupção. Porém, os jesuítas repentinamente decidiram extirpá-los, e teve
início uma briga extremamente violenta.
O Conde Vespiniani e sua esposa, e
aproximadamente setenta pessoas foram presas. Dias depois, a Condessa
Vespiniani comportou-se com bravura durante seu interrogatório, ao dizer aos
inquisidores: “Jamais
havia revelado meu método de devoção a outra pessoa, a não ser ao seu
confessor; e era impossível que eles soubessem alguma coisa sem que ele lhes
revelasse o segredo. Portanto, se os sacerdotes divulgam o que se lhe diz no
confessionário, ela, daquele momento em diante, só confessaria a Deus”.
(p. 152)
Pela sua posição social e para não causar
mais tumulto, e que o ato de confessar não caísse em descrédito, libertaram-na
juntamente com seu marido. O método de devoção iniciado por Molinos e Petrucci
na Itália, trazia muito desconforto e aborrecimento aos jesuítas. Em um mês,
mais de 200 pessoas foram presas pela inquisição, pois eles o consideravam
herético e seus devotos eram chamados de Quietistas[4].
Os conventos de freiras em Roma estavam quase
todos praticando o método de Molinos e Petrucci, pois haviam abandonado o
Rosário, a devoção aos santos e imagens, e estavam, na Itália, entregues á
oração e contemplação. Depois que passou bom tempo no cárcere, Molinos foi
levado diante do Tribunal da Inquisição Italiana. Ao chegar, foi acorrentado em
volta de seu corpo, e uma vela foi colocada em uma de suas mãos.
Foram lidas várias acusações contra ele, mas
respondeu uma a uma com firmeza e resolução. Embora seus argumentos desfizessem
completamente o sentido das acusações, foi julgado por heresia, sendo condenado
a prisão perpétua. Um sacerdote o acompanhou respeitosamente até o cárcere.
Molinos, ao despedir-se dele, disse: “Adeus, Padre! Em
breve nos veremos no dia do juízo e, então, se verá de que lado está a verdade,
se do meu ou se do vosso” (p. 153).
Durante o cativeiro, por várias vezes ele foi
torturado cruelmente, até que, a dureza dos castigos minou suas forças e findou
a sua existência. Após sua morte, seus seguidores abjuraram (renunciaram) seu
método de devoção e, pela persistência dos jesuítas, o quietismo foi extirpado
completamente da Itália.
Capítulo VII: Perseguições contra Juan Wickliffe.
A Grã-Bretanha tomou a frente e manteve-se
como a primeira guardiã da liberdade na controvérsia religiosa que deixou
atônita a Europa e demonstrou que a liberdade religiosa e política são as
causas da prosperidade desta favorecida nação. Um de seus primeiros expoentes
foi Juan wickliffe, chamado de “A Estrela Matutina da Reforma”.
Ele nasceu em 1324, durante o reinado de
Eduardo II. Seus pais o enviaram para Oxford, matriculando-o no Queen’s
College. Entretanto, não se identificou com a doutrina e o nível de estudos
desta escola. Assim, foi estudar na Merton College, considerada uma das
instituições mais eruditas da Europa.
Destacou-se publicamente ao fazer sua
primeira defesa em favor da Universidade contra os Frades Mendigos, que eram
vizinhos indesejáveis do Campus Universitário. Nesta disputa, os frades
apelaram para o Papa e os acadêmicos à autoridade civil. Os frades pregavam e defendiam
nos púlpitos e nas ruas, de que Cristo fora um mendigo comum, e os apóstolos
seus seguidores; logo, a mendicância era uma instituição evangélica. (p.156)
Wickliffe, publicou um Tratado contra a
mendicância de pessoas capazes (intelectuais e perfeitos fisicamente),
demonstrando que não somente era um insulto à religião, mas também à sociedade.
A universidade o classificou como um de seus principais heróis, e logo o
promoveu a mestre no Baliol College. Ele foi escolhido para a Cátedra[5] de
Teologia, então ficou plenamente convencido dos erros da Igreja de Roma e da
vileza de seus agentes monásticos; e, assim, resolveu denunciá-los.
Ele teve o apoio do Duque de Lancaster,
conhecido como Juan de Gaunt, que tinha conceitos religiosos avançados e estava
em atrito com o clero. Graças ao patronato deste duque, Wickliffe recebeu um
bom posto, porém, após se instalar em sua paróquia, seus inimigos e bispos
começaram a persegui-lo com renovado rigor.
em 1378, ele adoeceu gravemente e foi
hospitalizado. Os frades mendigos, acompanhados por quatro dos mais eminentes
cidadãos de Oxford, conseguiram entrar em seu quarto, pedindo que se retratasse
das injustiças declaradas contra eles, por amor de sua alma. Wickliffe
recostou-se na cama do hospital e disse: “Não morrerei, mas viverei para
denunciar a maldade dos frades”.
Após se recuperar, dedicou-se exclusivamente
a tradução da Bíblia para o idioma inglês. O zelo dos bispos por impedir esta
versão das Escrituras impulsionou a sua venda, os que não podiam adquirir um exemplar
completo, faziam cópias de alguns Evangelhos ou de algumas Epístolas. Depois de
algum tempo, ele ficou doente, teve uma paralisia e, ainda que por certo tempo,
o seu estado era tal que seus inimigos consideravam que era castigo de Deus.
Reintegrou-se a Igreja de Lutterworth, onde era pároco; ali abandonou esta vida
mortal em paz, no Senhor, no final de 1384. Já com idade bem avançada, alguém
chegou a dizer: “O mesmo que o ajudava quando jovem,
auxiliou-o na velhice”.
Depois
de descansar 41 anos no sepulcro, exumaram então o seu corpo e reduziram-no a
cinzas, lançadas no rio. E, assim, foi transformado em três elementos: terra,
fogo e água. Os que isso fizeram, pensaram que desse modo extinguiriam e
aboliriam para sempre o nome e a doutrina de Wickliffe. Se enganaram
completamente, como também se enganaram os Fariseus, quando mataram Jesus
Cristo e o colocaram num sepulcro. Pensavam que poderiam impedir sua
ressurreição.
Eles se esqueceram que estavam lhe dando com
o Filho de Deus, portanto não podem suprimir a verdade, pois esta
novamente brotará e nascerá do pó e das
cinzas, tal como sucedeu com a doutrina de Wickliffe. Eles queimaram seus ossos
e sua carne, jogaram suas cinzas ao rio, mas não puderam queimar a Palavra de
Deus e a Verdade de seus Ensinamentos, nem o fruto e o triunfo do mesmo.
Capítulo VIII: Perseguições na Boêmia por ordem do Papado.
Em 1375, alguns zelosos amigos do Evangelho
apelaram ao Rei Carlos, da Boêmia, para que convocasse um Concílio Ecumênico,
com o propósito de fazer indagação sobre os absurdos que foram introduzidos na
igreja, e para levar a cabo uma reforma plena e exaustiva.
.Perseguição
contra Juan Huss:
Ele nasceu em 1380, em Hussenitz, um pequeno
povoado da Boêmia. Seus pais lhe deram a melhor educação e, pouco tempo depois,
passou para Universidade de Praga, onde se destacou por sua diligência e
aplicação aos estudos. Em 1398, Huss alcançou o grau de Bacharel em Divindade,
e depois foi eleito pastor da Igreja de Belém, em Praga, e decano e reitor da
Universidade. (p.162)
A luz da reforma iniciada por Wickliffe e
Petrucci, chegou e se espalhou pela Boêmia, sendo bem recebida por muitas
pessoas, porém, de modo particular por Huss e seu zeloso amigo e companheiro de
martírio Jerônimo de Praga.
O Arcebispo de Praga, ao perceber que o
número de reformistas aumentava a cada dia, emitiu um Decreto com o intuito de
interromper a divulgação dos escritos de Wickliffe, mas teve um efeito
totalmente contrario ao esperado por ele.
O Dr. Huss, juntamente com outros membros da
Universidade, protestaram contra este documento, e apelaram contra o arcebispo.
O Papa inteirou-se da situação, e comissionou o Cardeal de Colonna, para
convocar Huss a comparecer pessoalmente á Corte de Roma, para responder pelas
acusações de pregar erros e heresias.
Ele tinha muito respaldo na Universidade e
naquela Cidade, por isso não compareceu, sendo representado por três
Procuradores. O Cardeal o considerou um contumaz e, por este motivo, o
excomungou. Os procuradores apelaram ao Papa, mas a sentença foi mantida contra
ele. Com a sua expulsão da igreja de Praga, retirou-se para sua cidade natal –
Hussenitz, de onde propagou sua nova doutrina, tanto no púlpito como por
escrito. Ele foi intimado a comparecer ao Concílio de Constância, na Alemanha,
em 1414. Quando lá chegou, hospedou-se num lugar afastado da cidade.
Surgiu um tal de Stephen Paletz, contratado
pelo Clero de Praga para apresentar acusações contra ele. Juntou-se a Paletz,
Miguel de Assis, que estava a representar o Clero Romano, e juntos, foram seus
acusadores formais diante do Papa e dos Prelados presentes ao Concílio.
Apresentada as acusações, foi imediatamente preso e constituído prisioneiro em
um quarto do Palácio. Enquanto esteve preso, o Concílio funcionou como um
verdadeiro Tribunal da Inquisição.
Diante do Tribunal (Concílio), leram os
artigos contra ele relatados, eram cerca de 40 artigos, sendo a maior partes
destes extraídos de seus escritos. Assim disse Huss: “Apelei ao Papa, e, tendo
morrido, sem que minha causa fosse julgada, assim mesmo apelei a seu sucessor,
João XIII, e por não conseguir que os meus advogados estivessem em sua presença
para me defender, apelei ao Sumo Juiz, Cristo”. (p. 165)
Perguntaram-lhe se era legítimo ter apelado a Cristo; disse: “Em verdade aqui afirmo diante de todos vós
que não há apelação mais justa, nem mais eficaz do que aquela que se faz a
Cristo, porquanto a lei determina que apelar não é outra coisa, além de que,
após ocorrer um mal por parte de um juiz inferior, implora-se e pede-se a ajuda
de um juiz superior. E quem é um maior juiz do que Cristo? Quem, pergunto eu, é
capaz de conhecer e julgar a questão com maior justiça ou equidade? Pois nele
não há engano, e nem poderia ser enganado por alguém. E acaso alguém pode dar
melhor ajuda do que Ele aos pobres e aos oprimidos?” Quando ataram-no a estaca com cadeia, disse com
o rosto sorridente: “O meu Senhor Jesus foi atado, por minha causa,
com uma cadeia mais dura do que esta, por que deveria envergonhar-me desta
cadeia tão oxidada”.
Empilharam a lenha até o seu pescoço, o Duque
de Baviera estava solicito na tentativa de fazê-lo renunciar e retratar-se
publicamente, mas
Huss disse: “Não! Jamais preguei alguma doutrina com más intenções,
e aquilo que ensinei com os meus lábios agora selarei com o meu sangue”. Ele disse ao
carrasco: “Vais assar um ganso
(Huss = ganso na língua da Boêmia), porém dentro de um século, surgirá um cisne
que não poderão assar e nem ferver”. Se isto era uma profecia dita por ele,
provavelmente estava se referindo a Martinho
Lutero, que surgiu ao final de cem anos, em cujo escudo de armas tinha
a figura de um cisne”. (p. 166)
.Perseguição
contra Jerônimo de Praga:
Companheiro do Dr. Huss e Co-mártir com ele
nasceu em Praga e educou-se naquela Universidade. Distinguiu-se pela sua enorme
capacidade de erudição. Visitou vários países e freqüentou inúmeros Seminários
eruditos na Europa, principalmente em Paris, Heidelberg, Colônia e Oxford.
Nesta úlitma, familiarizou-se com as obras de Wickliffe, traduzindo algumas
delas para sua língua vernácula[6].
Ele foi preso em Hirsaw por um oficial do
Duque de Sultsbach. Os bispos, após expressarem sua gratidão ao duque, o qual,
ainda que não tivesse uma autorização para atuar neste sentido, pediram-lhe
para enviá-lo imediatamente a Constanza. Ele foi acorrentado pelo pescoço e
jogado numa masmorra imunda. Sofreu os piores tormentos, e sua prisão foi bem
mais prolongada – 340 dias. (p. 167-168)
Nela ele foi privado da luz do dia, e quase
morto de fome pela carência dos gêneros de primeira necessidade. Deram-lhe o
direito de se defender. E o fez com grande eloqüência e sabedoria, mas
deram-lhe a mesma sentença que recebera seu compatriota Huss. Fizeram para ele
uma coroa de papel pintada com demônios na cor vermelha, sendo-lhe posta em sua
cabeça; ele exclamou: “O nosso Senhor
Jesus Cristo, em sua morte, levou sobre a cabeça uma coroa de espinhos, por
amor D’Ele, levarei esta coroa”.
Foi lhe dado um prazo de dois dias para se
retratar e renunciar a sua Fé. Como não se retratou, sofreu a morte com a mais
distinta magnanimidade. Enquanto caminhava para o local da execução, cantava
hino de louvor a Deus, ao chegar ao lugar, ajoelhou-se e orou fervorosamente.
No mesmo lugar que queimaram Huss, ele abraçou-se a estaca com grande ânimo, e
quando posicionaram a madeira por detrás dele, disse ao carrasco: “Ateiem fogo diante de meu rosto, se
houvesse temido as chamas, não teria vindo a este lugar”.
Quando atearam fogo, cantou um hino, mas logo
se viu interrompido pelas chamas, mas ouviram-no dizer suas últimas palavras: “A ti, ó Cristo,
ofereço esta alma em chamas”. (p. 169)
.Perseguição
a Juan Troczonow (Zisca):
No idioma da Boêmia, Zisca significa “vesgo”.
Ele perdera um dos seus olhos numa batalha. Era de boa família e engajou-se na
guerra do rei da Polônia contra os cavaleiros Teutões[7]. No
ano de 1418, dissolveu-se um Concílio, o qual fez mais mal do que o bem, e
naquele ano celebrou-se uma reunião geral dos amigos da Reforma Religiosa, no
Castelo de Wisgrade que, sob o comando de Zisca, dirigiram-se ao imperador
armados, com o intuito de oferecerem-se para defendê-lo contra os seus
inimigos.
O Imperador Wenceslau foi sucedido por seu
irmão Segismundo que se fez odioso para com os reformadores e perseguiu todos
os que estavam contra o seu governo. Zisca e os seus amigos recorreram
imediatamente às armas, declararam guerra ao Imperador e ao Papa, sitiando a
cidade de Pilsen com 40 mil homens. (p.170)
Na primavera de 1421, Zisca começou a sua
campanha e destruiu os mosteiros pelos quais passava. Sitiou o castelo de
wisgrade e, ao tentar ajudar o Imperador, caiu numa emboscada e sofreu uma
grande matança. O imperador Segismundo compôs um formidável exército que
consistia de 15 mil efetivos da Cavalaria Húngara e 25 mil da Infantaria,
estando todos bem equipados para uma campanha de inverno. Este exército
espalhou o terror por toda a parte leste da Boêmia.
Zisca, com uma marcha forçada, aproximou-se
dele, e o imperador resolveu mais uma vez tentar a sorte contra aquele
invencível general. Em janeiro de 1422, o confronto foi realizado e esta
batalha foi descrita como um terrível espetáculo. O exército imperial
empreendeu fuga em direção aos confins da Morávia, sendo perseguido pelos
Taboritas. As águas do rio Igla estavam congeladas, e o exército não tinha
outra saída, ou se rendiam ou tentavam passar sobre as águas. Sendo assim,
muitos da infantaria e do corpo da cavalaria tentaram passar, mas o gelo cedeu
e quase 2.000 homens morreram. (p.172)
Zisca voltou para o monte Tabor, carregando
todos os despojos e troféus que pudera ter pela mais completa vitória. Depois
disso, ele passou a dedicar sua atenção à reforma. Proibiu todas as orações que
se faziam aos mortos, a devoção as imagens, as vestes sacerdotais, as
abstinências as festas religiosas. Ninguém deveria ser perseguido por causa de
suas opiniões religiosas.
O imperador Segismundo empreendeu contra
Zisca o seu último esforço entrando na Morávia pela fronteira da Hungria.
Enquanto isso, o Marques de Misnia, penetrava na Alta Saxônia. Zisca se
antecipou e assentou-se diante da cidade de Aussie, situada sobre o Elba. O
Marques contava com um exercito muito numeroso, porém, após uma luta obstinada,
foi totalmente derrotado.
Cansados desta guerra, Segismundo enviou uma
carta a Zisca, marcando um encontro para que ele apresentasse suas condições.
Ele concordou e foi marcado este local. No dia que Zisca estava a caminho para
este encontro, passou por uma cidade em que havia uma peste perigosa que tinha
acometido seu povo. Ele acabou contraindo esta peste e veio a óbito no di 6 de
outubro de 1424. (p.173)
Ele foi sepultado na grande igreja de
Czaslow, na Boêmia, onde há um monumento que foi construído em sua memória, com
a seguinte inscrição: “Aqui jaz Juan
Zisca, que, após defender este país contra as usurpações[8] da
tirania papal, descansa neste santo lugar, contra a vontade do papa”.
Em Praga, a perseguição foi extremamente
severa, até que, ao final, os reformados, conduzidos ao desespero, armaram-se e
atacaram a Casa do Senado e lançaram 12 Senadores e o Presidente da Casa pelas
janelas. Lá fora, foram colocadas lanças pelas quais eles cairiam sobre elas e
morreram.
Depois o Imperador Fernando, cujo ódio contra
os reformadores da Boêmia não conhecia limites, instituiu um Tribunal Supremo
de Corretores, com a diferença de que estes carrascos deveriam atuar de forma
itinerante, mas sempre acompanhados de um destacamento de soldados. Seus
componentes em geral eram Jesuitas, por isso, não era possível escapar de suas
sentenças.
Este tribunal cometeu todos os tipos de torturas
e atrocidades, mas uma delas merece ser destacada: Durante um mês inteiro,
torturaram um piedoso Ministro Reformado, todos os dias e, muitas vezes, o dia
todo. Vejamos algumas das torturas aplicadas a ele: (p. 176-177)
. Fizeram duas fileiras de soldados com instrumentos
nas mãos, geralmente com pedaços de paus, e ele era obrigado a passar entre as
fileiras. Neste momento recebia pauladas e porradas com os punhos e chutes;
. Durante o dia inteiro, fizeram zombarias e escárnio
dele: cuspiram em seu rosto, forçaram seu nariz, beliscaram todas as partes do
seu corpo e foi caçado como se fosse uma fera perigosa;
. Fenderam a orelha esquerda e, depois, a direita;
. Fenderam-lhe o nariz;. Penduraram pelo braço
direito até se deslocar, depois pelo braço esquerdo. Colocando-os no lugar
posteriormente;
. Colocaram papeis untados
com óleo entre os dedos das mãos e dos pés, depois atearam fogo;
. Açoitaram-no com cordas
grossas ou com arame farpado.
. Arrancaram
pedaços de sua carne com tenazes (figura abaixo)
incandescentes;
. Penduraram-no pelos calcanhares de cabeça para
baixo, até sair sangue do seu nariz e boca;
. O amarram no Potro;
. Arrancaram-lhe as unhas das mãos, e, depois, dos
pés;
. Foi atado pelos lombos e ficou suspenso durante
muito tempo;
. Arrancaram-lhe o maxilar superior e, depois, o
maxilar inferior;
. Derramaram-lhe chumbo quente sobre os dedos de suas
mãos;
. Colocaram-no sobre um asno (jumento ou burro) e
fizeram que percorresse as ruas da cidade, enquanto isso era espancado pelos
seus carrascos;
. Por fim, amarraram uma corda bem apertada em volta
de sua fronte (cabeça), fazendo com que seus olhos pulassem para fora de suas órbitas. Neste
último ato de tortura, ele não mais suportou tanto sofrimento e morreu. (p.
177)
Capitulo IX: Perseguições contra Martinho Lutero.
Ele nasceu no dia 10 de novembro de 1483, em
Eislebem, uma cidade da Saxônia, no condado de Mansfield. Sua família era muito
simples e humilde. Seu pai - Juan Lutero começou trabalhando em minas de cobre.
Casou-se com Margarita Ziegler. Depois de muito esforço e trabalho, passou a ser
dirigente de varias minas. Passou a ser magistrado de Classe e dignidade.
Lutero foi prontamente iniciado nos estudos,
e aos 13 anos foi enviado para a escola de Magdeburgo, e dali para Eisenach, na
Turíngia, permanecendo ali por 4 anos.
Em 1501, foi enviado a Universidade de Erfurt,
passando pelos cursos de Lógica e Filosofia. Aos 20 anos, recebeu o Título de
Licenciado, e passou a ensinar Física de Aristóteles, Ética e outros assuntos
relacionados a Filosofia. Por orientação
de seu pai, começou a estudar a Lei Civil, pois ele queria que se formasse em
Advogado. Porém, certo dia, caminhando ao lado de um amigo pelos campos, foi
jogado ao solo por um raio, sendo que seu amigo caiu morto.
Ele ficou muito abalado com este
acontecimento e, sem falar nada com alguém sobre o seu propósito, decidiu
retirar-se do mundo e enclausurou-se junto a Ordem dos Eremitas[1] de
Santo Agostinho. Durante um ano, dedicou-se profundamente aos estudos e obras
de Santo Agostinho e dos Escolásticos[2].
Entretanto, aos vasculhar a biblioteca, achou uma cópia do exemplar da Bíblia
Latina, como jamais havia visto antes. Após lê-la, sentiu-se atônito ao
perceber que apenas uma parte da Escritura era ensinada ao povo. (p.186)
Fez a sua profissão de fé no Mosteiro de
Erfurt, depois de ter sido noviço durante um ano. Em 1507, depois de ter tomado
as Ordens Sacerdotais, celebrou sua primeira missa. Passado mais um ano, foi
transferido para a Universidade de Wittemberg, devido a sua reputação por ser
tão célebre, de grande temperamento e erudição.Quando ele entrou no mosteiro de
Erfurt, se relacionou muito bem com um Ancião Agostiniano, e passavam muito
tempo conversando sobre diversos assuntos, mas havia um em especial, sobre a
Remissão dos Pecados.
Este sábio Padre foi muito franco com Lutero,
ao dizer-lhe o pensava sobre o assunto: “O expresso mandamento de Deus é que
cada homem creia particularmente que os seus pecados foram perdoados em
Cristo”; e disse mais: Esta interpretação particular fora confirmada por São
Bernardo: “Este é o testemunho que o Espírito Santo te dá em teu coração,
quando diz: Os teus pecados são perdoados. Porque este é o ensino do Apóstolo,
que o homem é livremente justificado pela Fé”.
A partir de então, Lutero começou a ler sobre
várias exposições sobre este tema, inclusive do Apóstolo Paulo, vindo a
perceber em seu espírito, que era vã as interpretações que havia lido nos
trabalhos dos escolásticos. Ele, pouco a pouco, passou a ler e comparar os
ditos e os exemplos dos Profetas e dos Apóstolos, com uma contínua invocação a
Deus, deu-se conta desta doutrina com a maior evidência.
Em 1512, sete mosteiros de sua ordem tiveram
uma divergência com o seu vigário geral. Lutero foi indicado para ir a Roma
fazer sua defesa. Assim que ajustou a disputa que havia motivado a sua viagem,
voltou a Wittemberg e foi constituído Doutor em Teologia, as custas de
Federico, da Saxônia, que freqüentemente assistia suas pregações e que o
reverenciava muito. Ele explicou a Epístola aos Romanos e os Salmos, que esclareceu e explicou de uma maneira
completamente diferente do que havia sido o estilo dos comentaristas
anteriores. A sua vida estava de acordo com o que ele professava.
O Papa Leão X, sucedeu Júlio II, no mês de
março de 1513, e teve o designo de construir a Catedral de São Pedro de Roma,
iniciada no governo de seu antecessor, mas faltava muita coisa para ser
concluída e precisava de muito dinheiro. Por isso, em 1517, aprovou a concessão
de indulgências[3] gerais
na Europa, para a reedificação da catedral. Lutero decidido a declarar-se
contrário a tais indulgências, na véspera do dia 31 de outubro do mesmo ano,
fixou publicamente as 95 teses, na Igreja adjacente ao Castelo. Nelas, ele
desafiava a qualquer que se opusesse a elas (teses), fosse por escrito ou por
debate oral.
Depois de tanta disputa, Lutero promoveu uma
guerra ao Papa e aos Bispos, com a finalidade de conseguir que o povo
menosprezasse a autoridade destes, tanto quanto fosse possível, e escreveu um
livro contrário à Bula Papal, intitulado de “A Ordem Episcopal”. Também
publicou uma tradução do Novo Testamento no idioma Alemão. (p. 192)
em 1527, ele sofreu um ataque de coagulação
do sangue ao redor do coração, que quase lhe pôs fim a sua vida. Em 1533,
Lutero escreveu uma Epístola consoladora aos cidadãos de Oschatz, que haviam
sofrido algumas penalidades por terem aderido à confissão de Fé de Augsburgo,
e, em 1534, foi impresso a Bíblia que Lutero traduzira para o idioma Alemão.
Lutero, na companhia de Melanton, foi a Saxônia, sua terra natal; porém, pouco
tempo depois, foi chamado pelos Condes de Mansfelt, para arbitrar sobre
diferenças que haviam surgido e, ao chegar, foi recebido por mais de cem ginetes[4] e
conduzido de maneira muito honrosa.
Lutero ficou muito enfermo, e não se
recuperou e, antes de morrer, admoestou aqueles que estavam a sua volta para
que orassem a favor da Propagação do Evangelho. Ao sentir que se aproximava a
hora de sua partida, encomendou-se a Deus com uma devota oração: “Meu Pai
celestial, Deus Eterno e Misericordioso! Tu manifestaste a mim o teu amado
Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Ensinei a respeito d’Ele, e tenho-o
conhecido; amo-o da mesma forma que preservo a minha própria vida, minha saúde
e minha redenção; a Quem os malvados têm perseguido, caluniado e afligido com
vitupérios. Leve a minha alma a Ti”. (p. 193)
Repetiu por três vezes: “Em tuas mãos entrego
o meu espírito. Tu me remiste, ó Deus, de verdade”. Em seguida citou João
3:16 “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira, que deu o Seu Filho, unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna”. Logo após, foi chamado a presença de Deus, e
morreu aos 63 anos de idade.
Capítulo X: Perseguições Gerais na Alemanha.
O Papa, alarmado com o grande êxito alcançado
pelo valente reformador, decidiu empregar todos os esforços possíveis para
acabar com a doutrina propagada por Lutero. Com isso, deu total suporte e poder
ao Imperador Carlos V, inclusive muito dinheiro para sustentar suas tropas,
chegando a perfazer o total de doze mil homens da Infantaria.
Com esse apoio papal, ele montou um grande
exército na Alemanha, Espanha e Itália. E a partir daí, começou uma perseguição
implacável aos reformadores, que o exílio podia ser considerado um final feliz;
e a ocultação num tenebroso bosque, uma felicidade. Nestes tempos, uma cova era
como um palácio; uma rocha como um leito de plumas; e as raízes como manjares.
(p. 196)
Em 1631, na cidade de Magdeburgo, aconteceu
uma tragédia das mais sanguinárias. Dois generais – Tilly e Pappenheim tomaram
a cidade de assalto, promovendo uma matança de mais de 20 mil pessoas; sem
distinção de classe, sexo ou idade, e outras 6 mil, morreram afogadas tentando
atravessar o rio Elba, na tentativa de fugirem.
Pegaram um ministro e sua família,
violentaram sua mulher e sua filha em sua frente, cravaram seu filho
recém-nascido na ponta de uma lança e, a seguir, rodearam-no com todos os seus
livros e atearam fogo, e ele foi consumido em meio às chamas.
Em Pomerania, eles entraram numa pequena
cidade e tomaram todas as jovens mulheres e as meninas com mais de 10 anos de
idade, e colocaram seus pais num círculo, mandaram que cantassem os Salmos,
enquanto isso, violentavam suas filhas, e diziam a elas para não aceitarem ser
despedaçadas. (p. 200-2002)
Capítulo XI: Perseguições nos Países Baixos.
O Papa instigou para que o Imperador
iniciasse uma perseguição contra os protestantes que estavam naquele País.
Muitos caíram como mártires sob a malícia supersticiosa e o fanatismo bárbaro,
entre os quais, pessoas notáveis como:
. Wendelinuta
– uma piedosa viúva protestante que foi presa por causa de sua religião. Vários
monges tentaram convencê-la a abjurar de sua devoção, mas não obtiveram êxito.
Uma amiga dela que era católica também tentou fazê-la se retratar, com os
seguintes dizeres: “Querida Wendelinuta, se não abraçares nossa Fé, mantenha ao
menos secretos as coisas que professas e trate de estender a sua vida”. E ela lhe respondeu: “Senhora, não
sabes o que dizes, porque com o coração cremos para a justiça, porém, com a
boca fazemos confissão para a salvação”. (p.204)
Um monge apresentou para ela uma cruz, e
convidou-a a beijá-la e a adorar a Deus. A
isto ela respondeu: “Eu não adoro nenhum deus de madeira, mas somente ao
Deus Eterno que estás no Céu”. Foi então executada, mas antes, de ser levada ao
fogo, foi estrangulada.
. Dezesseis
protestantes foram condenados a decapitação e, ordenou-se a um ministro
reformado que lhe desse assistência durante a execução. Este homem exortou-os
ao arrependimento e deu-lhes a consolação que existe nas misericórdias de seu
redentor. Após decapitar uma a um, o magistrado gritou ao carrasco: “Falta-te
dar ainda um golpe, verdugo; deve decapitar o ministro; pois jamais terá uma
chance de morrer num momento melhor do que este”. E assim foi executado a
ordem, sendo que muitos dos católicos romanos reprovaram este gesto como sendo
desnecessário, cruel e de perfídia[5].
Nos anos de 1543 e 1544, a perseguição
lançou-se sobra a cidade de Flandes de maneira mais violenta e cruel. Muitos foram condenados a Prisão Perpétua,
outros ao Desterro, porém, a maioria era morta por enforcamento, afogamento,
cravados na parede, queimados vivos, no potro, enterrados vivos, etc. (p.205)
. Juan
de Boscane e Juan de Buisons, eram homens piedosos e muito respeitados na
cidade e pelo povo, por isso o Magistrado temia executá-los em praça pública.
Sendo assim, o primeiro foi morto dentro de uma banheira preparada dentro do
presídio pelo carrasco, mas foi totalmente apunhalado por ele, na tentativa de
fugir. O segundo, foi decapitado secretamente dentro da prisão.
Em 1568, três pessoas foram presas na mesma
cidade – Scoblant, Hues e Cooomans. Dentro
da prisão, redigiram uma carta a alguns dignos protestantes: “Não estamos sem
conselho no cárcere, porque temos a Fé; não sofremos aflição, porque temos a
esperança; e perdoamos aos nossos inimigos, porque temos o amor. (...). Não
desejamos ser soltos, mas, sim, abençoados com a fortaleza; não pedimos
liberdade, mas o poder da perseverança; e não almejamos qualquer mudança em
nossa condição, senão aquela que coloque uma coroa de glória sobre nossas
cabeças”. (p. 206-208)
Capítulo XII: A Vida de
William Tyndale.
Ele nasceu próximo a fronteira com o País de
Gales, e foi criado desde a sua infância na Universidade de Oxford. O seu modo
de viver e a sua conversação era tão coerentes com a Bíblia que todos o
consideravam um homem de virtuosas inclinações, e alguém de uma vida irrepreensível.
Seus conhecimentos cresciam muito e acumulava
graus acadêmicos, transferindo-se para a Universidade de Cambridge, onde
permaneceu por certo tempo. Depois a deixou e foi trabalhar com Tutor dos
filhos de um cavaleiro de Gloucesterschire, chamado Mestre Welch. Nesta casa,
ele recebia pessoas muito ilustres, com Abades, Deões (dignidade eclesiástica),
Arcediagos (o primeiro entre os diáconos), homens ricos e doutores.
Tyndale sentava-se à mesa com eles,
conversavam sobre diversos assuntos, principalmente sobre as Escrituras. Ele
não poupava mostrar-lhes a sua opinião e, muitas vezes, discordavam em certos
pontos, mas ele mostrava-lhes claramente no Livro, a fim de refutar os erros
dos seus ouvintes. Isto durou um bom tempo, finalmente eles se cansaram e
começaram a sentir em seus corações um ressentimento contra Tyndale.
Com isso, passaram a murmurar nas tavernas e
em outros lugares, dizendo que suas palavras eram heresias e, secretamente o
acusaram perante o Chanceler e outros oficiais do Bispo. Este ressentimento dos
sacerdotes cresceu mais e mais, quando o acusaram de herege. Tyndale, com a
ajuda de seu Senhor, partiu para Londres, onde começou a pregar por algum
tempo. (p.211)
Foi-lhe armada uma cilada por um homem de
nome Henry Philipe, passando-se por seu amigo, mas dispusera oficiais para
prendê-lo. Ele foi amarrado a estaca, estrangulado pelo carrasco e , em
seguida, consumido pelo fogo, na cidade de Vilvorde, em 1536. Na estaca, orou
com um fervoroso zelo e grande clamor: “Senhor, abra os olhos do rei da
Inglaterra”. Durante um ano e meio que esteve preso, converteu o seu guarda e
sua filha, e outros membros de sua família.
Capítulo XIII: A Vida de João Calvino.
Ele nasceu na cidade de Noyon, na Picardia em
10 de julho de 1509. Foi instruído em gramática e estudou em Paris. Além disso,
cursou filosofia no College de Montaign sob os cuidados de um professor
espanhol. Seu pai, percebendo seu talento para a piedade, o direcionou para a
Igreja e o apresentou em maio de 1521 á Capela de Notre Dame de Gesine, na
cidade de Noyon.
Em 1527, com apenas dezoito anos de idade,
foi designado para o reitorado de Marseville, que preferiu trocar pelo
reitorado de Pont L’Eveque, nas proximidades de Noyon. Seu pai mudou de idéia e
quis que ele estudasse as Leis (área jurídica), e Calvino concordou de bom
grado. Porquanto, pelos conhecimentos adquiridos nestes estudos, conseguira uma
repugnância (aversão, nojo) pelas superstições do papado.
Em 1534, demitiu-se da capela de Gesine e do
reitorado de Pont L’Eveque. Em Bourges aplicou-se ao estudo do idioma grego,
sob a direção do professor Wolmar. Com a morte de seu pai, voltou a Noyon, mas
ficou por pouco tempo. Em seguida, foi para Paris, ajudando a Nicolas Cop,
reitor da Universidade Local, na preparação dum discurso que causou grande
desagrado ao Parlamento.
Isto suscitou uma perseguição aos
protestantes e a Calvino (p. 222). Ele conseguiu fugir e resolveu abandonar a
França, após publicar um tratado contra os que acreditavam que as almas dos
mortos estão em um estado de sono. (purgatório[6]).
Ele retirou-se para a Basiléia, ela faz fronteira com a Alemanha e a França, onde
estudou o idioma Hebraico; e neste tempo, publicou a sua obra intitulada: “A
Instituição da Religião Cristã”. Com ela passou a ser conhecido, embora
desejasse ficar no anonimato.
Escreveu uma apologia em defesa dos
protestantes que eram queimados vivos em praça pública por causa da religião,
na França. Depois disso, foi a Itália visitar a Duquesa de Ferrara, sendo muito
bem recebido por ela. Foi para Genebra, sendo eleito pelo Consistório (composto por Cardeais que auxiliam o Papa em suas
decisões) e pelos Magistrados, obtendo aprovação popular, para o cargo de
Ministro e Professor de Teologia.
Em 1537, fez com que todo o povo declarasse,
sob juramento, a anuência de todos eles a uma confissão de Fé que continha uma
renúncia ao papismo. Declarou que não poderia submeter-se a uma norma que o
distrito de Berna havia estabelecido e, por esta razão, os administradores de
Genebra convocaram uma Assembléia Popular, e ordenaram que Calvino, Farel e
outro Ministro abandonassem a cidade dentro de poucos dias, por recusarem a
administrar os Sacramentos. (p. 223)
João Calvino foi para Estrasburgo,
estabelecendo ali uma igreja francesa, da qual foi o primeiro ministro e designado para ser o professor de
Teologia. O povo de Genebra rogou para que ele voltasse instantaneamente, o que
ele consentiu. Em lá chegou em setembro de 1541, com grande satisfação tanto do
povo como da parte dos magistrados. Uma de suas primeiras atitudes foi
estabelecer uma forma de disciplina
eclesiástica e uma jurisdição
territorial, com o poder de infligir
(aplicar penas ou castigos) as censuras e os castigos canônicos que,
incluíam até mesmo a excomunhão.
Quando alguém queria atacar ou refutar as
opiniões de Calvino, bastava se referir ao seu papel na morte do Dr. Miguel de
Servet. Eles gritava: Queimou Servet! Calvino queimou Servet! Todos os demais
reformadores que viveram à época aprovaram sua conduta, inclusive Melancton,
que se expressou em relação ao assunto, por meio de uma carta dirigida a Bullinger: “Li a tua declaração sobre a
blasfêmia do Dr. Servet, e confio em tua piedade e juízo, e estou convencido de
que o Conselho de Genebra agiu retamente ao dar a morte a este homem obstinado,
que jamais retrocedeu em suas blasfêmias. Servet mereceria algo pior do que a
morte”. (p. 223)
Turritine
disse: “Os historiadores não
afirmam em lugar algum, nem pode ser o resultado de qualquer conclusão, que
Calvino tenha instigado os magistrados a que queimassem o Dr. Servet. Não, mas
certo é que além dele, um grupo de pastores definiu este tipo de castigo”. (p.
224)
Enquanto Servet estava no cárcere, Calvino o
visitou e empregou todos os argumentos possíveis para que se retratasse de suas
horríveis blasfêmias. Esta foi a participação de Calvino neste infeliz
episódio.
Depois da morte de Martinho Lutero, João
Calvino exerceu grande influência sobre os homens naquele período,
irradiando-se sobre a França, Itália, Alemanha, Holanda, Inglaterra, e Escócia.
Estes países organizaram 2.150 congregações reformadas, que recebiam os seus
pregadores por parte dele.
Calvino, triunfante sobre seus inimigos,
sentiu que a sua morte estava próxima. Porém, prosseguiu dedicado de todas as
maneiras possíveis com energia juvenil. Quando se viu a ponto de partir para o
eterno repouso, redigiu o seu Testamento,
com as seguintes palavras:
“Dou testemunho de que vivo e proponho-me a morrer
nesta fé que Deus tem me dado por meio de Seu Evangelho, e que não dependo de
mais nada para a salvação, além da livre escolha que Ele fez quanto a mim. De
todo o coração abraço a Sua misericórdia, por meio da qual todos os meus
pecados ficam perdoados, por causa de Cristo, de Sua morte e de Seus
sofrimentos. Segundo a medida da graça que me foi dada, ensinei esta Palavra
pura e simples, através de sermões, ações, e exposições desta Escritura. Em
todas as minhas batalhas contra os inimigos da verdade, não tenho empregado sofismas[7],
mas tenho combatido o bom combate de modo frontal e direto”.
Em 1564, foi o dia de sua libertação e de sua
bendita viagem para o Lar Celestial. Morreu aos 55 anos de idade e durante todo
esse tempo, viveu de forma modesta e não aceitou salários e privilégios de
cidadão que lhe ofereceram.
Capítulo XIV: História das Perseguições na Inglaterra e na Irlanda.
Os Saxões ao chegarem a Grã-Bretanha, por
serem pagãos como os escoceses e os pictos[8],
destruíram as Igrejas e assassinaram o Clero, em todos os lugares por onde
passavam; porém, não foram capazes de destruírem o Cristianismo. No ano de 586
d.C., o governo saxão promoveu uma de suas piores matanças de monges na cidade
de Bangor. Entretanto, esses monges eram diferentes de todos os outros monges
de nossos dias.
No Século VIII, os daneses que eram um grupo
errante de piratas e bárbaros, chegaram a diversas partes da Grã-Bretanha e
Escócia, mas a principio foram expulsos. Em 857 d.C., estabeleceram-se num
lugar chamado de Southampton, saqueando seus habitantes e, também, queimaram as
igrejas locais e assassinaram o Clero.
Em 868 d.C., eles penetraram no centro da
Inglaterra e estabeleceram-se em Nottingham; porém, os ingleses, sob o comando
de seu rei Ethelred, os expulsaram de suas posições e obrigaram-nos a
retirar-se para Northumberland.
Em 870 d.C., um outro grupo destes bárbaros
desembarcou em Nortolk e iniciou uma batalha contra os Ingleses em Hertford. A
vitória foi dos pagãos, que tomaram como prisioneiro a Edmundo, rei dos
ingleses orientais e, após terem cometido contra ele muitas indignidades,
traspassaram o seu corpo com flechas, e em seguida o decapitaram.
Numa região da Irlanda, chamada de Leinstem,
os daneses assassinaram e queimaram vivos os sacerdotes em suas próprias
igrejas. Não perdoaram idade ou sexo; porem, o Clero era para eles o mais
odioso. Durante o reinado de Eduardo III, a igreja da Inglaterra estava
completamente corrompida pelos erros e superstições e a luz do Evangelho de
Cristo havia sido encoberta e entenebrecida por invenções humanas; cerimônias
recarregadas e uma idolatria grosseira. (p. 228)
Os seguidores de Wickliffe, conhecidos como
“Lolardos”, haviam se tornado numerosos e o clero sentia-se muito agravado
diante de seu crescimento. Este mesmo clero, aproveitou uma oportunidade
perante o rei para introduzir uma Lei junto ao Parlamento, rezando que todos os
Lolardos que permanecessem obstinados poderiam ser entregues ao poder secular e
queimados como hereges.
Esta foi a primeira lei introduzida na
Grã-Bretanha, para queimar pessoas por causa de suas crenças religiosas. Ela
foi aprovada em 1401, e os seus efeitos foram arrasadores. Em 1473, foi preso
em Londres, Thomas Granter, acusado de propagar a doutrina de Wickliffe, e foi
condenado como herege obstinado. Foi amarrado a estaca e queimado vivo.
Em 1499, um homem piedoso de nome Badram foi
acusado por sustentar as doutrinas de Wickliffe. Também foi condenado como
herege obstinado e sentenciado a morte, igualmente a Granter.
Em 1506, outro homem chamado de William
Tilfrey, na cidade de Amersham, foi sentenciado a morte. Sua filha foi obrigada
a acender a lenha com a qual seu pai foi queimado vivo. Em 1507, Thomas Norris,
também foi queimado vivo por causa do testemunho da verdade do Evangelho. Este
era um pobre homem, inofensivo e
pacifico; porém, o seu pároco, ao conversar com ele certo dia, teve a impressão
de que era um Lolardo. Com esta suspeição, denunciou-o ao bispo, e Norris foi
preso e morto. Em 1508, Lawrence Guale, ficou dois anos preso, sendo queimado
vivo por negar a presença real de Cristo na Eucaristia.
Por causa desta Lei cruel e Blasfema, as
pessoas eram entregues a morte: “Que todo aquele que lesse as Escrituras em seu
idioma natal, que na ocasião eram conhecidas com – A Ciência de Wickliffe -,
deveria perder sua terra, seu gado, seu corpo, sua vida e seus bens, por si e
por seus herdeiros para sempre”. Além disso, seriam condenados como hereges
contra Deus, inimigos da coroa, e culpáveis de alta traição contra a terra, por
isso, deveriam morrer. (p. 236).
Em Buckingham, Thomas Bainard e James Moreton
foram condenados a serem queimados vivos, por terem lido a oração do Senhor
Jesus Cristo e a Epístola de Tiago em inglês. Desta forma, o povo de Deus eram
entregues, vez por outra, pois suas vidas foram compradas e vendidas.
Capítulo XV: Perseguições na Escócia, no reinado de Henrique VIII.
Martinho Lutero fez brotar ramos frutíferos
de sua doutrina na Alemanha, Itália e na França, mas também a Ilha da Grã
Bretanha não ficou sem o seu fruto e nem sem os seus ramos. Entre eles, estava
Patrick Hamilton, um escocês de classe alta e berço nobre, de sangue real e de
excelente temperamento.
Ele tinha 23 anos de idade, e deixou o seu país
para se estabelecer na Alemanha, familiarizando-se com aquelas eminentes tochas
do Evangelho que eram Martinho Lutero e Felipe Melancton, vindo a aderir
tenazmente a religião protestante. O
arcebispo fez com que Hamilton fosse preso com as seguintes acusações:
desaprovar em público as peregrinações; o purgatório; as orações aos santos; as
orações a favor dos mortos. Ele foi sentenciado a morte, e quando se aproximou
da estaca, ajoelhou-se e orou fervorosamente durante certo tempo.
Quando acenderam a lenha, ele clamou em voz
audível: “Senhor Jesus, receba o meu
espírito! Até quando reinarão as trevas sobre este reino? E até quando
suportarás a tirania destes homens? (p. 238) Com o fogo ainda brando, ele
sofreu cruéis tormentos; porém, suportou-os com magnanimidade cristã. O que
mais lhe causou dor foi o clamor de alguns malfeitores que, instigados pelos
frades, gritavam com freqüência: “Converta-se herege; clame a nossa senhora:
diga salve rainha”. Ele respondia: “Deixai-me
e parai de incomodar-me, mensageiros de satanás”. Este jovem e firme
cristão sofreu o martírio em 1527.
Houve o martírio de inúmeras pessoas que
foram seguidos pelo Sr. Thomas Forret que, por um período de tempo
considerável, fora o decano da igreja de Roma; pelo martírio de dois ferreiros chamados Kilor e Beverage;
pelo martírio de um sacerdote chamado Duncan Smith e de um homem nobre chamado
Robert Forrester. Todos eles foram queimados juntos, no monte do Castelo, em
Edinburgo, no ultimo dia do mês de fevereiro de 1538.
Capítulo XVI: Perseguições na Inglaterra, no reinado de Maria I.
A morte prematura do monarca Eduardo VI
causou os acontecimentos mais extraordinários e terríveis que jamais tiveram
lugar, desde os tempos da encarnação de nosso bendito Senhor e Salvador em
forma humana. A sucessão ao trono britânico virou objeto de disputa, e as cenas
que se sucederam foram uma demonstração da séria aflição em que o reino estava
envolvido.
A perspectiva dos amigos da administração de
Eduardo, sob a direção de seus conselheiros e servos, veio a ser algo que as
mentes reflexivas se viram obrigadas a contemplar sob a mais alarmante
apreensão.
Durante sua enfermidade, o rei foi induzido a
fazer o seu testamento, pelo qual outorgava a coroa inglesa à Lady Jane, que
era filha do duque de Suffolk, casada com o Lorde Guilford, filho do duque
Northumberland, Ela era neta da segunda irmã do rei Enrique, que era casada com
Carlos, duque de Suffolk. Pelo testamento, foi evitada a sucessão de Maria
Elizabeth, por causa do temor de se voltar ao papismo; e o conselho do rei com
os chefes da nobreza, com a maior autoridade administrativa de Londres, o seu
prefeito, e com quase todos os juízes e os principais legisladores do reino,
assinaram os seus nomes neste documento, como sanção a esta medida. (p. 250)
Com isso, passaram rapidamente para Lady Jane
Gray como a rainha da Inglaterra, tanto na cidade de Londres como em várias
outras localidades populosas do reino. Apesar de ser jovem, possuía talentos de
natureza superior, e o seu aproveitamento sob os cuidados de um tutor muito
excelente havia-lhe proporcionado grandes vantagens.
Seu reinado durou apenas cinco dias, haja
vista que Maria, por meio de falsas promessas, empreendeu rapidamente suas
expressas intenções de extirpar e queimar a cada um dos protestantes. Ela foi
coroada em Westminister, do modo usual, e a sua ascensão tornou-se o sinal para
o inicio da sangrenta perseguição aos protestantes na Inglaterra.
A
primeira mártir desta perseguição foi Lady Jane Gray, que assim se manifestou: “Povo bom, vim aqui para morrer, por ter
sido condenada por uma lei. O que foi feito contra a majestade da rainha foi
legítimo, e eu concordei com a situação; porém, quanto a tomada da decisão, e o
desejo do mesmo por mim ou a meu favor, lavo neste dia as minhas mãos em minha
inocência diante de Deus e diante de vós, boa gente cristã. Peço a todos vós
que me sejais por testemunha de que morro como uma mulher cristã, e que espero
ser salva somente pela misericórdia de Deus, através do sangue de Seu único
filho Jesus Cristo, e não por qualquer outro meio. Confesso que conheci a
Palavra de Deus, mas dela me descuidei, e amei mais a mim mesma e ao mundo, e
por essa razão penso que infelizmente, e por merecer, sobreveio-me esta praga e
castigo. Mas dou graças a Deus, que em sua boa vontade me deu desta maneira
tempo e descanso para arrepender-me. E
agora, boa gente, enquanto estou viva, peço-vos que me ajudeis com vossas
orações”. Em seguida disse: “Senhor,
em tuas mãos entrego o meu espírito”. Assim acabou a sua vida, no ano de 1554,
com aproximadamente 17 anos de idade. No mesmo dia, foi também decapitado seu
marido, Lorde Guilford, que era um dos filhos do duque de Northumberland.
Morreram muito jovens, por aceitarem, por ignorância, aquilo que outros haviam
planejado e consentiram que, por meio de proclamação pública, aquilo que lhes
havia sido dado fosse entregue a outros.
.A
Preservação de George Crow e de seu Novo Testamento.
Ele era um pobre homem que parte em sua
embarcação levando um carregamento de terra, zarpando de Malden, no dia 26 de
maio de 1556. Porém o seu barco encalhou num banco de areia e encheu-se de
água. Ele perdeu todo o seu carregamento, ficando apenas com seu Novo
Testamento. Viajavam com ele um homem e um menino.
Sua embarcação afundou e a situação ficou
mais complicada, pois a maré iria subir em poucas horas. Oraram a Deus e
subiram no mastro da embarcação. Ficaram seguros nela por um período de dez
horas, mas o menino não suportou mais, caiu e morreu afogado. Com a vazante das
águas, Crow e seu companheiro, improvisaram uma balsa com a madeira do mastro.
Depois de dias flutuando sobre as ondas, seu
amigo veio a falecer de fome e fadiga. Crow começou a clamar a Deus para que o
socorresse. Quando finalmente o capitão Morse o apanhou e, ao chegar a bordo,
meteu a mão no bolso e tirou seu Novo Testamente que estava todo molhado.
Capítulo XVII: O surgimento do Protestantismo na Irlanda e as Matanças
em 1741.
A introdução do Protestantismo na Irlanda é
atribuída principalmente a George Browne, um inglês consagrado arcebispo de
Dublin, no dia 19 de março de 1535. Ele
permaneceu nesta posição por cinco anos, nesta época Henrique VIII
confiscara as igrejas católicas na Inglaterra. Ele mandou que retirassem das
igrejas todas as imagens e relíquias existentes. No lugar delas, fez com que
fossem introduzidos a oração, o credo e os dez mandamentos.
As trevas do papado entenebreceram a Irlanda
desde o seu primeiro estabelecimento, até o reinado de Enrique VIII, quando os
raios do Evangelho começaram a dissipar as trevas e a prover luz até então
desconhecidas na ilha. O povo era mantido na ignorância com os absurdos e
superstições e conceitos sustentados pelos papistas, mas várias pessoas
distintas sacudiram o jugo que lhes fora imposto e abraçaram o Protestantismo.(p.361)
Após a ascensão de Eduardo VI ao trono da
Inglaterra, foi enviada uma ordem a Sir Anthony Leger, o Lorde que representava
a Irlanda, o qual determinava que a liturgia em Inglês fosse estabelecida na
nação, e que isso fosse observado dentro dos vários bispados, catedrais e
igrejas paroquiais. (p.364)
O Rei Enrique VIII que, ao levar em
consideração a escravidão e o pesado jugo aos seus leais e fiéis súditos,
suportaram sob a jurisdição do Bispo de Roma; como diversas histórias imaginárias
e mentirosos prodígios desviavam os nossos súditos, ao retirarem os pecados de
nossas nações com suas indulgências e perdões comprados com dinheiro e propuseram
a abrigar todos os malvados vícios como roubos, rebeliões, furtos, fornicação,
blasfêmias, idolatrias e outros semelhantes a estes, sua graciosa majestade,
nosso pai, dissolveu, por esta causa, todos os conventos, mosteiros, abadias[9] e
outras pretensas casas de religião, por serem lugares onde mais se criavam
vícios ou o luxo, ao invés da sagrada erudição. (p.365)
Na igreja de Christ Church, os papistas
tramaram uma confabulação perversa (um falso milagre):
Ficou na referida igreja, uma imagem de Cristo em
mármore, a qual sustentava uma vara numa das mãos, e com a coroa de espinhos
sobre a sua cabeça. O roteiro do culto era lido no idioma inglês como fora
determinado (a Oração Comum), na presença do Tenente Local, do Arcebispo de
Dublin, do Conselho Particular, do Principal Administrador e de uma grande
parte da congregação, foi observado sair sangue pelas gretas da coroa de
espinhos e descia pela cabeça da imagem. Por causa disso, um dos inventores da
farsa gritou alto: “Vejam como a imagem
de nosso Salvador sua sangue! Mas deve mesmo fazê-lo, pois entraram heresias na
igreja”. Muitos dos presentes, inclusive a classe mais humilde do povo,
certamente sentiram-se aterrorizados diante de um espetáculo tão miraculoso e
inegável da evidência do sagrado divino. Correram para fora da igreja
convencidos de que as doutrinas do Protestantismo emanavam de uma fonte
infernal, e que a salvação somente seria encontrada no seio de sua infalível
igreja (Apostólica Romana).
Desse episódio, muitas pessoas se convenceram
de que havia muitos erros e corrupções na Igreja de Roma. Durante o reinado de
Maria I, ela procurou estender suas perseguições terríveis aos protestantes da
Ilha. Felizmente, pela atitude de uma criada protestante de nome Elizabeth
Edmunds, seu plano veio a falhar.
Esta criada ouviu o Dr. Pole (agente do
sanguinário Bonner), dizer que estava com uma Carta Comissionada (autorizada
pelo Monarca) para varrer todos os Protestantes (hereges) da Irlanda. Numa
distração dele, ela trocou este documento por um papel em branco e uma carta de
baralho, colocando-os dentro de sua carteira.
Quando o Dr. Pole chegou em Dublin, em
setembro de 1558, ansioso para cumprir com o que lhe incumbido, por parte da
Rainha Maria, ao retirar o documento da carteira para mostrar ao Lorde
Fitz-Walter, que era o vice-rei, notou que era uma folha em branco e uma carta
de baralho. Todos que estavam presentes ficaram surpresos e o Lorde disse:
“Temos que conseguir outro comissionamento, enquanto isso, embaralhemos a
carta”. O Dr. Pole desejou voltar imediatamente à Inglaterra, mas as
circunstâncias não eram favoráveis. Pouco tempo depois, chegou a notícia da
morte da Rainha Maria e, graças a atitude desta criada, os protestantes
irlandeses se livraram duma terrível perseguição. (p. 366)
Capítulo XVIII: Surgimento, perseguições e sofrimento dos Quakers[10].
Estas pessoas se diferem totalmente dos
protestantes de um modo geral, principalmente quanto a determinados pontos do
Cristianismo; mas, contudo, como inconformados protestantes, ficam incluídos
sob a descrição da Lei da Tolerância.
O nome Quaker, foi-lhes atribuído como um
termo depreciativo, como conseqüência das evidentes convulsões que sofriam
quando discursavam, porque tinham para si que esta fato era um efeito da
inspiração divina. O primeiro de seus lideres foi George Fox, ele descendia de
pais honrados e respeitosos, que o criaram na religião nacional (católica).
Porém, anos mais tarde, manifestou um conhecimento incomum das coisas divinas.
(p. 382).
Em 1646, deixou completamente a igreja
nacional, em cujos princípios fora criado e até então observara. Ele jejuava
muito e, vez por outra, caminhava a lugares retirados, sem qualquer companhia
além de sua Bíblia, disse um conhecido de nome Sewell. Em 1652, teve uma grande
revelação sobre a grandiosa obra de Deus na terra, e sobre a maneira como
deveria sair para iniciar o seu ministério público.
Dirigiu-se para o Norte do País, e a todos os
lugares por onde passava, era-lhes mostrado a sua tarefa e o serviço que ali
tinha que desempenhar, de modo que o Senhor era o seu verdadeiro condutor. O seu zelo levou-o a cometer extravagâncias,
o que o expôs ainda mais ao açoite de seus inimigos que agiram duramente contra
ele.
O governo publicou uma proclamação que
proibia os Anabatistas, os Quakers e os Homens da Quinta Monarquia, de
realizarem assembléias ou reuniões em alguma Igreja Paroquial ou em Residências
particulares, caso o proprietário não o autorizasse.
Quem eram os Anabatistas? (acréscimo nosso)
Também contém
o significado de “re-batizar”, origem do grego ανα (novamente) + βαπτιζω (batizar), ou seja, batizar novamente. Eram
os Cristãos sectários do Anabatismo, a chamada “ala radical” da Reforma
Protestante. Eles não formavam um único grupo ou igreja, pois havia diversos
grupos chamados genericamente de “anabaptistas”, com crenças e práticas
diferentes e divergentes.
Foram assim chamados porque os convertidos eram batizados
apenas na idade adulta, por isso, eles re-batizavam todos os seus prosélitos que já tivessem sido
batizados quando crianças, pois criam que o verdadeiro batismo só tem valor quando as pessoas se
convertem conscientemente a Cristo. Desta forma a os anabatistas
desconsideravam tanto o batismo católico quanto o batismo dos protestantes
luteranos, reformados e anglicanos.
.
Relato de perseguições aos Quakers nos Estados Unidos.
Em meados do Século XVII, infligiu-se grande
perseguição e sofrimento a um grupo de inconformistas protestantes, comumente
chamados de quaquers; que surgiu naquele tempo na Inglaterra, alguns dos quais
selaram o seu testemunho com o seu sangue. O principal motivo pelos quais o seu
inconformismo de consciência fê-los susceptíveis às penas da lei que foram:
1.
A sua
decisão cristã de reunir-se publicamente para o culto a Deus, da forma mais conforme
em relação a sua consciência;
2.
A sua
recusa a pagar dízimos, que consideravam uma cerimônia judaica, abolida pela
vinda de Cristo;
3.
O seu
testemunho contrário às guerras e as lutas, cuja prática consideravam
inconsistente com o mandamento de Cristo exposto em Mateus 5:44, que diz: “Amai
os vossos inimigos”.;
4.
A sua
constante obediência ao mandamento de Cristo exposto em Mateus 5:34, que diz:
“Não jureis de modo algum”.;
5.
A sua
recusa em pagar taxas ou avaliações, para edificar e reparar casas de culto com
as quais eles não estivessem de acordo;
6.
Seu uso
do linguajar apropriado e literário “tu” e “ti”, para uma pessoa individual; e
a sua renúncia ao costume de descobrir a cabeça, como homenagem a um homem;
7.
A
necessidade em que muitos se encontraram de publicar o que criam ser a doutrina
da verdade; e o faziam às vezes nos locais designados ao culto público
nacional.
A perseguição a esse grupo de religiosos foi
implacável, inclusive por causa de transgressões ou ofensas que a lei nem
sequer contemplava ou abrangia. Muitas das multas e penalidades que lhes
impuseram não eram somente irracionais e exorbitantes, de maneira que não
podiam pagá-las e via-se aumentadas em várias vezes o valor da demanda. Por
esta razão, muitas famílias pobres sentiam-se muitíssima angustiadas, obrigadas
a depender da ajuda de seus amigos. (p. 389).
Capítulo XIX: Perseguições contra John Bunyan.
Este puritano[11]
nasceu em Elstow, nas proximidades de Bedford, na Inglaterra. Seu pai era
latoeiro e ele aprendeu este oficio com ele. Durante toda a sua precoce idade
adulta, sentiu-se arrependido pelos vícios de sua juventude, apesar de jamais
ter sido um beberrão ou imoral. Sua angústia e ações morais que perturbavam sua
consciência era o gostar de dançar, tocar os sinos da igreja e ter jogado
Tip-Cat; um jogo de jardim. (p. 395)
Disse certa vez enquanto jogava, ter ouvido
uma voz que lhe foi dirigida do céu à sua alma:”Deixarás os teus pecados e irás
ao céu, ou manterás os teus pecados e irás ao inferno?”
Foi membro do exército parlamentar por um ano
e a morte de um colega próximo a ele, aprofundou a sua tendência aos
pensamentos mais sérios, e houve uma época em que parecia quase louco em seu
zelo e penitência.
Casou-se com uma digna mulher que lhe comprou
vários livros piedosos, lendo-os com assiduidade. Antes de completar trinta
anos de idade, tornara-se um destacado pregador Batista, grupo religioso ao
qual se unira. (p. 396) Ele foi perseguido e preso por pregar em praça pública
sem ter autorização ou licença para isso. Padeceu sérias penalidades na prisão,
haja vista ao estado miserável dos cárceres naquela época.
Sua dor maior enquanto estava no cárcere, foi
estar separado de sua mulher e de seus quatro filhos pequenos, principalmente
de sua filha que era cega. Seu consolo na prisão foram seus livros e a Bíblia,
como também o Livro dos Martires, de John Fox. Esteve preso por longo período,
escrevendo alguns de seus livros neste tempo, mas foi no decorrer de seu
segundo aprisionamento, embora de menor tempo (3 anos após o termino do primeiro),
que escreveu o sua obra imortal: O Progresso do Peregrino.
Nesta obra, desenvolveu o tema com uma
fascinante riqueza de detalhes, ao empregar cenas rurais da Inglaterra como
fundo, a esplendida cidade de Londres para a Feira das Coisas Vãs, e os Santos
Vilões que conhecia pessoalmente para descrever os bens desenhados caracteres
de sua alegoria[12]. Bunyan,
neste livro, “era o homem vestido de farrapos, com o rosto voltado para sua
própria casa, com um livro em sua mão e uma grande carga sobre suas costas”.
(p.397)
Os últimos anos de sua vida ele permaneceu em
Bedford, sendo considerado o venerado Pastor e conhecido como o Bispo Bunyan,
Ele morreu em 3 de agosto de 1688, e foi sepultado em Bunhill Fields, no pátio
de uma igreja em Londres.
Capítulo XX: A história de John Wesley.
Ele nasceu em Epworth, no dia 17 de junho de
1703, na Inglaterra. Era o décimo quinto dos dezenove filhos de Charles e
Suzanna Wesley. Seu pai era pregador e
sua mãe era uma mulher de notável sabedoria e inteligência. Ensinava desde de
pequeno seus filhos o Evangelho, contando-lhes historinhas contidas na Bíblia
Sagrada.
Wesley era dinâmico e varonil, gostava de
jogar e, particularmente, de bailes. Ele se aprofundou no estudo religioso, mas
não se sentia possuidor das profundezas do Evangelho. Depois deixou a
Universidade por estar sob a influência dos Escritos de Martinho Lutero.
(p.399)
Ele e seu irmão Charles Wesley, foram
enviados a Geórgia, na América, para que propagassem o Evangelho, e ali
desenvolvessem a sua capacidade como pregadores. John Wesley observou durante
esta viagem, que os irmãos da Morávia (cidade localizada no estado americano de
Iowa, no condado de appanoose), mesmo diante de uma grande tempestade, não
perderam sua compostura e se mantiveram calmos e em completa resignação
(aceitar a situação sem a intenção de mudá-la) a Deus. Observou também, que
eles mantinham a humildade ao receberem maus tratos e insultos. (p.400)
Wesley juntou-se a George Whitefield, o qual
tinha uma fama imperecível por sua eloqüência. Aos 85 anos de idade, agradeceu
ao Senhor por ser tão vigoroso como sempre. Atribuía isso á vontade de Deus,
pelo fato de dormir profundamente, levantar às 4 horas da manhã durante 60 anos
e, em 50 anos pregar todas as manhãs, às 5 horas. Normalmente ele pregava duas
vezes ao dia e, em algumas ocasiões, três a quatro vezes. Viajava cerca de 4
mil e 500 milhas inglesas por ano, na maioria das vezes, montado num cavalo.
Charles
Wesley prestou um serviço
incalculável a sociedade, com os seus hinos que introduzira uma nova era na
musicalidade da igreja da Inglaterra. John
Wesley dividiu os seus dias entre o dirigir a igreja, os seus estudos, as
suas viagens e a sua atividade de pregar.
Wesley era uma pessoa de estatura comum, mas
os traços mais marcantes de seu caráter eram:
. O amor persistente pelas almas;
. A firmeza e a tranqüilidade de Espírito;
. Amável e muito generoso;
. Estudioso e muito Trabalhador.
Ele viu a necessidade de ordenar pregadores,
com isso, foi inevitável a separação da igreja nacional. Depois disso, ele e
seus seguidores receberam imediatamente o nome de “Metodistas”, devido a
peculiar capacidade de organização de seu líder e aos engenhosos métodos de
pregação. Desta separação, surgiu a Igreja Metodista caracterizada por uma
perfeição organizacional quase igual ao militarismo.
Ele promoveu o avivamento da igreja na
Inglaterra ao pregar a justificação e a renovação da alma por meio da Fé em
Jesus Cristo. Com isso, atingiu também igrejas de outros países localizados na
América e na Europa Continental. Wesley morreu em 1791.
Capítulo XXI: Perseguições aos Protestantes no Sul da França, de
1814 a 1820:
A perseguição nesta região da França foi
muito implacável, havendo poucos períodos de tréguas desde a revogação do Edito
de Nantes[13], por
Luis XIV. Com este Edito, ficava estipulado que
a confissão católica permanecia a religião oficial do Estado, mas era agora oferecida aos calvinistas franceses a liberdade de praticarem o seu próprio
culto. Nos séculos XVI
e XVII o Edito
ficou conhecido como "edito de pacificação."
Tal era a oposição por parte
dos católicos e dos palacianos que até o final do ano de 1790, os protestantes
foram demasiadamente perseguidos. Na cidade de Nimes, contemplou-se um espetáculo
terrível: homens armados pelas ruas da cidade, os quais disparavam suas armas a
todos que encontravam com espadas ou outro tipo de arma. (p. 403)
Boucher, um jovem de apenas
dezessete anos de idade, foi morto por um disparo enquanto olhava da janela de
sua casa. Os cidadãos que fugiam eram detidos pelos católicos ao longo dos
caminhos e obrigados a dar provas de sua religião, caso contrário, eram mortos.
Elacher, um senhor de setenta anos de idade, foi despedaçado com uma foice.O
casal Vogue, foi atacado pelos fanáticos católicos, mortos e, ainda, destruíram
a sua moradia.
Monstruosos Ultrajes Contra as Mulheres:
Era comum em Nimes, as mulheres lavarem suas
roupas as margens do rio. Existia um lugar grande dedicado para que exercessem
esta atividade junto à fonte. Muitas delas podiam ser vistas diariamente,
ajoelhadas à beira d’água, a fim de esfregar suas roupas utilizando pedaços de
madeira, em forma de raquetes. (p. 412)
M. Duran escreveu: “Eu vi um advogado católico
acompanhar os assassinos de Bourgade, armar um instrumento deste tipo e
utilizar nestes flagelos pregos agudos em forma de flor de lis. Eu os vi
levantar as roupas das mulheres e aplicar aquele tipo de açoite aos seus corpos
ensangüentados, com fortes golpes, especialmente aquela a quem deram o nome que
a minha pena recusa-se escrever.
Nada era capaz de detê-los, nem o clamor das
atormentadas senhoras, o derramamento de sangue, os murmúrios de indignação
suprimidos pelo medo. Os médicos que atenderam as mulheres que morreram, podem
testificar pelas marcas de suas feridas, que agonia devem ter suportado; este
fato, por terrível que pareça, é contudo estritamente verídico”. (p. 413)
Os canalhas católicos entornavam a água sobre
suas cabeças e prendiam-nas, para que ficassem expostas e submetidas aos
tormentos. Eles pegavam os pedaços de madeira e colocavam pregos em forma de
flor de lis, para golpeá-las até que saísse sangue de seus corpos, os seus
gritos se perdiam no ar. Vez por outra, algumas pediam a morte como fim deste
ignominioso castigo, sendo recusado por eles e, inclusive, empregavam este
ultrajante castigo em mulheres grávidas.
Capitulo XXII: O principio das Missões Americanas no Exterior:
Samuel J. Mills, enquanto era estudante no
Williams College, reuniu ao seu redor um grupo de companheiros, e todos sentiam
a grande responsabilidade pela salvação do mundo pagão. Certo dia, em 1806,
quatro deles, alcançados por uma tempestade, refugiaram-se sob a cobertura de
um palheiro. Passaram a noite inteira em oração a favor da salvação da
humanidade, e resolveram, se houvesse oportunidade, irem eles mesmos como
missionários. Esta reunião de oração no palheiro tornou-se histórica”.
Estes jovens ingressaram posteriormente no
Seminário Teológico de Andover, onde Adoniram
Judson uniu-se a eles. Quatro desses jovens, enviaram uma petição à
Associação Congregacional de Massachusetts, em Bradford, no dia 29 de junho de
1810, oferecendo-se como missionários. Da atitude desses jovens, foi
constituída a Junta Americana de Comissionados para Missões Estrangeiras. (p.
425)
.
Perseguição ao Dr. Judson:
Em 1824, foi instalada uma guerra entre a
Companhia das Indias Orientais e o Imperador da Birmânia. O casal Judson e o
Dr. Price, que estavam em Ava, capital do Império Birmânico, foram, no
principio da guerra, imediatamente presos e encarcerados durante vários meses.
O relato do sofrimento dos três missionários foi escrito pela Senhora Judson, e
é relatado com as suas próprias palavras.
Judson e Price foram chamados perante o
Tribunal para serem interrogados, onde lhes fizeram uam detalhada indagação
acerca do que sabiam. A grande questão parecia ser se tiveram o hábito de
comunicar-se com estrangeiros sobre o estado do país e outras informações.
Responderam que sempre tiveram o costume de corresponder-se com os seus amigos
na América, mas que não mantinham correspondência com oficiais ingleses e nem
com o governo de Bengala. (p.429)
Como eles eram missionários, descobriram que
Judson e Price receberam somas consideráveis de dinheiro de Gouger. Como não
sabiam como recebiam esse dinheiro, desconfiaram de que éramos assalariados
pelos ingleses, e provavelmente éramos espiões. O homem de rosto manchado,
lançou Judson ao chão e o amarrou, arrastando-o para fora da casa. Ele foi levado
para uma prisão.
Neste local havia cerca de cem presos
encarcerados num ambiente sem ar, exceto por uma das gretas nas tábuas. Às
vezes davam-me permissão para estar à porta por cinco minutos, e sentia o
coração apertado perante a miséria que contemplava. (p.436)
Dali roguei quase que incessantemente ao
governador que me desse a permissão para tirar meu marido daquele chiqueiro, e
colocá-lo em um local mais cômodo. O ancião, ao final,cansado de meus rogos,
deu-me finalmente a autorização em um documento oficial; também deu ordem ao
carcereiro que permitisse a minha entrada e saída a qualquer hora do dia, para
administrar-lhe medicamentos. Agora me sentia feliz, e fiz com que Judson fosse
imediatamente para uma cabana de bambu, tão baixa que nem um dos dois podia
ficar de pé dentro dela, mas era um
palácio comparado ao lugar onde tivera. (p. 436)
.
Transferência dos Presos a Oung-Pen-La: A Senhora Judson os Segue.
Esta mudança embora tenha sido muito boa, não
durou muito tempo, pois aproximadamente no terceiro dia, pela manhã, após
entrar com o café da manhã de meu marido, o qual, devido à febre, não o pode
tomar, permaneci por um período mais longo do que o de costume; então, o
governador mandou chamar-me com muita pressa.
Durante o pouco tempo que estive com o
governador (que foi usada como estratégia para tirar-me
do cárcere) eles aproveitaram e transferiram todos os presos de cor
branca, pelo riacho até a cidade de Amarapora. retornei ao governador e ele
disse-me que recebera tal ordem de transferência mas não sabia o motivo e ainda
me disse: “Tenha cuidado consigo mesma”. (p.437)
Parti de Ava, deixando nossa casa e vários
pertences, mas um dos criados me acompanhava, mesmo não tendo dinheiro para
pagá-lo. Conseguimos ir num carro de bois, porém os violentos solavancos com o
terrível calor e o pó da estrada, quase me alucinaram. Minha frustração foi que
depois de todo este esforço, ao chegar no edifício da corte de justiça, me
informaram que os presos já haviam sido enviados para outro lugar há pelo menos
duas horas, sendo que eu teria que seguir por mais quatro milhas e com a
pequena Maria em meus braços, a qual carregava por todo o caminho desde Ava.
Depois de enfrentar um sol escaldante,
dirigi-me ao lugar do qual jamais me esquecerei: Oung-pen-la. Consegui um guia
por parte do governador, e conduziram-me diretamente ao pátio da prisão. O
cárcere era um velho edifício em ruínas, sem telhado; a vala estava totalmente
destruída. Neste local não havia refrigério, mas somente sofrimento e cansaço.
(p.438)
Durante seis meses permanecemos aprisionados
em Oung-pen-la, se não fosse pela ajuda de nosso fiel e afetuoso amigo bengali
que esquecia-se de suas próprias necessidades, em seus esforços para
salvar-nos. Ele cozinhava e levava a comida no cárcere, depois voltava e
cuidava de mim. Ele somente se alimentava tarde da noite, pois durante o dia
caminhava longa distância para buscar água e alimentos para nós (eu e Judson).
Ele nunca se queixou e nunca exigiu o seu
salário, mas se não fosse também pelo consolo da religião e uma convicção total
de que cada prova adicional estava ordenada por um amor e misericórdia
infinitos, teríamos naufragado ante o acúmulo dos sofrimentos. Muitas vezes, os
próprios carcereiros, vendo tamanha crueldade e sofrimento, tornaram-se
complacentes e nos permitiam fazer coisas até então proibidas aos presos.
Finalmente chegou uma ordem do governador
para que libertassem Judson. Quando chegamos a Amarapora, Judson foi obrigado a
seguir o carcereiro até a presença do governador da cidade. Depois de passar
por um longo interrogatório, foi conduzido ao Tribunal de Ava, chegando bem de
noite. Deste local, foi designado que ficasse no acampamento birmano, para
atuar como tradutor e intérprete, e estava detido apenas por algum tempo, enquanto
a documentação era preparada. (p.444)
Após alguns dias, Judson recebera vinte
tickals do governo, com a ordem de partir imediatamente em um barco com destino
a Maloun, e lhe fora concedida a permissão para que se detivesse por alguns
momentos em sua casa, que estava a caminho. Neste período, preparei-lhe comida
e roupas para sua viagem. Foi posto num pequeno barco, não tendo sequer espaço
para deitar-se. Durante várias noites ficou exposto ao frio e a umidade o que
lhe proporcionou uma violenta febre que quase pôs fim a todos os seus
sofrimentos.
Ele permaneceu por seis semanas em Maloun,
começando desde sua chegada ao trabalho de tradução. Mesmo não estando preso e
acorrentado como no carcere, sofreu tanto quanto lá estivera. Durante a
primeira quinzena da partida de Judson, fiquei menos ansiosa do que outras
vezes e inúmeros sofrimentos. Sabia que os oficiais birmanos consideravam os
serviços de meu marido como muito valiosos, de modo que não empregariam medidas
que ameaçassem a sua vida. Sem saber de nada, pensei que a situação seria mais
confortável do que realmente foi; por esta razão, a minha ansiedade foi menor.
(p.445)
Depois dos tempos vividos em Oung-pen-la,
minha saúde nunca mais se recuperara, diminuindo gradativamente, até eu ser
acometida de febre e manchas, com todos os seus horrores. Esta febre me atacou
violentamente, sendo informada que ela me dominou por dezessete dias, a partir
do surgimento das bolhas no corpo.
No dia que cai enferma, veio uma ama de leite
birmana e se ofereceu para cuidar de Maria. Este fato encheu-me de gratidão e
confiança em Deus. Porque, apesar de me esforçar durante tanto tempo para
conseguir uma pessoa assim, nunca obtivera. E, no exato momento em que eu mais
precisava de alguém, sem qualquer esforço, recebi uma oferta voluntária.
Durante este terrível período, Price foi solto do cárcere e, ao ouvir sobre
minha grave enfermidade, conseguiu permissão para ver-me. Quando ele me viu,
chegou a pensar que eu não sobreviveria por muitas horas.
Uma das primeiras coisas de que me recordo,
foi ver este fiel amigo em pé ao meu lado na tentativa de convencer-me a que
tomasse um pouco de vinho e água. Eu estava tão debilitada que os vizinhos
birmanos vieram me visitar, e disseram: “Está morta, ainda que o rei dos anjos
entre aqui, não pode recuperá-la”. (p.445)
Judson iria ser enviado novamente para
oung-pen-la, mas sua esposa ao saber pediu que seu criado fosse até o
governador da porta norte, que era seu amigo. Este apresentou uma petição ao
supremo tribunal do império, oferecendo-se como garantia pela segurança de meu
marido, e obteve a sua liberação e levou-a para sua casa, tratando-o com toda
bondade possível, e para onde fui levada, quando minha saúde permitiu.
Então, pela primeira vez em um ano e meio,
sentimos que éramos livres, e já não mais sujeitos ao jugo opressor do governo
birmano, e uma vez mais sob a proteção dos ingleses. Os nossos sentimentos
ditavam continuamente expressões como esta: “Que daremos pois ao Senhor por todos os seus benefícios para conosco?”
Pouco tempo depois foi celebrado um tratado
de paz, assinado por ambas as partes (Birmânia e Inglaterra), e foi declarado
publicamente o termino das hostilidades. Partimos de Yandabu, após
permanecermos ali duas semanas, e chegamos são e salvos à casa da missão em
Rangún, após estarmos ausentes por dois anos e três meses. (p.447)
Um dos ingleses que estivera preso em Ava,
juntamente com o Sr. Judson, foi o responsável por uma publicação de tributo à
benevolência e aos talentos da Senhora Sara Judson, num jornal de Calcutá
quando a guerra acabou:
“A senhora Judson foi a autora daqueles eloqüentes e
intensos argumentos perante o governo, que os prepararam gradualmente para a
submissão às condições de paz, que ninguém esperava, conhecendo a arrogância e
inflexível soberba da corte birmana. (...), apesar de morar a duas milhas de
distância de nosso cárcere, sem meios de transporte, e com uma saúde muito
precária, esqueceu-se de seu próprio conforto, bem como de sua própria
fraqueza, visitou-nos quase diariamente, procurou-nos, ministrou as nossas
necessidades e contribuiu de todos os meios para aliviar a nossa desgraça.
Quando a insensível avareza de nossos guardas nos
mantinha no interior, ou levava-os a prender os nossos pés em troncos, ela,
como um anjo servidor, jamais cessou em suas solicitações ao governo, até que
era autorizada a comunicar-nos as gratas notícias de nossa libertação, ou de um
respiro de nossas amargas opressões. Além de tudo isso, foi desde o início,
devido em primeiro lugar à mencionada eloqüência e às intensas petições da
Senhora Judson, que os birmanos finalmente foram levados à boa disposição de
assegurar o bem-estar e a felicidade de seu país através de uma paz sincera”.
. O
Começo das Missões:
Em 1800, aconteceu o batismo nas águas do primeiro
convertido de Carey.
Em 1804, foi organizada a Sociedade Bíblica
Britânica e Estrangeira.
Em 1805, Henry Martin partiu para a India.
Em 1807, Robert Morrison foi para a China.
Em 1808, a assembléia conhecida como a
“Reunião do Palheiro” foi realizada nas proximidades do Williams College.
Em 1810, a Junta Americana foi organizada.
Em 1811, os Wesleyanos fundaram a Missão de
Serra Leoa.
Em 1812, partiram os primeiros missionários
da Junta Americana.
Em 1816, foi organizada a Sociedade Bíblica
Americana. Neste mesmo ano, Robert Moffat partiu para a Africa do Sul.
Em 1818, a Sociedade Missionária de Londres
teve acesso a Madagascar.
Em 1819, foi organizada a Sociedade
Missionária Metodista. Neste mesmo ano, a Junta Americana inaugurou a Missão
das Ilhas Sandwich. E, também neste ano, Adoniram Judson batizou nas águas o
seu primeiro convertido birmano.
. Acréscimo
Nosso:
Adoniram Judson: Nasceu em
9 de agosto de 1788, na
cidade de Malden, em Massachusetts,
filho de um pastor congregacional.
Foi ateu por certo período de
sua vida. Após fazer estudos na atual Universidade Brown, ingressou no Seminário Teológico de Andover para
estudos e, em 1812, foi designado como
missionário pela Igreja
Congregacional.
Casou-se com Ann Hasseltine no dia 5 de fevereiro daquele
ano, em Bradford. Quatorze dias mais tarde, os recém-casados seguiram viagem
para a Índia.Seu filho faleceu ainda antes de nascer. Após uma estadia em Calcutá, decidiu ingressar na Igreja Batista.
Judson
chegou à Birmânia em 1813. As leis
birmanesas proibiam a conversão, mas mesmo assim ele batizou seu primeiro
convertido. Durante a guerra entre a Inglaterra e a Birmânia, Judson ficou
aprisionado por 21 meses. Sua esposa faleceu durante este tempo, e
posteriormente sua filha também.
Após isso, casou-se com Sarah Hall
Boardman, viúva de seu amigo missionário George Boardman. Após falecimento
dela, casou uma terceira vez com a escritora Emily Chubbuck, a quem pediu para
escrever uma biografia de sua segunda esposa. Adoniram Judson faleceu em 12 de
abril de 1850, durante uma viagem pela Baía
de Bengala e foi sepultado no
mar.
Adoniram Judson, foi um missionário estadunidense, que atuou na Birmânia, tual Myanmar, por
quase 40 anos, onde ficou evangelizando os nativos. Também ajudou na organização da língua birmanesa. Ele compilou o primeiro dicionário
Birmanês-Inglês. Para fazer esta obra, ele estudou a literatura birmanesa por
três anos, então compilou um dicionário Pali-Birmanês e uma
gramática da língua birmanesa, que ajudou bastante durante a tradução da Bíblia para o birmanês, feita em grande parte
durante a sua prisão. Após a sua morte, o trabalho de compilação do dicionário
foi finalizado pelo seu colega E. A. Stevens. A igreja pastoreada por Judson chegou a ter 18
membros, porém até a época de sua morte ficaram apenas 4. Com o tempo o número
de birmaneses alcançados direta ou Indiretamente com a sua pregação foi
crescendo e hoje Myanmar tem uma população razoável de cristãos.
[1]
Eremita. Também são
chamados de Ermitão. Indivíduo que
vive em lugar deserto, isolado, geralmente
por motivo de penitência, religiosidade, ou simples amor à natureza, e o local
de sua morada é chamado de eremitério.
[2] Escolástica.
Nasceu nas escolas monásticas cristãs, de modo a
conciliar a fé cristã com um sistema
de pensamento racional,
especialmente o da filosofia grega. 2. Foi o método de pensamento crítico dominante no ensino nas universidades
medievais européias de cerca de
1100 a 1500.
[3]
Indulgência. Ela oferece ao
pecador penitente meios para cumprir esta dívida durante sua vida na terra,
reparando o mal que teria sido cometido pelo pecado.
[5]
Perfídia. Atitude
para enganar ou que contraria o que foi combinado ou prometido. 2. Deslealdade,
infidelidade.
[6]
Purgatório. É a condição e processo de purificação ou castigo temporário em que as almas daqueles que morrem em estado de graça são preparadas para o Reino dos céus.
2. A Igreja católica ensina que o Purgatório não
indica um lugar, mas "uma condição de existência"
[7]
Sofismas. Em filosofia, é
um raciocínio ou falácia que se
chama a uma refutação aparente. Refutação sofística e também a um silogismo aparente,
mediante os quais se quer defender algo falso e confundir o contraditor.
[9]
Abadia. Eram os mosteiros governados por um abade ou abadessa, que tiveram grande importância na Idade
Média com destaque para o componente cultural, como a conservação das
obras da antiguidade. 2. Termo derivado do latim "abbatia", que teve
origem no aramaico "abba", que significa "pai".
[10]
Quaker. É o nome dado a grupos religiosos com origem comum num movimento protestante britânico do século XVII.
A denominação quaker é chamada de Quakerismo
- Sociedade Religiosa dos Amigos ou Sociedade dos Amigos. Eles são
conhecidos pela defesa do pacifismo e
da simplicidade.
Estima-se que haja 360.000 quakers no mundo, sendo o Quênia na África o
local que possui a maior comunidade de Quaker.
[11]
Puritano. Designa uma concepção da fé cristã desenvolvida
na Inglaterra por uma comunidade de protestantes radicais depois da Reforma.
2. A Revolução Puritana foi um movimento surgido
na Inglaterra no século XVII,
de confissão calvinista,
que rejeitava tanto a Igreja Romana como o ritualismo e organização episcopal na Igreja Anglicana.
[13] Edito de Nantes. Foi um documento histórico, assinado em Nantes a 13 de abril de 1598pelo rei da França Henrique IV. O édito concedia
aos huguenotes a garantia de tolerância
religiosa após 36 anos de
perseguição e massacres por todo o país, com destaque para o Massacre
da noite de São Bartolomeu de 1572.
[1]
Purgatório. A cultura popular apresenta a concepção do purgatório como um
lugar físico, embora a Igreja
católica ensine que o Purgatório não indica um lugar, mas "uma condição de
existência. 2. É a condição e o processo
de purificação ou castigo temporário em
que as almas daqueles que morrem em estado de graça são preparadas para o Reino dos céus.
[4]
Quietismo. É uma doutrina e uma prática espiritual cujas origens remontam ao século
XVII, figura mais representativa
desta controvertida corrente da mística cristã, o sacerdote espanhol Miguel de
Molinos. 2. Segundo esta doutrina, o fiel alcançaria a Deus mediante a oração contemplativa e a passividade
da alma.
[5]
Cátedra. No Cristianismo
é o símbolo do magistério episcopal e
da alta autoridade eclesiástica. A denominação de igreja catedral a um templo católico é atribuída em razão de ali se sentar o bispo em sua
cátedra (assento, mobília).
[6]
Vernácula. Nome dado à língua nativa
de um país ou
de uma localidade. Séculos atrás, os estudos científicos, filosóficos ou
religiosos, que eram publicados na Europa Ocidental, eram tipicamente escritos em latim. Já os trabalhos
escritos em uma língua local, como o italiano, o espanhol ou o alemão eram
denominados de escritos em
vernáculo.
[8]
Usurpação. Tomar posse de; retirar algo contra a vontade, geralmente,
através da força ou de modo desonesto: usurpou o reino e proclamou-se rainha.
[2]
Corão ou Alcorão. É o livro sagrado do Islã. Os
muçulmanos crêem que o Corão é a palavra literal de Deus (Alá) revelada ao profeta Maomé (Muhammad),
ao longo de um período 23 anos. A palavra Alcorão deriva do verbo árabe
que significa declamar ou recitar. Portanto é uma "recitação" ou algo
que deve ser recitado.
[3]
Tarimba. Cama tosca e
desconfortável. 2. Estrado alto de madeira onde dormiam os soldados nos
quartéis.
[4] Cidade de
Almansa. Município da Espanha na província de Albacete.
Uma comunidade
autônoma de Castela.
[5]
Companhia de Dragões. Originalmente, um dragão era um soldado que se caracterizava por se deslocar a cavalo, mas
combater a pé. Inicialmente e até meados do século XVIII,
as unidades de
dragões constituíam assim uma espécie de infantaria montada. Posteriormente, os dragões transformaram-se,
passando de infantaria montada a tropas de genuína cavalaria.
[7]
Harém. Parte do
Palácio do Sultão (Título do Imperador) muçulmano onde estão encerradas as
mulheres.
[8]
Simonia. É a venda de favores divinos, bênçãos,
cargos eclesiásticos, prosperidade material, bens espirituais, coisas sagradas,
objetos ungidos, tudo em troca de
dinheiro. É o ato de pagar por sacramentos e conseqüentemente por cargos
eclesiásticos ou posições na hierarquia da igreja.
[9] Hóstia. Etimologicamente é hostiam, que significa vítima. Jesus Cristo, a vítima de nós
mesmos, seres humanos, para a remissão dos nossos pecados. A hóstia é o termo usado para o pão consagrado
pelo sacerdote ordenado, o presbítero ou bispo. O pão mais
litúrgico para o rito eucarístico é o pão ázimo. A produção desse pão é feito
de forma artesanal em
algumas localidades, mas já existem máquinas para facilitar o processo.
[1]
Prosélitos. Novos
convertidos de uma religião. 2. Indivíduo que abraçou uma religião diferente da
sua.
[2]
Inveterado. Que tem
determinada característica ou comportamento, por força do hábito ou do tempo
(exemplo: bebedor inveterado). 2. Que existe há muito tempo (antigo).
[3]
Prelado. Título dos dignitários
(alto cargo) da Igreja Católica. 2. Título do Reitor da Universidade de
Coimbra.
[4] Eucarístia.
É uma celebração em memória da morte ressurreição de Jesus Cristo.
Também denominada de Comunhão, Ceia do Senhor e Refeição Noturna do Senhor (em Grego: Reconhecimento ou ação de
Graça).
[6] Saxão.
Era uma confederação de tribos germânicas nas planícies do norte da Alemanha, alguns dos quais
migraram para a Grã Bretanha durante a Idade Média e se fundiram com os anglos, formando os anglo-saxões,
que formariam o primeiro Reino da Inglaterra.
[9]
Albi. No
Século XIII, a cidade torna-se numa poderosa cidade episcopal na manhã da
cruzada dos albigenses contra os cátaros. Neste contexto social que foram
construídos o palácio de Berbie e a catedral de Sainte-Cécile. A prosperidade
da cidade permitirá manter e desenvolver um magnífico conjunto urbano em redor
destes edifícios emblemáticos.
[10]
Vassalagem. Nome comum e econômico que foi usado principalmente na Idade Média onde um indivíduo,
denominado vassalo, oferecia
ao senhor ou suserano,
fidelidade e trabalho em troca de proteção e um lugar no sistema de produção.
As redes de vassalagem estendiam-se por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso.
[11]
Tenaz. Instrumento,
geralmente metálico, para agarrar alguma coisa (alicate, turquesa). 2. Metal
que suporta uma tração ou pressão considerável até se quebrar.
[12]
Rufiões. Indivíduo
que vive á custa do que uma prostituta ganha (= chulo, proxeneta). 2. Pessoa
que se envolve freqüentemente em brigas (= desordeiro, brigão).
[13]
Huguenotes. É a denominação dada aos calvinistas franceses pelos
seus inimigos nos séculos XVI e XVII. O
antagonismo entre católicos e
protestantes resultou nas guerras
religiosas, que dilaceraram a França
do século XVI.
[14]
Ranço. Sabor e cheiro
antiquado ou azedo (picante) que adquirem os alimentos gordurentos. 2. Mofo,
Velharia.
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