Romanos 8:1-8
Introdução
Observando
todo o contexto da Epístola aos Romanos, numa visão geral, ela apresenta uma
grande tensão vivida entre os cristãos judeus e os povos gentios que viviam em
Roma (pagãos). Estes, provavelmente se reuniam em igrejas domésticas separadas
(homílias[1])
e, o que pode se presumir, discordavam quanto à adesão dos gentios à Lei
Judaica, principalmente em relação aos três meios de identificação dos judeus na
Diáspora[2]:
1ª
- A Circuncisão (capítulo 2:25—3:1; 4:9—12);
2ª
- A Observância do Sábado e;
3ª
- As Leis que se refere aos Alimentos (capítulo 14:1—23).
Quando
nos voltamos para a questão Teológica da Carta aos Romanos, observa-se que o
que está em jogo - é o próprio Evangelho de Jesus Cristo. A “Justiça de Deus”, que se iguala a sua justa
salvação e que trás como resultado - estar justificado diante de Deus; aí, sim,
surge a grande questão: esta
justificação vem por meio do cumprimento da Lei ou vem pela Fé em Cristo Jesus
e pela dádiva do Espirito?
Dentro
deste contexto, essa Epístola coloca diante de nós a pergunta feita por Jó, no
capitulo 9:1-2, quando ele confessava acerca da justiça de Deus, em resposta ao
que seu amigo Bildade dissera a seu respeito.
Jó 9:1-2. Então, respondeu Jó, dizendo: Na verdade
sei que assim é; porque, como se justificaria o homem para com Deus?
Esta
pergunta feita por Jó é o maior questionamento feito no decorrer de todos os
séculos: Como pode um homem ser justo
para com Deus? A Carta aos Romanos é,
na verdade, uma resposta completa, lógica e inspirada para respondê-la,
trazendo de forma lúcida uma explicação de fácil compreensão.
Em
textos do Antigo Testamento e em vários Livros Novo Testamento, encontramos
referências acerca dessa grande Doutrina que forma a própria base da Epístola
aos Romanos, que é a – Justificação pela Fé.
Habacuque
2:4. Eis que a sua
alma se incha, não é reta nele; mas o justo, pela sua fé viverá.
(...)
Romanos
1:17. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé,
como está escrito: Mas o justo viverá pela fé.
(...)
Romanos
5:1-2. Sendo, pois,
justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo; pela
qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos
gloriamos na esperança da glória de Deus.
Somente
os textos em relevo acima, já seriam suficientes para satisfazer quanto à pergunta
feita pelo próprio Jó, mas iremos discorrer um pouco mais sobre o tema, para
consolidar melhor o entendimento sobre esta doutrina.
Nos
capítulos de 1 a 8 e 12 a 16, dessa Carta,
o Apóstolo Paulo vai se reportar especificamente a Igreja. Enquanto
que nos capítulos de 9 a 11, ele se afasta desse tema para voltar-se para a
nação de Israel, com o propósito de relacioná-los com o plano da salvação. A Epístola aos Romanos, segundo escreveu Myer Pearlman, pode ser dividida da
seguinte maneira:
1º - Dos Capítulos
1:16---4:25. Ele, Paulo, trata sobre a pecaminosidade
humana, mostrando primeiro a sua Universalidade,
isto é, que tanto os judeus como os gentios, estavam em igualdade de condições.
Aborda ainda, sobre a eficácia de Cristo em lidar com o Pecador e, que estes, num relacionamento Adequado (justificados) com Deus baseiam-se
somente na Fé.
Romanos
1:16. Porque não me
envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que nele crê, primeiro do judeu e também do grego.
(...).
Romanos
4:24-25. Mas também
por nós, a quem será tomado em conta, os que cremos naquele que dos mortos
ressuscitou a Jesus, nosso Senhor. O qual por nossos pecados foi entregue e
ressuscitou para nossa justificação.
2º - Dos Capítulos
5:12---8:30. Paulo irá tratar de como a Fé em Cristo e a Dádiva
do Espírito efetuam o tipo de justiça que a Lei pretendia, mas que não
podia alcançar, visto que não tinha o Poder
para lidar com a condição pecaminosa do homem.
Atos
13:39. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não
pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê.
A
Lei teve a sua importância na história do povo de Israel (os Hebreus), pois ela
os serviu como aio[3] para conduzi-los
a Cristo.
Gálatas
3:23-24. Mas, antes
que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela
fé eu se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos
conduzir a Cristo, para que pela fé fossemos justificados.
Portanto,
foi através dela que se tomou conhecimento acerca de que algo estava sendo
praticado de forma errada, isto é, o cometimento da violação da lei – o Pecado.
3º - Dos Capítulos
9:1---11:32. Nesta parte, ele irá tratar de como Deus é
Fiel apesar da tamanha incredulidade da nação judaica, inclusive havendo lugar
tanto para gentios quanto para judeus na nova “Oliveira”.
Romanos
11:20-21,24. Está bem! Pela sua incredulidade foram
quebrados, e tu estás em pé pela fé; então, não se ensoberbeças, mas teme. Porque, se Deus não poupou os ramos naturais,
teme que te não poupe a ti também. (...). Porque, se tu foste cortado do
natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais
esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!
O
Apóstolo Paulo faz, de forma solene, uma advertência a todos os cristãos
(judeus e gentios), que existe a terrível possibilidade de Deus repudiar
(cortar) qualquer indivíduo, ministério ou grupo de igrejas que não
“permanecessem na sua Benignidade, na Fé Apostólica e nos Padrões de Justiça”
do Novo Testamento.
4º
- Dos Capítulos 12:1---15:12. Por fim, nos últimos capítulos de sua Carta,
ele irá tratar de como a Justiça efetuada por Cristo e pelo Espírito (á parte
da Lei), se afigura em termos de relacionamentos na comunidade cristã e fora
dela.
Desenvolvimento:
Vimos
nesta breve introdução que o próprio Deus dá uma resposta para a pergunta feita
por Jó e, com ela, você pode não ter mais dúvida quanto a sua salvação:
Romanos 8:1a. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus
(...)”.
Vemos
de plano, na parte inicial deste versículo, que os pecadores são Justificados
por Deus por Intermédio de Jesus Cristo.
Percebe-se, que quando ocorre à inserção da palavra “agora” neste texto, ela faz referência a questões
anteriores, ou seja, que a Lei não tinha poder para justificar o pecador, mas o
próprio Cristo Jesus, cria uma nova lei que o (nos) justifica – que é a Lei do Espirito.
Ela cumpre a lei em nós e nos ajuda a
resistir à natureza pecaminosa. O Espírito nos conduz no Presente (8:14-17) e nos garante o Futuro (8:18-25).
A
Lei não diz: Não há nenhuma acusação contra eles (nós), pois ela existe.
Entretanto, ela está eliminada e a denúncia foi anulada.
A
Lei não diz: Não há nada neles (em nós) que mereça condenação, pois há sim. E
eles (nós) sabem, reconhecem, lamentam e se condenam a si mesmo, mas isso não
será sua ruina.
A
Lei não diz: Não há nenhuma cruz e nenhuma aflição, mas isso pode haver... No
entanto, “agora nenhuma condenação há
(...)”. Eles (nós) podem receber o
castigo de Cristo Jesus, mas, por meio da Graça
e Fé, eles (nós) estão seguros e protegidos do vingador de sangue[4]
(Números 35:11—13,15—19).
Cristo
Jesus, assumiu a posição de nosso Advogado e através de um ato legal - a Justificação nos
livrou da condenação do pecado, isto é, estamos livres do casamento contraído
com a Lei (Romanos 7:1-4), já que morremos e ressuscitamos com Cristo.
1
João 2:1. Meus
filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar,
temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.
A
sanção da pena exigia pela lei foi cumprida com a morte expiatória de Cristo. Assim, a justiça foi totalmente satisfeita e não
pesa mais sobre nós ... “agora nenhuma
condenação há”. A condenação do pecado que cairia sobre nós, tendo em vista
que a merecíamos, recaiu sobre Cristo que morreu em nosso lugar.
Com
isso, Ele nos livrou de uma condenação que já era certa e esperada. E, também,
veio reparar o nosso pecado (erro) mediante a Sua própria morte. Sendo assim,
ninguém pode nos acusar, porque é Deus quem nos justifica (Romanos 8:3). Portanto, esta é a marca incontestável de todos
aqueles que estão em Cristo Jesus, por isso estão livres da condenação.
Vale
ressaltar de que esta justificação promovida por Deus na pessoa de Jesus
Cristo, não foi realizada por nossos méritos ou por nossas obras, mas pela obra
de Cristo na cruz por nós. E, por essa obra divina, Deus nos declara Inocentes,
Inculpáveis e Salvos.
Romanos 8:1b. (...), que não
andam segundo a carne, mas segundo o Espírito.
Esta
marca é dada a partir de um caminhar com Cristo Jesus ... “que não andam segundo a carne (...)”, e não depende de qualquer
atitude particular e pessoal, mas estará na dependência de seu curso e caminho.
Portanto,
para que estejamos livres da condenação do pecado, isto é, justificados em Cristo
Jesus, precisamos estar caminhando a todo o tempo e o tempo todo com
Cristo. A lei não podia nem justificar, nem santificar, muito menos nos livrar
da culpa e, menos ainda, atuar contra o poder do pecado, haja vista que não
tinha as promessas do perdão e nem da graça.
Hebreus
10:4. Porque é
impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados.
(...)
Galatas
3:11. E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante
de Deus, porque o justo viverá pela fé.
E
o nosso Deus, pela sua Onisciência (sabedor
de todas as coisas), criou uma nova Lei - a
do Espírito para que pudesse atender a lacuna que não poderia ser
preenchida pela lei anterior, isto é, a lei foi cumprida e a justiça satisfeita.
Sem o Espírito, a lei permaneceria impotente ante ao pecado que ela despertava.
Romanos 8:2. “Porque a lei do Espírito
de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte”.
A Carta aos Romanos, trás uma
explicação perfeita para esta pergunta. Em
todo o transcorrer de sei capítulo 8, observa-se presente uma abordagem
tratando da Santificação, mas seu ponto mais intenso e crucial é a garantia da
Salvação Eterna.
Na
antiga ordem ou aliança estávamos sujeitos a Lei do pecado e da morte e, nesse
tempo, o fruto que colhíamos era somente a escravidão. “Agora”
estamos debaixo da Lei do Espírito de
vida, que nos trás como resultado a libertação.
Através
dessa lei é possível eliminar o pecado, pois ela representa uma aliança da graça feita entre eles (nós) e Cristo Jesus.
Através dela, recebemos o perdão e uma nova natureza, ou seja, “Somos livres da
lei do pecado e da morte”.
2
Coríntios 5:17. Assim
que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo.
A velha escravidão da lei foi abolida,
e o Espirito introduz os cristãos numa nova relação parental; isto é, “Agora” somos filhos de Deus
e nascidos livres. Com ela, estamos sob outra Aliança, outro Senhorio, outro
Marido, ou seja, estamos sujeitos “Agora”
a Lei do Espírito de vida, que nos concede vida espiritual, com o propósito
maior de nos capacitar para a vida eterna.
Enquanto dependíamos de nós mesmos
para atender as demandas da lei, vivíamos prisioneiros do pecado e caminhávamos
para a morte; mas “Agora”,
uma vez que o Espirito Santo habita em nós, saímos da masmorra do pecado e
fomos libertados da sua tirania. John Murray
diz que a “Lei do Espírito de Vida” é o poder do Espírito Santo agindo em nós
para nos tornar livres do poder do pecado, que conduz a morte.
Romanos 8:3a. “Porquanto o que era
impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, (...)”.
1. A Impossibilidade da Lei. Ela
estava impossibilitada de nos justificar e santificar, muito menos ainda nos
salvar, porque estava enferma por causa da carne. O que ela poderia fazer era
simplesmente condenar o pecador, mas não o livraria do domínio do pecado. A lei
não era fraca, nós é que somos fracos. “A impotência da lei não é intrínseca;
não reside nela mesma, mas em nós, em nossa natureza caída” (John Stott).
A
lei exigia uma perfeição humana, mas não nos dava poder nem condições de fazer
o que era certo, muito menos evitar o que era errado.
Entretanto,
Deus já tinha preparado outra estratégia para socorrer e atender a esta falha
legislativa - Ele envia o seu próprio Filho – Cristo Jesus, para fazer aquilo
que a lei não podia fazer.
Para exemplificar: Moisés conduziu o
povo de Israel (os Hebreus) até a fronteira divisória de Canaã, mas não pode
entrar, e ali morreu. Sendo assim, Deus já tinha preparado Josué, fiel
escudeiro de Moisés, que fez aquilo que ele não podia fazer. Assim fez Deus com
seu Filho – Cristo Jesus, que veio fazer aquilo que a lei não poderia.
Romanos 8:3b. “(...), Deus,
enviando o seu Filho”.
2.
A Intervenção Divina. Sendo assim, o que a lei não podia fazer,
Deus fez. Ele enviou ao mundo o seu próprio Filho e, com isso, revela para
todos nós que a salvação é um projeto eterno de Deus - o Pai, realizada pelo
Deus - o Filho, e aplicada pelo Deus - Espirito Santo.
Deus nos justifica por meio de seu Filho
e nos santifica
pelo seu Espírito. Ele deixa bem claro que o meio da justificação proporcionado
por Ele não provém da lei, mas especificamente da graça. E, ainda, que o meio da santificação também
não vem pela lei, mas pelo Espírito.
Romanos 8:3c. “(...) em semelhança
da carne do pecado (...)”
3. A Encarnação de Cristo. Paulo
escreve aqui nesta parte que a encarnação de Cristo foi real. Ele se fez carne, mas não se tornou pecador.
Assumiu a nossa carne, mas não a nossa natureza pecaminosa. “A encarnação pôs o
Filho na mais estreita das ligações possíveis com nossa condição pecaminosa,
sem se contaminar com o pecado” (Geoffrey Wilson).
O sentido empregue por Wilson aqui é
que, quando o Filho participou da nossa condição decaída, ele venceu o pecado
na carne, isto é, no mesmo campo onde o pecado tomara posse.
Romanos 8:3.d. . “(...), pelo
pecado condenou o pecado da carne”.
4.
A Condenação do Pecado. A conclusão
apresentada pelo Apóstolo Paulo, desbanca todas as investidas e pretensões dos
hereges. O verbo grego Katekrinem refere-se
tanto ao pronunciamento da decisão quanto na execução da sentença.
Deus lançou nossos pecados sobre
Cristo na cruz. Logo, Cristo carregou em seu corpo e sobre o madeiro nossos
pecados. Então, neste momento, Deus
condenou na carne de seu Filho o nosso pecado. “Deus julgou os nossos pecados na humanidade
sem pecado de seu Filho, que os carregou em nosso lugar” (John Stott).
Com esta condenação, foi dada e
executada a sentença sobre o pecado. Portanto, para os que “Estão em Cristo Jesus” (v.1), o poder do pecado sobre sua carne
foi destruído. Para estes, o pecado, a partir de então, foi destituído e tornou-se
um poder derrotado, um tirano totalmente destronado.
Logo, subentende-se, que o pecado
não tem mais domínio algum para todos aqueles que “Estão em Cristo Jesus”, isto é, você pode vir a pecar, e com
certeza pecará, mas o pecado não te domina mais. Ele passa a ser para estas
pessoas um “acidente de percurso” (Pastor Jairo Carvalho).
Romanos 8:4. “Para que a justiça da lei se cumprisse em
nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.
Quando
Cristo foi pregado no madeiro e morreu, morremos com Ele. Quando Ele cumpriu a
lei, cumprimos a lei n’Ele. Os preceitos da lei se cumpriram em nós; porque
estamos no Espírito e não mais na carne, andamos no Espírito, numa nova
dimensão espiritual. Segundo John Stott,
esse versículo é de grande valor para compreendermos a santidade cristã. E isso
se deve por três razões:
1ª. A Santidade é o propósito supremo da encarnação e expiação
de Cristo.
O propósito de Deus não era apenas justificar-nos, livrando-nos da condenação
da lei, mas também santificar-nos por meio da obediência aos mandamentos da
lei.
2ª. A Santidade consiste em cumprir a justa exigência da
lei.
A lei moral não foi abolida por nós; ela deve ser cumprida em nós. Embora a
obediência à lei não seja à base da nossa justificação, mas é fruto da nossa
justificação, e é exatamente isso o que significa santificação.
Portanto,
estamos livres de guardar a lei enquanto ela constitui um meio para sermos
aceitos por Deus, mas, porém estamos obrigados a guarda-la enquanto ela
constitui o caminho para a santidade.
3ª. A Santidade é obra do Espírito Santo. Ela é fruto da
graça Trinitária: é o Pai que envia
seu Filho ao mundo e seu Espírito ao nosso coração. “Fomos salvos para ir ao
céu e também para cumprir a lei, coisa que não podíamos fazer antes. Deus nos
salvou para andarmos em novidade de vida, a fim de frutificar para Deus e
cumprir o preceito da lei em nós” (Francis
Schaeffer).
Com
a antiga aliança, tudo ficava sobre nossa dependência, nada provinha de Deus,
mas, “Agora”, com a nova
aliança, tudo vem de Deus, e nada de nós. Outrora a lei mostrava os nossos
pecados, mas não nos capacitava para triunfar sobre eles; mas, “Agora”, a Lei do Espírito, nos
capacita a vencer o pecado, a obedecer à lei e nos deleitar dela.
Romanos 8:5. “Porque os que
são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo
o Espirito para as coisas do Espírito (...)”.
A
carne a que se refere o apóstolo Paulo nesse versículo é a palavra “sarx”,
que não é o tecido muscular mole e macio que cobre o esqueleto humano, nem aos
instintos e apetites do nosso corpo, mas ao todo que compõe a nossa natureza
humana, vista como corrupta e irredimida, ou seja, nossa natureza caída e
egocêntrica.
Nesse
versículo, é apresentado pelo apóstolo Paulo duas forças antagônicas e conflitantes
que operam sobre a natureza humana que são a Carne e o Espírito. Desta
forma, nós, homens, somos governados por uma ou por outra.
Warren Wiersbe explica
que aqui o Apóstolo Paulo contrasta os que têm a salvação com aqueles que não
têm. Ele enfatiza alguns aspectos quanto a este assunto:
1º.
A carne escraviza o homem, enquanto que o Espírito o liberta;
2º.
A carne produz dor e tormento, já o Espírito produz Paz;
3º.
A carne traz inclinação para a morte, o pendor (propensão) do Espírito te
conduz a vida;
4º.
A carne nos leva a inclinar-se para a ambição e desejos que vão ocupar todo o
nosso tempo, enquanto o Espírito inclina nossa mente para desejá-lo. Essa inclinação
transforma-se num desejo forte que nos arrasta e impulsiona.
Romanos 8:6-8. “Porque a
inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz.
Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita á
lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não
podem agradar a Deus”.
Nos
versículos em relevo, dois resultados opostos e conflitantes são colhidos pelos
homens. O primeiro, é a propensão da carne que nos dá a morte. E que resulta em
contrairmos uma inimizade contra Deus. Enquanto que o segundo, o pendor do
Espirito, produz vida e paz.
Os que estão na carne jamais podem
agradar a Deus, pois a única maneira de agradá-lo é pelo ato de submeter-se e
obedecer à sua lei. John Stott resume o assunto
ao dizer que:
“Vemos aqui duas categorias de
pessoas (os não regenerados, que estão “na carne”; e os regenerados, que estão “no
Espírito”); as quais têm duas perspectivas ou disposições de mente (a
inclinação da carne e a inclinação do Espírito); que levam a dois padrões de
comportamento (viver segundo a carne ou de acordo com o Espírito) e que
resultam em dois estados espirituais (morte ou vida; inimizade ou paz)”.
Conclusão
O
que se espera com este estudo, após
ter sido dada ênfase a um dos
capítulos da Carta aos Romanos (8:1—8), escrita pelo Apóstolo Paulo, com
comentários extraídos de livros ou pregações dos Pastores Myer Pearlman, Paul
Washer, Hernandes Dias Lopes, entre outros, que você tenha tirado sua dúvida quanto
estar salvo ou não.
Certa vez, o Pastor Paul Washer, após pregar em uma
determinada igreja, foi abordado por um jovem romeno, que lhe disse: “Eu já
falei com vários pregadores e, mesmo assim, estou em dúvida quanto a minha
salvação, pois estou muito confuso”. Washer disse-lhe: - filho você
conhece alguma boa discoteca? J. Romeno: - Sim. E conheço muitas garotas. Washer: - Vai lá! Peque com toda força da
sua mente, entre no meio deles e aproveite. J. Romeno: - Não posso. Washer: - Peque como nunca pecou antes. J. Romeno: - Eu não posso ir, Eu
Temo ao Senhor.
Jeremias
32:40-41. E farei com
eles uma aliança eterna de não me desviar de fazer-lhes o bem;e porei o meu
temor nos seus corações, para que nunca se apartem de mim. E alegrar-me-ei
deles, fazendo-lhes bem; e plantá-lo-eis na minha alma.
Jovem Romeno: - Eu nunca poderia
fazer isso, pois temo a Deus. Washer:
- Filho, você é salvo. Você está diante d’Ele e seus pecados foram expiados
(perdoados), pois você é justo em Cristo.
Vimos então, que Cristo Jesus nos
justificou com sua morte expiatória na cruz, assumindo nossa culpa e nossos pecados. Assim, o pecado não mais nos domina. “Agora”
o que precisamos fazer é caminhar com Cristo, isto é, nos arrepender dos nossos
pecados, desistir e parar de lutar contra Deus (pois assim atrairemos a sua
inimizade e ira) e, por fim, nos rendermos a Cristo, pois isso sim é Salvação.
EDUARDO VERONESE
DA SILVA
Membro e Obreiro da AD Ministério IX Marcas
Campo Grande, Cariacica/ES.
[1] Homília.
Contém o significado de conversas familiares em que um Sacerdote (ou Padre), instrui
aos fiéis sobre a religião, principalmente em relação aos Evangelhos. 2.
Discurso em estilo simulado que tem como tema a moral.
[2]
Diáspora. Dispersão
dos judeus pelo mundo e a consequente formação de comunidades judaicas fora da
Palestina. A primeira foi em 586 a.C., quando Nabucodonosor invadiu Jerusalém e
deportou vários judeus para a Babilônia. 2. Dispersão de um povo de sua pátria
em consequência de preconceito, perseguição política, religiosa ou étnica.
[3] Aio.
Entre os Gregos e os Romanos, era um criado de confiança, encarregado de
acompanhar e educar uma criança de família ilustre até que chegasse a
maioridade.
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