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quarta-feira, 5 de julho de 2017

MOTORISTAS PROFISSIONAIS OU KAMIKAZES?

         Os kamikazes eram pilotos japoneses jovens que direcionavam seus aviões contra os navios inimigos, com isso promoviam várias mortes, inclusive a sua.
Desde criança já ouvia falar que motoristas de transportadoras de cargas e de ônibus que fazem rotas interestaduais, faziam uso de rebites para diminuição do apetite, cansaço e sono. 
        O rebite era a droga mais usada por esses profissionais naquela ocasião. Além disso, tomavam café misturado com coca-cola durante a jornada de trabalho, pois esses produtos possuem em sua composição, entre outras coisas, a cafeína que é uma substância estimulante das atividades cerebrais.
    Trabalhei por trinta anos na Polícia Militar, inclusive junto aos Fiscais da Fazenda Estadual, onde realizávamos blitz nas estradas e rodovias do Estado, abordando em especial caminhoneiros, para coibir a sonegação de impostos. Nessas abordagens, vimos por várias vezes, inúmeras capsulas de remédios na cabine dos caminhões. Tenho por costume dizer, que o “inimigo pode ser forte, perigoso e estar melhor equipado a nível de material bélico (armamento)”, mas se você souber como age e quais são as suas estratégias, aumenta em muito a possibilidade de vencê-lo ou, pelo menos, neutralizar sua ação.
     Faço desse fala uma analogia ao uso abusivo de drogas, seja lícita (álcool, cigarros e remédios em geral) ou ilícitas (proibidas por lei, e.g., maconha e cocaína, etc.): se você tiver conhecimento de como ela é (sua composição química e toxidade) e como atua no organismo humano (efeitos e sintomas físicos e/ou psiquicos), facilitará a intervenção de especialistas, na tentativa de promover a reabilitação do toxicômano.
    Anos mais tarde, atuei na ministração de palestras preventivas sobre o uso abusivo de drogas, tanto em escolas públicas e particulares, como em faculdades, igrejas, associações beneficentes, casas de recuperação e empresas, inclusive em transportadoras. Lembro-me bem duma  ministração que fiz para 100 motoristas duma grande transportadora de cargas, no município de Cariacica. Após a ministração, interagi com alguns deles e obtive a confirmação do uso  do rebite entre eles (substância do grupo das anfetaminas). 
   Me surpreendi à época, quando alguns disseram que essa droga estava sendo substituída pela cocaína por alguns motoristas. Infelizmente, essa conduta entre condutores de carretas e ônibus que atuam em linhas interestaduais, parece estar se tornando em algo comum. 
   Nas análises das amostras de sangue e urina, feitas pelo perito criminal bioquímico Rafael Bazzarella, do condutor da carreta que provocou a morte de 23 pessoas, confirmou ter feito uso do rebite. E além dela, aproximadamente 12 horas antes do acidente, fez uso também de cocaína.
   Quando ocorre um acidente nas estradas envolvendo caminhões, carretas ou ônibus; de plano, costumo afirmar antes de qualquer perícia realizada, que ocorreu uma de duas situações: no mínimo, um dos condutores fez uso de alguma substância psicotrópica (droga) ou que, não tendo sido feito uso de drogas, o sinistro se deu pela exaustão física e mental de um deles. Neste segundo caso, por exemplo, ele pode ter dormido ao volante.
   Os órgãos Federal, Estadual e Municipal, que são os responsáveis pela fiscalização dessas duas categorias profissionais, precisam urgentemente criar mecanismos eficazes para minimizar o número de acidentes nas estradas e de possíveis vítimas fatais.

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