Os kamikazes eram
pilotos japoneses jovens que direcionavam seus aviões contra os navios inimigos,
com isso promoviam várias mortes, inclusive a sua.
Desde criança já
ouvia falar que motoristas de transportadoras de cargas e de ônibus que fazem
rotas interestaduais, faziam uso de rebites para diminuição do apetite, cansaço e
sono.
O rebite era a droga mais usada por esses profissionais naquela ocasião. Além disso, tomavam café
misturado com coca-cola durante a jornada de trabalho, pois esses produtos
possuem em sua composição, entre outras coisas, a cafeína que é uma substância
estimulante das atividades cerebrais.
Trabalhei por trinta
anos na Polícia Militar, inclusive junto aos Fiscais da Fazenda Estadual, onde
realizávamos blitz nas estradas e rodovias do Estado, abordando em especial
caminhoneiros, para coibir a sonegação de impostos. Nessas abordagens, vimos por
várias vezes, inúmeras capsulas de remédios na cabine dos caminhões. Tenho por costume
dizer, que o “inimigo pode ser forte, perigoso e estar melhor equipado a nível
de material bélico (armamento)”, mas se você souber como age e quais são as
suas estratégias, aumenta em muito a possibilidade de vencê-lo ou, pelo menos,
neutralizar sua ação.
Faço desse fala uma analogia
ao uso abusivo de drogas, seja lícita (álcool, cigarros e remédios em geral) ou
ilícitas (proibidas por lei, e.g., maconha e cocaína, etc.): se você tiver
conhecimento de como ela é (sua composição química e toxidade) e como atua no
organismo humano (efeitos e sintomas físicos e/ou psiquicos), facilitará a
intervenção de especialistas, na tentativa de promover a reabilitação do
toxicômano.
Anos mais tarde,
atuei na ministração de palestras preventivas sobre o uso abusivo de drogas,
tanto em escolas públicas e particulares, como em faculdades, igrejas,
associações beneficentes, casas de recuperação e empresas, inclusive em transportadoras.
Lembro-me bem duma ministração que fiz para 100
motoristas duma grande transportadora de cargas, no município de Cariacica.
Após a ministração, interagi com alguns deles e obtive a confirmação do uso do rebite entre eles (substância do grupo das
anfetaminas).
Me surpreendi à época,
quando alguns disseram que essa droga estava sendo substituída pela cocaína por alguns motoristas.
Infelizmente, essa conduta entre condutores de carretas e
ônibus que atuam em linhas interestaduais, parece estar se tornando em algo comum.
Nas análises das amostras de
sangue e urina, feitas pelo perito criminal bioquímico Rafael Bazzarella, do condutor da
carreta que provocou a morte de 23 pessoas, confirmou ter feito uso do rebite. E
além dela, aproximadamente 12 horas antes do acidente, fez uso também de
cocaína.
Quando ocorre um acidente
nas estradas envolvendo caminhões, carretas ou ônibus; de plano, costumo afirmar antes de qualquer perícia realizada, que ocorreu uma de
duas situações: no mínimo, um dos condutores fez uso de alguma substância psicotrópica
(droga) ou que, não tendo sido feito uso de drogas, o sinistro se deu pela
exaustão física e mental de um deles. Neste segundo caso, por exemplo, ele pode
ter dormido ao volante.
Os
órgãos Federal, Estadual e Municipal, que são os responsáveis pela fiscalização
dessas duas categorias profissionais, precisam urgentemente criar mecanismos eficazes
para minimizar o número de acidentes nas estradas e de possíveis vítimas fatais.
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