Durante bom tempo de
nossa história, propagou-se a ideia de que a beleza era um dos atributos
naturais dos seres humanos, mas nem todos apresentavam essa beleza numa mesma
dimensão e proporcionalidade. Estima-se que nesta época, havia maior aceitação
e conformidade quanto à constituição corporal e estética apresentada pela
população.
Talvez, por isso,
entre os séculos XVVIII e XIX, os artistas plásticos renomados, apresentavam
belos trabalhos de pintura sobre telas, destacando como era vista a beleza
feminina à época. A silhueta e os contornos corporais das mulheres eram mais
cheios e arredondadas.
Com o passar dos
anos, mudou-se completamente o comportamento social em relação ao sexo
feminino, principalmente acerca dos afazeres domésticos e a educação dos filhos.
Elas não mais se satisfazem em cuidar da casa e prover a educação dos filhos.
Agora elas querem e almejam disputar o mercado de trabalho de igual para igual
com os homens.
A inserção da mulher no mercado de
trabalho mudou consideravelmente sua própria concepção de existência e postura
sobre sua representatividade social e familiar. E, ao mesmo tempo, promoveu
mudanças nos setores empresariais, abrindo um leque de novos campos de serviço
em que poderiam ser empregadas. Por um lado, foi um fator extremamente positivo
e que vem sendo comprovado a cada dia, haja vista que as mulheres são mais
detalhistas e exigentes do que o sexo masculino.
Presume-se que essa virada do
papel socioeconômico da mulher, até então, tratada como cuidadora do lar e de
sua prole ou como mero objeto sexual (reprodução familiar), fez surgir à
exigência de um novo perfil de beleza. Outros fatores podem ter contribuído para
esta mudança, entre eles, o surgimento do cinema (entre os anos de 1800 a 1930),
que era apresentado inicialmente por imagens desenhadas sobre fitas
transparentes e projetadas numa tela.
Logo em seguida a isso, surgiu o
cinema mudo. Mais para frente, a década de 30 ficou marcada pelo grande impulso
do cinema em sua forma verbalizada. Nas primeiras produções cinematográficas,
foi apresentado ao público silhuetas de belíssimas mulheres. Talvez, por isso, elas
passaram a ditar um novo padrão de beleza feminina, principalmente acentuando seus contornos corporais (quadril e
cintura) e avolumando os seios.
Para conseguir essa beleza
plástica e visual aos olhos dos homens, muitas mulheres usavam uma peça de
vestuário que se prolongou por muitos anos - o Corpete. Ele promovia uma
diminuição da cintura e evidenciava o quadril e os seios. Logo, para ser
considerada bela e atraente, a mulher deveria ter a menor cintura possível.
A partir de 1940, novas inovações
sociais surgiram com a participação ativa das mulheres, desta vez, com o
incremento de uma nova peça de vestuário – as Saias usadas na altura dos
joelhos. A inovadora desse novo estilo de vestuário foi francesa Coco Chanel. Mais
para frente, os cabelos e as roupas passaram a ser mais leves e soltas,
evidenciando partes desnudas do corpo. Entre os anos de 1950 e 1970, o mercado
cinematográfico começou a apresentar clássicos que se eternizaram, mas que
marcou época pela exuberância da beleza feminina, com a participação de bonitas
mulheres, entre elas, Grace Kelly (Janela Indiscreta), Rita Hayworth e Ava
Gardner (Femme Fatale) e as loiras
atléticas de cabelos longos e soltos e com bustos grandes, como Farrah Fawcett (As Panteras) e Marylin Monroe.
Essa variedade de perfil
apresentado nas telas de cinema impulsionou novos padrões da beleza. Marilyn
Monroe foi considerada uma das mais populares estrelas do cinema, apresentando
um corpo invejável à época: 1,67 m de altura, 94 cm de busto, 61 cm de cintura,
e 89 cm de quadril. Estava declarado o padrão de beleza a ser atingido pela “mulherada”.
Oportuno enfatizar neste ponto, que
não eram empregadas intervenções cirúrgicas para alcançá-lo, como a
lipoescultura ou lipoaspiração (entre tantas outras), nem tampouco, muitas horas
dentro de um salão de beleza ou nas academias de musculação e ginástica para
obtê-lo.
Pode se dizer que foi a partir dos
anos 80 em diante, que começou a surgir certos exageros em relação do “culto ao
corpo” ou da “vigorexia”, isto é, pessoas que frequentam a academia três ou
mais vezes durante o mesmo dia. Talvez você conheça alguém assim, pois nunca
está satisfeita (o) com o seu próprio corpo. Essas pessoas apresentam, muitas
vezes sem saber, a Síndrome de Adonis
(vigorexia).
E da mesma forma que existem pessoas
que se tornam em dependentes químicos (uso de substâncias psicotrópicas), de jogos
virtuais, redes sociais (WatSapp, Facebook, etc.) e jogos de azar, entre
outros, essas pessoas podem também se tornar em dependentes do exercício físico
e obcecadas por músculos vultuosos.
O nome dado a esta síndrome
tem origem no deus grego de nome Adonis,
reconhecido por sua grande beleza física. A síndrome é um distúrbio que atinge
principalmente os homens entre 18 e 35 anos de idade, mas não é exclusiva
deles!
A sua principal
característica é a luta sem limites pela aquisição da beleza estética ou corporal,
através da perda de gorduras e do ganho de massa muscular magra. Não são poucos
os casos de óbitos de pessoas do sexo masculino, na tentativa de conseguir esta
beleza em pouco tempo e, para isso, fazem uso de esteroides, anabolizantes,
injeção de óleos e próteses, como também de vários suplementos alimentares (na
maioria das vezes, por conta própria).
Hoje, diferentemente do passado, o
excesso de peso e gordura ou outra característica entendida como anormalidade
(distinta daquela ditada pela mídia, moda ou pelo grupo social, como sendo a
ideal), torna-se um grande obstáculo para a inclusão social, a inserção no
mercado de trabalho ou o desejo de pertencer a um grupo social qualquer. Tudo
isso, porque vivemos num tempo onde se valorizam mais o “estereótipo”
(aparência, vestuário, condição socioeconômica etc.) do que o caráter e a
personalidade das pessoas.
As pessoas e o mercado de trabalho
são muito exigentes e seletivos, escolhendo pessoas que apresentem uma melhor
beleza plástica. Esse mercado competitivo privilegia o culto ao corpo e a
magreza ao extremo (é o caso das modelos). Eles entendem que o “ser magro” é
sinônimo de beleza, mas se esquecem que nem sempre é sinônimo de saúde. Pode-se
ter uma pessoa magra e muito bonita, como também, o contrário pode ser
verdadeiro. Ademais, outros fatores devem ser associados à beleza humana,
principalmente quando aliada a saúde do corpo (e mente).
Certa vez, numa entrevista, a atriz
Carolina Ferraz disse: "A genética foi generosa com meu tipo físico, mas,
apesar de magra, sempre gostei de atividades físicas, como corrida. Malho
quatro vezes por semana e alterno balé com o pilates. [...]. Também sou fã de
uma boa limpeza de pele e faço sessões de drenagem linfática duas vezes por
semana". Portanto, não basta apenas ser magro (o) para a obtenção de
saúde.
O século XXI tem proporcionado aos
novos afortunados, contratar profissionais especializados para moldar ou criar
o padrão de beleza exigido para o momento atual. Presume-se que todo ser humano
é um ser eternamente insatisfeito, mas sobre este aspecto, à mulher está no
topo dessa insatisfação, principalmente quando se refere ao aspecto corporal.
Entretanto, de uns anos para cá, tem
aumentado o número de homens que se submetem a intervenções cirúrgicas por
estarem insatisfeitos com seu biótipo. Tanto o homem quanto a mulher, tem
priorizado pela modificação de partes principais de seu corpo, destas, destacam-se:
diminuição ou afilamento do nariz; aplicação de botox (usado principalmente
para suavizar marcas de expressão no rosto) e implante de próteses de silicone
nos seios (mulheres e homens) e nos glúteos.
É preciso lembrar aos possíveis
adeptos a esse comportamento humano-social, que toda cirurgia possui riscos,
umas mais, outras menos. Em 21/01/11, a modelo e atriz pornô Carolin Berger, de 23 anos, apresentou
complicações médicas após sua sexta operação para implante de silicone nos
seios. Ele queria aumentar o volume para 900 ml (tinha 750 ml). A jovem atriz
sofreu uma parada cardíaca logo após a anestesia e entrou em estado de coma,
vindo a óbito.
Interessante é que o padrão de
beleza humana não está limitado apenas às evidências e contornos de partes do
corpo da mulher (ou do homem), segundo a opinião de um cirurgião plástico
americano. Ele criou um teste que ajuda a verificar o quanto você pode ser
considerado belo e atraente, dando dicas com a possibilidade de melhorar seu
desempenho estético (QI da Beleza: Revista Veja; ed. 2199, 12 jan. 11, p.86).
Nesse ponto, vale registrar alguns
fatores que estão diretamente associados à beleza, tais como: mudança e
disciplina nos hábitos alimentares; cuidados diários com o corpo (massagens e
hidratação da pele, cabelos etc.); prática regular de uma atividade física;
seis horas de sono, no mínimo (o ideal são 8 horas); não usar drogas (licitas e
ilícitas); entre outros.
Portanto, estima-se que ainda
existem pessoas que preferem a beleza ditada genuinamente pela natureza humana
(como foi gerado por Deus), sem o uso adicional de qualquer tipo de
artificialidade. Talvez, quem sabe, essa raridade de pessoa se apegue numa máxima antiga que diz assim:
"a beleza está onde se quer ou se pode enxergar".
EDUARDO VERONESE DA
SILVA
Professor de Educação Física
Bacharel em Direito
Pós-graduado em Direito Militar
Palestrante
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