Introdução
Existem
verdadeiros amigos, mas não são muitos. Pessoas em que podemos confidenciar
muitos segredos, tendo a certeza de que não serão espalhados adiante, estão em
escassez. A Escritura Sagrada nos adverte que, enquanto estiver em nossa
dependência, devemos cultivar o bom relacionamento com as demais pessoas da
sociedade.
Provérbios
18:24. O homem que
tem muitos amigos pode congratular-se, mas há amigo mais chegado do que um
irmão.
Num
primeiro momento, devemos priorizar o relacionamento na sua verticalidade, isto
é, entre o Homem (seguidor de Cristo) e Deus. Um bom exemplo para ilustrar este
tipo de relacionamento, se deu entre Abrão (depois Abraão) e o Senhor Jeová.
Tiago
2:21-23. Porventura o
nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar
o seu filho Isaque? Bem vês que a fé
cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu
Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. (grifo nosso)
Num
segundo momento e de forma sequencial, devemos atentar para o relacionamento na
sua horizontalidade, ou seja, entre o Homem e outros Homens. Entre outros
exemplos, podemos citar a amizade entre Jonatas, filho do rei Saul, e Davi,
filho de Jessé.
1
Samuel 18:1-5. E
sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jónatas se ligou com a
alma de Davi; e Jónatas o amou, como à sua própria alma. E Saul naquele dia o
tomou, e não lhe permitiu que voltasse para casa de seu pai. E Jónatas e Davi
fizeram aliança; porque Jónatas o amava como à sua própria alma. E Jónatas se
despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também as suas
vestes, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto. E saía Davi aonde quer
que Saul o enviasse e conduzia-se com prudência, e Saul o pós sobre os homens
de guerra; e era aceito aos olhos de todo o povo, e até aos olhos dos servos de
Saul.
Os
dois tipos de relacionamentos estão intimamente ligados. Quando se mantém um
bom relacionamento com Deus, é bem provável que se mantém também um bom
relacionamento com o próximo. E quem
sabe, pelo bom trato e a maneira de agir do Cristão com as demais pessoas da
sociedade, poderá atrai-la e trazê-la para Cristo. Vale ressaltar, que o
contrário também é verdadeiro, ou seja, se o Cristão for “salgado demais”, irá
afastar as pessoas de si e de Jesus.
Desenvolvimento
O Cristão precisa influenciar pessoas
a sua volta, mas isso só será possível, se ele der bom testemunho. Por isso,
ele precisa manter um bom relacionamento com as demais pessoas, para que sua
influência seja benéfica. E é bom entender que um bom relacionamento pode
evitar grandes problemas.
Muitos
ímpios, isto é, pessoas que não se converteram ao Cristianismo, ás vezes, tem
uma grande resistência para ir numa igreja evangélica, ou ainda, de pegar uma
Bíblia para ler. No entanto, elas podem ficar impressionadas com a maneira de
viver do Cristão (talvez seu vizinho, colega de serviço etc.).
Alguém disse certa vez, que: “o
exemplo diz mais do que muitas palavras”. Particularmente, tive um professor da
Escola Bíblica Dominical – Evangelista Osmar Barbosa (hoje, Pastor), que disse
certa vez, na sala de aula, que: “a vida do Cristão é a Bíblia do incrédulo”.
Esta é a mais pura verdade. Por isso, devemos buscar apresentar em todos os
setores da sociedade uma conduta idônea, em que ninguém possa nos acusar. Sendo
assim, vamos ver as orientações teológicas, sobre como deve ser a conduta
cristã em seu cotidiano:
1. O Bom Relacionamento na Sociedade:
O
homem é um ser gregário, isto é, foi criado para viver com outras pessoas, em
sociedade. Por isso, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja só” (Gênesis 2:18a). Extrai-se deste texto,
de que o homem se completa ou se realiza, quando se relaciona com outras
pessoas. No caso do matrimônio, em especial, diz-se que: “o que falta no marido
é completado pela esposa, e o que falta na esposa, se completa pelo marido”. Todo
ser humano (homem ou mulher) tem, no mínimo, quatro necessidades básicas que
precisam ser atendidas:
1ª. Ser reconhecido: Este
reconhecimento virá com o tempo, mas desde que haja trabalho árduo, determinação,
disciplina e dedicação. Tem pessoas que já querem chegar e ser reconhecidas (ter
bons cargos na empresa, já ser usado para pregar ou participar do louvor da
igreja, entre outros); mas a vida não é bem assim.
2ª. Ser valorizado:
Todos querem ser valorizados, mas precisam entender que a valorização deve vir
pelo que você “é” e não pelo que você “tem”.
3ª. Pertencimento:
Quando somos adolescentes, não temos a capacidade de compreensão acerca deste
tema e, muitas vezes, batalhamos para entrar e fazer parte de certos grupos
de pessoas, mas sem avaliarmos as
consequências (usuários de drogas, pichadores, pessoas que praticam pequenos
furtos ou roubos, etc.).
Nessa
faixa etária, a necessidade de pertencimento é ainda maior. Portanto, temos que
estar atentos com nossas crianças e adolescentes, para que seus desejos estejam
voltados para pertencerem a grupos que praticam atividades beneficentes e
saudáveis, como por exemplo; grupos de estudos, de lazer e entretenimento,
religiosos, profissionais, de ação social, cultural, artístico, entre outros.
4º. Se Sentir Amado: Esta
atitude não pode ser substituída por presentes, com o propósito de justificar
sua ausência (muitos pais e maridos agem assim). E também não deve ser motivada
por interesses, como por exemplo, se aproximar de alguém que pode me beneficiar
em alguma coisa (um emprego, uma promoção no trabalho, uma consagração, etc.).
1.1 No Local de Trabalho: -
neste local, geralmente você vai conhecer pessoas que poderão ser seus colegas
e companheiros de trabalho. E caso você já seja cristão, deve agir com
prudência e sabedoria para tentar ganha-las para Cristo. Nesse ambiente, você
não poderá ser salgado demais (aquele cristão que só sabe falar sobre
religião), inclusive atrapalhando o bom andamento do serviço a ser prestado.
Deve buscar viver em harmonia com todos e, se possível for, ajudar os colegas em
suas tarefas trabalhistas.
Romanos
12:17-18. A ninguém torneis mal por mal; procurai as
coisas honestas, perante todos os homens. Se for possível, quanto estiver em
vós, tende paz com todos os homens.
O Cristão deve buscar dar bom
testemunho a todo tempo e em todo o lugar da sociedade. O propósito maior dessa
atitude deve-se ao fato de que o nome do Senhor Jesus seja glorificado.
1.2 Na Escola ou Faculdade: -
passamos muitas horas de convivência neste ambiente educacional, sendo elas de
grande importância para os professores e os funcionários, mas especialmente para
os alunos. Esse relacionamento – professor/aluno, deve implicar em mudanças de
comportamentos, pois esta é, entre outras coisas, a principal tarefa do Mestre
em relação aos seus alunos. E as
mudanças devem ser para melhor. Eu costumo dizer o seguinte: quero ser melhor
hoje do que fui ontem. E amanhã, preciso ser melhor do que fui hoje.
Muitos alunos não tem uma referência
paterna em casa, sendo assim, verão no (a) professor (a) esta referência, pois
o Mestre estará sendo observado o tempo todo por eles e, em alguns casos, irão
querer imitá-lo. Portanto, o professor não foi colocado nesta posição por
acaso, Deus tem colocado cada profissional (ou Cristão) no ambiente certo, para
usar dos talentos que lhe foi concedido, de acordo com a sua capacidade.
Mateus
25:14-15. Porque isto
é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos,
e entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a
outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.
(...)
Romanos
12:6-8. De modo que, tendo diferentes
dons, segundo a graça que nos é dada, se é profecia, seja ela segundo a medida
da fé; se é ministério, seja em ministrar; se
é ensinar, haja dedicação ao ensino; ou o que exorta, use esse dom em
exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o
que exercita misericórdia, com alegria.
Deus nos conhece por inteiro e sabe
de nossa capacidade física e intelectual. Portanto, Ele não colocará nada em
suas mãos para fazer, caso você não seja capaz.
1.3 No Matrimônio: -
desde que Deus viu que Adão estava só e triste, resolveu criar uma companheira
e ajudadora para estar com ele. Ele estabeleceu princípios e normas para que
fossem obedecidas e, assim, promovesse harmonia, paz e felicidade entre seus
membros. Precisamos estar atentos, pois um sério problema que atinge os
cônjuges na atualidade é a falta de diálogo e comunicação: “Porventura andarão
dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós
3:3).
Como registra a Palavra de Deus: “E
disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será
chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu
pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gênesis 2:23-24).
Com
o matrimônio, os cônjuges se tornam numa só carne, sendo assim, devem estar de
acordo em tudo o que resolverem fazer.
1.3.1 Em
Família: - ela é a instituição mais antiga e mais importante da face da
terra, considerada a “célula mater”
da sociedade. Cada cristão tem o dever
de zelar pelo bem-estar de sua família. Os pais dão as suas vidas
(literalmente) para criar e educar os filhos. Eles abrem mão de muitas coisas
que gostariam de fazer (viajar, estudar, cuidar de sua saúde, etc.) para
satisfazer as suas vontades.
Deuteronômio
6:6-9. E estas
palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; e as ensinarás a teus
filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e
deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão
por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e
nas tuas portas.
A recomendação do Senhor é que
quando eles – os pais, envelhecerem ou adoecerem, recebam os cuidados de seus
filhos. Como eles fizeram conosco, o ideal é que também o façamos por eles. A
Escritura Sagrada diz que: “aquele que não cuida bem da sua família, é pior do
que o incrédulo ou ímpio”.
Não podemos esquecer de que os
filhos são como “espelhos” e tendem a refletir (reproduzir) o comportamento de
seus pais. Isto se aplica também quanto aos alunos (refletirem o professor), os
empregados (refletirem o patrão), os membros da igreja (refletirem o seu
pastor), e assim, sucessivamente.
Provérbios
22:6. Educa (ou
instrua) a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se
desviará dele.
Não
basta dizer ou falar para eles, pois nem sempre isto vai significar ter havido
a comunicação ideal para o aprendizado (colocar em prática). Muitas vezes, será
necessário demonstrar com o seu comportamento diário (o exemplo fala melhor).
2.
O Bom relacionamento na Igreja:
De antemão, quero enfatizar que o
bom relacionamento do seguidor de Cristo, deve ocorrer tanto dentro quanto fora
das quatro paredes (edificação onde funciona a reunião eclesiástica). O
apóstolo Paulo em uma de suas Epístolas fez uma analogia entre a Igreja como
sendo equiparada ao corpo humano.
O corpo humano possui vários membros
e órgãos, devendo haver um bom relacionamento entre eles, cada um executando
sua função específica e de modo perfeito, com isso, fará trabalhar todo o
organismo em perfeita harmonia.
1
Coríntios 12:11-12, 18-20. Mas
um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a
cada um como quer. Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e
todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. (...). Mas agora Deus colocou os
membros no corpo, cada um deles como quis. E, se todos fossem um só membro,
onde estaria o corpo? Assim, pois, há muitos membros, mas um só corpo.
Portanto, assim como é o corpo
humano, também deve ser a Igreja de Cristo. Cada membro tem uma função
específica a executar (seja no ministério de louvor, na secretaria, na
tesouraria, na secretaria de ação social, na secretaria de evangelismo e
missões, professor da EBD, pastor, evangelista, presbítero, diácono,
cooperadores etc.).
Deve ser ressaltado, que nenhuma
dessas funções é superior ou inferior a outra, pois todos devem se colocar à
disposição para servir na obra do Senhor. O propósito maior e principal é
conservar este corpo saudável, dinâmico, bem disposto e útil para a missão que
lhe foi confiada por aquele que é o seu cabeça – Cristo.
Nenhum membro sozinho (igualmente no
corpo humano) forma todo o corpo (a igreja), isto é, você não é igreja sozinha.
Hoje encontramos muitas pessoas decepcionadas com a Igreja (na verdade, com o
homem que está em sua liderança), sendo chamadas de “os desigrejados”.
Essas
pessoas precisam entender que nós sempre nos decepcionaremos com os homens,
pois não são diferentes de nós (também são pecadores e sujeitos a errar). No
entanto, jamais e nunca nos decepcionaremos com o Senhor que instituiu a Igreja
– Jesus Cristo.
Elas
precisam voltar a se congregar e estar sob a cobertura espiritual, ou seja,
juntar-se aos demais membros e executar a função que Deus lhe comissionou a
fazer. Devendo haver compreensão e uma busca pela união dos membros para que
haja harmonia. Lembre-se: somos
imperfeitos, isto é, todos nós temos manias, falhas, defeitos e estamos
sujeitos a errar, simplesmente por sermos humanos. A moldagem é realizada por
Deus, através de seu Espírito Santo. Ele é o oleiro, nós o barro!
Isaías
64:6. Mas todos nós
somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e
todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos
arrebatam.
Assim
somos todos nós. Sabe o que nos diferenciam dos ímpios? A resposta é muito
simples: o fato de sabermos quando pecamos, pois o Espírito Santo nos revela, confirma
e incomoda. E temos consciência de que somos “pecadores arrependidos”.
E
é este mesmo Espírito que nos leva a confessar esses pecados, pois cremos que assim
procedendo, receberemos o perdão e voltaremos à comunhão com o Pai Celestial: “(...):
Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus
o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Visto que com o coração se crê
para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Romanos 10:9-10).
Conclusão:
Portanto, relacionamento é a
capacidade de cada pessoa conviver com seus semelhantes, buscando sempre ter
uma boa convivência. Como bem dizia meu saudoso Pai (in memorian): “saiba fazer a política da boa vizinhança”, ou seja,
procure viver bem com todas as pessoas.
O
bom relacionamento estará na dependência de cada um oferecer um pouco do melhor
de si mesmo, e procurar, nos outros, as coisas boas que possuem. Precisamos nos
esforçar para dispensar os defeitos das pessoas e enaltecer o que de bom elas
possuem.
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