1.
No Passado
Para
muitas pessoas a palavra pedofilia e o crime de abuso sexual contra crianças e
adolescentes parecem novidades surgidas em nossos dias. Entretanto, essa
expressão e pratica abusiva contra seres humanos datam de tempos remotos. A
palavra tem origem no vocábulo grego "paidóphilos", com o significado
de "pai do filho ou amigo da criança". Conforme literalidade do termo
a pedofilia deveria ser apenas e tão somente, o sentimento de profunda amizade
entre um adulto e uma criança em formação.
Em
muitas civilizações do passado esta prática sexuale abusiva contra crianças
fazia parte do costume e da cultura popular. Como também, sacrificarem crianças
aos ídolos e deuses cultuados e reverenciados por eles. Cita-se como exemplo, o
caso do profeta islâmico Maomé[2] que, depois da morte de sua primeira esposa –
Cadija -, viria a casar-se com outras quinze mulheres. A maioria destas
mulheres eram viúvas de companheiros do profeta árabe e tinham idades
avançadas. Nesses casos, o casamento com o profeta surgia como uma forma de
garantir proteção e estabilidade econômico-financeira. Em outros casos os
casamentos serviram para cimentar alianças políticas.
Uma
exceção se deu com uma das esposas mais importantes de Maomé – Aicha -, a sua
segunda esposa, que tinha 6 (seis) anos de idade na altura do seu noivado com
Maomé e, segundo registros históricos, 14 (quatorze) anos na altura de seu
casamento com o profeta. Registra-se que nesta época Maomé passava dos 40
(quarenta) anos de idade.
Quanto
aos sacrifícios humanos, vale ressaltar que foram praticadas grandes crueldades
contra crianças e adolescentes no passado. Dentre as várias civilizações
primitivas tidas como religiosas, pode-se citar os Druidas, sacerdotes celtas
que tinham o fogo como sagrado, faziam suas adorações nas florestas e, em
determinadas ocasiões realizavam sacrifícios humanos, queimando, afogando ou
enforcando suas vítimas. Geralmente estas pessoas eram tachadas como criminosas
ou prisioneiros de guerra.
Os
Druidas tinham também como prática antiga, a realização da festa deHalloween
(2000 a.C.) em honra ao deus Samhain, o senhor dos mortos, celebrada nas
primeiras horas do dia 1º de novembro, ou seja, na noite de 31 de outubro. Estima-se
que todos os anos nesta data (31/10), isto é, no "Dias das Bruxas",
muitas crianças são raptadas ou sequestradas de seus lares, para serem
oferecidas em rituais satânicos por praticantes do ocultismo[3] ou outras
práticas religiosas pagãs. Os sacerdotes druidas ofereciam crianças em
sacrifícios, crendo que só assim, sacrificando o "fruto do corpo" (os
filhos) satanás receberia o holocausto e os perdoaria dos pecados da alma.
Há
vários registros histórico-bíblicos envolvendo os povos Hebreus (ou Judeus) e
pagãos do Antigo Testamento (AT), dando conta de sacrifícios humanos praticados
contra crianças. Como a transcrita no livro de 2º Reis, 21.6: "E até fez
passar a seu filho pelo fogo, e adivinhava pelas nuvens, e era agoureiro, e
instituiu adivinhos e feiticeiros, e prosseguiu em fazer mal aos olhos do
Senhor, para o provocar a ira". E, também, no livro de 2º Crônicas, 28.3:
"Também queimou incenso no vale do filho de Hinon, e queimou os seus
filhos no fogo, conforme as abominações dos gentios que o Senhor tinha
desterrado de diante dos filhos de Israel".
As
duas narrativas históricas apresentadas registram práticas de arbitrariedades
cometidas pelos reis de Judá e Jerusalém - Acaz e Manassés -, respectivamente,
contra seus próprios filhos. Destaca-se que essa prática nefasta, fazia parte
da cultura e religiosidade daquela civilização, como uma forma de reverenciar e
aplacar a ira de seus deuses.
2.
No Presente
Em
nossos dias, os escândalos divulgados pela imprensa em toda parte do mundo, envolvendo
membros da Igreja Católica (padres, bispos, arcebispos etc.), treinadores
esportivos, pastores evangélicos (inclusive, não podemos descartar esta linha
de investigação, no caso recente ocorrido no ES), entre outros, pela pratica de
pedofilia contra crianças e adolescentes, tem deixado a população perplexa,
haja vista que essas pessoas, dizem ser representantes do "próprio Deus”
(Padres e Pastores), enquanto as outras, que são “verdadeiros amigos” de suas
vítimas.
Elas
se aproveitam de sua posição eclesiástica ou profissional, para praticarem verdadeiras
atrocidades contra pessoas ingênuas e indefesas (principalmente crianças entre 6
a 12 anos). Esses monstros e psicopatas realizam esses abusos dentro dos muros
ou paredes dos monastérios (igrejas), nos vestiários dos locais de treinamento ou
os levam para suas casas.
No
campo da psiquiatria, a pedofilia é definida como uma perturbação mental no
indivíduo, como resultado de sua história pessoal e de todo um contexto social.
Os impulsos sexuais ocorrem de forma repetitiva e intensa, implicando
geralmente na atividade sexual com uma criança. Esta característica o
diferencia do popularmente chamado agressor ou abusador sexual, que nem sempre
é um pedófilo.
Para
a psicologia, a pedofilia é um distúrbio que ocorre independentemente de outras
práticas sexuais. Resta frisar que nem todo pedófilo é celibatário (compromete-se
em não se casar ou não manter relação sexual com outra pessoa), como também nem
todas as pessoas que optam pelo isolamento sexual são homossexuais.
No
entendimento do psicólogo Marcelo Markes, os perfis psicológicos do abusador
sexual e do pedófilo são diferentes. O abusado tem como característica
acontecer mais no ambiente familiar e, geralmente é praticado pelo padrasto,
pai, tio, irmãos, primos ou pessoas muito próximas da família e da criança e/ou
adolescente. Neste caso, o abusador sexual pode levar uma vida aparentemente
normal. Ele (a), jamais se excitaria olhando a foto de uma criança tomando
banho numa banheira. O universo psicológico dele envolve a sedução e a
submissão da criança, podendo envolver atos de violência.
Segundo
Markes, o pedófilo recorre à antiguidade grega para explicar seu comportamento
sexual com crianças e adolescentes, lembrando que a iniciação sexual da criança
na Grécia era feita por um adulto e que nossos avós e bisavós se casavam aos 12
anos de idade. Estima-se que em alguns países, mesmo em pleno Século XXI,
preservem o costume e a cultura dos contratos de casamentos que são acordados
entre os pais. E alguns desses matrimônios são realizados com meninas entre 8
(oito) a 12 (doze) anos de idade. No entanto, seus futuros maridos são de
idades bem mais avançadas.
Os
pedófilos acreditam que as suas atitudes não causam nenhum problema para as vítimas,
inclusive de que não estão fazendo nada de errado ou cometendo qualquer tipo de
crime. Muitas vezes, quando flagrados, acusam ás vitimas de os terem seduzidos.
Eles, em muitos caos, nem chegam a ter relações sexuais (oral, anal ou
vaginal). Realizam-se por apenas fotografarem as crianças nuas ou se exibirem sexualmente
para que elas presenciem a cena, momento em que se excitam diante da situação. Neste
caso, vale registrar o que diz a Lei nº 12.015/2009, sobre a matéria em
questão: do Art. 218-A, da Lei nº 12.015/2009:
Satisfação de lascívia mediante
presença de criança ou adolescente
Art. 218-A.
Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a
presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer
lascívia própria ou de outrem:
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro)
anos.
A
Revista Veja, em sua edição de 21 de abril de 2010, apresentou matéria sobre o
celibato e a pratica de pedofilia por membros da Igreja Católica. Parece que
foi aberta a caixa de pandora[1]
desta instituição milenar, mas que sempre manteve certa restrição e distanciamento
social quanto as suas origens e práticas religiosas.
Trouxe
como destaque a declaração do secretário de estado do Vaticano, Tarciso
Bertone, descartando a possibilidade de a Igreja Católica rever as regras do
celibato, conforme sugeriram alguns bispos e padres europeus. Diante da
negativa, reascenderam os inúmeros casos de abusos do passado e de outros mais
recentes praticados por renomados membros religiosos.
Nesse
sentido, oportuno apresentar o seguinte questionamento: porque um padre ou uma
pessoa adulta, quando sente o desejo de satisfazer-se sexualmente e não
consegue resistir ou controlar este impulso sexual, não procura uma pessoa
adulta para realizá-lo?
Deve
ser lembrado que na atualidade, o comportamento sexual da população em geral, encontra-se
totalmente pervertido e banalizado. Em qualquer esquina de rua, em qualquer
parte do mundo, contratar uma mulher adulta para satisfação sexual, tornou-se
uma prática de maior facilidade. O que tem aumentado a insatisfação e
indignação social volta-se para o comportamento adotado pela cúpula da
instituição eclesiástica que, em confirmando o abuso cometido por partes de
seus membros, costuma transferi-los de paróquias.
Assim,
esses abusadores sexuais ou pedófilos, recebem as benesses de ter novas vítimas
para molestar e, quando muito, pegam a pena administrativa máxima – a
excomunhão. Postura muito parecida com
alguns cargos jurídicos e/ou políticos no Brasil. Quando às pessoas se veem em
aperto, aposentam-se compulsoriamente, com vultuosos salários e acabam escapando
da sentença condenatória? (Prisão).
Não
se pode olvidar, que esses abusos se amoldam a crimes capitulados em nosso
ordenamento penal. Sendo assim, os autores (quaisquer que sejam ou cargos que
ocupem) devem passar por todo o tramite processual e, em se confirmando o crime
e a sua autoria, devem receber por parte do Estado-Jurisdição, a pena alusiva
ao tipo de delito cometido. Assim deveria ser aplicada a Lei Brasileira – igualdade
para todos!
Não
se tem uma fórmula para identificar a pessoa com tendência à pedofilia, mas os
especialistas traçam algumas características de seu perfil, que podem dar o
sinal de alerta para os pais ou responsáveis pelas crianças; são elas:
.
Geralmente, o pedófilo (ou abusador sexual), é do sexo masculino e tem mais de
30 anos;
.
Possui poucos amigos em sua faixa etária (tem muito contato com
crianças/adolescentes);
. Se casado, a relação é somente de companheirismo,
com quase nenhuma relação sexual (disfarce, viver de aparência);
. É
fascinado por atividades de crianças;
. Costuma descrever as crianças como
puras e angelicais, mas, ele (s), muitas vezes, são agressivos;
.
Busca envolver-se com brincadeiras de criança (colecionar brinquedos, carrinhos
e bonecas);
. Procuram atuar e trabalhar em
atividades que envolva contato diário e direto com crianças e adolescentes, tais
como: escolinha de futebol, natação, recreação, professores (dança, artes,
musica etc.), pediatra, padres, entre outras.
Por
fim, os pedófilos e/ou abusadores sexuais, escolhem e selecionam crianças
tímidas, vergonhosas, pobres ou com poucos privilégios familiares e sociais
(desestrutura familiar e social). Ele as alicia com atenção e promessas, dando
presentes, roupas, viagens ou levando para passeios aos lugares desejáveis por
qualquer criança, como parques de diversões, circos, teatros, praias, cinemas
etc.
Quando
escrevemos este artigo, nossa intenção era de alertar os pais, a sociedade e ás
autoridades públicas e políticas do Brasil. Nesses dias, acompanhando a matéria
envolvendo o ex-treinador da Seleção Brasileira de Ginástica, resolvi
republicá-lo. Entretanto, o propósito continua sendo o mesmo, alertar e conscientizar
às pessoas, sobre a gravidade e o perigo acerca desses homens inescrupulosos,
que fazem de tudo para terem saciados seus desejos carnais e sexuais (lascívia),
não se importando quem seja a vítima e quais sejam as consequências físicas,
emocionais ou psicológicas causadas as mesmas. Leia outros
artigos do autor em: https://www.webartigos.com.br
EDUARDO VERONESE SILVA
Licenciatura
em Educação Física
Graduado
em Direito
Pós-graduado
em Direito Militar
Palestrante
sobre Drogas e Violência
[1] Pandora.
Segundo a mitologia grega, foi a
primeira mulher que existiu, criada por Hefesto e Atena, auxiliados por todos
os deuses e sob as ordens de Zeus. Cada um lhe deu uma qualidade. Recebeu de um
a graça, de outro a beleza, de outros a persuasão, a inteligência, a paciência,
a meiguice, a habilidade na dança e nos trabalhos manuais. Hermes, porém pôs no
seu coração a traição e a mentira.
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