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sexta-feira, 3 de agosto de 2018

O FRUTO DO ESPÍRITO



Introdução    

Qual a forma correta de falarmos: o fruto ou os frutos do espírito?  Algumas pessoas podem ter alguma dúvida, principalmente quando abre a Palavra de Deus, na Epístola aos Gálatas, em seu capitulo 5 e constata  haver nove expressões de comportamentos (atitudes, sentimentos ou virtudes), pelos quais todo aquele que se diz “cristão”, deve buscar o tempo todo colocar em sua prática cotidiana.
De antemão, gostaria de informa-lo que a forma correta de falar é – o Fruto do Espírito. Devemos fazê-lo com o uso da palavra no singular, haja vista que se trata de apenas “um” fruto, que contém ou inclui nove condutas ou qualidades distintas, que devem convergir ou em que todos são provenientes do amor. Todos eles devem levar o cristão a ter uma vida integra e honesta para com Deus e para com os Homens. Veja o que diz o Texto Bíblico:

Gálatas 5:22-23. Mas o fruto do Espírito é: o amor (a caridade), o gozo (a alegria ou regozijar-se), a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade. a mansidão, o domínio próprio; contra estas coisas não há lei (acréscimo nosso).  

Portanto, o Fruto do Espírito, conforme mencionado na Carta aos Gálatas acima, está diretamente vinculado ao resultado do modo de vida cotidiano do Cristão. Ele é apresentado em oposição às obras da carne, descritas também, nos versículos de 19-21, desse mesmo capítulo da Epístola. Dito noutras palavras, pode-se dizer sem medo de errar, que o Fruto do Espírito é uma consequência do resultado obtido de uma vida de plena comunhão com Cristo.
Sendo assim, passaremos a apresentar quais são essas nove maneiras ou atitudes de viver, que são esperadas para serem praticadas por todos os cristãos, principalmente porque são elas que irão distinguir o santo do profano; o justo do injusto, o crente do incrédulo. Santo aqui, em seu sentido original, quer dizer  ser ou estar “separado” do mundo. Embora vivamos (estamos vivendo) num mundo de tremenda corrupção e violência, não devemos nos unir e praticar os seus atos, modismos ou comportamentos impuros e profanos.

Desenvolvimento

            Antes de listarmos quais são as nove condutas, vale ressaltar que elas somente irão se realizar na vida do seguidor de Cristo, caso ele deixe o Espírito Santo guia-lo em todo o transcorrer de sua vida. O fruto do Espírito representa a manifestação da natureza de Cristo na vida do Cristão.

1. Caridade: expressão originada do idioma grego – agape, que significa “interesse e busca do bem maior de outra pessoa, sem esperar obter nada em troca”. Este é o amor genuíno e puro que provém de Cristo, isto é, o amor incondicional e divino que somente Ele pode exalar (praticar).  

Romanos 5:3-5. E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não traz confusão, porquanto o amor (a caridade) de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
(...)
1 Coríntios 13:1,13. Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e não tivesse caridade (amor), seria como o metal que soa ou como o sino que tine. (...). Agora, pois, permanece a fé, a esperança e a caridade (ou amor), estas três, mas a maior destas é a caridade (o amor).

Quero aproveitar acerca desse tema, para informar aos leitores que na cultura grega o amor era visto  por quatro ângulos. O teólogo e escritor C. S. Lewis, também fez menção aos quatro tipos de amor mas voltado para a área cristã:

a) Ágape. É um amor considerado divino e incondicional. Lewis reconhece este como o maior dos amores, e vê-o como uma virtude especificamente cristã. O capítulo focaliza a necessidade de subordinar os amores naturais ao amor de Deus, que está repleto de amor caridoso. Lewis compara metaforicamente o amor com um jardim, a caridade com os utensílios do jardineiro, o amante como o próprio jardineiro e Deus como os elementos da natureza. O amor e a orientação de Deus agem em nosso amor natural (que não pode remanescer o que é por si) como o ato do sol e da chuva em um jardim: sem um ou outro, o objeto (metafórico do jardim; realisticamente o amor próprio) cessaria de ser bonito ou digno.

        b) Storge. É o amor relacionado ao afeto com a família, especialmente entre seus membros ou pessoas que se encontraram nesse círculo social. Pode-se dizer que é o amor conjugal, familiar e doméstico. Ele não é interesseiro, mas sim, humilde, objetivo e sacrificial. É o amor que une o marido à sua mulher, bem como os pais aos filhos. Logo, se num lar reina o respeito e a harmonia, esse tipo de amor esta presente.
Esse é o tipo mais natural, emotivo e difundido forma de amor: natural porque que existe sem a coerção; emotivo porque é o resultado do afeto devido à familiaridade e difundido porque dá menos atenção àquelas duas características julgadas “valiosas” ou dignas do amor.

        c) Philia. Também é usado o termo Phileo. Ele representa o “amor-amizade”, fraternal ou social. Aquele entre pessoas que compartilham dum interesse ou duma vida comum. A amizade existente entre amigos, companheiros e irmãos. Ele denota uma amizade mais estreita do que o mero companheirismo: a amizade em seu sentido real existe somente se houver algo para que ela esteja “embasada”. Este é o menos natural dos tipos de amores, pois não é necessário um (a) progenitor (a) para se ter afeição, nem mesmo ter o amor romântico e o desejo envolvidos (eros) ou amor o incondicional e divino (ágape).

         d) Eros. Termo do idioma grego para se referir ao amor sensual e erótico. É o amor no sentido de “amor romântico”, de carícias e da relação sexual. Por isso é, muitas vezes associado à sexualidade e as suas vertentes, com seus pecados e seus prazeres. Ele é bom para o relacionamento conjugal, pois deve leva-los a apreciar o aspecto físico e sensual de seu (sua) amado (a), buscando todo o prazer que podem usufruir dele.
Pode também ser mau, quando existe uma obsessão ou sentimento de posse do amado (a). Podendo promover alguns abusos e agressões físicas, inclusive resultando em tragédias, como o crime passional. Nesse caso, o amor pode adquirir ou começar a ser demoníaco, passando a ser um dos piores tipos de amor, pois pode ser cruel e inebriante ao mesmo tempo.
Vale salientar que, por natureza, todos os seres humanos possuem os três tipos de amor mencionados - eros, phileo e storge. Entretanto, quanto ao amor “ágape” ele é característico de nosso Senhor e Salvador, podendo ser adquirido por nós, quando realmente nascemos de novo, ou seja, quando Ele passa a operar na vida do homem, quando este se torna o Templo do Espírito Santo (Gl 5.16-22).

2. Gozo: termo do grego – chara, que contém o significado de “a sensação de alegria baseada no amor, na graça, nas bênçãos, nas promessas e na presença de Deus”. É por isso que os ímpios não conseguem entender, como certos cristãos vivem numa miséria total (material e humana), mas demonstram ter muita alegria no coração. E estas bênçãos pertencem ou são concedidas somente a aqueles que realmente creem em Cristo.

Salmo 119:16. Alegrar-me-ei, nos teus estatutos; não me esquecerei da tua palavra.
(...)
1 Pedro 1:7-8. Para que a prova da vossa fé; muito mais preciosa do que o ouro que perece, e é provado pelo fogo; se ache em louvor, e honra, e glória na revelação de Jesus Cristo, a qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso.

3. Paz: do idioma hebraico – shalom e do grego – eirene, que se traduz em “quietude de coração e mente”, baseada na plena convicção de que tudo vai bem entre o Cristão e seu Pai Celestial. Você já deve ter ouvido alguém dizer assim: “fulano de tal parece ter uma paz de espírito” ou assim; “como é gostoso estar na companhia de beltrano, ele traz uma paz ao ambiente”. 

Romanos 15:30-33. Rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas vossas orações por mim a Deus, para que eu seja livre dos rebeldes que estão na Judéia, e que este meu ministério em Jerusalém seja aceitável aos santos; a fim de que, pela vontade de Deus, eu chegue até vós com alegria, e possa entre vós recobrar as forças. E o Deus de paz seja com todos vós. Amém. 
(...)
Filipenses 4:7. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.
(...)
1 Tessalonicenses 5:23. E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. 

4. Longanimidade. Do grego – makrothumia contendo o significado de “perseverança, paciência e tranquilidade” ou, ainda, “ser tardio para irar-se ou se desesperar”. Para melhor entendimento, você deve conhecer alguém que o “circo pode estar pegando fogo”, mas ele possui um equilíbrio emocional diante de tais situações, que nos surpreende. Este equilíbrio pode ser entendido também como domínio próprio.

Efésios 4:1-3. Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade, e mansidão, suportando-vos uns aos outros em amor; procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz.  
(...)
2 Timóteo 3:8-10. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem á verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto a fé. Não irão, porém avante; porque a todos será manifesto o seu desvario, como também o foi o daqueles. Tu, porém, tem seguido a minha doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, caridade e paciência.

5. Benignidade. Do grego – chrestotes que tem o significado de “não querer magoar ninguém ou de lhe provocar dor alguma”. Você deve conhecer pessoas que ainda não aceitaram a Cristo, mas possuem esse dom de Espírito. E ele é maravilhosíssimo, igualmente aos demais.

Efésios 4:32. Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também, Deus vos perdoou em Cristo.
(...)
Colossenses 3:12-13. Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também.

6. Bondade. Do grego – agathosune, que significa ter “zelo pela verdade e pela retidão e grande repulsa pelo mal”. Nós, cristãos, temos que ter verdadeira repulsa ao pecado, ou seja, quando pecamos, devemos nos sentir como verdadeiros “imundos”, buscando imediatamente nos arrepender e confessá-lo, para que possamos corrigir nosso erro diante de Deus e voltar para o caminho de sua retidão.

Lucas 7:37-38,44-48. E eis que uma mulher pecadora que havia na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo; e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo, (...). E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para lavar os pés; mas esta com suas lágrimas os regou e com seus cabelos os enxugou.  Não me deste ósculo; ela, porém, desde que entrei, não tem cessado de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta com bálsamo ungiu-me os pés. Por isso te digo: Perdoados lhe são os pecados, que são muitos; porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. E disse a ela: Perdoados são os teus pecados.  

7. Fé. Do grego – pistis ou pistia, com o significado de “lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos unidos por promessa, fidedignidade e honestidade”. Do Latim – fides, que nos remete para o sentido de fidelidade. Ter fé no sentido cristão implica em crer na Bíblia Sagrada, na palavra de Deus, e em todos os ensinamentos pregados por Jesus Cristo, o enviado de Deus.

Mateus 23:23. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.
(...) 
Hebreus 11:1-3. Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem. Porque por ela os antigos alcançaram bom testemunho. Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê.

Pela fé entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito daquilo que se vê. O texto chave ou mais usado para apresentar o conceito da fé, encontra-se no verso 1, da Epístola aos Hebreus 11, conforme descrito acima: "a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem".

8. Mansidão.  Do grego – prautes, com o significado de suavidade, brandura e gentileza. Ou, ainda, moderação associada a força e a coragem, com que descreve uma pessoa que pode irar-se com equidade quando for necessário. E, também, pode demonstrar-se humildemente ao ter que se submeter se for preciso.

 2 Timóteo 2:24-25. E ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente; corrigindo com mansidão os que resistem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade.
(...)
1 Pedro 3:13-15. Ora, quem é o que vos fará mal, se fordes zelosos do bem? Mas também, se padecerdes por amor da justiça, bem-aventurados sereis; e não temais as suas ameaças, nem vos turbeis; antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós.

9. Temperança. Do grego – egkrateia, que significa ter o controle e o domínio sobre nosso próprio desejo e paixões, incluindo aqui também, a fidelidade aos votos matrimoniais (pureza sexual). Em Latim – temperantia ou temperare, que significa guardar o equilíbrio.
            Numa interpretação mais próxima da composição da palavra, poderia ser “estar bem temperado ou adicionar o tempero na quantidade certa”. No entanto, ás vezes, podemos nos tornar muito “salgados” e, noutras, totalmente insossos (sem tempero ou sem sabor).

Tito 1:7-9. Pois é necessário que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro de Deus, não soberbo, nem irascível, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas hospitaleiro, amigo do bem, sóbrio, justo, piedoso, temperante;  retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os contradizentes.
(...)
Cantares de Salomão 7:8-10. Disse eu: Subirei à palmeira, pegarei em seus ramos; então sejam os teus seios como os cachos da vide, e o cheiro do teu fôlego como o das maçãs, e os teus beijos como o bom vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e se escoa pelos lábios e dentes. Eu sou do meu amado, e o seu amor é por mim.    

Conclusão:
           
            Vimos neste breve estudo sobre o Fruto do Espírito, que o Apóstolo Paulo nos ensina que não existe qualquer restrição para o cristão, quanto ao modo de viver de forma integra e honesta, como foi abordado. Vale lembrar que essas virtudes ou qualidades divinas de Cristo, por meio do Fruto do Espirito, são também implantadas em cada um de nós.
Todo cristão pode e deve realmente procurar praticar essas nove virtudes cotidianamente. Nunca existirá uma lei que o impeça de viver, de acordo com os princípios apregoados por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amém!

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