Introdução
Qual a forma correta de
falarmos: o fruto ou os frutos do espírito? Algumas pessoas podem ter alguma dúvida,
principalmente quando abre a Palavra de Deus, na Epístola aos Gálatas, em seu
capitulo 5 e constata haver nove
expressões de comportamentos (atitudes, sentimentos ou virtudes), pelos quais
todo aquele que se diz “cristão”, deve buscar o tempo todo colocar em sua
prática cotidiana.
De antemão, gostaria de informa-lo
que a forma correta de falar é – o Fruto do Espírito. Devemos fazê-lo com o uso
da palavra no singular, haja vista que se trata de apenas “um” fruto, que
contém ou inclui nove condutas ou qualidades distintas, que devem convergir ou em
que todos são provenientes do amor. Todos eles devem levar o cristão a ter uma
vida integra e honesta para com Deus e para com os Homens. Veja o que diz o Texto
Bíblico:
Gálatas
5:22-23. Mas o fruto do Espírito é: o
amor (a caridade), o gozo (a alegria ou regozijar-se), a paz, a longanimidade,
a benignidade, a bondade, a fidelidade. a mansidão, o domínio próprio; contra
estas coisas não há lei (acréscimo nosso).
Portanto, o Fruto do
Espírito, conforme mencionado na Carta aos Gálatas acima, está diretamente
vinculado ao resultado do modo de vida cotidiano do Cristão. Ele é apresentado
em oposição às obras da carne, descritas também, nos versículos de 19-21, desse
mesmo capítulo da Epístola. Dito noutras palavras, pode-se dizer sem medo de
errar, que o Fruto do Espírito é uma consequência do resultado obtido de uma
vida de plena comunhão com Cristo.
Sendo assim, passaremos a
apresentar quais são essas nove maneiras ou atitudes de viver, que são
esperadas para serem praticadas por todos os cristãos, principalmente porque
são elas que irão distinguir o santo do profano; o justo do injusto, o crente do
incrédulo. Santo aqui, em seu sentido original, quer dizer ser ou estar “separado” do mundo. Embora
vivamos (estamos vivendo) num mundo de tremenda corrupção e violência, não
devemos nos unir e praticar os seus atos, modismos ou comportamentos impuros e
profanos.
Desenvolvimento
Antes de listarmos quais são as nove
condutas, vale ressaltar que elas somente irão se realizar na vida do seguidor
de Cristo, caso ele deixe o Espírito Santo guia-lo em todo o transcorrer de sua
vida. O fruto do Espírito representa a manifestação da natureza de Cristo na
vida do Cristão.
1. Caridade: expressão originada do idioma grego – agape, que significa “interesse e busca do bem
maior de outra pessoa, sem esperar obter nada em troca”. Este é o amor genuíno
e puro que provém de Cristo, isto é, o amor incondicional e divino que somente
Ele pode exalar (praticar).
Romanos
5:3-5. E não somente isso, mas também
gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e
a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não traz
confusão, porquanto o amor (a caridade) de Deus está derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
(...)
1 Coríntios 13:1,13. Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos
anjos, e não tivesse caridade (amor), seria como o metal que soa ou como o sino
que tine. (...). Agora, pois, permanece a fé, a esperança e a caridade (ou
amor), estas três, mas a maior destas é a caridade (o amor).
Quero aproveitar acerca desse tema, para informar aos
leitores que na cultura grega o amor era visto por quatro ângulos. O teólogo e escritor C. S.
Lewis, também fez menção aos quatro tipos de amor mas voltado para a área cristã:
a) Ágape.
É um amor considerado divino e incondicional. Lewis reconhece este como o maior
dos amores, e vê-o como uma virtude especificamente cristã. O capítulo focaliza
a necessidade de subordinar os amores naturais ao amor de Deus, que está
repleto de amor caridoso. Lewis compara metaforicamente o amor com um jardim, a
caridade com os utensílios do jardineiro, o amante como o próprio jardineiro e
Deus como os elementos da natureza. O amor e a orientação de Deus agem em nosso
amor natural (que não pode remanescer o que é por si) como o ato do sol e da
chuva em um jardim: sem um ou outro, o objeto (metafórico do jardim;
realisticamente o amor próprio) cessaria de ser bonito ou digno.
b)
Storge. É o amor relacionado ao afeto com a
família, especialmente entre seus membros ou pessoas que se encontraram nesse
círculo social. Pode-se dizer que é o amor conjugal, familiar e doméstico. Ele
não é interesseiro, mas sim, humilde, objetivo e sacrificial. É o amor que une
o marido à sua mulher, bem como os pais aos filhos. Logo, se num lar reina o
respeito e a harmonia, esse tipo de amor esta presente.
Esse é o tipo mais natural, emotivo e difundido forma
de amor: natural porque que existe
sem a coerção; emotivo porque é o
resultado do afeto devido à familiaridade e difundido porque dá menos atenção àquelas duas características
julgadas “valiosas” ou dignas do amor.
c)
Philia. Também é usado o termo Phileo. Ele representa o “amor-amizade”,
fraternal ou social. Aquele entre pessoas que compartilham dum interesse ou duma
vida comum. A amizade existente entre amigos, companheiros e irmãos. Ele denota
uma amizade mais estreita do que o mero companheirismo: a amizade em seu
sentido real existe somente se houver algo para que ela esteja “embasada”. Este
é o menos natural dos tipos de amores, pois não é necessário um (a) progenitor
(a) para se ter afeição, nem mesmo ter o amor romântico e o desejo envolvidos (eros) ou
amor o incondicional e divino (ágape).
d)
Eros. Termo do idioma grego para se referir ao
amor sensual e erótico. É o amor no sentido de “amor romântico”, de carícias e
da relação sexual. Por isso é, muitas vezes associado à sexualidade e as suas
vertentes, com seus pecados e seus prazeres. Ele é bom para o relacionamento
conjugal, pois deve leva-los a apreciar o aspecto físico e sensual de seu (sua)
amado (a), buscando todo o prazer que podem usufruir dele.
Pode também ser mau, quando existe uma obsessão ou sentimento
de posse do amado (a). Podendo promover alguns abusos e agressões físicas,
inclusive resultando em tragédias, como o crime passional. Nesse caso, o amor pode
adquirir ou começar a ser demoníaco, passando a ser um dos piores tipos de
amor, pois pode ser cruel e inebriante ao mesmo tempo.
Vale salientar que, por natureza, todos os seres
humanos possuem os três tipos de amor mencionados - eros,
phileo e storge.
Entretanto, quanto ao amor “ágape” ele é característico de nosso Senhor e
Salvador, podendo ser adquirido por nós, quando realmente nascemos de novo, ou
seja, quando Ele passa a operar na vida do homem, quando este se torna o Templo
do Espírito Santo (Gl 5.16-22).
2. Gozo: termo do grego – chara,
que contém o significado de “a sensação de alegria baseada no amor, na graça,
nas bênçãos, nas promessas e na presença de Deus”. É por isso que os ímpios não
conseguem entender, como certos cristãos vivem numa miséria total (material e humana),
mas demonstram ter muita alegria no coração. E estas bênçãos pertencem ou são
concedidas somente a aqueles que realmente creem em Cristo.
Salmo 119:16. Alegrar-me-ei, nos teus estatutos; não me esquecerei
da tua palavra.
(...)
1 Pedro 1:7-8. Para que a prova da vossa fé; muito mais preciosa do
que o ouro que perece, e é provado pelo fogo; se ache em louvor, e honra, e
glória na revelação de Jesus Cristo, a qual, não o havendo visto, amais; no
qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso.
3. Paz: do idioma hebraico – shalom e
do grego – eirene, que se traduz em
“quietude de coração e mente”, baseada na plena convicção de que tudo vai bem
entre o Cristão e seu Pai Celestial. Você já deve ter ouvido alguém dizer
assim: “fulano de tal parece ter uma paz de espírito” ou assim; “como é gostoso
estar na companhia de beltrano, ele traz uma paz ao ambiente”.
Romanos
15:30-33. Rogo-vos, irmãos, por nosso
Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que luteis juntamente comigo nas
vossas orações por mim a Deus, para que eu seja livre dos rebeldes que estão na
Judéia, e que este meu ministério em Jerusalém seja aceitável aos santos; a fim
de que, pela vontade de Deus, eu chegue até vós com alegria, e possa entre vós
recobrar as forças. E o Deus de paz seja com todos vós. Amém.
(...)
Filipenses
4:7. E a paz de Deus, que excede todo
o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo
Jesus.
(...)
1
Tessalonicenses 5:23. E o próprio
Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo
sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo.
4. Longanimidade. Do grego – makrothumia contendo o significado de “perseverança, paciência e
tranquilidade” ou, ainda, “ser tardio para irar-se ou se desesperar”. Para
melhor entendimento, você deve conhecer alguém que o “circo pode estar pegando
fogo”, mas ele possui um equilíbrio emocional diante de tais situações, que nos
surpreende. Este equilíbrio pode ser entendido também como domínio próprio.
Efésios 4:1-3. Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis
como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade, e
mansidão, suportando-vos uns aos outros em amor; procurando diligentemente
guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz.
(...)
2 Timóteo 3:8-10. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim
também estes resistem á verdade, sendo homens corruptos de entendimento e
réprobos quanto a fé. Não irão, porém avante; porque a todos será manifesto o
seu desvario, como também o foi o daqueles. Tu, porém, tem seguido a minha
doutrina, modo de viver, intenção, fé, longanimidade, caridade e paciência.
5. Benignidade.
Do grego – chrestotes que tem o significado
de “não querer magoar ninguém ou de lhe provocar dor alguma”. Você deve
conhecer pessoas que ainda não aceitaram a Cristo, mas possuem esse dom de
Espírito. E ele é maravilhosíssimo, igualmente aos demais.
Efésios 4:32. Antes, sede uns para com os outros benignos,
misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também, Deus vos perdoou em
Cristo.
(...)
Colossenses 3:12-13. Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e
amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão,
longanimidade; suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver
queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também.
6. Bondade. Do grego – agathosune,
que significa ter “zelo pela verdade e pela retidão e grande repulsa pelo mal”.
Nós, cristãos, temos que ter verdadeira repulsa ao pecado, ou seja, quando
pecamos, devemos nos sentir como verdadeiros “imundos”, buscando imediatamente
nos arrepender e confessá-lo, para que possamos corrigir nosso erro diante de Deus
e voltar para o caminho de sua retidão.
Lucas
7:37-38,44-48. E eis que uma mulher
pecadora que havia na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa do
fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo; e estando por detrás, aos
seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com
os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo, (...).
E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua
casa, e não me deste água para lavar os pés; mas esta com suas lágrimas os
regou e com seus cabelos os enxugou. Não
me deste ósculo; ela, porém, desde que entrei, não tem cessado de beijar-me os
pés. Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta com bálsamo ungiu-me os pés.
Por isso te digo: Perdoados lhe são os pecados, que são muitos; porque ela
muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama. E disse a ela:
Perdoados são os teus pecados.
7. Fé. Do grego – pistis ou pistia,
com o significado de “lealdade constante e inabalável a alguém com quem estamos
unidos por promessa, fidedignidade e honestidade”. Do Latim – fides, que nos remete para o sentido de
fidelidade. Ter fé no sentido cristão implica em crer na Bíblia Sagrada, na
palavra de Deus, e em todos os ensinamentos pregados por Jesus Cristo, o
enviado de Deus.
Mateus
23:23. Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e
tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a
misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.
(...)
Hebreus
11:1-3. Ora, a fé é o firme
fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem.
Porque por ela os antigos alcançaram bom testemunho. Pela fé entendemos que os
mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito
daquilo que se vê.
Pela fé entendemos que os
mundos foram criados pela palavra de Deus; de modo que o visível não foi feito
daquilo que se vê. O texto chave ou mais usado para apresentar o conceito da
fé, encontra-se no verso 1, da Epístola aos Hebreus 11, conforme descrito
acima: "a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das
coisas que não se vêem".
8. Mansidão. Do grego – prautes, com o significado de suavidade,
brandura e gentileza. Ou, ainda, moderação associada a força e a coragem, com
que descreve uma pessoa que pode irar-se com equidade quando for necessário. E,
também, pode demonstrar-se humildemente ao ter que se submeter se for preciso.
2 Timóteo 2:24-25. E ao servo do Senhor
não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar,
paciente; corrigindo com mansidão os que resistem, na esperança de que Deus
lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade.
(...)
1 Pedro
3:13-15. Ora, quem é o que vos fará
mal, se fordes zelosos do bem? Mas também, se padecerdes por amor da justiça,
bem-aventurados sereis; e não temais as suas ameaças, nem vos turbeis; antes
santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados
para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da
esperança que há em vós.
9. Temperança. Do grego – egkrateia,
que significa ter o controle e o domínio sobre nosso próprio desejo e paixões,
incluindo aqui também, a fidelidade aos votos matrimoniais (pureza sexual). Em
Latim – temperantia ou temperare, que significa guardar o equilíbrio.
Numa interpretação mais próxima da
composição da palavra, poderia ser “estar bem temperado ou adicionar o tempero
na quantidade certa”. No entanto, ás vezes, podemos nos tornar muito “salgados”
e, noutras, totalmente insossos (sem tempero ou sem sabor).
Tito 1:7-9. Pois é necessário que o bispo seja irrepreensível,
como despenseiro de Deus, não soberbo, nem irascível, nem dado ao vinho, nem
espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas hospitaleiro, amigo do bem,
sóbrio, justo, piedoso, temperante;
retendo firme a palavra fiel, que é conforme a doutrina, para que seja
poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os
contradizentes.
(...)
Cantares de
Salomão 7:8-10. Disse eu: Subirei à
palmeira, pegarei em seus ramos; então sejam os teus seios como os cachos da
vide, e o cheiro do teu fôlego como o das maçãs, e os teus beijos como o bom
vinho para o meu amado, que se bebe suavemente, e se escoa pelos lábios e
dentes. Eu sou do meu amado, e o seu amor é por mim.
Conclusão:
Vimos
neste breve estudo sobre o Fruto do Espírito, que o Apóstolo Paulo nos ensina que
não existe qualquer restrição para o cristão, quanto ao modo de viver de forma
integra e honesta, como foi abordado. Vale lembrar que essas virtudes ou
qualidades divinas de Cristo, por meio do Fruto do Espirito, são também implantadas
em cada um de nós.
Todo cristão pode e deve
realmente procurar praticar essas nove virtudes cotidianamente. Nunca existirá
uma lei que o impeça de viver, de acordo com os princípios apregoados por nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amém!
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