RESUMO:
O artigo tem como objetivo, apresentar de forma simples a diferença entre
a atuação desses três profissionais que são apresentados no titulo desse
trabalho. O assunto despertou nosso interesse, por estarmos participando do
Curso de Psicanálise Clínica, onde assistimos à aula de Introdução à
Psicanálise e, ao mesmo tempo, por não sabermos distinguir essas diferenças
laborativas até a realização desse trabalho acadêmico e quais são os pontos principais
que os diferenciam, sendo que eles estão inseridos no quadro de especialistas da
área de saúde mental.
Palavras-Chave:
Psiquiatra – Psicólogo – Psicanalista - Paciente.
Muitas são as dúvidas da população em
geral, de como se desenvolve a atividade laborativa do psiquiatra, psicólogo e
psicanalista. Estes três profissionais atuam diretamente com pessoas que estão
passando por algum tipo de desequilíbrio psíquico ou comportamental. Diante
disso, buscar-se-á neste simples artigo acadêmico, apresentar de forma simples
e objetiva para todo e qualquer leitor, as diferenças básicas entre eles, mas
que podem nortear e trazer esclarecimentos importantes para toda a população.
Não há duvidas de que muitos avanços foram
adquiridos pela medicina sobre aspectos da mente humana, mas a cada dia que se
passa, novas são as descobertas sobre esta parte do corpo humano, ainda não
totalmente desenhada e definida pela ciência.
Por isso, aumentam-se cotidianamente
as pesquisas cientificas para que se obtenha um mapeamento melhor do cérebro
humano e como se dá sua funcionalidade. Com isso, na realidade, tenta-se
aproximar ao máximo do que vem a ser essa funcionalidade de forma integral. Por
estas e outras incertezas e para tentar saná-las, surgiram com o decorrer dos
anos, as categorias profissionais que por ora serão apresentadas neste artigo.
1. INTRODUÇÃO
À PSICANÁLISE
Nesta
parte introdutória, faz-se necessário registrar que a psicanálise surgiu
primeiramente como uma teoria ou método para ser aplicada ao ser humano, quando
este apresentava algum distúrbio ou alteração a nível mental, mas que também, poderia
desdobrar-se em uma anormalidade comportamental.
Esta
teoria nasceu com o propósito inicial de tentar explicar como se dava o funcionamento
da mente humana. Depois disso, ela partiu para novas descobertas para, então,
vir a se transformar num método ou técnica de tratamento dos diversos
transtornos e distúrbios mentais apresentados pelo ser humano à época.
Basicamente
a teoria psicanalítica buscou se fundamentar sustentada sobre dois pilares: 1º
- Que os processos psíquicos são em sua imensa maioria inconscientes e a consciência
não é mais do que uma fração de nossa vida psíquica total e; 2º - Que os processos
psíquicos inconscientes são dominados por nossas tendências sexuais.
Nesse
sentido, não há como se falar ou escrever sobre a psicanálise, sem inserir o
nome de seu criador e maior expoente – Sigmund Freud. Quando o assunto tratado se relaciona ao que
está registrado no segundo pilar, enfatizando a nossa tendência e inclinação para
a sexualidade, isso nos remete diretamente a ele, tendo em vista que em suas
pesquisas, Freud buscou explicar a vida humana, seja ela pessoal ou pública (em
sociedade), recorrendo ao aspecto sexual como primeiro plano e referência,
dando-lhe o nome de libido. Esta expressão traz o significado, como sendo uma
energia fundamental apresentada no ser vivo que se manifesta pela sexualidade,
ou seja, pelo seu desejo sexual (consciente ou inconsciente).
Com
isso, o pai da psicanálise designou que essa energia sexual seria apresentada de
forma mais geral e indeterminada. Ele descobriu que a libido, em suas primeiras
manifestações, ligava-se a outras funções vitais do ser humano; por exemplo: no
caso do bebê que mama, o ato de sugar o seio materno provoca outro prazer além
do de se obter o alimento, e esse prazer passa a ser buscado por si mesmo.
Pode-se dizer que, nesta fase humana, o bebê não vê ainda a sua mãe como objeto
de prazer, mas sim, os seus seios. Por isso, Freud afirmou que a boca do bebê é
uma zona erógena e considerou que o prazer provocado pelo ato de sugar é meramente
sexual.
Posto
isso, a psicanálise compreende as grandes manifestações da psique como um
conflito entre as tendências sexuais (ou libido) e as fórmulas morais e
limitações sociais impostas ao indivíduo. Esses conflitos geram os sonhos, que
seriam, segundo a interpretação freudiana, as expressões deformadas ou
simbólicas de desejos reprimidos. Eles geram também, os atos falhos ou lapsos,
distrações falsamente atribuídas ao acaso, mas que remetem ou revelam aqueles
mesmos desejos.
Existem
muitas especulações acerca da vida de Freud, mas um fato que pode ser
comprovado, diz respeito a seu estado de saúde. Afirma-se que ele sempre apresentou um quadro clínico de saúde
debilitado, mas entre os anos de 1938 e 1939, esse estado se agravou bastante. Um
câncer lhe alcançou a boca e a mandíbula, além dele sofrer muitas dores. Passou
por mais de 33 (trinta e três) cirurgias, na tentativa de conter a doença e
diminuir o seu sofrimento. Ele morreu no ano de 1939, na cidade de Londres.
Outra informação mais recente, e que inspirou o
escritor macedônio Goce Smilvski (A Tribuna, 05/01/2014), a escrever um romance
sobre a vida do psicanalista e suas irmãs, traz como pano de fundo que, quando
Freud se refugiou em Londres durante o auge do Império Nazista, ele teve a
possibilidade de fazer uma lista com nomes de pessoas para receberem vistos de
saída da Áustria juntamente com Ele.
Interessante que nesta relação, ele incluiu sua
mulher, os filhos, os netos, a cunhada, duas empregadas, o médico particular de
sua família e um cachorro de estimação. Entretanto, as irmãs do psicanalista,
Adolfine, Rosa, Pauline e Marie, foram esquecidas.
Conta ainda o autor dessa obra de ficção, que devido
à origem judia da família do psicanalista, suas irmãs acabaram sendo enviadas
para campos de concentrações nazistas, aonde vieram a morrer.
Se o enredo deste livro apresenta fatos reais, não
se sabe, ou trata-se apenas de mais uma ficção, talvez não consigamos afirmar
com exatidão, mas traz novos contornos sobre a vida deste renomado médico,
psicanalista e pesquisador.
2.
O PSIQUIATRA, O PSICÓLOGO E O PSICANALISTA.
Será que
existe diferença entre estas três categorias de profissionais que atuam na área
de saúde mental? A resposta para este questionamento estará sendo apresentada
nesta parte do trabalho. Toda a transcrição aqui apresentada estará fundamentada
numa entrevista concedida pelo médico psiquiatra e psicanalista Jorge Forbes, para
um canal da televisão brasileira, programa este intitulado de “Por Dentro da
Mídia”, tendo como patrocinador a instituição LFG (Luiz Flávio Gomes). Na época
da entrevista, ele era presidente do Instituto de Psicanálise Lacaniana.
Entretanto, outras fontes literárias e de pesquisas foram feitas, para dar
maior suporte ao tema proposto e trazer esclarecimento sobre o questionamento
inicial levantado.
Vale colocar
em relevo, que ainda existe muita dúvida sobre a atuação desses profissionais
pela população em geral. Talvez, segundo Forbes, ela se dê pelo fato de ambos
trabalharem com coisas diferentes, mas que estão focadas ou denominadas com o
mesmo título. Para contribuir com esta dúvida popular, muitas vezes, as pessoas
costumam denominá-la de psicoterapia. No entanto, se faz necessário, de forma
sucinta, apresentar as diferenças básicas existentes em suas atuações junto aos
seus pacientes.
2.1 Quem é o Médico
Psiquiatra?
Segundo Forbes, é uma
pessoa que fez o curso de medicina durante o período de seis anos e que depois
desse tempo, escolheu fazer uma especialização na área de psiquiatria, a
chamada residência médica[2]. Que, na
maioria dos casos, dura entre dois ou três anos. Tudo isso para se tornarem
médicos especialistas em Psiquiatria. Concluído o período de residência, são
registrados no Conselho Regional de Medicina,
que é o órgão regulamentador do exercício profissional.
Esse profissional terá
como função primordial, cuidar de pessoas que apresentem alterações psíquicas
que está afeta ou inserida no campo da medicina. Pelo principio geral da
medicina, existe um padrão de comportamento tido como normal que deve se
esperar de todo individuo. Quando uma pessoa apresenta um comportamento que se
afaste ou distancie deste padrão (avaliado como normal), o médico psiquiatra
poderá usar alguns recursos para tentar ajudá-los; entre eles: a prescrição
farmacológica (uso de medicamentos), o recurso físico (antigamente usava-se
banhos, choques etc.) ou o uso de psicoterápicos.
2.2 Quem é o Psicólogo?
É
uma pessoa que fez o curso de psicologia durante cinco anos e que durante esse
período, geralmente se identifica com uma das divisões apresentadas no
transcorrer do próprio curso, para atuar na sociedade. Dito em outras
palavras, ao se formar, o psicólogo precisa se registrar no Conselho
Regional de Psicologia da
região onde pretende trabalhar. Há taxas a pagar e cabe ao conselho
regulamentar e fiscalizador, o cumprimento do código de ética que regulamenta
essa profissão, entre uma série de outras atribuições muito relevantes.
Com o
número do CRP em mãos, o psicólogo pode exercer as atividades para as quais
tenha se preparado academicamente, ou seja, conforme a grade curricular e os
estágios realizados. Cada um pode estar de fato qualificado a trabalhar num
dado campo de atividade e não em outro. Entre
esses campos de trabalho, destacam-se alguns como sendo: psicologia do
trabalho, psicologia clínica, psicologia da educação, entre outras. Eles irão
atuar na tentativa de entender o comportamento apresentado pelos seres humanos
e, inclusive alguns, podem se interessar em querer entender o comportamento de animais.
2.3 Quem é o Psicanalista?
Esse profissional, segundo
Forbes, distancia-se dos outros anteriores (psiquiatra e psicólogo), haja vista
que ele compromete o paciente no seu sofrimento. Ele parte dum princípio
diferente da ética médica, colocando uma responsabilização da própria pessoa
com o seu sofrimento, isto é, o paciente só pode mudar o seu quadro de
sofrimento (inconsciente) apresentado ao psicanalista, caso ele se de conta
daquilo que ele mesmo está se queixando (consciente).
Nesse momento (na sessão
de análise), o analista tem que tentar fazer com que suas experiências de vida
(do paciente) ganhem mais sentido do que já tem. A psicanálise deve ampliar sua
potencialidade da vida, ela tem que levar o paciente a se sentir responsável
pela sua dor, mas também, pelas suas conquistas. Muito oportuno acrescentar
neste tópico, uma definição sobre a pessoa deste profissional, assinalada pela
psicanalista Cássia Rodrigues:
“Ser psicanalista não é ter uma profissão, é
ter o privilégio de possuir informações sobre as pessoas que nem mesmo elas
sabem ou conhecem”.
Para colaborar com a fala
de Rodrigues, Irisomar Fernandes (2013), apresentou em sala de aula, um
objetivo da psicanálise citando o Dr. Aloisio Barcelar (SPOB/RJ): “A
psicanálise pretende dar ao paciente, um conhecimento especial de si mesmo”. Fernandes
ainda acrescentou outro conceito sobre este tema, citando Elizabeth Roudinesco:
“A psicanálise é um tratamento baseado na
fala, em que o fato de verbalizar o sofrimento, de encontrar palavras para
expressá-lo, permite se não curá-lo, ao menos tomar consciência de sua origem
e, portanto, assumi-lo”.
Por fim, percebe-se na
definição de Roudinesco, que ela repete com outras palavras o que dissera
Forbes, ou seja, o paciente precisa verbalizar para o psicanalista quais são as
angustias que te atormentam, para que este profissional possa levá-lo ao
descobrimento das causas e, quem sabe, assim, curá-los.
Portanto, o papel do
psicanalista deve estar focado numa observação constante do paciente durante as
análises e na sua relação dialógica com o paciente, com o propósito de, pelo menos,
suavizar suas dores e sofrimentos, mas devendo mostra-lhe sua parcela de responsabilização.
CONCLUSÃO
Não resta dúvida de que as pesquisas e
teorias freudianas foram e são até os dias de hoje, de uma riqueza gigantesca
para compreendermos o processo de iniciação da aprendizagem humana como um
todo, principalmente sobre a sexualidade infantil e o nível de conhecimento adquirido
pelo homem no decorrer dos anos.
Como foi de vital importância conhecer
que muitas de nossas motivações são inconscientes e que a ocorrência do
desenvolvimento da sexualidade infantil pode, e geralmente se dá, de uma forma muito
espontânea e natural. Por isso, temos que dar maior relevância aos primeiros
anos de vida dessas crianças, para que possa haver melhor estruturação em sua
formação e de sua personalidade.
Freud descobriu a existência de um ser
muito complexo, bem como a descoberta de que este ser era dotado de um grande
conhecimento intelectual. Pode-se afirmar, que por meio de seus vários estudos
e pesquisas, que tanto a sexualidade como o processo de civilização humana é
algo que ocorre de forma natural, e que estará presente na vida de qualquer ser
humano.
Não podemos esquecer de que a “criança
não é um adulto em miniatura”; por isso precisamos rever nossos conceitos, valores e opiniões, e compreender que a
criança irá apresentar de forma natural e espontânea sua sexualidade, tudo isso
no decorrer de seu desenvolvimento social e familiar, pois estará confirmando
estar em plena fase de sua evolução motora, biológica, cognitiva e social.
REFERÊNCIAS
FERNANDES,
Irisomar. Introdução às práticas psicanalíticas. Material virtual
disponibilizado pelo professor da disciplina. CETAPES, 2013.
WIELENSKA,
Regina. Psiquiatra,
psicólogo, psicoterapia, psicanálise: qual o significado dessas palavras? Disponível em: http://www2.uol.com.br/vyaestelar/comportamento_psicoterapia.htm
SMILEVSKI,
Goce. Romance sobre Freud e suas irmãs. Matéria do Jornal A Tribuna:
Vitória, página 8, 2014.
[1] Licenciatura
plena em Educação Física; Bacharel em direito; Especialista em Direito Militar.
[2] Residência Médica. É uma modalidade de ensino de pós-graduação destinada a médicos, sob
a forma de curso de especialização. Os pós-graduandos
realizam atividades profissionais sob a orientação de médicos especialistas.
Procuramos neste simples artigo, apresentar as diferenças básicas entre o Psiquiatra, Psicólogo e o Psicanalista. O tema foi sugestivo, tendo em vista que era uma dúvida nossa, como também, acreditamos ser a de muitas pessoas da população.
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