Salmo 73
Introdução
Este
Salmo foi escrito por Asafe, que era um dos principais músicos do rei Davi. Pode-se
dizer, sem medo de errar, que Asafe atuava como um regente ou um ministro de
música perante a Arca do Senhor (e também, no Templo do Senhor).
1
Crônicas 16:5-7. Era
Asafe, o Chefe (Ministro), e Zacarias o segundo (Regente) depois dele; Jeiel e
Semiramote, e Jeiel, e Matitias, e Eliabe, e Benaia, e Obede-Edom, e Jeiel, com
alaúdes e com harpas; e Asafe se fazia ouvir com
címbalos. Também Benaia, e Jaaziel, os sacerdotes, continuamente tocavam
trombetas, perante a arca da aliança de Deus. Então naquele mesmo dia Davi, em
primeiro lugar, deu o seguinte salmo para que, pelo
ministério de Asafe e de seus irmãos, louvassem ao Senhor.
Ele
também foi autor e compositor dos Salmos 50 e 83 de nossa coletânea de hinos de
louvores a Deus. No Salmo 50, ele dá ênfase sobre a questão de Deus ter mais
prazer na obediência do que no ato de sacrificar. E, de forma específica, dos
versículos 16 ao 22, deixa uma exortação para as pessoas que se dizem cristãs,
mas que em suas condutas diárias portam-se como verdadeiros ímpios.
Salmo
50:16-17,22. Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em
recitar os meus estatutos, e em tomar a minha aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, e lanças as
minhas palavras para detrás de ti. (...). Ouvi, pois isto, vós que vos esqueceis
de Deus; para que eu vos não faça em pedaços.
Enquanto
que no Salmo 83, ele aborda acerca de uma conspiração formada por várias nações
- Edomitas, Ismaelitas, Moabitas, Agarenos, Amonitas, Amalequitas, entre outros;
com o propósito de destruírem o povo de Israel. Nesse sentido, ele suplica o
favor de Deus para que venha ao seu socorro.
Salmo
83:1,3,5. Ó Deus, não
estejas em silêncio, não te cales, nem te inquietes, ó Deus. (...). Tomaram
astuto conselho contra o teu povo, e consultaram contra os teus escondidos.
(...). Porque consultaram juntos e unânimes; eles se unem contra ti.
Interessante
que em outras narrativas Bíblicas, escritas por outros autores inspirados por
Deus, houve também, o pedido de súplica para que o Senhor viesse a socorrê-los,
haja vista que sofriam grande opressão de povos ímpios (pagãos). Entre eles, destaca-se o caso do Profeta
Habacuque.
Habacuque
1:2-3. Até quando
Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritarei: Violência! E não
salvarás? Por que razão me fazes ver a iniquidade e ver a vexação[1]?
Porque a destruição e a violência estão diante de mim; há também quem suscite a
contenda e o litígio.
O
texto acima, diferentemente do contexto escrito por Asafe (Salmo 83), apresenta
um diálogo entre o profeta e Deus. Habacuque queria saber por que Deus não
fazia algo a respeito da iniquidade que predominava na cidade de Judá. A resposta dada por Deus, não agradou o
profeta, deixando-o ainda mais confuso, pois viria juízo sobre Judá por meio
dos Babilônicos. E, sem entender, ele continua a questionar Deus: “Por que
castigar seu povo, usando uma nação mais ímpia do que ele” (Habacuque 1:4).
No transcorrer da narrativa deste
livro, Deus continua a dialogar com o profeta. Depois de muita conversa, Ele o
faz entender o motivo pelo qual tudo aquilo estava acontecendo contra seu
próprio povo (Judá).
Desenvolvimento
No Salmo 73, ao qual nos deteremos a
partir de agora, Asafe suplica o favor de Deus, por estar desanimado de sua
caminhada com o Senhor, por testemunhar a felicidade e a prosperidade dos povos
ímpios, enquanto ele e o povo de Deus sofriam cada vez mais.
Verso 1: Verdadeiramente bom é
Deus para com Israel (...).
Ele
inicia este Salmo, com uma afirmação conclusiva de que “bom é Deus para com
Israel” (seu povo), mas também “para os limpos de coração”. O Salmo 24, escrito
por Davi, descreve quem é digno de adentrar no Santuário do Altíssimo.
Salmo
24:3-4. Quem subirá
ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de
mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura
enganosamente.
De
acordo com esta afirmativa de Asafe, pode-se inferir que o nosso Deus não é somente
“Amor”, como é pregado comumente nos púlpitos das igrejas. Ele também é “Juiz e
fogo consumidor”. Logo, a sua benignidade é voltada para as pessoas que buscam
ter pureza no coração e procuram ardentemente cumprir a sua Lei (Mandamentos).
Verso
2: Quanto a mim, os meus pés quase que se
desviaram, pouco faltou para que escorregassem os meus passos.
Neste versículo, ele declara abertamente que não
estava concordando com a situação em que estava vivendo e que se encontrava tentado
a desviar-se dos caminhos do Senhor. Ele tinha total conhecimento de que Deus é
soberano e justo, mas não conseguia entender porque os ímpios continuavam a
prosperar, enquanto ele e seu povo padeciam grande sofrimento. Ele parecia
estar angustiado e indignado com aquela situação.
Salmo
37:1. Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas
inveja dos que praticam a iniquidade.
(...)
Provérbios
3:31. Não tenhas
inveja do homem violento, nem escolhas nenhum dos seus caminhos.
Pode ser observado que estava
brotando em seu coração, um sentimento maligno de inveja. Será que você, em
algum momento de sua vida, também já não alimentou (ou ainda alimenta) esse
sentimento?
E o que é a Inveja? É um
sentimento que reúne desgosto (aborrecimento) e ódio (raiva ou rancor) ao mesmo
tempo, provocado pela prosperidade ou a felicidade de outra pessoa; neste caso,
os ímpios (pagãos).
Provérbios 23:17. O teu coração não inveje os pecadores; antes permanece
no temor do Senhor todo dia.
(...)
Provérbio
24:1. Não tenhas
inveja dos homens malignos, nem desejes estar com eles.
No
entanto, esse sentimento tem um grande agravante: o invejoso além de desejar o
bem do próximo (sua riqueza ou seu sucesso), quer também, que ele não o possua,
isto é, que ele não prospere e venha a fracassar.
Veja
o caso do filho mais velho, da narrativa sobre o Filho Pródigo, descrita no
Livro do Evangelista Lucas, em seu capitulo 15, dos versos 25-32. Ele deveria
estar muito contente, ao saber que seu irmão não havia morrido e que estava de
volta a sua casa, mas não. Cresceu em seu coração uma grande indignação contra
a atitude de seu pai.
Lucas
15:28-29. Mas ele se
indignou, e não queria entrar. E saindo o seu pai, rogava-lhe que entrasse com
ele. Mas, respondendo ele disse ao pai: Eis que te sirvo a tantos anos, sem
nunca transgredir o teu mandamento e
nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos.
Pode
ser que você (e eu), em alguns momentos de sua vida, tenha adotado o mesmo tipo
de comportamento desse rapaz, achando-se injustiçado por não ter tido o mesmo
tratamento que foi dispensado à outra pessoa (leia também a narrativa sobre Caim
e Abel).
Verso
3: Pois eu tinha inveja dos néscios
(ignorantes), quando via a prosperidade dos ímpios.
Até então, Asafe e o restante do
povo de Deus, (hebreus, judeus ou israelitas) só conseguiam enxergar as coisas
que estavam patentes diante de seus olhos, isto é, não tinham um olhar para o
porvir.
Eles
se esqueceram de que todo o controle está nas mãos de Deus. E que os seus planos
são bem maiores e diferentes do que o nosso entendimento pode alcançar.
Verso
5:
Não se acham em trabalhos como outros homens, nem são afligidos como os outros
homens.
“Não se acham em trabalhos”. Fica visível neste versículo, a
comparação que o salmista faz em relação aos ímpios. Enquanto o povo de Deus se
mata de trabalhar honestamente, para ganhar o pão de cada dia, com o suor de
seu rosto. Eles não se esforçam tanto, mas mesmo assim, conseguem obter grandes
posses.
“Nem são afligidos (...)”. Embora pudessem surgir grandes
adversidades, eles parecem que não eram atingidos. Em nossos dias não é muito
diferente. Estamos vivendo um momento de crise politica e econômica, mas os
ímpios continuam com suas noitadas, regados de bebidas alcoólicas, trocando de
carro a cada dois anos (ou menos) e em suas viagens com a família. Vivem como
se nada tivesse mudado.
Verso 8:
São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente.
O povo de Deus se corrompeu ao se
deixar levar pelos atrativos do mundo. Neste caso, eles estavam declarando abertamente
a sua rebeldia contra o próprio Deus. Hoje não é diferente, as pessoas cometem
o mesmo pecado.
Elas
estão se apegando as suas realizações acadêmicas e profissionais, por meio da
aquisição de bens materiais e de uma entrega total aos prazeres sexuais
mundanos. Na verdade, eles estão buscando uma realização baseada na doutrina
filosófica do Hedonismo, isto é, que faz do prazer o objetivo maior da vida.
Verso 13: Na
verdade que em vão tenho purificado o meu coração; e lavei as minhas mãos na
inocência.
O povo judeu, ou grande parte dele, acreditavam
que a adoração externa seria suficiente para se merecer a benção de Deus, mas
estavam redondamente enganados. Por isso alegavam que não valia a pena
servi-lo. Eles não conseguiam entender que o seu coração não era reto diante do
Senhor.
Malaquias
3:14-15. Vós tendes
dito: Inútil é servir a Deus; que nos aproveita termos cuidado em guardar os
seus preceitos, e em andar de luto diante do Senhor dos Exércitos? Ora, pois,
nós reputamos por bem-aventurados os soberbos; também os que cometem impiedade
são edificados; sim, eles tentam a Deus, e escapam.
Parece
que nesta fala de Asafe, além de concordar com o texto acima (de Malaquias),
ele demonstra tristeza e descontentamento, por entender que está perdendo tempo
em ficar se purificando (abster-se de muitas coisas), para não se contaminar
com as coisas do mundo, enquanto os ímpios se esbaldam e, mesmo assim,
prosperam (escapam do juízo de Deus).
Verso 14:
Pois todo o dia tenho sido afligido, e castigado cada manhã.
As provações pelas quais ele estava
passando, estavam minando suas forças, demonstrando em sua argumentação, estar
bastante desanimado. Ele parece não ter conhecido o que foi escrito por Davi no
Salmo 30:5. “Porque a sua ira dura
só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite, mas a
alegria vem pela manhã”.
Versos 16: Quando pensava em
entender isto, foi para mim muito doloroso.
Até aqui, estava sendo muito difícil
entrar no coração e na mente de Asafe quais eram os propósitos de Deus para o
seu povo, sendo que a cada dia aumentava o seu sofrimento e as suas provações.
Mas, enfim, Deus revela a ele qual será o fim dos ímpios.
Verso 17: Até
que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles.
Neste
ponto, com o transcorrer do dialogo, começa haver uma maior intimidade entre o
Salmista e Deus, ao ponto dele entrar no Santuário do Senhor (uma referência
similar ao sumo Sacerdote, que entrava uma vez por ano para apresentar o pecado
do povo e o seu).
Com
isso, Deus mostra para ele, qual seria o fim (e continua sendo até hoje)
daquelas pessoas que viviam regaladamente e não se preocupavam em obedecer a
Lei do Senhor: “Pois eis que os que se alongam de ti, perecerão; tu tens
destruído todos aqueles que se desviam de ti” (verso 27).
Verso 28:
Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor Deus,
para anunciar todas as suas obras.
Agora ele entendeu que não
precisamos nos preocupar e nem se importar com a prosperidade dos ímpios, haja
vista que a nossa prosperidade e riqueza é celestial, isto é, o nosso maior tesouro
e vida é Cristo Jesus.
Nesta vida temos muitos problemas,
mas tanto o Salmista quanto Nós, temos que entender que nossa intimidade com o
Senhor é o nosso maior bem e patrimônio. O Deus conosco estará nos guiando por
Sua Palavra e Seu Espírito, sustentando-nos com o Seu Poder e Glória.
.
Conclusão
Mesmo
que inicialmente não venhamos a entender o que está acontecendo conosco, devido
as provações pelas quais estamos passando, que possamos dialogar com nosso
Senhor Deus diariamente, para que Ele possa nos revelar quais são seus planos
em relação a condução de nossas vidas.
Se
assim procedermos, naquele dia Ele nos receberá na Glória Celestial. E, assim,
quem sabe poderemos dizer igual ao Apóstolo Paulo: “Porque para mim o viver é
Cristo, e o morrer é ganho” (Filipenses
1:21).
EDUARDO VERONESE
DA SILVA
Membro e Obreiro da AD Ministério IX Marcas
Campo Grande, Cariacica/ES.
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