WASHER,
Paul. São José dos Campos,
São Paulo: Fiel, 2015.
Cap. 15. Reducionismo do Evangelho.
Tiago 2:19. Crês, tu, que Deus
é um só? Fazes bem. Até os demônios creem e tremem!
(..),
desde os reformadores até o presente, existe um grande contraste entre o
Evangelho do Cristianismo contemporâneo e o dos nossos antepassados. Ele não se
restringe as comunidades liberais que negam os principais dogmas da ortodoxia,
mas se encontram até mesmo nas igrejas evangélicas mais conservadoras. Temos
tomado o “glorioso evangelho do Deus bendito” e o reduzido a um credo raso. Qualquer
pessoa que professe esse credo é declarado nascido de novo e totalmente
cristão.
(1 Timóteo 1:11).
15:1 Respostas
Certas e Perguntas Erradas. De Tiago aprendemos que nossa confissão pública
de fé em Cristo e nossa aquiescencia verbal a declarações doutrinárias
imaculadas não são evidência conclusiva de salvação. Os demônios creem em toda
espécie de coisas sobre Deus e as Escrituras relatam uma correta declaração
publica a respeito de Cristo feita por eles: “Também os espíritos imundos,
quando o viam, prostaram-se diante dele e exclamavam: Tu és o Filho de Deus”
(Marcos 3:11).
Contudo, esses demônios não foram redimidos. Embora
cressem em grandes verdades, demonstrando discernimento de grandes doutrinas e
professando grandes coisas, mas eram ainda espíritos demoníacos propensos para
o mal, opositores da justiça e inimigos de Deus. (...). O que Tiago combatia há
quase dois mil anos continua vivo e ativo no cristianismo contemporâneo.
Os judeus tinham reduzido a antiga fé de Israel a uma
pública profissão de fé no monoteísmo. Uma apresentação moderna do evangelho
frequentemente começa com uma pergunta: Você sabe que é pecador? Se a resposta
for afirmativa, a segunda pergunta é: Você quer ir para o céu? Se a pessoa der
a resposta como positiva, é encorajada a fazer uma oração, pedindo que Jesus
entre em seu coração. Se ela ora e é convencida de sua sinceridade, é-lhe
assegurado de sua salvação e concedida boas vindas à família de Deus.
Neste capítulo, olharemos mais do perto esse método
popular de evangelismo e descobriremos que ele não somente é inadequado, como
também extremamente perigoso. Milhões de pessoas se assentam nos bancos das
igrejas, não convertidos, mas assegurados de sua salvação porque algum tempo
deram respostas certas a perguntas erradas.
15:2 Você é
Pecador? Como pode a pessoa sem conhecer as Escrituras e a obra do
Espírito, sequer entender quando lhe fazem esta pergunta? Se ela diz que sim, o
que isso quer dizer? O que aprendemos a respeito dela? Quando uma pessoa
concorda que é pecadora, isso significas muito pouco. O diabo nos diria que ele
é grande pecador, mas sua profissão não o levaria mais perto de Deus nem
provaria que Deus estivesse operando em seu coração. Podemos dizer o mesmo em
relação ao homem.
Portanto,
a pergunta correta seria se ela sabe se Deus tem operado no seu coração através
da pregação do evangelho, para que sua visão e disposição quanto ao pecado
mude. Se ele já começou a ver o pecado como Deus o vê e de maneira como as
Escrituras descrevem? Se ela anseia em ser perdoada, liberta e purificada? Uma
coisa é a pessoa dizer que é pecadora ou até mesmo protestar contra o pecado, outra
bem diferente é ela odiar seu pecado e se envergonhar dele. (...), a prova de
que Deus realizou a obra da salvação no coração de uma pessoa, não é uma
simples declaração pública sobre o fato de ser pecador, mas por uma
transformação interior do coração em relação ao pecado.
O
Peregrino de Bunyan nos oferece excelente exemplo acerca desta diferença entre
a pessoa que reconhece ser pecadora e aquela cuja disposição virou contra o seu
pecado. Ela é evidenciada por um diálogo entre o personagem o Verdadeiro Crente
Fiel e o Falso convertido Tagarela.
Tagarela:
Perceboque nossa conversa deve versar sobre o poder das coisas. Bom, eis aí uma
pergunta muito boa, e certamente é de bom grado que a respondo. E aqui vai a
minha resposta, em breves palavras: Primeiro, se a graça de Deus está no
coração, lá ela provoca um grande clamor contra o pecado. Em segundo lugar...
Fiel: Espere, por favor;
ponderemos um argumento por vez. Acho que seria melhor dizer que ela se revela,
inclinando a alma a detestar o pecado.
Tagarela:
Ora, que diferença há entre clamar contra e detestar o pecado?
Fiel: Ah, existe uma
grande diferença. O homem pode clamar contra o pecado ou a astúcia, mas não
pode detestá-lo, senão em face de uma piedosa antipatia diante dele.
O pobre Tagarela sabia todas as coisas certas a dizer,
mas nada disso era realidade em seu coração. Sabia ser correto a pessoa
reconhecer o pecado em sua vida e, até mesmo, falar contra ele, mas em seu
coração não havia verdadeiro ódio ao pecado nem vergonha por sua participação
nele. Diante deste breve diálogo, temos de exaurir todo o recurso das
Escrituras até que as pessoas obtenham entendimento bíblico sobre o pecado,
compreendam algo de sua própria pecaminosidade e mostrem evidência de uma nova
disposição diante disso.
15:3 Você Quer ir
para o Céu? Como vimos no tópico anterior, após responder positivamente a
primeira pergunta sobre seu pecado, a pessoa é confrontada logo em seguida com
esta segunda pergunta. Será que a resposta dessa segunda pergunta nos dirá
qualquer coisa a respeito da verdadeira condição de seu coração? Se uma pessoa
escolhesse simplesmente o inferno em vez de céu, significaria uma de duas
coisas: ou ela não entende os terrores do inferno ou ela é lunática. No
entanto, se ela declara sua preferência pelo céu, isso prova que Deus está
operando, que existe arrependimento ou que ela possui fé salvadora?
As pessoas podem desejar o céu por um número quase
infinito de razões, a maioria das quais egoistas.
Primeiro, podem desejá-lo por amor ao céu.
(...). Todas as pessoas querem um mundo perfeito onde tudo é lindo, não existe
medo, a morte foi vencida e todos os sonhos se realizam. Porém, será que tal
desejo indica a obra da conversão no coração da pessoa? Um desejo pelo céu
apenas “por amor ao céu” não significa nada.
Segundo, as
pessoas podem desjar o céu porque a única outra alternativa seria o inferno. Se
o desejo pelo céu nasceu do medo do inferno, não diz nada a respeito de ter
havido mudança operada por Deus no coração do homem. Embora o medo do inferno seja uma motivação
bíblica para a salvação, jamais pode ser motivação exclusiva ou primária. Jesus
disse as pessoas que temessem aquele que é capaz de destruir o corpo e a alma
no inferno. Até no livro o Peregrino, o personagem Cristão fugiu para a Cidade
Celestial porque viu que a destruição estava vindo a sua habitação presente. Na
verdadeira conversão, as pessoas não fogem simplesmente de algo que temem, mas
fogem para algo que desejam: o reino e sua justiça (Mateus 6:33).
Terceiro, as
pessoas podem desejar o céu sem Deus. Muitas pessoas querem o céu, mas
discordam quanto a este deve ser e quanto ao seu governo. Muitos acreditam que
o céu é lugar onde todo mundo consegue exatamente aquilo que quer. (...). Temos
de reconhecer que quando a grande maioria afirma o desejo do céu, na verdade
não estão pensando em um lugar onde Deus é o epicentro de todo pensamento,
prazer e adoração. Na verdade, todos os homens querem ir ao céu, mas não aquele
descrito nas Escrituras. Portanto, a pergunta não é se a pessoa quer ir ao céu,
mas se ela deseja realmente a Deus. Como Jesus declarou: “E a vida eterna é
esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, a Jesus Cristo, a quem
enviaste” (João 17:3).
15:4 Você Quer Orar? Após responder positivamente as duas
perguntas anteriores; a pessoa é confrontada com a terceira e última pergunta:
Quer fazer uma oração convidando Jesus para entrar em seu coração? Caso ele
hesite em fazer ela mesma essa oração, é levada a repetir a oração do pecador,
muitas vezes encontrada na conclusão dos folhetos evangelísticos. Após isso,
é-lhe dito que Deus o salvou e que Jesus entrou em seu coração. A pergunta a
ser feita é: existe precedente bíblico para esse método que é usado pelo
evangelismo contemporãneo?
As Escrituras ensinam que os homens precisam receber a
Cristo como Salvador e senhor, mas erra quem acha que essa exigência bíblica é
cumprida apenas por alguém tomar uma decisão por Cristo ou fazer a oração do
pecador, especialmente porque Cristo e seus Apóstolos nunca fizeram um convite
assim. O método usado por Jesus para convidar as pessoas a serem salvas era bem
diferente, conforme registrado no livro de Marcos 1:14-15: “O tempo está
cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”.
Podendo
ser visto também no livro de Atos dos Apóstolos: “Jamais deixando de vos
anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-lo ensinar publicamente e também de
casa em casa, testificando tanto a judeus como a gregos o arrependimento para
com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Em nenhum lugar da Escritura
vemos Cristo, os apóstolos ou qualquer outro cristão, conclamando as pessoas a
repetir uma oração do pecador ou a abrir seu coração pedindo que Jesus entre
nele. Em vez disso, vemos repetidas vezes um chamado ao arrependimento e fé
autêntica em Jesus Cristo (Atos 20:20-21).
A
grande questão não é se a pessoa quer fazer uma oração, mas se Deus operou de
tal forma em seu coração, mediante a pregação do evangelho, que ele agora se
arrepende do pecado e crê em Jesus Cristo para a salvação de sua alma. O novo
convertido tem de saber que a salvação não é uma vacina que se toma uma única
vez e que não requer mais atenção. Se realmente ela se arrependeu para a
salvação, continuará se arrependendo e crescendo em arrependimento cada vez
mais profundo durante toda sua vida.
15:5 Perguntas Erradas e Confiança Mal
Colocada. Embora a
Escritura ensine que existam falsas profissões de fé, mesmo sob a melhor
pregação, o grande número de cristãos que continuam sendo carnais, ainda que professem
crer é absolutamente esmagador. Qual seria a razão desse mal?
Temos
de reconhecer que estamos colhendo um evangelho superficial,pois, como vimos,
isso tem ocorrido em consequencia dos metodos contemporâneos que estão sendo
adotados pelas igrejas ditas evangélicas. O resultado é que a maioria dos que
levantam as mãos, vão lá na frente e fazem decisões e repetem a oração do
pecador, na verdade, nunca se converteram realmente. Apenas deram as respostas
certas a todas as perguntas erradas e foi-lhes dada falsa segurança pelos
mordomos (pastores e ministros) do evangelho que deviam saber agir de maneira
diferente (Mateus 13:3-23).
Temos
de adverti-los de que as pessoas nao são salvas apenas por tomar uma decisão e
fazer uma oração, mas por olhar para Cristo. Não podemos esquecer de que o
mesmo Deus que salva é, também, o mesmo Deus que que Santifica. A evidência de
uma conversão passada deve estar na continuidade da obra desta conversão também
no presente. Portanto, se esta sua decisão passada nao continua a impactar sua
vida presente, é bem possível que essa sua esperança é vã!
Cap.
16 A Porta Estreita.
Mateus 7:13-14. Entrai pela porta
estreita; porque larga á a porta, e espaçoso o caminho que conduz a perdição, e
muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o
caminho que leva á vida, e poucos há que a encontrem.
No
Sermão do Monte se encontram alguns dos mais belos ensinos de Cristo. É um
sermão singular, de maior peso do que qualquer um de nós poderia jamais
compreender em todo o tempo de vida cristã. (...). Ele é marcado de uma
conclusão propícia – uma advertência clara, sem rodeios, sobre a seriedade das
palavras de Cristo e suas implicações eternas.
Nos
textos que se seguem em Mateus 7, somos confrontados com uma série de
contrastes. Descobrimos que há duas portas e dois caminhos: um conduz à vida e
o outro à destruição. Vemos dois tipos de pregadores: o que alimenta as ovelhas
e o outro que as destrói. Chegamos a dois tipos de árvores: a árvore boa que
produz bons frutos e recebe a poda, e a árvore má, que produz maus frutos e é
cortada e lançada no fogo. E,
finalmente, encontramos dois construtores: um que edifica sua casa sobre a
rocha e é salvo do dilúvio da ira de Deus, e o outro que a constrói sobre a
areia e é engolfado (aprofundado) por juízo final e irrevogável (Mateus
7:15-27).
16:1 Cristo é a Porta. O texto começa com a solene e firme
exortação: “Entrai pela porta estreita”. Nesta ordem há somente quatro palavras, ma não
podemos fingir que não as ouvimos, nem atrasar a escolha ou relegá-la à
autoridade de outra pessoa. Com grande determinação, temos de escolher entre
vida e morte, céu ou inferno, Cristo e toda suposta porta de retorno a Deus.
Temos
de tomar uma decisão. A quem escutaremos? Em quem creremos? Novamente, as
palavras de Deus Pai ressoam em nossos ouvidos: “A ele ouvireis!” Se há uma
verdade inegável em todo o Novo Testamento é que Jesus Crsito de Nazaré é “o
caminho, e a verdade, e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6;
Mateus 7:5; 1 Timóteo 2:5; Atos 4:12).
Esta
é a grande verdade e o escândalo de Cristo e do Cristianismo. Jesus de Nazaré
está de pé diante do mundo e clama: “Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há
Salvador”. Para ser cristão, temos de nos firmar neste ponto: nem a pessoa de
Cristo nem os seus ensinos permitem concessões ou comprometimentos”. Se
ansiamos pela aprovação do mundo, teremos de perder a aprovação de Cristo. Se
procurarmos ganhar a vida nesta era (terra), teremos de abrir mão dela na
próxima (Isaias 43:11; Mateus 10:33,39; 2 Timóteo 2:12).
Ainda
que o mundo inteiro ruja contra esta verdade, o decreto de Deus permanece
inalterado. Deus declarou a filiação de Cristo por palavra e poder. Ele o
firmou como Salvador e rei em Sião, e lhe deus as nações como herança e os
confins da terra como sua possessão (Salmo 2:6-8; Mateus 3:17; Romanos 1:4).
Como
os santos fiéis que vieram antes de nós, não podemos submeter nossa proclamação
ao conselho de uma cultura sem Deus. Temos de nos firmar sobra a Escritura.
Temos de estar de pé por Cristo. Não podemos retratar e nao o faremos[1].
Diminuir a Supremacia de Cristo seria negá-lo.
16:2 Uma Entrada Intensa. Cristo é a porta estreita e única
que conduz a salvação, e temos de considerar nossa resposta a esta verdade. Somos
ordenados a entrar por ele. O verbo grego “eisérchomai”
denota o ato de entrar em alguma coisa. A ideia é que os ouvintes devem tomar
uma decisão ou agir de modo decisivo em resposta ao ensino de Cristo. Ele é o
Senhor encarnado, que exige ser ouvido e obedecido.
Há
somente uma porta que conduz a salvação, e ela se abriu para a humanidade por
tempo limitado. Portanto, as pessoas são advertidas a entrar com maior senso de
urgência e diligência. Esse senso de urgência e diligência torna-se ainda mais
visivel à luz de semelhante admoestação dada por Jesus, quando alguém lhe
perguntou: “Senhor, são poucos os que são salvos” (Lucas 13:22).
Jesus
respondeu com uma pergunta indireta, mas inegável: “Esforçai-vos por entrar
pela porta estreita, pois eu digo que muitos procurarão entrar e nao poderão”
(Lucas 13:24). A palavra esforçar é traduzida do verbo grego “agonízomai” que significa lutar por, brigar,
laborar com fervor ou empenhar-se a fazer algo com zelo vigoroso (agonizar).
Um
termo correlato é agonia, empregado para descrever a luta de Cristo no Jardim
do Getesêmane. Daí, podemos concluir corretamente que entrar pela porta
estreita, que é Cristo, não será nada fácil. Embora entremos por meio do
arrependimento e fé, será uma luta e envolverá grande esforço. Jesus não
somente nos admoesta a entrar com grande empenho como também avisa que “muitos
procurarão entrar e não poderão”.
Esta
é importante verdade que, muitas vezes, tem sido mal entendida (ou mal ensinada por alguns pastores e ministros,
acréscimo nosso). Jesus explica que embora muitos desejem as promessas e
benefícios do reino, serão impedidos de atender ao chamado para a salvação devido
a sua apatia, dureza de coração, desejo de autopreservação e amor pelo mundo.
John
MacArthur assimila algo do significado das palavras de Cristo ao
escrever:
Cristo não sugere que
qualquer um mereceria o céu se esforçando por isso. Não importa o quanto se
esforcem, os pecadores jamais poderiam se salvar. A salvação é somente pela
graça, não por obras. Mas entrar pela porta estreita é dificil, porque custa
muito em termos de orgulho humano, devido ao amor natural do pecadro pelo
pecado e devido a oposição do mundo e de satanás a verdade.
A
ideia propagada por muitos pastores e ministros de que seja fácil ser salvo é
totalmente estranha ás Escrituras e aos Teólogos e Ministros das igrejas mais
respeitadas. “(...) o método empregado por certos avivalistas autointitulados,
que falam como se ser salvo fosse uma das coisas mais fáceis de se conseguir
neste mundo. Jesus, pelo contrário, apresenta a entrada no reino como sendo,
por um lado, muito desejável, no entanto, por outro lado, nada fácil. A porta é estreita. Tem de ser
encontrada. E a entrada a qual está ligada é muito “restrita” (William Hendriksen, 1973).
Portanto,
não é facil obter a salvação, como também absolutamente impossível fora do
poder de Deus. Assim disse Jesus Cristo: “É, outra vez vos digo que é mais
fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino
de Deus” (Mateus 19:24; Marcos 10:25; Lucas 18:25).
Jesus
não está ensinando que seu reino pertence somente aos fortes; mas, de fato, ele
ensina exatamente o contrário. A urgência, sinceridade e força pela qual as
pessoas entram no reino é resultado de uma dupla obra do Espírito de Deus. Na
primeira, o Espírito de Deus desperta a pessoa à sua total
incapacidade de salvar a si mesmo, criando assim um forte desespero por obter
somente aquele que o poderá salvar: Jesus Cristo. Na segunda obra, o Espírito de Deus regenera o coração e a mente da
pessoa para que ela veja a Cristo como sobremodo precioso, além de todas as
demais coisas, criando nele um fortíssimo empenho por ter Cristo acima de tudo
o mais. Ele precisa de Cristo e somente Cristo! Sendo assim, nossa força vem do
desespero, e o nosso desespero da necessidade e carência dele (João 6:68).
16:3 Cortar o Caminho para Entrar. Precisamos considerar que existem
inimigos formidaveis e obstáculos atemorizantes entre o pecador que foi
despertado e a porta estreita pela qual ele terá de passar. Com esta
admoestação “Esforçai-vos para entrar pela porta estreita”, Cristo quer dizer
as pessoas que querem ser salvas a se esforçarem por entrar, com todo o
empenho, pela porta estreita (Mateus 11:12; Lucas 13:24).
São
inumeráveis os obstáculos que querem nos impedir de alcançar á salvação, mais
iremos considerar alguns mais comuns:
1 – Os que querem vir a Cristo têm de lutar contra o
grande veneno à salvação que é: sua Autojustiça. Ela só será concedida aos que
reconhecem sua total destituição de mérito salvador e total incapacidade de
obter uma posição de retidão diante de Deus.
2 – Os que vem a Cristo tem de lutar contra o desejo de Autonomia.
A Escritura desconhece uma salvação que não confesse a Jesus Cristo como
Senhor. Nem reconhece uma confissão genuina que não seja provada em nova e
progressiva submissão á vontade de Deus (Romanos 10:9; Mateus 7:21; Lucas
14:26-27).
3 – Os que vem a Cristo tem de lutar contra o desejo de se
agarrar a certos pecados mais amados. A águia que almeja o grande
peixe, embora nao consiga erguê-lo, e por nao querer largá-lo, se afoga nas
profundezas do lago, assim é o pecador que se afogará no inferno devido ao
pecado que não quer renunciar! Um bom exemplo está registrado no livro de
Mateus que versa sobre um jovem rico, sincero em sua religião e de moral
exagerada, que desejava honestamente a vida eterna, mas o Senhor, viu que ele
desejava uma coisa mais do que a salvação da alma: suas posses e riquezas
(Mateus 19:16-24).
4 – Os que vem a Cristo tem que lutar conta o engodo deste mundo.
A grande massa da humanidade caída, com suas ideias, atitudes e feitos, exerce
enorme influência sobre aquele que procura a salvação. Ele tem de nadar contra
a correnteza, enquanto os que vagueiam em direção oposta estendem a mão para
puxá-lo de volta. Os que procuram a salvação pela fé em Cristo tem de cortar o
caminho em meio a enganosas tentações e coações da era presente. Tem de quebrar
a aliança com o mundo se quiser agarrar-se a Cristo, pois as duas coisas são
mutuamente exclusivas e grandemente opostas (Tiago 4:4; Marcos 8:36).
5 – Os que vem a C risto
precisam lutar contra
as mentiras do inimigo – o diabo. Ele foi assassino desde o
princípio e o número de seus mortos aumenta todo dia. Ele é mentiroso e pai da
mentira, e acusador de Deus e de qualquer que queira reconciliação com Ele. As
sua setas respingam veneno e são incendiadas pelo fogo do inferno (Genesis
3:1,4-5; João 8:44; Apocalipse 12:10).
Vencer
esta violenta oposição requer a graça de Deus, a Palavra de Deus e muita oração
e jejum (acréscimo nosso), e uma santa impetuosidade para forçar a entrada e
perpassar (2 Timóteo 2:25-26; 1 João 2:14).
6 e última - Aqueles que vem a Cristo precisam lutar contra
a tentação de
desistir devido as dificuldades do evangelho. Algumas pessoas ouvem
o evangelho e o entendem quase que imediatamente. Porém, outras encontram
caminho mais dificil. Ouvem e são atraídos a ele com grande sinceridade. No
entanto, lutam para entendê-lo e são desconcertados por suas demandas.
O
Evangelista (...) tem de encorajá-los a estudar com atenção as promessas e
buscar a Deus em oração, até que Cristo abra sua mente para entender as
Escrituras. (...), algumas pessoas tratam a salvação de modo superficial e
vivem a vida inteira com uma falsa segurança, que acabará resultando na sua
condenação final. Simplesmente continuam em sua religião evangélica, com pouca
preocupação com a eternidade e a piedade, e são cegos para com sua necessidade
de examinar a si mesmas para ver se estão na fé (Lucas 24:45; Hebreus 3:18-19; 4;10-11;
2 Coríntios 13:5).
Cap.
17 O Caminho Estreito.
Mateus 7:13-14. Entrai pela porta
estreita; porque larga á a porta, e espaçoso o caminho que conduz a perdição, e
muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o
caminho que leva á vida, e poucos há que a encontrem.
Este texto não descreve somente uma
porta como também, um caminho, sendo que ambos são pequenos e estreitos. Com
isso, entendemos que a conversão não é definida meramente por um portão pelo
qual a pessoa passa, mas também pelo modo como ela anda. Pela graça de Deus, a
maior parte do mundo evangélico continua se atendo á verdade de que Jesus é o
único salvador e mediador entre Deus e os Homens (João 14:6; Atos 4:12; 1
Timóteo 2:5).
Louvamos também a Deus porque a
maioria permanece firme nas doutrinas de sola gratia (somente pela graça) e sola fide
(somente pela fé), de acordo com Efésios 2:9. Há muita preocupação sobre como
entrar no reino, mas pouco é dito sobre as evidências que provam que a pessoa já tenha entrado, ou seja, passado
pela porta estreita (acréscimo nósso). A evidência de nossa justificação está
em nossa contínua santificação. A porta estreita e o caminho estreito são
inseparáveis.
17:1
O Caminho Estreito Definido. A palavra caminho é traduzida do vocábulo
grego “hodós”
que significa literalmente, uma estrada natural ou bem viajada.
Metaforicamente, se refere a um estilo de vida, um curso de conduta ou um modo
de pensar. Assim, descobrimos que a fé cristã é mais do que uma decisão passada
de aceitar a Cristo. É uma fé que perdura e altera o curso da vida da pessoa.
A
palavra estreito vem do idioma grego “Thlíbo”, que quer dizer pressionar
ou esmagar, como um funcionário faz numa vinha ao apertar as uvas (...). Na voz
passiva, essa palavra significa experimentar problema, dificuldade ou aflição.
Quando combinada com hodós, refere-se
a um caminho comprimido ou estreitado.
17.1.1
Um Caminho Definido pela Vontade de Deus. Os que passam pela porta estreita
andarão no caminho estreito, mas não andarão sem rumo, nem serão livres para
andar a esmo na feira das vaidades e nos campos da matança deste mundo. A noção
de um caminho marcado por Deus para a conduta de seu povo é tema comum em todas
as Escrituras do Antigo Testamento. Ele é referido como o “caminho do Senhor, o
caminho dos justos ou o caminho da retidão” (Gênesis 18:19; Juizes 2:22; Salmo
1:6; Provérvios 8:20; Isaías 26:7).
No Salmo 23, Davi se gloriou na
verdade de que Deus os dirigia nos caminhos da justiça. A palavra camimho é
traduzida do idioma hebraico “ma’gal”, que denota uma trincheira ou uma
depressão no chão longa, profunda e estreita. O livro de Provérbios nos instrui
mais e mais até chegar a pleno dia. Quando o novo crente põe os pés no caminho,
muitas vezes a trilha é difícil de discernir. Porém, ao continuar andando, o
caminho se torna mais distinto (Salmo 23:3; Provérbios 4:18).
O caminho estreito é marcado pela
vontade de Deus, conforme revelada em seus mandamentos, estatutos, preceitos e
sabedoria. Temos de nos lembrar de que Jesus disse aos seus discípulos de que:
“Ele é o caminho, a verdade, e a vida, e que ninguém vem ao Pai senão por ele”.
Sendo assim, temos de estar atentos de que nesse caminho estreito seguimos uma
pessoa e não apenas um código de conduta ou manual de procedimentos para a vida
(João 14:8).
Portanto, aprendemos aqui, que o
caminho é estreito e definido pela vontade de Deus e, que também, é um caminho marcado por
dificuldades e lutas. Logo, não é um caminho fácil! (...). Qualquer pessoa que
pregue ou apresente algo contrário a isso, não é verdadeiro ministro de Cristo,
mas um charlatão (falso profeta) que está procurando vender alguma coisa ou se
aproveitar da ocasião e das pessoas (acréscimo nosso). Jesus adverte seus
discípulos que eles seriam odiados pelo mundo e sofreria grande tribulação por
isso; seriam insultados e caluniados, perseguidos, condenados e mortos perante
governadores e reis, tudo por amor d’Ele (Mateus 5:1-12; 10:22; João 15:28;
Lucas 21:12; Atos 14:22; 1 Pedro 3:17; 4:12-19).
17:2 O Caminho Largo Definido. O adjetivo
largo vem da palavra grega “eurúchoros” que significa aquilo que é espaçoso,
amplo ou aberto. No contexto do ensino de Cristo, o caminho largo é o caminho
de seres humanos caídos e rebeldes, que denunciam ou ignoram a reivindicação de
Deus sobre eles, descartam a sua lei e buscam uma existência independente e
autônoma.
Primeiro,
o caminho largo é o caminho do homem por omissão. Caminho pelo qual todo o membro da
humanidade caída nasceu. Nada é exigido e nada é feito para encontrar a porta
larga e o caminho largo ou para entrar nele. (...). Acabamos de nascer e
encontramos esse caminho por nossos instintos caídos, e uma vez nele,
descobrimos que ele agrada nossa natureza. Nele não é necessário qualquer
esforço para entrar e prosseguir por ele, mas é exigido tudo para que o
abandonemos (Salmo 58:3; Isaías 53:6; Romanos 5:12).
Segundo,
o caminho largo é o caminho da autonomia. É o lugar onde todos procuram fazer
o que é bom aos seus proprios olhos. Os que escolhem o caminho largo se gabam
de terem se libertado do tirano do céu, mas, ao fazê-lo, se sujeitaram a
tirania de seu coração depravado. (...). Trocaram a lei divina, para serem
governados por suas proprias concupiscencias
e se tornaram pessoas sem rédeas, que correm de cabeça para a
destruição.Por esta razão, o caminho dos impios tem de ser largo, porque sem
uma bússola moral, são condenados a vagar sem rumo, sem reino ou razão (Judas
12-13; Provérbios 14:12; 16:25; 29:18).
Terceiro,
o camimho largo é o caminho da autogratificação. É uma larga avenida que provê
para todo desejo carnal e para toda aspiração do ser depravado. (...) para
todos que querem colocar o Eu antes de Deus; o imediato acima do Eterno; o
carnal em lugar daquilo que é Espiritual. Todas estas coisas se encontram no
caminho largo e os que nele andam são dominados pela “concupiscência da carne,
concupiscência dos olhos e pela soberba da vida”. O caminho largo é cheio de
toda sorte de distração superficial, projetada para manter as pessoas longe de
se preocuparem com aquilo que realmente tem importância (2 Timóteo 3:2-4; 1
João 2:15-17).
Quarto,
o caminho largo é o de menor resistência. Nele não temos de nos
esforçar para entrar. Nossa carne caída encontra afinidade com todos que são
igualmente rebeldes no caminho largo e aprova de coração, toda atitude e
atividade errada.Não podemos esquecer de que a carne caída é inimiga de Deus e
não pode agradá-lo. A carne não precisa de estímulo para dar vazão às cobiças e
seguir o caminho largo por onde ele levar. Portanto, os que buscam entrar nessa
estrada ão acharão inimigo em sua carne, mas apenas um aliado enganador
(Romanos 1:32; 8:7-8). William Hendriksen
escreve: “Os sinais ao longo dessa larga avenida dizem: Bem-vindos a todos e a
todos seus amigos, quanto mais melhor. Viagem como quiserem e com a velocidade
que quiserem. Não existem restrições”. Os que andam pelo caminho largo estão na
avenida do mundo.
Quinto,
o caminho largo é caminho de trevas crescentes. O caminho dos perversos é
como a escuridão, nem sabem eles em que tropeçam. Eles andam na vaidade dos
seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus
por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração.
Embora
nunca possamos desistir da graça de Deus, a qual pode salvar o pior dos
pecadores, temos de advertir toda pessoa que está no caminho largo, para que
saiba que cada passo a levará mais perto da reprovação até que seja revirada e
colocada além da recuperação (Provérbios 4:18-19; Efésios 4:17-19; Romanos
1:24-26).
17: 3 O Cristão e o Falso Convertido. Uma das verdades que obtemos desta
metáfora sobre o caminho estreito e o largo é que nossa caminhada é evidência
de nossa conversão. (...). Salvação é a obra sobrenatural de Deus, pela qual o
cristão torna-se nova criatura, com novos
e santos afetos. E sao esses novos afetos que o levam a andar pelo
caminho estreito, nao em marcha forçada, mas com espírito disposto.
Pela
obra regeneradora do Espírito Santo e sua Habitação o crente foi levantado
para andar em novidade de vida. (...).
Embora antes fosse trevas, agora é luz no Senhor, e anseia andar como filho da luza – andar conforme Cristo andou, de
acordo com os seus mandamentos (2 Coríntios 5:17; 1 João 1:7; 5:3; Romanos 6:4;
Efésios 4:17; Colosssenses 1:10; 1 Tessalonicenses 2:12; 2 João 1:6).
Esta
é a doutrina da regeneração que foi praticamente esquecida dentro do
evangelicalismo contemporâneo. Sua redescoberta é de fundamental importância se
a igreja quer novamente pregar o evangelho. Tem de recuperar a verdade de que a
evidência da justificação está na obra contínua de santificação; que é a marca
distintiva de alguém que passou pela porta estreita, está na constância do
caminho estreito e que está em conflito direto com a carne, o mundo e oseu diabo.
Portanto,
a justificação é pela fé, mais as doutrinas igualmente importantes da
regeneração e da implacável providência de Deus asseguram que os justificados
serão também santificados. A grande tarefa do Pastor e do Evangelista é dizer
para aqueles que fazem a profissão de fé, mas andam indiferentes pelo caminho
largo, folheando suas novidades e comprando seus artigos, devem ser avisados de
sua reprovação e futura condenação. Tem sido concedido ao ministro do povo de
Deus, não somente proclamar as Boas Novas da graça de Deus (O Evangelho), como
também garantir que ninguém fique destituido dela (Hebreus 12:15; Gálatas
5:17).
No caso do
cristão, encontramos
uma pessoa que andava pelo caminho largo e tem pouca preocupação com a sua
alma. Certo dia ouve o pregador chamá-lo com o evangelho de Jesus Cristo,
(...), e acorda para o conhecimento de Deus, percebe sua terrível condição e os
merecimentos da obra de Cristo. Essa nova revelação da santidade de Deus expõe
o seu pecado. Ele é quebrantado por aquilo que fez e se tornou. Ele enxerga
pela primeira vez em sua vida a maravilhosa graça de Deus na face de Cristo.
Portanto, corre para Cristo pela fé e é salvo.
No caso do
falso convertido,
encontramos uma pessoa andando no mesmo caminho largo, sem a mínima preocupação
com sua alma. Ouve o pregador e a mensagem o atraí e faz uma profissão de fé em
Cristo. Neste caso, duas são as possibilidades: primeira; em algumas igrejas evangélicas ele continuaria no caminho
largo e ainda lhe seria assegurado de que tivesse experimentado a conversão e
pudesse ter a esperança da vida eterna. O seu estado nao havia mudado, (...), e
estaria igual a muitos outros membros enganados que continuam no caminho largo
da destruição eterna, e o pior, sem que os Pastores responsáveis por sua alma o
advertissem do perigo.
Segunda, se a sua profissão de fé em Cristo
foi feita numa igreja sadia, com um evangelho Bíblico e entendimento da
conversão autêntica, a questão tomaria outro rumo. As marcas do caminho
estreito seriam ensinadas ao individuo e ele seria exortado a andar por este
caminho. Pode ser que exiba nova alegria e mostre até sinais de verdadeiro
discipulado. (...). No entanto, a verdadeira natureza de seu caso se tornará
evidente com o passar do tempo. Ele começará a vaguear do caminho estreito e acabará
desviando-se totalmente, ou seja, voltará ao caminho largo (2 Pedro 2:22; 2
Timóteo 4:10).
17:4 Os Muitos e os Poucos. No contexto, Cristo não faz
contraste entre não religiosos e os religiosos, nem entre os que professam
estar fora do cristianismo e aqueles que dizem serem seguidores de Cristo. Em
vez disso, ele está falando apenas dos que afirmam serem seus seguidores. Ele
está advertindo que dentre aqueles que o confessam publicamente como Senhor,
somente poucos serão salvos.
Esta
perturbadora verdade é comprovada pelos textos em que Jesus dá uma severa
advertência aos que supõem ser seus seguidores: Primeiro, nem todo profeta que parece ser cristão é realmente um
cristão: “Não que a Palavra de Deus tenha faltado, porque nem todos os que são de Israel são
Israelitas”, acréscimo nosso (Romanos 9:6). A validade de seu
ministério e sua confissão é provada por seus frutos e pela condução de vida
(Mateus 7:15-27). Segundo, nem todo
que declara enfaticamente ser Jesus o Senhor ou mesmo ministra em seu nome entrará
no reino do céu (Mateus 7:21-23). Terceiro,
nem todo que escute os ensinamentos de Cristo será salvo do juízo vindouro
sobre o mundo, mas somente os que não apenas ouvem suas palavras como também as
pratica (Mateus 7:24-27).
17:5 Vida e Morte. O verdadeiro cristianismo não trata
de coisas triviais, mas de vida e morte, céu e inferno, felicidade eterna na
presença de Deus. (...). O cristianismo é uma religião em que os destinos
irrevogáveis dos seres humanos estão sobre a balança. É, portanto, uma questão
de máxima seriedade. “(...), porque estreita é a porta e apertado o caminho que
conduz para a vida, e são poucos os que a encontrem” (Mateus 7:13-14).
A
palavra vida é traduzida do grego “zoe”.
No contexto de todo o ensino de Cristo e dos escritores do Novo Testamento,
concluimos que ela não fala apenas de uma existência física ou de infinda (perpétua) duração. Em vez disso, se refere a
vida eterna, essa qualidade de vida que vem de um relacionamento intimo e pessoal
com Deus. Esse relacionamento é filial, em que é concedido ao cristão o
privilégio e a benção da filiação: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes
o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome”. Os quais
não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas
de Deus” (João 1:12-13). Em suma, é uma vida de duração sem fim na presença
favorável de Deus, concedida em ou por meio da pessoa e obra de Jesus Cristo
(João 14:6; Atos 4:12; Apocalipse 21:3-5).
Cap. 18. Evidência Externa de uma
Realidade Interna.
Mateus 7:15-20. Acautelai-vos, porém,
dos falsos profetas, que vem até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente
são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura, colhem-se
uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons
frutos, e toda árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus
frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto
corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
Nestes versículos, o Senhor adverte
seu povo sobre a vinda dos falsos profetas e os instrui sobre como
discerni-los. Paulo faz advertência
similar a igreja de Éfeso: “Eu sei que, depois da minha partida, entre vós
penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho e que, dentre vós mesmos,
se levantarão homens falando coisas pervertidas para arrastar os discípulos
atrás deles” (Atos 20:29-30).
A primeira vista esses cães
espirituais parecerão como ovelhas e andarão dentro do aprisco como se
pertencessem a ele. No entanto, não são o que parecem ser, mas o oposto.,
Embora por fora tenham aparência de cordeiro, por dentro são lobos devoradores.
Como registra o livro de Mateus 23:27, “São seulcros caiados, isto é,
cuidadosamente pintados, mas cheios dos ossos dos mortos e de toda imundice”.
Segundo as palavras do apóstolo
Paulo, são homens perversos e impostores que procedem de mal a pior, “enganando
e sendo enganados”. Esses homens se vestem com ralo verniz do cristianismo e
enganam a si mesmos e a outros com suas confissões vazias quanto ao senhorio de
Cristo. Honram-no com os lábios, mas seu coração está longe de Deus, professam
conhecê-lo, mas o negam por suas obras (2 Timóteo 3:13; Lucas 6:46; Isaías
29:13; Mateus 15:8; Marcos 7:6).
18:1
Uma Verdade Inalterável. Cristo em Mateus 7:16, nos apresenta uma máxima
fixa que não permite exceção: “Pelos frutos os conhecereis”. Noutras palavras,
saberemos da autenticidade da profissão de fé de uma pessoa pela conduta de sua
vida. A palavra conhecer é traduzida do grego “epiginósko”.
Em geral, esse verbo denota conhecimento de um assunto mais específico (mais
completo, detalhadamente) ou acurado do que o termo mais comum para
conhecimento, ginósko.
A palavra frutos é traduzida do
grego “karpos”, que se refere literalmente
ao fruto de árvores ou vinhedos. De forma figurada, é empregada para denotar
aquilo que tem sua origem ou provem de algo como produto, efeito ou resultado. No
presente texto, o termo karpos é usado para descrever o comportamento, a
conduta, as obras e os feitos que emanam do caráter da pessoa e manifestam sua
verdadeira qualidade. Jesus fala de frutos no plural, denotando que não é
somente um aspecto da vida de uma pessoa, mas de toda ela.
A verdade transmitida é que uma
realidade interna da pessoa será provada por suas ações em tudo em que ela é e
faz, e em todas as circunstâncias. Nem virtude, nem vício podem ser facilmente
escondidos, mas ambos se manifestarão com o tempo. Como disse certa vez João Calvino:
“Nada é mais fácil do que falsificar a virtude”.
(...).
Alguns acreditam que a pessoa pode escolher a Cristo e ser totalmente
justificada, mas não escolher continuar prosseguindo com Cristo na
santificação. Embora possa ser popular, essa opinião simplesmente não é
verdadeira, nem é verdadeiro a visão fatalista que apresenta Deus como uma
divindade manipuladora e coerciva, que atropela rudemente a vontade de seu
povo.
Nosso
crescimento em Cristo e nossa produção de frutos dependem de nossa volição
(vontade), porém, não podem deixar de ver que nossa volição depende de nossa
natureza, que foi radicalmente mudada pela obra regeneradora do Espirito Santo.
Decidimos produzir frutos porque desejamos frutificar, e esses desejos fluem de
nossa nova natureza.
O Cristianismo
não é tentarmos ser aquilo que não somos. (...). Embora nossa completa transformação seja
consumada somente na ressurreição, ela teve o seu início no dia de nossa
conversão. A verdade transmitida por Jesus é muito simples, mas também
profunda: uma árvore não dá frutos contrários a sua natureza; Um filho de Adão,
radicalmente depravado, nao consegue viver uma vida que agrade a Deus, e um
filho de Deus regenerado, não pode continuar num estilo de vida de constante
rebeldia contra ele. A obra da poda feita por Deus na vida do cristão, a santificação,
terá resultado em uma colheita de justiça, que vem por meio de Jesus Cristo para
a glória e o louvor do Deus Pai (Efésios 5:8-9).
Cap. 19 Os Perigos de uma Confissão
Vazia.
Mateus 7:21-23, 24-27.
Nem
todo que me diz: “Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz
a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me:
Senhor, Senhor! Porventura, não temos profetizado em teu nome, e em teu nome
não expulsamos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade. Todo aquele, pois,
que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente
que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios,
sopraram os ventos e deram com impeto contra aquela casa, que não caiu, porque
fora edificada sobra a rocha. E todo aquele, que ouve estas minhas palavras e
nao as pratica será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa
sobre a areia; e caiu a chuva, transboraram os rios, sopraram os ventos e deram
com impeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruina.
Ao
lermos esse texto, somos imediatamente cônscios de que Cristo não está tratando
de realidades temporais (ou triviais), mas do destino eterno. Do nosso ponto de
vista, enxergamos que haverá grande coleta e separação de toda raça humana. De um lado,
estará uma grande multidão que ninguém pode contar, de toda nação, tribo, povo
e lingua. Ficarão diante do trono e do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas
e clamarão em alta voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta ao trono, e ao
Cordeiro, pertence a salvação” (Apocalipse 7:9-10).
No lado oposto, vemos outra grande multidão
incontável de toda nação, tribo, povo e lingua, seu número é tão grande que faz
o primeiro grupo parecer pequeno, como se fosse nada mais que um remanescenter.
Foram chamados contra sua vontade diante do trono do céu, para reconhecer o
Senhorio daquele que está sentado sobre o trono. Estarão curvados de medo,
despedaçados como artefatos de barro, desprovidos da graça e vis. De repente
serão silenciados e o próprio Cristo declarará a sentença final: “Apartai-vos
de mimi, os que praticais a iniquidade” (Filipenses 2:1-011; Mateus 7:23).
Então,
por mão divina, serão lançados no inferno e suas temerosas expectações de juizo
finalmente serão cumpridas. Em sua nova habitação descobrirão que “horrivel
coisa é cair nas mãos do Deus vivo”. E passarão toda a eternidade nas trevas,
onde há choro e ranger de dentes (Mateus 5:29-30; Marcos 9:45-47; Lucas 12:5;
Hebreus 10:27-31; 2 Pedro 2:2).
Beberão
o vinho da ira de Deus, misturado com toda força no cálice de sua ira. A fumaça
de seu tormento subirá para sempre, e eles nao terão repouso, noite e dia. De
fato, se o seu conhecimento do juizo final, céu e inferno são acreditáveis,
temos a certeza de que metade ainda não nos foi dito. O fim do mundo virá
certamente e, com ele, juio de tal magnitude que os ouvidos de todos tinirão (1
Samuel 3:11; 2 Reis 21:12; Jeremias 19:3).
19:1 O Valor de uma
Confissão. “Nem todo
que me diz: Senhor, Senhor!”. Neste texto, temos, uma das advertências mais
graves feitas por Cristo. Temos de lembrar que ela não é direcionada para o
ateu, mas para todos aqueles que dizem conhecê-lo e o chamam de Senhor. Aqueles
que carregamo título de cristão e são contados entre os seus discípulos,
aqueles cujo credo e confissão concordam com as Escrituras.
Suas
palavras são para nós e tem a intenção de penetrar nosso coração como lança e
nos acordar do perigoso sono em que estamos. Nós o conhecemos? Somos por ele
conhecidos? Está tudo bem com nossa alma? Estamos entre uma grande multidão dos
que chamam a Jesus de Senhor, mas estamos abertos a possibilidade de que Cristo
esteja falando diretamente a nós? Estamos abertos a possibilidade de que
estamos enganados e ainda não tenhamos sido convertidos ou de que endurecemos o
coração como Judas que, mesmo já tendo traido o Senhor, perguntou: “Porventura,
sou eu?” (Mateus 26:25).
Jesus
está direcionando esta advertência aos que parecem declarar seu Senhorio de
maneira ousada e enfática. (...). Esta é uma terrivel verdade, que nos leva a
concluir que uma mera confissão de fé em Jesus Cristo nao valerá de nada se não
for acompanhada pelo fruto essencial que prova sua autenticidade.
19:2 A Evidência da
Conversão. Com vimos
anteriormente, até mesmo uma confissão de fé enfática do senhorio de Cristo não
é evidência da verdadeira conversão; então, o que seria uma evidência? A
validade de nossa confissão de fé do senhorio de Cristo e da nossa conversão é
evidenciada por nossa obediência a vontade de Deus (Mateus 7:16-20).
Mesmo
a mais importante atividade de ministro cristão, junto com seu aparente
sucesso, não é evidência da conversão. A evidência de que a pessoa passou pela
porta estreita e que agora anda pelo caminho estreito, é delineado pelos
mandamentos de Cristo. A evidência de que a pessoa construiu sua vida sobre a
Rocha e está segura do juizo vindouro é que ela não somente ouve as palavras de
Cristo, mas que também as pratica (Mateus 7:13-14, 24-27).
O
apóstolo João escreveu toda a sua Primeira Epístola baseado na premissa de que
as obras são evidência da autêntica fé e conversão salvadora. (...). Tiago afirma que as obras são produto e
evidência da autêntica fé salvadora. Por esta razão, podemos estar confiantes
de que todo verdadeiro cristão produzirá fruto e demonstrará sua fé pelas obras
que faz. Segundo escreveu Tiago, os que professam ter fé, mas não produzem
frutos, são piores que os demônios. Pelo menos os demônios tem o bom senso de
tremer (Tiago 2:19; 1 João 5:13; Mateus 13:55; Atos 12:17; 15:13; 1 Coríntios
15:7; Galatas 1:19).
(...).
O melhor cristão entre nós será afetado por seus defeitos e inúmeras falhas.
Somos total e completamente dependentes da graça e da misericórdia de Deus para
com seu povo. Temos de reconhecer que a pregação das
promessas do evangelho tem de ser acompanhada pelas advertências do evangelho.
A negligência de qualquer desses dois resultará em “outro evangelho”, o qual,
na verdade, não é de modo nenhum o evangelho de Jesus Cristo (Gálatas 1:6-7).
19: 3 As Marcas duma
Confissão Falsa. Em
Mateus 7:21, Criste está no trono e uma multidão de pessoas diante dele. Porém,
o cenário não é de felicidade. Na verdade, é um dos mais aterradores da
Escritura. Sobre a terra, essa imensa multidão o chamava de Senhor, e muitos
deles até ministravam em seu Nome, mas foram traidos pela infertilidade e
desobediência. Tudo que estava escondido agora ficou claro diante do trono de
Cristo (Mateus 10:26; Marcos 4:22; Lucas 12:2).
A
sua confissão era vazia, sua fé dos demônios e suas obras retas eram como
trapos de imundicia, cheios de sangue pela corrupção do próprio coração. A
esperança que tinham de uma recepção calorosa e entrada ampla no reino
desapareceu. Cristo os olha com um justo desprezo e grita: “Nunca os conheci!
Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade” (Tito 1:16; Tiago 2:19; 2
Pedro 1:11; Mateus 7:23).
Com
esta terrível declaração, duas importantes características são apresentadas
pelos que confessavam ser Cristo seu Senhor, mas foram rejeitados e condenados
no dia do juizo. A primeira, é que
Cristo nunca os conheceram. Conhecer aqui, tem origem na palavra grega “ginósko”
que comunica a ideia de união e comunhão íntima. (...). Cristo ensinou que suas
ovelhas ouviriam a sua voz e que ele as conheceria, mas também que elas o
seguiria (João 10:26-27). Durante a peregrinação de Cristo na terra, era raro
eu entrar em seus pensamentos. Eles não andavam jutno com Ele e não deleitavam
da comunhão de um com o outro. Vocês não pediram meu conselho, não atenderam
meu ensino, nem obedeceram meus mandamentos. Por isso, eu não os conheci
naquela hora e não os conheço agora.
A segunda característica dos que confessavam a
Cristo com Senhor e ainda assim foram condenados é que viviam fora da lei. Em
Mateus 7:25, a palavra iniquidade é traduzida do vocábulo grego “anomía”, que denota a condição de viver sem
lei. Se refere a alguém cuja vida é uma violação da vontade de Deus por ignorância, negligência ou rebeldia
deliberada (voluntária). O significa do termo é muito importante porque
explica a natureza de uma falsa confissão, revelando a razão para a severidade
de Cristo.
É
como se ele olhasse com desdém aos falsos convertidos e declarasse: “Afastam-se
de mim, vocês que diziam ser meus discípulos e confessavam ser eu o seu Senhor,
mas viviam como se eu jamais tivesse
lhes dado um mandamento a ser obedecido” Grande parte da comunidade evangélica
tem , aos poucos, se conformado com a cultura e se reinventado como uma
religião de conveniência, sem demandas, leis ou quaisquer parametros que possam
restringir a carne. Como Judas descreve em sua carta os impios, igualmente a
certos evangélicos: “Transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam
o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo” (Judas 4).
19:4 A Grande Rejeição. No grande dia do juizo, Cristo nos
adverte que pronunciará o veredicto mais aterrador possível sobre os ouvidos
humanos, mandará se apartar dele todos os que praticam a iniquidade. Toda essa
declaração oficial é tirada quase palavra por palavra de uma afirmação feita
por Davi no Salmo 6:7-10:
Salmo 6:7-10. Meus olhos, de mágoa, se acham amortecidos,
envelhecem por causa de todos os meus adversários. Apartai-vos de mim, todos os
que praticais a iniquidade, porque o Senhor ouviu a voz do meu lamento; o
Senhor ouviu a minha súplica; o Senhor acolhe a minha oração. Envergonhem-se e
sejam sobremodo perturbados todos os meus inimigos, retirem-se, de súbito,
cobertos de vexame.
Outras verdades são relevantes deste
texto para nossa consideração sobre o juizo final: Primeira, Davi considera como inimigos aqueles a quem está mandando
embora. De modo semelhante, os que Cristo manda embora neste dia serão seus
inimigos (Romanos 1:30; Colossenses 1:21). Essa inimizade entre Deus e o
Pecador é mútua, isto é, em sua Santidade e Justiça, Deus se opóe ao pecador e
declara guerra contra ele. A única esperança para esse pecador, está em
abandonar as armas e erguer a bandeira branca de rendição antes de ser
eternamente tarde demais (Naum 1:2; Isaías 63:10).
Segunda,
aqueles que foram mandados embora, sairão com grande vergonha e desalento. É um
quadro extremamente sombrio, no entanto, o juizo antevisto nas palavras de Davi
nem começa a descrever a vergonha e o terror incriveis que aguardam aqueles que
serão declarados como réprobos e lançados para fora da presença de Cristo. Como
a terra de Canaã vomitou os cananitas de vido ao seu aviltamento e, depois fez
o mesmo, à desobediente Israel, assim também Cristo os vomitará de sua boca e
os expulsará com mais desdém e asco (nojo, aversão, tédio).
Terceira,
aqueles que Davi está expulsando não são cônscios de sua iminente destruição e
ruina, até que seja tarde demais. (...). Igualmente, aqueles que professavam
falsamente que pertenciam a Cristo não estarão prontos, mas despreparados para
o juizo que cairá sobre eles naquele dia final. Se aproximarão do trono achando
que pertencem a Cristo, que serão bem recebidos e, até mesmo, honrados por seus
ministérios. Serão como o homem que chegou na festa de casamento, mas sem o
traje adequado e que antegozava do prazer do banquete (Mateus 7:22; Lucas
12:37; João 12:26; 2 Pedro 1:10-11).
Quarta,
aqueles que Deus expulsou tinham causado insuportável mágoa com seus ataques
contra sua pessoa e chamada. (...). De modo similar, no dia do juizo, Cristo
será exonerado das más obras daqueles que o chamavam de Senhor e diziam
pertencer a seu povo, mas nao faziam o que ele mandava. Cometiam imoralidades,
tais que nem os impios (gentios) eram acostumados a fazererm. Viviam de acordo
com suas crenças. Por causa deles, o nome de Cristo era blasfemado entre eles
(Lucas 6:44; Romanos 22:4). Porém, naquele dia final, todas essas acusações
caluniadoras terão fim, e a verdade será conhecida e Cristo será vindicado
(reclamado, exigido em nome da lei), e eles serão expostos como filhos
bastardos, que agiam por conta própria.
19:5
A realidade do Inferno. Durante toda sua vida, Cristo derramou sobre eles a
sua bondade, tolerância e paciência; com abundância tal que eles deveriam ter sido levados ao
arrependimento, mas endureceram seu coração teimoso contra ele e acumularam
para si medida de ira cada vez maior a ser revelada no dia do juizo final.
Ele
estendeu sua mão e condescendeu a oferecer-lhes a si mesmo, mas eles o
recusaram (Romanos 2:4-5; Isaías 65:1-3).
Ele os chamou, mas recusaram. Eles
estendeu suas mãos para eles, mas não lhe deram atenção. Eles ignoraram todo o
seu conselho e não quiseram sua repreensão. Portanto, agora, quando clamarem,
ele não responderá. Quando o buscarem diligentemente, não o encontrarão:
“Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”
(Isaías 55:6, acréscimo nosso).
No dia do juízo, a oferta que Cristo
faz de salvação será retirada, e por sua ordem os seus inimigos serão lançados
no inferno. Aqueles que pregam sobre o céu primariamente como sendo uma utopia
(algo imaginário, que não pode ser realizado) pessoal, desonram a Cristo e
levam pessoas carnais a achar que esse é o seu lugar. Todo mundo quer ir para o
céu, mas a maioria não deseja a Cristo. No entanto, para o cristão
verdadeiro, ele preferiria estar no
inferno com Cristo, do que que estar no céu sem Ele.
Por esta razão, temos de advertir as
pessoas carnais de que essa falta de desejo por comunhão com Cristo e sua
apatia para com a justiça, é grande evidência de que seus corações ainda não
foram transformados e que sua cidadania não está no céu. De fato, quase tudo
que sabemos sobre a doutrina do inferno vem do ensino de Cristo, registrada nos
evangelhos. Elas foram reveladas por Jesus Cristo a João na Ilha de Patmos[2].
(...). E se temos de crer nele, o infeno é lugar de tormento indescritível onde
a justiça perfeita é realizada; e os impios irão receber a medida exata de
castigo que lhes é devido (Mateus 11:21-24; Lucas 12:47-48; Romanos 2:6; 2
Coríntios 5:10; 2 Timóteo 4:14; Apocalipse 18:6; 20:12-13).
19:6
Os Que São Destinados ao Inferno. Das Escrituras, aprendemos que existe um
juízo irrevogável e inevitável que virá sobre este mundo. A explicação desta
verdade é que cada pessoa deste planeta está destinada ou para a glória eterna
(ir para o céu) ou para o castigo eterno no inferno (Mateus 5:22-30; Marcos
9:43-47; Lucas 12:5; 2 Pedro 2:4; Apocalipse 20;15).
Quem é, então, que está destinado ao inferno? No livro de Mateus, capítulo 7,
Jesus claramente identifica quatro grupos de pessoas que passarão a eternidade
no inferno: o primeiro grupo,
consiste de pessoas que vivem no caminho largo. Seus pensamentos, conduta e
direção não são definidos pela vontade de Cristo, mas formados por opiniões e
cobiças desta era decaída, isto é, eles andam de acordo com o mundo. Eles amam
o mundo, se parecem com ele e compartilham dos mesmos afetos. Seu modo de viver
e pensar é totalmente contrário a religião que professam (Mateus 7:13). O segundo grupo, consiste de todas as
pessoas que viveram de maneira a não produzir frutos e nem sofrer as podas do
Pai. Elas confessam ter fé em Cristo, mas o seu caráter e obras não são manifestos,
nem há evidência da obra santificadora do Pai mediante a disciplina. Temos de
reconhecer que nossas igrejas evangélicas estão cheias de pessoas assim (Mateus
7:16-20; Lucas 3:9).
O
terceiro grupo, consiste de todo aquele cuja vida não é marcada pela
obediência prática á vontade do Pai. A obediência nao resulta em salvação, porém,
é evidência da mesma. (...), nossas igrejas evangélicas, estão cheias de
pessoas que professam a Cristo, mas na prática, vivem como ateus, fazendo o que
está certo aos próprios olhos, sendo destruidos por falta de conhecimento. São
sem lei (Oséias 4:6; Amós 8:11). O quarto
e último grupo, consiste de todo aquele que ouve as Palavras de Cristo (o
Evangelho) e não o pratica. Outra vez, afirmamos que a conversão é evidenciada
e provada pela evidência prática. Em resumo, o verdadeiro convertido chegou a
compreender algo do que Jesus queria dizer quando falou aos seus discípulos: “Mas
bem-aventurados os vossos olhos, porque veem, e os vossos ouvidos, porque
ouvem. Porque em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o
que vós vedes e não o viram, e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram” (Mateus
13:16-17).
Mateus 7:26-27. E aquele que ouve estas minhas palavras e
as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre
a areia. E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram
aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
Portanto, conforme está descrito no
texto de Mateus acima, assim também tem ocorrido em nossos dias, ou seja, as
igrejas evangélicas estão abarrotadas de pessoas que confessam a Cristo, ouvem
a sua Palavras, mas não obedecem (não colocam em prática). Temos de jogar fora as distorções
contemporâneas que fizeram naufragar grande parte de uma geração e voltarmos ao
evangelho de Jesus Cristo. Que possamos estar atentos as palavras de Charles Spurgeon, quando disse:
Se os pecadores serão
condenados, pelo menos que pulem por cima dos nossos corpos para o inferno. E
se eles perecerem, que o façam tendo os nossos braços agarrando em seus
joelhos, implorando-os a permanecer. Se o inferno tem de se encher, pelo menos
que seja diante de nossos maiores esforços para que ninguém vá para lá sem ter
sido advertido ou sem ter sido motivo de nossas orações em seu favor”.
[1] Da
famosa declaração de Martinho Lutero na Dieta de Worms, em 1521: “Não posso
submeter minha fé ao Papa nem ao Concílio, porque está tão claro quanto o dia
que eles frequentemente têm errado e contradizem uns aos outros... Portanto, a
não ser que eu seja convencido pelo testemunho da Escritura... nao posso me
retratar, nem me retratarei... Não posso fazer outra coisa. Assim me ajude
Deus, amém!”
[2] Patmos.
Uma pequena ilha rochosa no mar Egeu, a sudeste da cidade de Efeso.Por causa do seu aspecto triste serviu
de lugar de detenção para criminosos.
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