EDWARDS, Gene. Perfil
de Três Reis. São Paulo:
Editora Vida, 2007.
Prefácio
– Primeira Edição
Por que este livro foi escrito e
qual é o seu propósito? Talvez, pelo fato de receber correspondência de
cristãos do mundo inteiro, e notei, alguns anos atrás, um número crescente de
cartas enviadas por cristãos arrasados pelos movimentos autoritários que se
tornaram muito populares no meio evangélico.
(...). As histórias contadas por
esses fugitivos espirituais são, geralmente, assustadoras e, ás vezes,
inacreditáveis. Não sei ao certo se é a doutrina em si causando esse massacre
(desigrejados, acréscimo nosso) de grandes proporções ou se é a prática
desordenada dessa doutrina.
A destruição parece ser universal e
a recuperação quase inexistente. Este livro reflete meu interesse por essa
multidão de cristãos confusos, abatidos e quase sempre amargos, cuda vida
espiritual foi despedaçada e que agora andam às cegas, tentando encontrar uma
palavra qualquer de esperança e conforto. (...). Este livro tem a intenção de
restaurar a vida de cada leitor e oferecer-lhe um alvo seguro.
Gene Edwards
Oséias 8:4. Eles fizeram reis, mas não por mim;
constituiram princípes, mas eu não o soube; da sua prata e do seu ouro fizeram
ídolos para si, para serem destruídos.
Prólogo
-
Tenho aqui duas
porções da natureza de Deus: A primeira,
é a própria vestidura de sua natureza. Quando ela envolve alguém, reveste-o com
o sopro divino. Como a água cobre quem quer que mergulhe no mar, assim é quando
o mesmo sopro divino envolve a pessoa. A
segunda, é que esse revestimento divino te concederá o poder de Deus. Poder
que destrói exercitos, abate os inimigos de Deus e realiza a usa obra na terra.
Eis o poder de Deus como um dom.
O dom reveste o “exterior” do homem, mas a herança é plantada no profundo do ser – como uma semente. Todavia,
mesmo que seja um plantio pequeno, esta plantação cresce e, no tempo devido (de
Deus) enche todo o homem interior. Entretanto, Deus não pode cumprir o seu
objetivo nem pode crescer e encher todo o seu interior a menos que seja bem
misturado. Ele deve ser misturado com dor, tristeza e abatimento
(quebrantamento).
Geralmente, o filho mais novo
carrega duas características principais: é muito mimado e recebe pouca
instrução. Assim ocorreu aproximadamente há tres mil anos atrás, numa vila
chamada Belém, numa família composta de oito irmãos.
UM
Davi, o filho mais novo da família
de Jessé, o belemita, era quem cuidava das ovelhas de seu pai. Ele sempre
levava consigo uma funda e um instrumento parecido com uma guitarra. As ovelhas
costumam pastar por dias seguidos, enquanto isso, estando solitário, ele tocava
e cantava. Portanto, ele era: cantor, atirador de funda e amante ao Senhor.
O Deus onipotente viu que aquele
trovador, vestido de couro amava ao seu Senhor com um coração puro mais do que
qualquer outro em toda a terra de Israel. O profeta Samuel, indo a casa de
Jessé, ordenado pelo próprio Deus, ungiu a Davi com óleo derramado sobre sua
cabeça, como sendo o novo rei de Israel: “Eis o ungido do Senhor”. Naqueles
dias, Davi se inscreveu não na estirpe real (linhagem), mas na escola do
quebrantamento.
Na
casa de Jessé, seus sete irmãos tinham ido para a guerra, com isso, Davi
recebeu uma promoção de seu pai; passou a ser o garçom de seus irmãos, ou seja,
sua nova missão era de levar comida para seus irmãos que estavam na linha de
frente da batalha. Ele executou a nova função com muita regularidade. Numa
dessas idas para levar os mantimentos para seus irmãos, teve de enfrentar outro
urso (1 Samuel 17:34-35), só que esse media aproximadamente 3 metros de altura
e era um ser humano – Golias. Em consequencia desta extraordinária proeza, o
moço Davi tornou-se herói. E, finalmente, foi parar no palacio de um rei insano
– Saul (1 Samuel 17:48-51; 18:1-2).
DOIS e TRÊS
Naqueles
dias (...). E, em circunstâncias tão loucas quanto demente era o rei Saul, o
jovem viria a aprender muitas coisas absolutamente indispensáveis. (...). Davi
tocava e cantava para o rei insano e a música fazia muito bem ao velho rei. E,
quando ele tocava, todos paravam nos corredores, apuravam seus ouvidos na
direção dos aposentos reais e ficavam maravilhados. Como teria adquirido tão
maravilhosa perícia na musica e na letra?
O
cântico preferido por todos era o inspirado pelo cordeirinho. Eles, tanto
quanto os amigos, gostavam de ouvir aquele hino. Entretanto, o rei era louco e,
consequentemente ciumento. Ele se sentia
ameçado por Davi, como acontece com frequência com os reis (Pastores ...)
quando aparece um jovem popular e promissor (talentoso e carismático) que,
algum dia, poderia ocupar o trono ( o púlpito e liderança da igreja, acréscimo
nosso).
Davi
sentia-se numa posição realmente incomoda, porém, parece que havia alcançado
profunda compreensão do desdobramento do drama em que fora envolvido. Parece
mesmo que havia compreendido alguma coisa que poucos dos mais sábios entre seus
contemporâneos haviam notado. (...). E
que coisa seria essa? Deus não
tinha, mas deseja muito possuir, homens que pudessem viver em meio ao
sofrimento. Deus queria um vaso quebrantrado.
QUATRO
O monarca insano percebeu que Davi
era uma ameaça ao seu reinado. Saul fez o que todos os reis fazem – atirou
lanças contra Davi. Os reis podem fazer coisas assim. (...) arrogam para si o
direito de atirar lanças. Será possível
que esse rei louco fosse o verdadeiro rei; o ungido do Senhor? E o rei do leito; é
ele o ungido do Senhor? Talvez seja, talvez não. Só Deus sabe.
Se o rei do leitor é verdadeiramente
o ungido do Senhor e, se ele também arremessa lanças, então há algumas coisas
que você (leitor) pode saber, e saber com segurança:
. O seu rei está completamente
louco.
. É um rei segundo a ordem do rei Saul.
CINCO
Deus possui uma universidade. É pequena. Poucos matriculados. Menos ainda é o número de graduados. Deus possui uma escola, porque ele não tem homens
quebrantados, mas tem vários outros tipos de homens. Ele possui homens que
dizem ter a autoridade ... mas não têm. Homens que dizem ser quebrantados ...
mas não são. E homens que são a autoridade de Deus ... mas que, na verdade, são
loucos, não quebrantados. (...). Homens
quebrantados são raros. Na santa e divina escola da submissão e do
quebrantamento, porque
são tão poucos assim? É porque todos os que se encontram nesta
escola, têm de sofrer muita dor.
E, como você pode conjeturar, é
frequentemente o dirigente não quebrantado (escolhido soberanamente por Deus)
quem determina o castigo. Davi foi aluno nesta escola e Saul foi o instrumento
escolhido por Deus para lhe esmigalhar.A medida que a loucura de Saul
aumentava, crescia o conhecimento de Davi. Ele compreendia que Deus o tinha
colocado no palácio do rei sob legítima autoridade. Seria isso possível?
A autoridade de Saul, não é legítima?
Sim, autoridade escolhida para Davi. Autoridade não quebrantada, sim. Mas
divina em ordenação, apesar de tudo. Davi respirou fundo, submeteu-se as ordens
do rei louco e foi descendo cada vez mais fundo na estrada do seu inferno terreno.
SEIS
Davi tinha uma pergunta: o que fazer
quando alguém arremete uma lança contra você? Todos no mundo sabem como proceder (...). Ora, agente agarra a
lança e arremessa de volta! – Quando alguém atirar uma lança contra você, Davi,
arranque-a da parede e atire-a de volta. Esteja certo de que qualquer pessoa
agiria assim (impio, pagão, acréscimo nosso). E, ao praticar a façanha de
devolver as lanças que lhe atiram, você
provará muitas coisas: - Que é valente; - Que defende seus direitos; - Que
toma posição contra o erro; - Que nao dá lugar a injustiça nem ao tratamento
desleal; - Que é defensor da fé.
Todos esses atributos combinam-se
para provar que você também é, obviamente, candidato ao trono real. Sim, talvez
você seja o ungido do Senhor! Segundo a ordem de Saul. E, também, com certeza,
nessa altura ... completamente louco.
SETE
Davi,
ao contrário de qualquer outro homem, não sabia o que fazer quando uma lança
era atirada contra ele. Não arremessava as lanças de Saul de volta ao rei.
Havia algo diferente em Davi: Ele só fazia em desviar-se. O que pode um homem
fazer, se for jovem, quando o rei decide utilizá-lo para seu exercício de tiro
ao alvo? Se ele preferir não retribuir o cumprimento; o que acontecerá? Primeiro,
ele tem de fingir que não vê as lanças. Ainda que venham em sua direção. Segundo, ele tem de aprender a
desviar-se rapidamente. Por fim,
deve fingir que não aconteceu absolutamente nada.
Davi jamais foi atingido. Pouco a
pouco, aprendeu um segredo muito bem guardado. Descobriu tres coisas que o impediram de ter
sido atingido: primeira, jamais aprenda algo de elegante e a fácil
arte de arremessar lanças. Segunda, fique longe da companhia de gentes que
atiram lanças. Terceira, mantenha a boca bem fechada. Desse modo, as lanças jamais
o atingirão, ainda que lhe atravessem o coração.
OITO
O meu rei está louco. O que posso
fazer? – Reconheça este fato inalterável: Não se pode saber (ninguém pode) quem
é o ungido do Senhor e quem não é!
Alguns reis, a quem todos juram ser da ordem de Saul, pertencem a ordem
de Davi. E outros, que todos juram ser da ordem de Davi, de fato pertencem a
ordem de Saul. Quem está certo? Quem sabe? Ninguém é suficientemente sábio para
resolver esse sigma. O máximo que podemos fazer é andar ao redor e perguntar: -
é esse homem ungido do Senhor?
Caso seja, é ele da ordem de Saul? Parece que
não é difícl fazer essa pergunta, mas é.
Principalmente quando a pessoa está chorando alto ... sendo tentado a revidar e atirar a lança de
volta ... sendo encorajada pelos
outros a fazer exatamente isso. Mas, lembre-se nas suas lágrimas: você
conhece apenas a pergunta, nao a resposta. Ninguém sabe, a não ser Deus. E ele
jamais a revela.
NOVE
Que devo fazer quando o reino em que
vivo é governado por um rei perito em atirar lanças (ou só prega sobre a
perdição e a condenação eterna, acréscimo nosso)? Devo partir? O que exatamente faz um homem no meio de um
concurso de arremesso de facas? A
resposta é: - você é esfaqueado até morrer. Qual a necessidade disso? Que
bem faz?
Você tem posto seus olhos no rei
Saul errado. Enquanto olhar para o rei (pastor), o culpado, e só a ele, pelo
inferno em que se encontra. Fique atento, porque os olhos de Deus estão
atentamente fixos em outro rei Saul. Não o visível, em pé, arremessando lanças
contra você. Um tão mau como aquele – ou pior. – Deus está olhando para o rei Saul que está em você. – Em mim!
Ele está no sangue que corre em suas
veias e na medula dos seus ossos. Constitui a própria carne e o próprio músculo
do seu coração. Ele está na sua alma. O
rei Saul e você são um só. Você é o rei Saul. Sá há um meio de nos
livrarmos dele. Tem de ser aniquilado. Davi, o pastor de ovelhas, teria
crescido para vir ser o rei Saul II, mas Deus arrancou o Saul de dentro do coração dele.
Isso levou muitos anos e foi uma
experiência brutal que, por pouco, quase matou o paciente. Qual foi o bisturi
que Deus usou para extrair esse Saul interior? Deus empregou o Saul exterior.
Sim, é verdade que Davi foi quase
destruido no processo, mas isso tinha de acontecer. De outra forma, o Saul que
havia dentro dele teria sobrevivido. Davi
aceitou seu destino (lembra da história de José? Ele também aceitou o seu
destino, acréscimo nosso). Não levantou a mão, nem ofereceu resistência. Nem
exibiu piedade. Silenciosamente, carregou suas agonias.
DEZ
Como
ficar sabendo quando é chegado o instante de abandonar o ungido do Senhor –
especialmente o ungido do Senhor segundo a ordem de Saul? Davi jamais tomou
esta decisão. O ungido do Senhor tomou-a
por ele. O decreto do rei decidiu o
assunto! – Matem-no como se mata um cão!
Anote
isto, por favor: - Davi não
dividiu o reino ao partir. Não levou consigo parte da população. Ele
partiu sozinho. Sim, as pessoas sempre insistem em acompanhar você, não é?
Elas estão dispostas a afundar o
reino do rei Saul II. Você percebe, o verdadeiro ungido do Senhor pode partir
sozinho. Só há um modo de deixar o reino: sozinho.
ONZE
As cavernas não são o lugar oportuno
para melhorar o estado de animo (isolamento das igrejas, acréscimo nosso). Elas
são escuras, úmidas, frias, bolorentas, em todas elas existe certa mesmice. E
pode tornar-se pior ainda, quando você é o seu único habitante. E, ao longe,
você pode ouvir os cães acurando. Ele agora dispunha de muito menos do que quando
era pastor, porque agora nao tinha nem lira, nem sol, nem sequer a companhia
das ovelhas. A maior aspiração de Davi não ia além da posse de um cajado de
pastor. Tudo no seu interior estava sendo esmagado.
Não é mesmo estranho o que o
sofrimento gera? Naquelas cavernas, mergulhado na tristeza da sua melodia e no
entoar da sua tristeza, Davi, tornou-se o maior hinólogo e o maior confortador
de corações despedaçados que o mundo jamais verá.
DOZE
Ele obtinha seu alimento nos campos,
cavava raízes á beira das estradas, dormia em árvores escondia-se em fossas.
Corria dias seguidos, não se arriscando a parar e comer. Bebia água da chuva.
Agora, as cavernas eram castelos. Nos tempos passados, as mães diziam sempre
aos filhos que se não fossem bem comportados, acabariam como os bebados. Agora
não era assim. Tinham uma história melhor e horripilante: - Comporte-se, ou
acabará como o matador de gigantes. Em Jerusalém, quando os homens ensinavam
aos jovens a serem submissos aos reis e a honrarem o ungido do Senhor, Davi era
a parábola[1].
- Veja, é isso que Deus faz com
homens rebeldes. Era assim, naquele tempo, assim é agora e assim sempre será. O
sofrimento estava dando a luz. A humildade estava crescendo. Segundo os padrões humanos
e terrenos, ele era um homem esmagado; mas segundo a medida celestial,
ele era um homem quebrantado.
TREZE
Ao agravar a loucura do rei, outros
tiveram de fugir. Depois de demorada busca, alguns fugitivos entraram em
contato com Davi. Não o viam há muito tempo. A verdade é que não o
reconheceram. Ele mudara muito; sua
personalidade. Sua disposição. Falava menos e amava mais a Deus. Todo o seu ser
se alterara. Aqueles homens que o encontraram eram deploráveis, rebeldes,
indignos, revoltados e de corações rebeldes.
Estavam cegos de ódio ao rei Saul e,
portanto, a todas as figuras de autoridades. Davi nao os liderou. Nao concordava com suas atitudes. Apesar
disso, começaram a segui-lo. Ele jamais lhes falou de autoridade. Nunca lhes disse de
submissão, contudo, a um homem se submeteram. Apesar disso, puseram em ordem sua vida exterior. Por
pouco, a sua vida interior também
começou a mudar. Então, porque o seguiram? O que acontecia era que ele era
... bem ... ele era Davi. E, assim, na primeira de duas vezes, nascia a
verdadeira monarquia (Davídica).
CATORZE
O local era outra vez, caverna sem
nome. Aos poucos, e muito apreensivamente, começaram a acomodar-se. Joabe
queria algumas respostas. Imediatamente! (...). Davi olhava para além de Joabe,
como quem estivesse contemplando outro reino que somente ele podia ver. Joabe
prostrou-se diante de Davi, olhou-o com desprezo e pôs-se a urrar suas
frustrações. – Muitas vezes ele quase o matou com sua lança, no castelo. Eu vi
com meus próprios olhos. Finalmente você fugiu. Mas, agora, você não tem sido
mais do que um coelho que ele caça.
(...), na ansia de achá-lo e de matá-lo como se mata um cão. Esta noite, porém, você o teve ao alcance
de sua lança e não fez nada!
-
Por que, Davi nao
pões fim a todos esses anos de miséria? – Porque, disse Davi bem devagar;
porque muito e muito tempo atrás ele não era louco. Era ainda jovem. Grande aos
olhos de Deus e de todos os homens. E Deus foi quem o fez rei. Deus, não os
homens. Joabe explodiu em resposta: - Mas agora ele está louco! E Deus não está
mais com ele. E ele ainda o matará! – Prefiro que ele me mate a aprender os
seus caminhos. (...), nem permitirei que o ódio se aninhe em meu coração. Não o
vingarei. Nem agora nem nuca!
Os homens foram dormir sobre pedras
úmidas e frias; os anjos também foram para a cama naquela noite e sonharam, no
reflexo do esplendor daquele dia tão excepcional, que Deus ainda poderia dar a
sua autoridade a um ser indigno de confiança.
QUINZE
Que tipo de homem era Salu? Quem era
esse que se tornou inimigo de Davi? Ungido de
Deus? Libertador de Israel? E, contudo, mais lembrado pela sua maldade.
Saul foi um das maiores figuras na história da humanidade. Era um rapaz do campo; tipico moço do
interior. Alto, de boa aparência e muito benquisto e procedia de boa família.
Foi Ele quem pegou esse povo (Israel) e o consolidou num reino unido. Ele
unificou um povo e fundou um reino. Ele foi batizado no Espírito. Mais ainda, foi um profeta. Ele fez coisas e
proferiu palavras sem precedentes, e tudo isso, pelo poder do Espírito que nele
habitava.
Saul recebeu a autoridade que só em Deus tem sua origem. Ele foi ungido de Deus, e Deus o tratou
como tal. Era, porém, corroído de inveja, capaz de assassinar e estava disposto
a viver nas trevas espirituais. Muitos oram pelo poder de Deus. Essas orações
parecem poderosas, sinceras, piedosas, desinteressadas, sem motivo oculto. Por
trás de tais orações e de tanto fervor, frequentemente ocultam-se ambição,
anseio de fama, desejo de ser considerado um gigante espiritual.
Quem faz orações assim, pode nem
mesmo ter consciência do fato; contudo, motivos e desejos obscuros estão no seu
coração e ... no coração do leitor também. Grande é a diferença entre o revestimento exterior de poder
do Espírito e a plenitude interior da vida no Espírito. O modo de agir é interessante. Ele ouve
todas as súplicas, muitas vezes atende a orações de poder, por autoridade. Por
vezes, ao responder a elas, ele diz sim a alguns vasos muito indignos. Dará Deus poder ao homem indigno? O seu
poder? Por que Deus age assim?
A resposta é, ao mesmo tempo, simples e chocante.
As vezes, ele concede a vasos indignos quantidade maior de poder, de maneira
que se torne claramente visível a todos o verdadeiro estado de nudez interior
dessas pessoas. – Lembre-se, um
indivíduo pode viver no mais torpe dos pecados e o seu dom exterior estar ainda
em perfeita atividade. Uma vez concedidos por Deus, os dons não podem mais ser
retirados.
Mais
ainda: alguns que vivem exatamente de tal maneira, são os ungidos do Senhor
... aos olhos do Senhor, Saul foi uma prova viva desse fato. De que necessita
este mundo: de homens bem dotados, exteriormente cheios de poder? Ou
de homens quebrantados, mas interiormente transformados? (...). Alguns homens
aos quais o verdadeiro poder de Deus foi
concedido formaram exércitos, venceram o inimigo, produziram poderosas obras de
Deus, pregaram e profetizaram com poder e eloquência sem igual. E arremessaram
lanças, odiaram outros homens, atacaram outros homens, fizeram planos para
matar, profetizaram nus e, até consultaram feiticeiras.
DEZESSEIS
Acho
que o homem que tem autoridade sobre mim é um rei Saul. Como posso ter certeza
disso? Não nos cabe saber. E, lembre-se:
mesmo homens como Saul são, com frequência, os ungidos do Senhor. Quem pode,
então, saber quem é um Davi e quem é um Saul? Deus o
sabe. Mas ele não o revela. Está você certo de que o seu rei é um Saul, e
não um Davi; a ponto de pretender tomar o lugar de Deus e declarar guerra a seu
Saul (seu pastor)? Entretanto, o passar do tempo e o comportamento de seu líder revelará
muita coisa a seu respeito. E o passar do tempo e o modo de você
reagir diante do de seu líder, seja ele Davi seja ele Saul – revela muita coisa
a seu respeito.
DEZESSETE
Duas gerações vieram depois do reinado de Saul; um jovem
incorporou-se nas fileiras do exército de Israel, sob um novo rei, o neto de
Davi (Roboão). Logo ele começou a ouvir histórias a respeito dos grandes e
valentes homens de Davi (2 Samuel 23:8-39). Esse jovem descobriu que um desses
homens ainda estava vivo. Ficou sabendo onde era sua habitação e apressou-se em
ir até ele. Bateu na porta que se abriu vagarosamente. Diante dele estava um
gigantesco homem de cabelos grisalhos ... o rosto cheio de rugas.
- É o senhor um dos antigos valentes
homens de Davi? De quem tanto agente
ouve falar? O ancião examinou
demoradamente o rosto do jovem, os seus braços e a sua roupa. – Se você quer
saber de outrora fui ladrão e habitei em cavernas, alguém que seguia um
fugitivo histérico e chorão; então, sim, fui um dos “valentes de Davi”. – Ora,
o senhor faz o grande rei parecer um fraco. Não foi ele o maior de todos os
monarcas? – Ele não foi nenhum fracote, respondeu o ancião. Nem foi ele um
grande líder.
- Então, o que foi, bom homem? Pois
vim até aqui para aprender os seus caminhos e dos seus ... dos homens valentes.
Qual foi realmente a grandeza de Davi? – Vejo que você sonha em vir a ser um
líder de homens algum dia. Sim, eu lhe falarei da grandeza do meu rei, mas
minhas palavras poderão deixá-lo surpreso. – O meu rei jamais me ameaçou, como
faz o seu. O seu novo rei começou a reinar mediante leis, decretos,
regulamentos e medo. A mais viva
recordação que tenho de meu rei, quando viviamos em cavernas, era sua vida de
submissão.
Sim, Davi mostrou-me submissão, não autoritarismo. Ensinou-me não aplicação imediata de
regras e lei (revidar na mesma medida), mas a arte da paciência. Foi isso que transformou minha vida. O legalismo não
passa de um meio para que o líder evite o sofrimento. Os homens que
alardeiam (divulgam) autoridade demonstram que não a possuem (“cão que late não
morde”, acréscimo nosso).
E os reis (pastores e líderes) que
fazem discursos sobre submissão revelam apenas um duplo temor em seus corações: 1º - não tem a certeza de serem
realmente verdadeiros líderes, ou seja, enviados por Deus e, 2º - vivem em pavor mortal de uma rebelião em seu
reino. – O meu rei não falava de submissão a ele. Não temia rebeliões ...
porque ... não se importava se fosse destronado. Ele me ensinou a perder, não a vencer (lidar com a
vitória é muito fácil, acréscimo nosso). A
dar, não a tomar. Disse-me que o incomodado é o líder, e não o seguidor.
Ao invés de nos expor ao sofrimento,
ele nos protegia. – O ancião disse com eloquência: (...), e autoridade que
procede de Deus não desafia, não se defende, nem se importa se tiver de perder
o trono. Era assim a grandeza do grande ... do verdadeiro rei. O ancião começou
a afastar-se. Então ele encarou uma vez mais o jovem e trovejou uma derradeira
salva. – Quanto a autoridade de Davi:
os que não a tem, discursam o tempo todo sobre ela. submetei-vos, subordinai-vos. É o que se ouve.
Davi tinha autoridade, mas não creio que esse fato jamais lhe houvesse
ocorrido. Éramos seiscentos vagabundos com um chefe que chorava muito. É só
isso o que éramos!
DEZOITO
Depois de estudarmos sobre o rei Saul
e Davi, você acha que lhe aproveitou alguma coisa? Você agora está certo de que o homem (pastor,
chefe ou líder) que tem autoridade sobre você não é verdadeiramente de Deus ...
ou, se o for, na melhor das hipóteses, apenas um Saul? Quão seguro nós, os mortais, podemos estar
... de coisas que nem os anjos sabem. Permita-me perguntar-lhe: o que você
planeja fazer com o conhecimento adquirido?
Estou certo de que você não é um Saul nem um Davi. (...). Você planeja
contar o que acaba de descobrir a algum amigo?
Esse novo conhecimento traz consigo um perigo. Pode acontecer uma
estranha transformação no seu coração.
DEZENOVE
- Aquele não é Davi; exclamou um jovem
ao seu tutor, enquanto caminhavam á martem da rua. – Por que estão falando
daquela maneira? Aquele homem não é Davi! – Tem razão, rapaz. Não é Davi. É
Absalão que passa pelo portão. – Por que o chamam de Davi?, perguntou o jovem,
(...), olhando para trás, o personagem que ia no carro precedido por cinquenta
homens que corriam adiante dele?
-
Porque ele nos lembra a Davi quando moço. E, talvez, também porque Absalão
tenha uma aparência melhor que a de Davi. – Absalão será rei logo? Que idade
tem Davi? Está para morrer? – É claro que não, meu rapaz. Provavelmente ele
tenha a mesma idade que tinha Saul quando seu reinado terminou. – Quantos anos
tem Absalão? – Mais ou menos a idade de Davi quando Saul tentou matá-lo com
tanta tenacidade. O jovem pensativo, falou de novo. – Saul foi muito duro com
Davi, não foi? – Sim, foi muito duro. (...). – Se Davi maltratar Absalão, procederá Absalão
com a mesma misericórdia que teve Davi? - Filho, só o futuro dirá.
VINTE
Os homens sentiam-se seguros em sua
companhia. Anelavam passar o tempo ao seu lado. (...). Ao verem-no encarar um
problema atrás do outro, resolvendo-os em seguida, os homens ficavam sonhando
com o dia em que ele viesse a ser o seu líder. Despertava neles uma sensação de
esperança (a referência aqui é sobre Absalão, acréscimo nosso). Um homem tão
compassivo como este não poderia permanecer indiferente a esses sofrimentos nem
calar-se para sempre.
Tão nobre caráter haveria de
protestar algum dia. Seus seguidores, que ele dizia não possuir, fiaram quase
lividos (pálidos) de raiva. A compreensão que tinham das injustiças que se
praticavam no reino não só aumentou, mas também chegou ao extremo. Por fim, ao que parecia, o imponente jovem
dava a impressão de estar de acordo. No início, apenas uma palavra. Depois,
uma oração. O coração dos homens palpitava de emoção. A nobreza despertava para a ação. Ele os acautelou para que não
compreendessem mal.
Não importava quão graves fossem
suas queixas, ele não falaria contra o rei. Contudo, ele ficava cada vez mais
agoniado. Até que, por fim, a sua justificadora ira explodiu em ponderadas e
controlados termos de força. Pôs-se de pé, os olhos em chama. – Se eu estivesse
no poder, era isto o que eu faria (...).
VINTE E UM
- Bem, conheci muitos homens como
Absalão. Muito mesmo. – Então como é ele? – É sincero e ambicioso. É bem
provável que ele pretenda fazer o que diz. Mas sua ambição perdurará muito
tempo depois que descobrir sua incapacidade para cumprir o que promete. Quando se alcança o poder, corrigir a
injustiça ocupa lugar secundário. – (...). Numa dessas reuniões com o povo,
Absalão respondia as perguntas que lhe eram feitas, dando muita ênfase a idéia
de que é preciso haver mais liberdade no reino. Todo mundo gostou da idéia: “um
povo deve ser dirigido somente por Deus, não pelos homens. Devem seguir a Deus,
não a um homem”.
- Sábio, creio que entendo o que o
senhor disse, mas não tenho certeza de onde quer chegar. – Absalão sonha. Sonha
com o que deveria acontecer. – Sim, mas para realizar seus sonhos, ele precisa
da cooperação do povo. – Que fará Absalão quando o povo deixar de segui-lo
voluntariamente? – Veja, não há reino
sem discórdias (governo ou liderança sem oposições, acréscimo nosso). O
próprio Deus teve os seus críticos no céu, você sabe. Todos os reinos seguem
uma trajetória irregular. E o povo, principalmente o povo de Deus, nunca segue
o mesmo sonho em uníssono.
Nem
todos estão dispostos a acompanhá-lo. Estará ele ainda decidido a por em
prática tudo o que sonhou? Se for esse o caso, então ele terá só um recurso: a Ditadura[2].
Ou recorre a ela, ou verá poucos sonhos realizados. Caso venha a se tornar num
ditador, garanto-lhe
que muito em breve surgirão os descontentes com ele, exatamente como
aconteceu com o governo atual (Davi).
- Sábio, o que o senhor acha que ele fará?
-
Os rebeldes que chegam ao poder mediante a rebelião não têm paciência com
outros da mesma espécie e sua rebeliões. Quando Absalão (pastores e lideranças) se vir desafiado
por uma revolução (pensamentos e opiniões contrárias a dele,
acréscimo nosso), se tornará num tirano. Reprimirá a revolta com mão de ferro
... e mediante o terror.
- Mas, Sábio, não é certo de que
algumas rebeliões têm destronado déspotas cruéis? – Sim, algumas. Sim, mas este
reino é diferente de todas as outras, pois é constituido do povo de Deus. É um
reino espiritual. Afirmo-lhe com
convicção: nenhuma
revolta no reino de Deus é legítima, nem pode ser plenamente abençoada.
- Sábio, por que diz isso? – Por muitas
razões. Na esfera espiritual, o homem que promover uma rebelião, já demonstrou que,
por mais grandiosos que sejam os seus discursos ou sublimes os seus métodos,
ele tem uma
natureza perigosa, um caráter sem escrúpulos e motivos ocultos no coração. Ele
provoca desagrado e tensão no seio do reino e, em seguida, ou se apossará do
poder ou roubará seguidores. Usará partidários para estabelecer seu proprio
domínio (reino ou igreja). Tão lamentável começo, construido sobre os alicerces
da insurreição (rebelião ou revolta) ... Nâo, Deus jamais aprova a divisão em
seu reino. Os que dirigem rebeliões no
mundo espiritual são homens indignos. Não há exceção.
VINTE E DOIS
Davi estava de pé na sacada do terraço de seu palácio. Um
homem aproximou-se por detrás. Davi suspirou e, sem se voltar, disse: - Pois
não Joabe, o que é? – O senhor já sabe? – Sim, sei! – E há quanto tempo? – Meses,
anos, talvez uma década. Talvez o tenha sabido há trinta anos atrás. Joabe não
estava seguro de estarem falando do mesmo assunto. Afinal, Absalão não tinha mais de 30 anos.
- Majestade, refiro-me a Absalão. –
Eu também, respondeu o rei. – Se o senhor já sabe há tanto tempo, por que não o
deteve? – Estava agora mesmo me fazendo a mesma pergunta. – Não o farás! Nem
lhe digas palavras nem censuras. Nem permitas que quem quer que seja o
critique. Absolutamente não o impeças. – Mas, então, ele nao se apossará do
reino? Davi vacilou entre chorar ou sorrir. Então, sorriu lentamente e disse: -
É, talvez o faça.
- Que fará o senhor? Tem algum
plano? – Não, nenhum. Lutei em muitas batalhas e enfrentei muitos cercos. Em
geral, sempre soube oque fazer. Mas, neste caso, só posso recorrer as
experiências da minha mocidade. Parece-me que o caminho que segui antes (em
relação ao rei Saul) é o melhor que posso seguir agora. – E qual foi esse
caminho? – Não fazer absolutamente nada.
VINTE E TRES
Davi
ficou novamente a sós. Finalmente, parou e falou em voz alta para si mesmo:
Tenho esperado, Absalão, tenho esperado e observado durante vários anos. Tenho
me perguntado várias vezes: “que há no
coração desse moço?”. E agora sei. Você fará o inconcebível. Você dividirá,
Absalão, o próprio reino de Deus. Apesar de parecer explendidamente puro e
notavelmente nobre, causa divisão. – Que farei? O reino está em perigo
iminente. Parece que só me resta duas
altenativas: 1ª – Perder tudo ou, 2ª – Ser outro Saul. (...). Sei que até o
Senhor aguarda a minha decisão. Devo ser agora um Saul?
- Que disse o meu Senhor? Perguntou
Abisai. Que foi mesmo o que disseste? – O que foi que eu disse? – O Senhor disse: Devo ser um
Saul para Absalão? Abisai respondeu: - Ele não foi nenhum Davi para o Senhor! –
Jamais desafiei Saul. Nunca tentei dividir o reino enquanto ele reinava. – O
Senhor poderia ter dividido o reino e provavelmente destronado Saul. Mas, em
vez disso, o Senhor preferiu fugir a ter que promver divisão.
O Senhor arriscou a vida para
preservar a unidade nacional (nação de Israel) e selou seus lábios e vedou os
olhos a todas as injustiças de Saul. O Senhor nunca maltratou Saul. Jamais, e
de forma alguma, foi injusto com Absalão. – Minha opinião é que Absalão não é
nenhum Davi. Por conseguinte, pergunto: - Por que o Senhor não acaba com a
revolta dele? Detenha esse miserável!
- Cuidado, Abisai; lembra-te de que ele também é filho do rei. Nunca devemos falar mal do filho do rei (do
pastor). – Insisto, vossa Majestade: O Absalão não é nenhum jovem Davi. Meu
conselho é que o detenhas. – Estás pedindo,
Abisai, que me transforme num Saul? – Querido rei, Saul foi um pessimo
rei. Absalão é, em certas circunstâncias, ressurgimento juvenil de Saul. O
Senhor é para sempre o jovem pastor de coração quebrantado.
- Até agora, não estava muito certo. Mas de uma coisa sei: Quando
jovem, não fui nenhum Absalão. Na minha velhice, pretendo continuar sendo Davi,
mesmo que isto me custe o trono, o reino e, talvez, a minha cabeça. Pense nisto
Abisai: Deus um dia livrou um indefeso e jovem pastor do poderoso e insano rei (Saul). Ele também pode livrar um velho
governante de um jovem ambicioso e rebelde (Absalão). Abisai, ninguém conhece o seu próprio coração.
Eu mesmo estou certo de que não conheço o meu coração. Só Deus conhece.
Jeremias 17:9. Enganoso é o coração, mais do que todas as
coisas, e perverso; quem o conhecerá? (acréscimo nosso)[3].
Não movi um dedo para ser rei. Nem o
moverei para conservar um reino. Ainda que seja o reino de Deus! Deus foi quem me pôs aqui. Tu não compreendes que pode ser a vontade de
Deus que essas coisas acontecem? Creio que, se ele quisesse, ele mesmo
protegeria e guardaria o reino. Afinal de contas, é o seu reino.
VINTE E QUATRO
-
Natã!
-
Oh, e você, Zadoque! – Perdoe-me, mas tenho-o observado ha algum tempo. Creio
que queria falar com o rei, não é? – Sim, mas mudei de ideia. O rei não precisa de mim. – Estou desapontado, Natã. Na
minha opinião, o rei está precisando muito de você. Ele está enfrentando a
maior prova de sua vida. Não estou certo de que passará por ela. – Ele já passou por essa prova, Zadoque;
respondeu Natã. – Já passou por esta prova? Perdoe-me, Natã, mas não tenho
certeza do que você está falando. Esta crise, como você sabe, mal começou. - Zadoque, o seu rei já passou por esta prova há
muito tempo, quando ainda era jovem. – Você
se refere a Saul? Mas aquelas, meu amigo, era uma questão diversa. – De maneira alguma.
Da mesma forma que Davi se relacionou com seu Deus e com o homem (Saul) que
estava acima dele ... assim também agora Davi se relaciona com seu Deus e com o
homem que está abaixo dele (Absalão).
- Não existe diferença real entre o
indivíduo que descobre que tem um Saul na sua vida e aquele que percebe que tem
um Absalão na dele. Em qualquer das duas situações, o coração corrupto
encontrará a sua “justificação”. Tome nota
nas minhas palavras: Davi superará os obstáculos no presente caso e passará
pela prova com a mesmíssima graça que demonstrou na sua juventude.
- Se Absalão subir ao trono, que os
céus tenham misericórdia de todos os Sauis, Davis e Absalões do reino! – Em minha
opinião, o nosso jovem Absalão dará um esplêndido Saul. Sim, um esplêndido
Saul. Porque, de todos os aspectos, menos a idade e a posição, Absalão já é um
Saul.
VINTE E CINCO
- Obrigado por ter vindo, Zadoque. – Meu rei! - Tu é sacerdote
de Deus. Poderias contar-me uma velha história? – Contar-lhe-ei a história da
revolta de Corá e de como Moisés se comportou em meio a rebelião.
Números 16:1-2,4-5. E Corá, filho de Izar, filho de
Coate, filho de Levi, tomou consigo Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e a Om,
filho de Pelete, filhos de Ruben. E levantaram-se perante Moisés com duzentos e
cinquenta homens filhos de Israel, maiorais da congregação, chamados ao
ajuntamento, varões de nome. (...). Como Moisés isto ouviu, caiu sobre o seu
rosto. E falou a Corá e a toda a sua congregação, dizendo: Amanhã pela manhã o
senhor fará saber quem é seu e quem o santo que ele fará chegar a si; e aquele
a quem escolher fará chegar a si (acréscimo nosso).
- Moisés é o supremo exemplo do
ungido do Senhor. Não há forma nem método para o governo divino; só há um homem
com um coração contrito, e Moisés foi esse homem. Corá, embora fosse
primo-irmão dele queria ter a autoridade que ele tinha. Numa bela manhã, Corá
despertou. Antes que o dia findasse, ele reuniu duzentos e cinquenta homens que
estavam de acordo com suas acusações contra Moisés.
- Então houve problemas na nação durante
o governo de Moisés? Perguntou Davi. – Sim,
sempre há problemas nos reinos (lideranças), disse Zadoque. – Sempre. Davi
sorriu e perguntou: - Mas, Zadoque, como pode um povo humilde julgar qual reino que tem falhas,
embora, chefiados por homens de Deus, e qual é o indigno da submissão dos
homens? Como o povo haverá de saber?
- Não saberá. – E quem, então,
poderá saber ou ter a certeza? – Deus sempre
sabe, mas ele não diz ou revela. Davi suspirou e reprimiu um soluço. (...).
Corá tinha duzentos e cinquenta seguidores e o que aconteceu depois? – Ele se
aproximou de Moisés e de Arão com sua tropa. Disse que Moisés não tinha nenhum
direito a toda a autoridade que estava exercendo.
- Diz-me, qual foi a resposta de Moisés a Corá? – Aos seus quarenta
anos de idade (Moisés) ele era arrogante e obstinado, não muito diferente de
Corá. Agora aos oitenta anos, ele era um homem quebrantado. Ele foi o homem
mais manso que já existiu. E creio que o rei sabe o que ele fez. Moisés não fez nada! – Por que ele fez
isso, Zadoque? – Rei Davi, o Senhor é, dentre os homens, quem mais deve saber.
Moisés sabia que fora somente Deus quem o fizera responsavel por Israel. Que Corá
e seus homens tomariam o reino, ou Deus provaria a inocência de Moisés.
- Moisés disse aos homens que
voltassem no dia seguinte com incenso e incensários ... e que Deus decidiria a
questão. Davi estava emocionado. – Que aconteceu depois? – Corá e dois de seus
homens foram tragados pela terra, e todos os outros morreram de ... (Números
16:31-35)
Números 16:35. Então, saiu fogo do Senhor e consumiu os
duzentos e cinquenta homens que ofereciam o incenso (acréscimo nosso).
Além de a terra ter aberta sua boca
e tragar aos homens, o Senhor ainda fez descer fogo do céu para consumi-los por
completo (acréscimo nosso).
VINTE E SEIS
- Você ouviu,
Joabe? – Se ouvi! É meia-noite; contudo, metade da cidade está desperta
com a notícia. Como pode ser, Absalão, um filho contra seu pai! – Quando os reinos são vulneráveis (a
liderança), os homens têm visões estranhas. Disse Abisai. – E a vontade sacrifica qualquer coisa para
satisfazer a ambição, acrescentou Joabe. – Que pensa? – Isto: Se
Absalão, que não tem autoridade alguma, comete esta ação contra seu pai (e o
reino), pergunto em nome da sensatez:
o que faria esse homem torando-se rei?
VINTE E SETE
Quando
o senhor era jovem, não disse uma só palavra contra um rei indigno. Que fará agora com um igualmente indigno
jovem? – Como já disse, são estes momentos que eu mais aborreço. Todavia,
contra toda a lógica, julgo primeiro o meu coração e decido contra seus
interesses. Farei o que fiz quando Saul reinava. Deixarei o destino do reino somente nas mãos de Deus.
Talvez eu tenha pecado tão
gravemente que não seja mais digno de governar. Mas hoje darei lugar para que o
nosso Deus se manifeste ... Não fazendo nada! O trono não é meu. Nem para
possui-lo, nem para defendê-lo, nem para conservá-lo. Abandonarei a cidade. Nao
serei empecilho (obstáculo) á ação de Deus. Nada há que o impeça de fazer a sua
vontade.
Se
não devo ser rei, o nosso Deus não terá dificuldade alguma em fazer com que
Absalão seja rei de Israel. Agora é possível. Deus será Deus! O verdadeiro
rei voltou-se e saiu calmamente da sala do trono, do palácio, da cidade.
Caminhou e caminhou ... Até entrar na
intimidade própria dos homens de coração puro.
[1] Parábola.
Narração alegórica que encerra uma doutrina moral. 2. Do grego, “parabole” que significa uma
comparação, um paralelo. 3. Uma narração curta para ensinar uma verdade moral
ou espiritual
[2] Ditadura.
Governo de exceção onde os poderes do Estado se concentram nas mãos de um só
homem. 2. Déspota (Tirano).
[3] Enganoso é. O coração é o ser interior
da pessoa, abrangendo seus desejos, sentimentos e pensamentos. Ele é, acima de
tudo iniquo e corrupto (perverso), por isso o ser humano não pode se
transformar sozinho.
Amigos e Irmãos em Cristo, estou inserindo mais uma Bibliografia interessantíssima para seu conhecimento. Como de costume, fiz o resumo colocando em destaque pontos que me chamaram minha atenção. Sem modificar o texto original, acrescentei passagens Bíblicas e comentários meus entre "parenteses". Espero que leiam a síntese e procurem ler o conteúdo completo deste livro. Abraços e a Paz de Cristo!
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