Salmo 128:3
Introdução
Muitas
tradições que são preservadas e praticadas por muitos povos há séculos, não
passam de meras atitudes cotidianas, isto é, tornou-se algo comum e rotineiro
em nossos dias, não há quase nenhum significado e importância mais, com o
propósito para o qual foram instituídas.
E o que é tradição? Podemos definir esta palavra como sendo o
ensinamento que se passa de pai para filho. Ou, ainda, uma comunicação oral de
fatos, lendas, ritos, hábitos, crenças, usos e costumes, etc. que se passa de geração
para geração. São estas tradições que costuma nos definir como pessoas.
Poderia citar vários exemplos para nossa
meditação e reflexão, mas, quero me ater, principalmente, numa em que é muito
próxima da população capixaba (Estado do Espírito Santo), a Romaria[1]
dos homens e das mulheres. Falo isso com muita propriedade, pois antes de minha
conversão ao Cristianismo, participei de muitas delas.
No
entanto, quero enfatizar, que muitas pessoas que ainda participam desse evento,
continuam com o mesmo propósito original de sua criação, ou seja, demonstrar total
devoção e gratidão por algo que lhe foi concedido.
Entretanto,
como eu (no passado), muitos são os que participam sem qualquer vínculo ao
verdadeiro objetivo de sua realização. Preparam-se para irem ao evento,
comprando muita bebida alcoólica e cigarros para consumirem durante a
peregrinação (ou em parte dela). Outros vão, para “azarar[2]”
ou tentar “fisgar” um peixe, isto é, conseguir uma aventura amorosa.
Nosso
objetivo ao preparar esta Mensagem, não é de realçar tradições que foram
criadas e preservadas por meros homens mortais (falhos e imperfeitos). Mas,
apresentar uma das tradições do povo de Deus do passado (Hebreus ou
Israelitas), que se traduzia em se reunirem habitualmente, para juntos,
adorarem ao seu Senhor e Salvador, para cear (alimentar-se) ou celebrar alguma
vitória ou conquista.
Êxodo 25:1. Então, falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos
de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover
voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada.
O
texto em destaque faz referência a uma convocação da parte do Senhor, pedindo para
que Moisés reunisse seu povo e lhe trouxessem ofertas voluntárias para
construírem o Tabernáculo e, assim, poderem, como seus seguidores (povo ou
família) apresentar sua adoração. Sendo assim, ao ler toda a Sagrada Escritura,
você verá esta tradição sendo realizada pelos Israelitas.
Queremos
centralizar nesta abordagem o ato de que as famílias atuais, inclusive os evangélicos
(protestantes ou cristãos), quase não se reúnem mais à mesa para fazerem suas
refeições diárias. Parece que essa tradição, com o tempo, foi sendo deixada de
lado por muitas pessoas. A realização dessa reunião familiar pode trazer muitos
benefícios para seus componentes ou, em caso da não realização, muitos
problemas de ordens pessoais, sociais e espirituais.
Nesse
sentido, apresentaremos resultados de uma pesquisa e observações a respeito
desse ato tão simples, mas que pode apresentar resultados maravilhosos aos seus
praticantes.
O
contrário também é verdadeiro, isto é, diversos problemas para às pessoas que
não mais o valorizam e, muito menos, se reúnem familiarmente para conversarem
sobre todo e qualquer tipo de assunto.
Desenvolvimento
Vale
lembrar que o alerta que será feita no transcorrer desta mensagem, alcança
também todos os pais de famílias e não somente os seguidores de Cristo. Foi
feita uma pesquisa recentemente na Inglaterra, sendo constatado que em 25%
(vinte e cinco por cento) das residências do País não existem mais mesa de
jantar. Foi constatado também, que no
Brasil 40% (quarenta por cento) das famílias não se sentam mais a mesa para
alimentar-se. Apresentou ainda a
pesquisa que, 70% (setenta por cento) da população brasileira alimentam-se em
frente do aparelho de televisão ou dum computador.
O Salmo 128 foi escolhido (Pr. Josué
Gonçalves) para nossa meditação, por abordar o assunto e nos trazer grande
aprendizado, advertindo-nos para que voltemos a realizar essa tradição que era
praticada no passado pelo povo Hebreu, no Antigo Testamento, e ordenada pelo
próprio Deus a Moisés.
Levítico
23:33-34. E falou o
Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias
deste mês sétimo, será a Festa dos Tabernáculos ao Senhor por sete dias. Ao
primeiro dia, haverá santa convocação, nenhuma obra servil fareis.
O
povo hebreu (ou judeu) costumava realizar várias festas anuais, mas o texto em
destaque faz referência a uma das três grandes festas realizadas no transcorrer
do ano – a Festa dos Tabernáculos; as outras duas são: a Festa da Páscoa (Levítico 23:4-8) e a Festa das Primícias (Levítico 23:9-14). Era assim chamada, tendo em vista que durante
sua realização, o povo deixava suas casas e morava temporariamente em tendas ou
cabanas.
Isto
era feito para lembrar-se do ato bondoso de Deus para com eles durante os
quarenta anos no deserto, sem habitação permanente. E neste Salmo, a ênfase a
ser dada por nós, embasado na Palavra de Deus, é sobre a convocação das
famílias para resgatarem o bom hábito (tradição) de sentar-se à mesa durante as
refeições diárias, com o propósito maior de propagarmos as bênçãos do Senhor
sobre nós e nossa família.
Salmo 128:3. A tua mulher será como videira frutífera
aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua
mesa.
Gostaria de detalhar alguns trechos
deste versículo, para que possamos ser edificados pelo Senhor, e crescermos
mais no conhecimento da Palavra de Deus.
V. 3: A tua Mulher (...).
Durante o transcorrer da história da
humanidade, viu-se por bom tempo, que a mulher não tinha valor algum em algumas
civilizações primitivas, algo muito parecido com o comportamento que se adotava
aos servos (escravos).
Entretanto,
nas narrativas Bíblicas, observamos que exerciam papel fundamental na
constituição familiar e no trabalho de implantação das igrejas, principalmente
porque hospedavam os primeiros Cristãos (missionários) e realizavam cultos em
suas casas. O profeta Eliseu ganhou até um quarto, com cama e uma mesa para
meditar na Palavra de Deus. Tudo isso, por iniciativa de uma mulher que viu
nele o Espírito Santo de Deus, e seu marido construiu a edificação. Além de suas obrigações conjugais, era ela
quem cuidava de todos os afazeres domésticos e administrativos da casa, como
também da instrução e educação dos filhos.
Pelos
idos dos anos 60, a mulher começa a ingressar no mercado de trabalho, ou seja,
a concorrer com os homens por uma vaga de trabalho. Assim, passou a se ausentar
por longo período de tempo de sua casa e de seus filhos, deixando aquelas
tarefas para outras pessoas. Com isso, entre outras coisas, começou a surgir
alguns problemas de ordens familiares e conjugal: “Toda mulher sábia edifica sua casa, mas a tola derriba-a com suas mãos”
(Provérbios 14:1).
(...) será como videira frutífera.
A videira (vitis vinifera) pertence à família das vitáceas, provavelmente derivada
de uma subespécie silvestre nativa do Mediterrâneo, de folhas alternas, munida
de gavinhas, flores aromáticas esverdeadas e frutos bacáceos[3]
comestíveis (a uva), ricos em açúcar, que fermentados dão o vinho. Apresenta
inúmeras variedades e é amplamente cultivada.
Este arbusto sarmentoso e seu fruto,
era largamente cultivado no Egito: “Então,
contou o copeiro-mor o seu sonho a José e disse-lhe: Eis que em meu sonho havia
uma vide diante da minha face” (Gênesis 40:9).
José
estava preso no cárcere quando interpretou este e, também, o sonho do
padeiro-mor. Ambos os sonhos aconteceram conforme a interpretação dada por ele.
Em linguagem figurada, toda a nação de Israel foi comparada a uma videira
trazida do Egito (Salmo 80:8).
(...) aos lados da tua casa.
Vimos
que o Salmista faz uma comparação da mulher com a videira, deixando para nós de
forma bem clara, a importância que tem em seu desempenho a tudo que se refere à
sua família. Nesta parte do versículo 3, pode-se interpretar também, que a ela era
confiado por em ordem a sua casa: “Mulher
virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubis” (Provérbios 31:10).
Atribui-se
também a ela e seu marido, a vigilância e proteção de sua prole. Portanto,
todos os componentes da família, devem participar e ajudar para que este ambiente
seja harmonioso e se torne o melhor lugar do mundo.
(...) os teus filhos,
O
Salmista deixou uma advertência para nós sobre nossos descendentes, ao dizer
que: “Eis que os filhos são herança do
Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão” (Salmo 127:3). Portanto, eles são um
presente dado por Deus a nós, por isso, precisamos cuidar bem deles e
ensiná-los a seguir o caminho do bem.
Provérbios
22:6. Instrui o menino
no caminho em que deve andar; e, até quando envelhecer, não se desviará dele.
O
Psicanalista renomado – Sigmund Freud ficou muito conhecido por seus estudos
sobre a mente e o comportamento humano, principalmente quando afirmou que:
“tudo que ensinarmos as nossas crianças na primeira infância (de 0 a 5 anos),
elas irão levar até sua morte”.
Não sei se ele teve
acesso as Escrituras Sagradas, pois Deus já havia inspirado homens ungidos
(escritores), para afirmar muito tempo antes, a mesma coisa. Conforme descrito
no texto do Livro de Provérbios acima.
(...) como plantas de
oliveiras.
A oliveira é uma das árvores mais
impressionantes da terra. Não estamos familiarizados com elas porque o Brasil
não é seu habitat. Entretanto, para o povo da Bíblia, ela foi e ainda é a
árvore mais importante de todas as árvores, haja vista por ser uma fonte de
alimento, luz, higiene e cura.
Os
seus
frutos são comestíveis e, também, deles se extraem o óleo que sempre teve um
papel importante na vida cotidiana de Israel. “Por quase 8.000 anos, azeitonas
têm sido um alimento básico do Mediterrâneo e o azeite tem sido usado para
cozinhar, para iluminar e como combustível”.
Êxodo
27:20. Tu, pois, ordenarás
aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido, para o
candeeiro, para manter a lâmpada acesa continuamente.
Essa também deve ser a nossa
obrigação a passar aos nossos filhos, para que iluminem continuamente o
ambiente em que estiverem e o caminho por onde andarem, como sendo um verdadeiro
candeeiro, isto é, como Filhos da Luz (de Deus).
(...) à roda da tua mesa.
Uma
coisa que preciso enfatizar para você que é Pai (e Mãe), deve-se ao fato de
valorizar a mesa de refeições em sua casa, como sendo um lugar aprazível, de
reunião e de encontro. Iremos a seguir, apresentar bons resultados pela prática
desta tradição:
1. Benefícios ao reunirmos nossa família à
mesa para alimentarmos.
a) Há maior satisfação
conjugal: a pesquisa feita, constatou que as famílias que
preservam este hábito em suas casas, tem uma vida conjugal mais equilibrada.
b) Maior senso de
responsabilidade nos filhos: eles observam o comportamento de seus
pais e tendem a reproduzi-los posteriormente.
c) Os filhos alimentam-se
melhores: melhora em muito a satisfação alimentar, promovendo
também, maior felicidade aos filhos.
d) Aumenta-se
significativamente a comunhão familiar: por estar esse tempo
juntos, promove maior aproximação e intimidade, surgindo assuntos de diversos
temas durante as refeições.
2. Por que o maligno tem tanto interesse
em tirar a família da mesa?
Pelo significado e importância que
representa esta reunião familiar diariamente. E, também, porque à Mesa é lugar
de:
a) Comunhão: O Salmista expressa
e retrata bem sobre isso, quando nos diz: “Oh! Quão bom e quão suave é que os
irmãos vivam em comunhão” (Salmo 133:1).
b) Celebração: Podemos ver bem
isso, na narrativa sobre o Filho Pródigo. Seu pai, ao avistá-lo, correu ao seu
encontro e o beijou. E logo em seguida, deu ordem aos seus servos para que
preparassem uma Festa (celebração).
Lucas
15:22-23. Mas o pai
disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe
um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e
comamos e alegremo-nos.
c) Oração: Nesse momento de reunião familiar, pode ser
realizado o Culto Doméstico. E, antes de nos alimentarmos, podemos apresentar
nossa gratidão a Deus pelo envio dos alimentos diários.
d) Conexão (União): No Livro de apocalipse, tem uma mensagem que
retrata muito bem sobre este tema: “Eis que estou à porta e bato; se alguém
ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele
comigo” (Apocalipse
3:30).
e) Ensino e Instrução (Pedagógico): Durante
as refeições diárias, os filhos podem aproveitar para tirar alguma dúvida sobre algum assunto ou os pais
podem falar da Palavra de Deus a eles, semeando desde pequeno este valioso
ensino que promove vida eterna.
Deuteronômio
11:18-19. Pondo, pois, estas minhas palavras no vosso
coração e na vossa alma, (...). E ensinai-as as vossos filhos, falando delas
assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te.
Este texto de Deuteronômio estava
trazendo um ensinamento sobre a obediência que deveria ser praticada pelo povo
Hebreu, sendo que ela traria ricas bênçãos da parte do Senhor para aqueles que
a ouvissem e a colocassem em prática. E esta instrução também nos alcança hoje.
f) Reverência.
Costumo dizer em casa quando estamos reunidos para nos alimentarmos, que esse
momento é “sagrado”, isto é, um momento de respeito e de silêncio. Um bom
momento para nossa reflexão.
Conclusão
Por
onde Jesus andava, uma grande multidão o seguia. Podemos afirmar, com base nas
Escrituras Sagradas, que Ele gostava de estar reunido com várias pessoas. Ele havia
escolhido doze homens para estarem o tempo todo com Ele (Mateus 10:1-13); e, em várias narrativas
ele estava cercado de inúmeras pessoas.
Numa
delas, Jesus havia se retirado de barco para um lugar deserto, mas, quando a
multidão ficou sabendo para onde ia, seguiu para lá a pé. Ele, em lá chegando,
notou que o povo já o esperava.
Mateus
14: 14,19. E, Jesus
saindo, viu uma grande multidão e, possuído de intima compaixão (...), curou os
seus enfermos. (...). E ele disse: Trazei-mos aqui. Tendo mandado que a
multidão se assentasse sobre a erva, tomou os cinco pães e os dois peixes, e,
erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos
discípulos, e os discípulos, à multidão.
Os
discípulos queriam que Jesus mandasse as pessoas embora, mas Ele, movido de
compaixão, pediu para os reunirem pois queria estar com eles. O texto acima retrata
um dos milagres realizados por Jesus - a primeira multiplicação dos pães e
peixes, alimentando aproximadamente cinco mil pessoas.
Meus
amados irmãos em Cristo, precisamos voltar e resgatar esta tradição amplamente
propagada por nosso Mestre, pois vemos nas Escrituras que o único momento em
que Ele gostava de estar sozinho, era quando queria ter seu momento em
particular com o Pai Celestial – para Orar.
É
necessário dizermos e profetizarmos igualmente o Salmista afirmou no Salmo 112:2: “A sua descendência (a
minha família e a sua) será poderosa na terra, a geração dos justos (a nossa
geração) será abençoada” (acréscimo nosso; e eu Recebo).
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