É aquele onde impera
a impunidade, principalmente de criminosos de “colarinho branco”. Ás vezes, é bom
relembrar acontecimentos que já ocorreram no passado, mas que parece se repetir
a cada dia. Será que o povo brasileiro se esqueceu de um dos maiores escândalos
de corrupção política, que ocorreu há mais de vinte anos atrás, conhecido como os
“Anões do Orçamento”.
Os violadores da lei
à época, eram parlamentares do “baixo clero”, como são conhecidos os deputados
de menor expressão. O modus operandi
se dava pela manipulação de emendas parlamentes, com o propósito de desviarem
dinheiro público através de instituições fantasmas ou “laranjas” e com a ajuda
das empreiteiras. Não parece muito familiar com o que estamos vivendo com o
escândalo da operação “Lavajato”?
Na investigação da
operação do passado, segundo a argumentação de alguns dos envolvidos, faltava fisgar
um “tubarão”, devido o tamanho da corrupção. Um nome de notoriedade pública até
surgiu no decorrer da investigação, mas, seus bons advogados, conseguiram sua
absolvição.
De forma um pouco diferente, em outras operações e, na operação
lava jato, realizada por Órgãos Federais, temos visto alguns tubarões sendo
levados à prisão, mas, não se engane, o poder e a influência política (e/ou
empresarial) e a posse de bens e riquezas materiais (mesmo adquiridos de forma
ilícita) garantirão para muitos deles, um tratamento totalmente diferenciado
dentro de nossas instituições prisionais (nesse sentido, será que você não ouviu
algum boato, sobre o tratamento do ex-governador do Rio de Janeiro, no presídio
de Bangu?).
E o pior, é que a
legislação brasileira será usada para consentimento dessas benesses; tais como:
foro privilegiado, aposentadoria compulsória (com altos salários), pedido de exoneração do cargo, prisão
domiciliar, entre outras. Talvez, por isso, não percebemos no ato de sua prisão,
nenhuma expressão de arrependimento ou de constrangimento. Como dizia Boris Casoy: “Isso é uma vergonha”.
Isto me fez lembrar,
uma fala da Deputada Cidinha Campos, do PDT/RJ, em que dizia: “A corrupção
deste País está no DNA das pessoas”, isto é, elas herdam este desvio de conduta ao nascerem. E,
ainda, duma letra do cantor Renato Russo (falecido), retratando a realidade da
sociedade brasileira:
“Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado, ninguém
respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação. Que País é
este? Que País é Este? No Amazonas, no Araguaia iá, iá, na baixada Fluminense,
Mato grosso, Minas Gerais e no Nordeste (...), mas o sangue anda solto, manchando
os papéis e documentos fiéis, ao descanso do patrão. Que País é este? Que País
é este? Terceiro mundo se foi, piada no exterior, mas o Brasil vai ficar rico, vamos
faturar um milhão, quando vendermos todas as almas, dos nossos índios num
leilão. Que País é este? Que País é este? Que País é este?”
Infelizmente, muitas
de nossas autoridades políticas e/ou públicas não estão nos leiloando não! Mas,
na verdade, estão “sequestrando e roubando” direitos e garantias grafadas em
nossa Constituição Cidadã.
Em regra, o perfil do
comportamento social do povo deste País é assim: saqueia cargas de veículos
acidentados nas estradas e rodovias; Furta equipamentos e eletrodomésticos em
lojas comerciais (como foi visto no período em que os Policiais Militares do
Espírito Santo estavam em greve – Aquartelamento); Estaciona sobre as calçadas;
Para sobre a faixa de pedestre; Suborna ou tenta subornar o guarda de trânsito,
quando é pego cometendo uma infração; Troca seu voto por qualquer benefício:
areia, cimento, tijolo, cirurgia, emprego, abastecimento do veículo, entre
outras;
Fala ao celular enquanto dirige; Para em fila dupla ou em frente a
garagem e vagas para idosos (ou deficientes); Viola a lei do silêncio; Dirige
após consumir bebida alcoólica; Fura filas nos bancos, utilizando-se de
desculpas esfarrapadas; Espalha mesas de seu comércio nas calçadas; Ocupa a
areia da praia com mesas e cadeiras de seu quiosque; Apresenta atestados
médicos falsos; Faz "gato" de energia, água e TV a cabo; Registra
imóveis no cartório com valor abaixo do mercado, para pagar menos impostos;
Quando viaja a serviço pela empresa, aumenta o custo dos gastos; Comercializa
objetos doados em campanhas de calamidades públicas; Adultera o velocímetro do
carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado; Compra produtos pirata com a
consciência de sua origem ilícita; Emplaca o carro fora do seu Estado para
pagar menos IPVA; Quando volta do exterior, mente para o fiscal aduaneiro sobre
a bagagem que traz; Joga lixo na rua; Pratica vandalismo com os bens públicos
ou privados...
Depois, essas mesmas
pessoas ficam escandalizadas quando as autoridades públicas e políticas,
aprovam um aumento salarial na ordem de 62% (parlamentares) e 130% (ministros e
Presidente da República) ou, ainda, quando se descobre desonestidades
praticadas por eles, por exemplo, apresentar documentos ou notas fiscais
falsas, comprovando viagens de serviços à Brasília ou ao exterior; o desvio de
verbas públicas para empresas ou instituições “laranjas”, ou para contas
bancárias no exterior, para familiares ou para amigos íntimos.
Eles se esquecem que essas
autoridades foram escolhidas por nós e saíram do nosso meio social. Neste País
reside um povo que costuma querer levar vantagem em tudo, mesmo que tenha de
pisar ou passar por cima de pobres coitados. Essa é, infelizmente, a mais pura
realidade. Se quisermos mudanças comportamentais dos políticos brasileiros,
devemos dar o exemplo e começar dentro de nossa casa, realizada por mim e por
você.
Devemos mudar nossa
fala sobre a necessidade de deixar um mundo melhor para nossos filhos, enquanto
deveríamos dizer que “precisamos deixar filhos melhores para nosso mundo”. É muito
fácil atirar pedras no telhado do vizinho, mas temos que ter cuidado, pois o
meu e o seu telhado, pode também ser de vidro.
Voltando as operações
que são realizadas pelos Órgãos Federais, se pesquisarmos em todas que foram realizadas
de uns anos para cá, veremos nomes de autoridades parlamentares que também foram
citadas pela operação lavajato, ou seja, são reincidentes.
Pode-se concluir, que
isto tudo se deve, pelo fato das pessoas não acreditarem mais nos órgãos
públicos do Brasil (seja da esfera Federal, Estadual ou Municipal ou da
Segurança Pública Estatal), pois, parece, terem a certeza de que não serão
penalizadas ou, se forem, receberão algumas das benesses apresentadas pela lei.
Como alguém já disse: “A lei só funciona com rigor para pobres, negros e
miseráveis desse País”. E esse País se chama pelo nome de Brasil! Enquanto depositarmos nossa confiança nos
homens será assim, ou, não se espantem, será pior?
Nenhum comentário:
Postar um comentário