YOUNG, William Paul. A
Cabana. São Paulo:
Arqueiro, 2008.
Prefácio
Machenzie Allen Phillips, nasceu
numa fazenda do Meio Oriente, numa família Irlando-americana de mãos calejadas
e negras rigorosas. Geralmente era chamado do Allen, pois os filhos tinham os
primeiros nomes iguais e, com isso, evitava-se chamá-los de Júnior, Filho ou
Sênior, mas ele gostava que o chamássemos de Mach. Aparentemente religioso e exageradamente rigoroso, seu pai bebia muito. Ele não
era o tipo de alcoolista que caia num sono rápido e feliz, mas um bêbado
perverso que batia na esposa depois de embriagar-se, mas depois pedia perdão a
Deus.
Mach tinha apenas 13 anos de idade,
mas devido a situação vivida em sua casa, acabou com certa resistência abrindo
seu coração para um líder da igreja num encontro para jovens. Nesse momento,
confessou que nunca fizera nada para defender sua mãe, nas inúmeras vezes em
que seu pai a batia até que ele desmaiasse. Para seu azar, esse líder religioso
era amigo de seu pai. No mesmo dia, ao chegar a casa, sua mãe e suas irmãs não
estavam em casa.
Seu pai mandou que elas fossem para
casa de sua tia. Durante quase dois dias
inteiros, esteve amarrado ao tronco de uma arvore que ficava atrás de sua casa.
Neste tempo, recebia açoites de cinto e o recitar de versículos bíblicos,
feitos pelo seu pai todas as vezes que acordava depois de uma bebedeira.
Duas semanas depois desse fato,
quando conseguiu ficar de pé, fugiu de casa levando as poucas reservas que
possuía - $ 15 dólares e 13 centavos. Antes disso, colocou veneno de rato em
todas as garrafas de bebida alcoólica de seu pai. Deixou um bilhete para sua
mãe: “Um dia espero que você possa me perdoar”.
Viajou pelo mundo afora,
trabalhando em vários ofícios para sobreviver. Com o dinheiro ganho, mandava
uma quantia para sua Avó entregar a sua Mãe. Com mais ou menos 20 anos de
idade, entrou para um Seminário na Austrália. Depois de estudar Teologia e
Filosofia, voltou para os EUA Fez as pazes com a sua mãe e suas irmãs. Mudou-se
para Oregon onde conheceu Mannete A. Samuelson, casando-se com ela.
Mach atualmente está com mais de 60
anos de idade. Não chama muita a atenção, pois está um pouco obeso e meio
careca, é muito calado, mas você percebe sua inteligência ao conversar sobre
quase tudo e pela força de suas convicções. Seus assuntos prediletos são Deus,
a Criação e por que as pessoas acreditam em determinadas coisas.
No entanto e ao mesmo tempo, ele
não parece ser muito religioso, pois sua relação de Amor e Ódio é muito
evidente. As vezes vai a igreja, mas da para perceber que ele não se sente
muito a vontade naquele lugar (seu Pai).
Ele está casado há mais de 33 anos
com Mannete e parece que são felizes. Deste casamento nasceram 5 filhos. Jon é
casado há pouco tempo. Tyler recém-formado na faculdade, mas já está fazendo
Mestrado. Josh é, uma das três meninas; a outra se chama Katherine (Kate) e a
mais nova é Melissa (Missy). Como a maior parte das nossas feridas tem origem
em nossos relacionamentos, o mesmo acontece com as nossas curas. Quem está de fora e olha, nada percebe.
1
– Uma Confluência de Caminhos
Vivíamos uma época de muito frio,
onde havia muita neve sobre as casas. Demorou quase um minuto para arrancar o
gelo que havia lacrado a tampa da caixa do correio. A recompensa por seus esforços
foi um único envelope onde havia apenas seu primeiro nome escrito a maquina do
lado de fora; sem selo, sem carimbo e o remetente.
A mensagem dizia: “Já faz muito
tempo. Senti sua falta. Estarei na cabana no final de semana que vem, se você
quiser me encontrar”. Assinado Papai.
O frio se entranhava rapidamente
pelo casaco e Mach sabia que a chuva gelada iria descongelar e derreter tudo
debaixo dele. O que há de errado Mach? Ainda está fumando muito bagulho ou só
nos domingos pela manhã, para suportar o culto na Igreja?
2
– A Escuridão se aproxima
As
pequenas distrações como a tempestade de gelo, eram uma trégua bem vinda
que faltava por instantes a presença terrível de sua companheira constante: a
Grande Tristeza. O desaparecimento de Missy levou Mack a ter diariamente
vislumbres dela correndo pelo caminho que descia pela floresta a sua frente.
Mack decidiu levar as três crianças
menores para um último acampamento no lago Wallowa, no Nordeste de Oregon. Uma
história ou lenda indígena intrigava muito a Missy: Uma princesa era a filha
única que restava ao pai já bastante idoso. Uma doença contagiosa atingiu e
afetava quase todos da tribo. A princesa estava de casamento marcado com um
jovem guerreiro da tribo, mas ele acabou sendo afetado pela doença.
A lenda indígena dizia que para
combater o andaço da doença, uma jovem virgem (pura) deveria subir num alto
penhasco e se lançar à morte. Ela foi até a cabana (oca) do jovem guerreiro e
deu-lhe um beijo na testa e afastou-se em secreto. Caminhou noite e dia até
chegar ao cume do tal penhasco. Fez uma oração ao Grande Espírito e se lançou
abaixo, pois amava muito seu noivo.
No outro dia, todos infectados pela
doença, começaram a se sentir melhor. Procuraram a jovem índia, mas só
encontraram seu corpo despedaçado no sopé da montanha. Seu pai, tomado de
grande dor e sofrimento, gritou ao Grande Espírito: Que esse sacrifício seja
lembrado para sempre.
Do lugar onde ela se jogou, começou
a jorrar muita água, formando um lago maravilhoso. Missy perguntou ao Pai: -
Por que ela teve que morrer? Ele respondeu: - Ela não teve que morrer, mas
escolheu morrer para salvar todo a sua tribo. – Mas isso aconteceu mesmo? – Não
sei Missy. Lendas são histórias que ensinam alguma lição.
- Então não aconteceu de verdade? –
Pode ter acontecido querida. Às vezes as lendas nascem de histórias verdadeiras
e reais, coisas que aconteceram de fato. Então a morte de Jesus Cristo é uma
lenda? – Não querida, a história é verdadeira. O Grande Espírito é outro nome
para Deus?
Acho que sim. Então porque ele é
tão mau? – Como assim, Missy? Ele fez a princesa pular do penhasco e fez Jesus
morrer numa cruz. Isso parece ser muito mau. Jesus Cristo não considerava ou
achava seu Pai mau. Ele não o fez morrer. Eles concordaram em salvar toda uma humanidade
por amor ao homem. Ele nos salvou da doença (Pecado), como a princesa.
3
– O Mergulho
O lago Wallowa, no Oregon como
propriedade, era chamado de Pequena Suiça da América. A área parece abundante
da flora e de vida selvagem, incluindo alces, ursos, cervos e cabritos
monteses.
Teleférico. Mach está curtindo um acampamento
com seus filhos. Este é um daqueles momentos raros e preciosos que pegam a
gente de surpresa e quase tiram o fôlego. Se
Nam estivesse aqui seria realmente perfeito.
Fogueira.
A conversa se dava ao redor da fogueira, Sarah parecia ansiosa para
conhecer melhor a família de Mach, especialmente Nam (sua esposa). Ela é
enfermeira e muito conceituada na comunidade medica (p.37). Ela trabalha com
pacientes terminais teminais de câncer. Ministra palestras para pessoas
próximas da morte a pensarem no relacionamento com Deus.
NAM:
Papai – demonstrando ter intimidade com Deus.
Deus para: CRIANÇAS:
- Papai, o que incomodava muito a Machenzie.
MACH:
- Não tinha a mesma opinião de Nam e não gostava como era passado para as
crianças.
Passeio
de Barco. Seus filhos,
Josh e Kate, inventaram de passear de barco, mas ao fazer um aceno para Mach
que estava com Missy em terra, o barco virou. Mach com muito esforço e desespero
consegue salvá-los, mas Missy havia ficado sozinha em terra e foi seqüestrada
(p. 40-42).
Embora todas as pessoas que estava
no acampamento e a policia local, tivessem feito várias buscas, não obtiveram
êxito em encontrar Missy. O desespero e a tristeza tomaram conta de Mach.
4
– A Grande Tristeza
“A tristeza é um rumo entre dois
jardins” – Khalil Gibran.
“Nada nos deixa tão solitários
quanto nossos segredos” – Paul Tourniem.
Mach, desesperado orava e procura
de Missy, fazendo várias promessas. Um jovem que estava no acampamento naqueles
dias, disse ter visto uma pick-up verde, levando uma menina de vestido vermelho
igual a menina que estava na foto mostrada por Mach (p. 46). Com a chegada da
policia e os cães farejadores, as esperanças de encontrá-la aumentaram, mas o
policial Dalton suspeita que houve realmente um seqüestro.
No momento em que o barco virou,
Missy estava colorindo um desenho, sendo que o caderno continuava aberto na
mesma página. O lápis de cor vermelha, que era a sua preferida, não estava na
mesa, mas foi encontrado perto do local de estacionamento do camping, como
também, um de seus sapatos.
Na mesa em que coloria o desenho,
Mach achou um broche de joaninha, que não
pertencia a Missy e não estava ali pela manhã. O FBI de Portland entrou em
contato com Dalton e pediu detalhes sobre o broche. Daí, foi identificado
tratar-se de um “serial killer”, ou seja, assassino em série, que a policia
esta tentando prender por quase 4 anos. Ele tem preferência por crianças abaixo
de 10 anos de idade e do sexo feminino. O broche é deixado de propósito, ele
sempre acrescenta pontos negros no broche, simbolizando o número de suas
vítimas (p.50).
A pick-up verde foi encontrada numa
estreita estrada, coberta por arbustos, próximo a uma cabana. Dentro desta
cabana, estava o vestido vermelho que Missy estava usando, totalmente banhada
de sangue. (p.57)
Passaram-se 3 anos e meio, e
nenhuma noticia de Missy. A vida nunca mais foi a mesma para Mach e Nam. Sua
ausência criava um vazio profundo. A tragédia promoveu o verdadeiro afastamento
de Mach com Deus. Ele estava farto de Deus e da Religião, farto de todos os
clubes sociais religiosos que não faziam nenhuma diferença expressiva,
nem tampouco
provocavam qualquer mudança real (p.59).
5
– Adivinhe Quem Vem para Jantar?
Mach vai até sua caixa de correio e
encontra um bilhete endereçado a ele; com os seguintes dizeres: Papai, estou te
esperando na cabana. Na cabeça de Mach; três explicações ou idéias surgiram:
1ª – Poderia ser Deus: Por mais
absurdo que pudesse parecer;
2ª – Uma piada muito cruel. Escrita
por qualquer pessoas ou;
3ª - Algo mais sinistro. Escrito pelo próprio
assassino de Missy.
Ele estava planejando voltar a
cabana, mas de forma secreta. Pediu o Jipe emprestado ao amigo Willie que não
acreditava que Deus fizesse coisas assim (p. 62). Mach, parte de mim gostaria
de acreditar Willie. Acho que Deus não se importa o suficiente comigo. E como
você acha que Deus é? Não sei. Talvez tenha uma luz muito forte ou apareça no
meio da sarça ardente (como apareceu para Moisés).
Sabia que estava indo para o centro
de sua dor, o vórtice[1] da
Grande Tristeza que havia minado sua alegria de viver (p. 65). Mach entra na
cabana e olha para o céu e começa a gritar: Porquê você deixou que isso
acontecesse? Não bastou matar minha filhinha? Numa fúria cega, começou a
destruir tudo que estava a sua volta. Odeio você! Num frenesi[2]
liberou a raiva até ficar exaurido.
- Missy, desculpe se não pude te
proteger. Desculpe se não pude encontrar você. Deus, você nem deixou que a
encontrássemos e a enterrássemos. Seria pedir demais? (p.69) Estou cheio, Deus.
Sussurrou! Estou cansado de tentar encontrá-lo. Decidiu
que esta era a última vez que procuraria Deus. Se Deus o quisesse, teria de vir
encontrá-lo (p.71).
O autor refere-se a Trindade
Divina, mas faz sua apresentação de forma, ao meu ver, pejorativa, haja vista
que DEUS – ele apresenta como sendo uma
mulher enorme, de cor negra, com um perfume aromático similar ao que a mãe de
Mach usava (p.73). O ESPÍRITO SANTO
– seria outra mulher, mas totalmente diferente da primeira. Esta de pequena
estatura, de origem asiática, com poderes para surgir e desaparecer
repentinamente (p.74) e, por fim, JESUS
– um homem judeu ou do oriente médio, vestindo-se como um operário, de feição
agradável, seu sorriso e seus olhos iluminavam seu rosto, mas não era bonito
(sem formosura). Aparentava ter aproximadamente 30 anos de idade e era Hebreu
da casa de Judá. (p.76).
O Espírito Santo – a pequena mulher, usava luvas de borracha, calça
jeans com os joelhos cobertos de terra (por estar ajoelhada), blusa com manchas
amarela, vermelha e azul (p. 75). Seu nome era Sarayu – que significa guardiã dos jardins, dentre outras coisas.
Jesus – dialoga com Mach, dizendo a ele
que esse é seu nome comum, mas sua mãe o chama de YESHUA, outros de JOSHUA ou
JESSÉ. - Mach fica em dúvida: Seria uma espécie de Trindade! Mas duas mulheres
e um homem? E nenhum deles era branco? Mach perguntou: Qual de vocês três é
Deus? – Eu, responderam de forma uníssona. (p.77)
6.
Aula de Vôo.
Devo estar ficando louco? Devo
acreditar que Deus é uma Negra Gorda com um senso de humor questionável?
- Negra: Estava de costa para Mach
e ouvia uma música da Costa Leste. - Isso não parece ser religioso? – E não é.
É mais um tipo de funk ou Blues. Não fique me rotulando, eu ouço de tudo e vou
além da música, mas também os corações que estão por trás delas (p. 81).
- Você sabe que é complicado te
chamar de Papai? – Claro que sei. Porque estou me apresentando como mulher ou
por causa dos fracassos de seu pai? – Talvez, porque nunca conheci alguém que
pudesse chamar de Papai. – Se você deixar, serei o pai que você nunca teve.
(p.82) - Se você não teve capacidade de cuidar de Missy, como poderá cuidar de
mim?
O pássaro foi criado para voar. Ficar
no solo é uma limitação de sua capacidade de voar; e não o contrário.
Metáfora do Pássaro Azul =
Por outro lado, Mach, você foi
criado para ser amado. Viver sem ser amado é uma limitação de sua capacidade de
amar; e não o contrário.
Viver sem ser amado é como cortar
as asas do pássaro e tirar sua capacidade de voar, mas ele continua sendo um
pássaro. A dor e o sofrimento - Mach, tem a capacidade de cortar nossas asas e
nos impedir de voar.
Nós – a Trindade, criamos vocês
(homens) para compartilhar isso. Mas Adão optou por ficar sozinho (desobedeceu)
e tudo se estragou (p. 89). Ao invés de varrer (dizimar, matar) toda a criação,
entramos no meio da bagunça e, assim, fizemos Jesus (encarnado).
Quando nós penetramos na existência
dos homens sob a forma do Filho de Deus, nos tornamos totalmente humanos (100%
homem e 100% Deus).
Imaginemos a circunstância: seria
como se fosse um pássaro, cuja natureza principal é voar, mas se ele optasse em
permanecer no chão. Ele não deixaria de ser pássaro. Entretanto, mudaria
completamente sua experiência de vida.
Jesus - por sua natureza é
essencialmente Deus, mas optou por ser totalmente Humano e viver igualmente a
todos os seres humanos. Por isso, seu nome é Emanuel, o Deus Conosco. (p.89).
Machenzie – mas... e todos os milagres de
Jesus? As curas? Ressuscitou os mortos? Isso não prova que Jesus era Deus...
mais do humano?
Papai
(Deus) - Ele nunca aproveitou sua
natureza divina para fazer nada. Quando curava, fazia isso como um ser humano dependente e limitado que confiava na
minha vida (Deus) e no meu Poder de
trabalhar com Ele (Jesus) e através D’Ele
(p. 95).
7.
Deus no Cais:
“Oremos para que a raça humana
jamais escape da terra para espalhar sua iniqüidade em outros lugares” –
C.S.LEWIS.
Ele pediu para Mach falar de seus
filhos. O relacionamento humano não tem nada a ver com o Poder. O humano é
formado a partir da criação material e física, pode ser totalmente habitado
pela vida Espiritual, a minha vida – JESUS. Só que isso exige a existência de
uma união muito real, dinâmica e ativa (p. 103).
Sarayu – vento, na
verdade um “vento comum” = Espírito Santo.
Papai
– Elousia = El com o significado de o Deus Criador e Ousia – ser ou aquilo que é verdadeiramente real.
8.
Um Café da Manhã de Campeões;
“Crescer significa mudar e mudar, e
mudar envolvem riscos; uma passagem do conhecido para o desconhecido”.
Mach estava muito cansado e acabou
dormindo. Teve um sonho em que estava voando bem alto, usufruindo do sonho de
voar. Em questões de segundos, foi arrastado das alturas e jogado violentamente
de cara numa estrada lamacenta e muito esburacado. E tudo veio de novo, raios
iluminando o rosto de sua filha – Missy, enquanto ela gritava... Papai! (p.
106).
Acordou muito assustado e viu que
era apenas um sonho. Entretanto, as emoções e lembranças permaneceram. Começou
a pensar estar louco. Se Deus estava realmente ali, porque não havia afastado
seus pesadelos? Papai, ás vezes, os
sonhos são importantes, muitas vezes eles são um modo de abrir as janelas e
deixar que o ar poluído saia (p. 108).
Deus não precisa castigar as
pessoas. O pecado já é o próprio castigo, pois devora as pessoas por dentro.
Confiança – ela é fruto de um relacionamento
em que você sabe que é amado. Se você
não sabe ou tem dúvida se Eu o amo, não pode confiar em Mim (Deus)?
9.
Há Muito Tempo, num Jardim Muito, Muito Distante:
Quando algo lhe acontece, como você
determina se uma coisa é boa ou se é ruim?
- Mach: Talvez, eu diria que algo é bom quando eu gosto, que faz com
que me sinta bem ou me dá um sentimento de segurança. De forma contrária, diria
que algo é ruim se me causa dor ou custa algo que quero.
- Negra: Então isso é bastante subjetivo? – Acho que sim. – E até que
ponto você confia na sua capacidade de discernir o que é bom e o que é ruim? -
Sinceramente, não sei realmente se existe algum fundamento lógico para decidir
o que é bom ou ruim; a não ser o modo como algo ou alguém me afeta (p.122).
- Sarayu: Então é você quem determina o que é bom ou o que é ruim? Se
é assim, você se torna o Juiz. Importante lembrar que as circunstâncias e o
tempo podem fazer mudar o que você havia determinado como sendo bom ou ruim. E
o pior, há bilhões de pessoas no mundo iguais a você, e cada uma delas, pode
determinar o que é bom e o que é ruim. Desta forma, quando o que você acha que
é bom ou ruim, se choca com a opinião do seu vizinho, começa a surgir os
conflitos, as discussões e as brigas. De fato, o ato de escolher comer o fruto
daquela árvore, acabou por rasgar o universo (Adão e Eva), divorciando o
Espiritual do Físico. (p.124)
Sarayu – E aquele foi um dia de grande
tristeza.
Elousia – Vocês não precisam de mim para
criar sua lista do que é bom ou ruim, mas precisam de mim se tiveram qualquer
desejo de parar com a ânsia dão insana de independência.
Mach – há algum modo de consertar isso?
Sim, você deve desistir de seu
direito de decidir o que é bom e ruim e escolher viver somente para mim (Deus).
“Negue-se a si mesmo e siga-~me” (João xxxx).
O mal é uma expressão que usamos para descrever a ausência do bem. Assim como usamos a
palavra escuridão para descrever a ausência de luz e, também, a expressão morte
quando há ausência de vida. Portanto, afastar-se de Mim, irá levá-lo a
mergulhar na escuridão (trevas) e declarar-se independente, resultará no mal,
sendo traduzida em morte, porque Eu sou a Vida (João xxxxx).
Sarayu – uma criança é protegida porque é
amada e não porque tem o direito de ser protegida.
10.
Andando Sobre a Água:
Jesus está trabalhando na
carpintaria (José) na feitura dum baú. Depois chama Mach para ir até o lago,
levando consigo vários lanches preparados por Deus (Negra). Mach imagina que
eles iriam dar uma volta de barco.
Jesus manda Mach descer do píer e
andar sobre as águas. – Tenho medo de afundar. E imagina várias coisas (Pedro xxxxx). Jesus – A
imaginação é uma capacidade poderosa. É um poder que o torna muito parecido
conosco. (p. 130)
A pessoa que vive dominada pelos
medos, não encontra liberdade no meu amor. Estou me referindo aos medos
imaginários, principalmente sobre a projeção desses medos no futuro. Nossa
terra é como uma criança que cresceu sem os pais, não tendo ninguém para
guiá-los e orientá-las. Os seres humanos que receberam a tarefa de guiar
amorosamente o mundo, em vez disso, o saquearam sem qualquer consideração.
Mach – Eu preferiria que você (Jesus)
assumisse o controle.
Jesus – Forçar minha vontade sobre a de
vocês é exatamente o que o amor não faz. Vocês precisam entender que a submissão não tem nada a ver com autoridade e não é sinônima de obediência. Ela tem a ver com relacionamentos de Amor e Respeito.
O homem, isto é, o ser humano, em geral, procura realizar-se pelos
seus próprios feitos. Enquanto a mulher,
em sua maioria, procura realizar-se pelos seus relacionamentos. Sendo assim, o
mundo está dividido porque no Éden vocês abandonaram o relacionamento conosco
(Trindade) para firmar a própria independência. Quando optam para definir o que
é bom ou o que é mau, vocês buscam determinar seus próprios destinos, ou seja,
sua independência. Essa reviravolta que causou tanta dor (p. 134).
As mulheres nos deram as costas em busca de outro relacionamento,
enquanto os homens viraram-se para si
mesmos e para o chão. Seguir a Jesus significa “tentar ser como Jesus”, isto é,
matar sua independência.
11.
Olha o Juiz Aí, Gente:
Mach foi orientado por Jesus a seguir um
caminho, mas se deparou com uma grande rocha. Percebeu que havia uma entrada,
mais estava totalmente escura. Na negritude conseguiu encontrar uma cadeira e
uma escrivaninha de ébano. Atrás da mesa estava uma mulher alta, linda, de pele
morena, com feições hispânicas bem marcadas. Estava sentada com postura ereta e
régia, como a de um juiz da suprema corte (p. 141).
Sua beleza era estonteante
(Sophia), vestida num manto largo de cores escuras. Ela é a beleza, tudo que a
sensualidade luta para ser, mas fica muito longe de conseguir. Sophia – hoje é
um dia muito sério, com conseqüências sérias – Machenzie. Você está aqui em
parte por causa de seus filhos, mas também por ... Mach, como assim, por causa
dos meus filhos? Você ama seus filhos de um modo que jamais seu Pai conseguiu
amar você e suas irmãs.
- Qual de seus filhos que você mais
ama? – Amo cada um de um modo diferente?
- Explique isso Machenzie. – Cada
um de meus filhos é único, tem uma personalidade especial. E essa condição
única provoca uma reação única em mim. (p.142); cinco filhos: Jon – o primeiro;
Tyler – o segundo; Kate – o terceiro; Josh – o quarto e, por fim, Missy – o
quinto. Quando penso em cada um de meus
filhos individualmente, descubro que gosto especialmente de cada um.
- E quando
eles se comportam mal e é agressivo, como isso afeta o seu Amor por Eles? – Não
afeta. Confesso que isso ás vezes irrita, mas mesmo quando eles agem mal, ainda
são meus filhos. O que pode afetar o meu orgulho, mas não o meu amor.
- Você não acredita que Deus seja
bom, não é? – Missy é filha dele? – Claro. – Então não acredito que Deus ame
todos os seus filhos muito bem. – Você não está aqui hoje somente por causa de
seus filhos. Está aqui para o julgamento. (p.144). Lembranças se derramavam da
mente de Mach, como de ratos fugindo de uma enchente (...), ele se sentiu
culpado, tentando encontrar algum equilíbrio, inundado por imagens e emoções.
- Agora entendo; estou morto, não
estou? – Lamento desapontá-lo, mas ainda não caiu no sono no seu mundo. – Não estou morto? Quer dizer que tudo isto é
real? Não é juto! Quero dizer; ser julgado antes mesmo de morrer? E se eu
mudar? E se eu for melhor pelo resto da vida? E se me arrepender?
Sophia
– Eu não disse que você está em
julgamento. Você é o Juiz. – Não tenho
nenhuma capacidade de julgar? – Ah, não é verdade, você já julgou muitas
pessoas durante a sua vida. Diga-me; qual é o critério pelo qual você se baseia
para fazer seus julgamentos? (p.145)
- Nada que parece fazer muito
sentido neste momento. Mach sabia que era totalmente culpado de ser
egocêntrico. Como ousava julgar alguém? – Todos os seus julgamentos foram
superficiais, baseados na Aparência
e nos Atos Motivados por Preconceitos,
estados de espírito ou pela necessidade de sentir-se melhor ou superior aos
outros (p.146-147).
- E que tal julgar o homem que é
predador de menininhas inocentes? Ele deve ser julgado?
- Deve. – Ele é o culpado de sua
perda? – É. Sophia – e o pai dele, o homem que deturpou o filho até que ele se
transformasse num terror; e Ele? – È, ele também. – Até onde devemos voltar,
Machenzie? Esse legado de deformação remonta a Adão. E ele? E Deus? Deus
começou esta coisa toda. Deus de ser culpado? (p.148) Um pai como você, pode julgar
o Pai? Sua reclamação não é justa Machenzie. O fato de Deus permitir que aquela
alma deturpada arrancasse (Missy) de seus braços amorosos, mesmo tendo o poder
de impedir. Deus não deve ser culpado, Machenzie.
- Sim; a culpa é de Deus. Sophia –
se você pode julgar Deus com tanta facilidade, certamente pode julgar o mundo?
Você deve escolher dois de seus filhos para passar a eternidade no novo Céu e
na nova Terra, mas apenas dois. E deve escolher três de seus filhos para passar
a eternidade no inferno (p. 148). Só estou te pedindo para fazer uma coisa que
você acredita que Deus faz.
- Então, Machenzie; você acha que
Deus faz isso com facilidade? Então, qual dos seus cinco filhos você condenará
ao inferno? Que tal a Kate? Ela o trata tão mal e lhe diz coisas tão dolorosas.
Você é o juiz.
- Não posso fazer isso. Não posso
ir no lugar deles? Se vocês precisam de alguém para torturar por toda a
eternidade, eu vou no lugar deles. Pode ser? Por favor, eu imploro ... Sophia
de sorriso radiante, disse: agora você está falando como Jesus (p. 150). Estou
orgulhosa.
- Mas eu não julguei nada. – Julgou
sim! Julgou que eles são merecedores de Amor, mesmo que isto lhe custe tudo
(sua vida = a Jesus). É assim que Jesus ama.
- Entendo o amor de Jesus, mas Deus
é outra história. Não acho que os dois são iguais, de mondo nenhum. Ele não é
como o Deus que eu conheço. – Quem sabe, sua idéia de Deus esteja errada.
- Como Deus poderia amar Missy e
deixar passar por aquele horror. Era uma
menininha inocente, não fez nada para merecer aquilo. (p.151) Deus a usou para
me castigar pelo que fiz ao meu pai? Isso não é justo! Eu poderia merecer, mas
elas não (Nam e Missy).
- Isso não foi feito por Ele. – Ele não impediu. Sophia – Ele não impede
muitas coisas que lhe causam dor. O seu mundo está todo deturpado e nada é como
deveria ser, como Papai deseja que seja e como será um dia (p. 151). – Então,
por que ele não faz algo a respeito? – Ele já fez. Você não viu os ferimentos
em Papai. – Ele fez por Amor.
Mach – não quero ser mais Juiz,
realmente quero confiar em Papai, mas vou precisar de ajuda.
O silêncio da caverna foi tomado
pelo som de crianças brincando. Ele pode ver pela névoa e vislumbrar formas
vagas de crianças brincando á distância. O som parece de meus filhos! Na sua frente
estava montanhas nevadas vestidas com florestas densas, e um riacho largo e uma cabana. Havia um
grupo brincando a menos de 50 metros dele. Viu seus filhos; Jon, Josh, Tyler e
Kate. Entretanto, havia mais alguém! Era
Missy! Ela correu em sua direção e parou bem diante dele.
Sophia – Missy está nos braços de
Jesus, Machenzie. Julgar não é destruir, mas consertar as coisas.
12 – Na Barriga das Feras:
“Os homens jamais fazem o mal tão
completamente e com tanta alegria como
o fazem a partir de uma convicção
religiosa” - Blaise Pascal.
Jesus diz que Sophia é uma
personificação da sabedoria de Papai. Ela é parte do mistério que cerca Sarayu
(Espírito Santo). A escuridão esconde o verdadeiro tamanho dos nossos medos,
das mentiras e dos arrependimentos. A verdade é que eles são mais sombra do que
realidade por isso parece maiores no escuro. (p.161).
Mach – eu estava vendo o Céu quando
estava vendo Missy! – Jesus diz: Nosso destino final não é a imagem do Céu que
você tem na cabeça. Você sabe; portões adornados e ruas de ouro (apocalipse). O
Céu é uma nova purificação do universo, de modo que vai parecer muito com isso
aqui.
- Que história é essa de portões
adornados e ruas de ouro? – É a imagem de Mim e da Mulher por quem sou
apaixonado – A Igreja: pessoas que juntas formam uma cidade espiritual com um
rio vivo fluindo no meio e com duas margens.
Mach – tenho quase a certeza de que
não conheço esta igreja. - A minha noiva (igreja) tem a ver com pessoas,
enquanto que a vida tem a ver com relacionamentos. Eu não crio instituições,
nunca criei. – E o casamento? – Ele não é uma instituição, mas sim
Relacionamento. (p.166).
Lembre-se Mach, as pessoas que me
conhecem, estão livres para viver e amar sem qualquer compromisso.
Os que me amam estão em todos os sistemas (políticos, econômicos,
religiosos etc.), Como também, assassinos, budistas, mórmons, batistas, muçulmanos,
democratas, republicanos e muitos que não fazem parte de qualquer instituição
religiosa. Além de banqueiros, jogadores, iraquianos, judeus e palestinos.
Não
tenho o desejo de torná-los Cristãos, mas quero
juntar-me a eles em seu processo para se transformarem em filhos e filhas do
Papai, em irmãos e em irmãs, em meus amados (p.168-169).
13 – Um Encontro de Corações: “A falsidade tem uma infinidade de
combinações, mas a verdade só tem um modo de ser” – Jean Jacques Rousseau.
Mach retorna a cabana, entra e
senta-se para conversar com Papai (Deus na figura de uma mulher de cor negra). Missy não é especial? – Ela balançou a cabeça,
gosto especialmente daquela menina. – Princesa! Cachoeira! Ela era fascinada
por cachoeiras. Mach lembrou-se da fábula da indiazinha ela tanto gostava de
ouvir. – Espere aí. Ela teve que morrer para que eu mudasse? – Papai, Mach não
é assim que eu faço as coisas. A Graça não depende da existência do sofrimento,
mas onde existe o sofrimento você encontrará a graça de diversas formas.
- Sempre gostei mais de Jesus do
que de você. Ele parecia mais bondoso e você tão ... mal! (p.174). Mas porque eu? Depois de todas as coisas que
senti em relação a você e de todas as
acusações que fiz, por que você se incomodaria em vir ao meu encontro? – Porque
é isso que o amor faz.
- Se esconder atrás de mentiras
..., fiz isso durante a maior parte de minha vida. – Mach você é um
sobrevivente. Seu pai te machucou, a vida te machucou. As mentiras são um dos
lugares mais fáceis para onde os sobreviventes correm. As mentiras são uma
pequena fortaleza onde você pode se sentir seguro e poderoso. E é dentro desta
fortaleza de mentiras que você tenta governar sua vida e manipular a vida das
outras pessoas.
Entretanto, toda fortaleza precisa
de muros. Por isso você constrói alguns.
Esses muros são as justificativas para suas mentiras. (p.175). Você
perguntou o que Jesus realizou na Cruz? A morte Dele e sua ressurreição foram a
razão pela qual eu agora estou totalmente reconciliado com o mundo. Papai – não
é a natureza do Amor forçar um relacionamento, mas é a natureza do amor abrir
caminhos.
14
– Verbos e Outras Liberdades:
Magoei outros por causa das minhas
emoções e não consigo confiar nelas. Sarayu – As emoções são as cores da alma.
Quando você não sente, o mundo fica opaco e sem cor. A maioria das emoções são
reações daquilo que você percebe e que acha que é verdadeiro numa determinada
situação.
Só porque você acredita firmemente
numa coisa não significa que ela seja verdadeira. Mach chegou na cabana e viu
que Jesus e Sarayu já estavam sentados a mesa. Papai, como sempre, estava
ocupado trazendo pratos de comidas com cheiros maravilhosos (p. 186).
- Porque você acha que criamos os
Dez Mandamentos? – Pelo que me ensinaram, é um conjunto de regras que vocês
esperavam que os humanos obedecessem para viverem em retidão e em estado de
graça perante vocês.
Sarayu – se isso fosse verdade, mas
não é, quantas pessoas você acha que viviam com retidão suficiente para entrar
em nossas boas graças? – Não muitos, se as pessoas são como eu. – Na verdade
Mach, somente um conseguiu: Jesus. Ele obedeceu a letra da Lei, mas teve de
confiar totalmente em mim e depender totalmente de mim (p.189).
Mach – então por que nos deram os
Dez Mandamentos? – Queríamos que desistissem de tentar ser justos sozinhos. –
Então está dizendo que não preciso seguir as regras? – Sim. Em Jesus você não
está sob nenhuma lei, pois todas as coisas são legitimas.
Mach – Então é por isso que
gostamos tanto da lei? Para nos dar algum controle. Sarayu – é muito pior do
que isso. Ela dá o poder de julgar os outros e de se sentir superior a eles .
As regras não podem trazer a liberdade, ela só tem o poder de acusar (p. 190).
Sarayu
- o Espírito Santo. A religião usa a lei para ganhar força e
controlar as pessoas de que precisa para sobreviver. Eu, ao contrário, dou
a capacidade de reagir e a liberdade para amar e servir em todas as situações.
Por isso, tenho de estar presente em vocês.
Papai – Eu não quero apenas um pedaço de
você e da sua vida. Quero você por inteiro e todas as partes de você e do seu
dia.
Jesus – Não quero ser o primeiro numa
lista de valores, quero estar no centro de tudo. Mach – E as orações? - Não é um ritual. Esta noite vamos fazer uma
coisa diferente.
15
– Um Festival de Amigos:
Sarayu – o relacionamento entre
duas pessoas é absolutamente único. Por isso você não pode amar duas pessoas da
mesma maneira. Ela toca nos olhos de Mach, levando-o a enxergar coisas jamais
vistas pelos seres humanos. Mach flutua livremente pelo ar e percebe miríades
de pássaros, estrelas e anjos voando.
- Porque aquele parece estar tendo
dificuldades para voar? Ele parece que está concentrado em nós? – Sarayu – Ele
não está concentrado em nós, mas em você. Ele é o seu Pai. Mach jogou-se para o
homem que nem podia olhar o filho. Segurou o seu rosto com as mãos para que
pudesse gaguejar as palavras que sempre quisera dizer: Papai, eu amo você! Os
dois trocaram palavras de Confissão e Perdão.É um amor maior do que qualquer
cor e os curou (p.200).
16
– Manhã de Tristeza:
Papai e Mach saíram para uma
caminhada. Mach estava pensando na miríade de coisas que experimentou nos dois
dias anteriores (p.205). As conversas com cada um dos três (Papai – Deus,
Sarayu – Espírito Santo e, Jesus), juntos e separados. O tempo passado com
Sophia e a contemplação do Céu estrelado com Jesus, a beira do lago.
Papai
– O perdão existe, em primeiro lugar, para aquele que perdoa, para libertá-lo
de algo que vai destruí-lo e que vai acabar com sua alegria e capacidade de
amar integral e abertamente (p. 209). O
perdão não cria relacionamento. Quando você perdoa alguém, você o liberta do
seu julgamento, mas se não houver uma verdadeira mudança, não pode ser
estabelecido nenhum relacionamento verdadeiro. O perdão verdadeiro só é
possível se houver minha presença nele. “Muitas vezes, as lágrimas são as
melhores palavras que o coração pode dizer”. (p.212)
17 – Escolhas do Coração: “Não há sofrimento na terra que o
céu não possa curar” – Autor Desconhecido.
O Carpinteiro Jesus, estivera por
esses dias fazendo uma obra de arte para guardar os restos mortais de Missy (p.
215).
Sarayu – Temos o lugar perfeito
preparado para o corpo dela – é no nosso jardim. Leve um presente para Kate.
Ela acredita que é a culpada pela morte de Missy. Mach não tinha parado para
pensar nisso. Foi por meio do aceno dela do barco, que promoveu toda aquela
situação e os acontecimentos (p. 219).
Sem qualquer ritual de despedidas,
eles saborearam o pão e tomaram vinho e deram algumas risadas, lembrando dos
momentos que passaram juntos.
18 – Ondulações se Espalhando: “A Fé nunca sabe aonde está sendo
levada, mas conhece Aquele que a está levando” – Oswald Chambers.
Mach tinha ficado inconsciente por
mais de dois dias, mas saber disso não tornava a coisa mais suportável. Sua
memória estava totalmente confusa, pois não sabia se tudo aquilo vivido seria
real ou não passava de alucinação de sua cabeça (p. 224).
Depois de um mês, Mach volta para
casa e leva Willie, Nam e os Policais até o local demarcado pelo Assassino. Na
caverna encontram os corpos das meninas mortas abusadas e mortas por ele,
inclusive Missy. Com as pistas deixada pelo maníaco, a policia consegue
prende-lo.
Comentário
sobre o Livro:
Dr. Albert Mohler é o presidente do Southern
Baptist Theological Seminary, pertencente à Convenção Batista do Sul dos
Estados Unidos; é pastor, professor, teólogo, autor e conferencista
internacional, reconhecido pela revista Times como um dos principais líderes
entre o povo evangélico norte-americano. É casado com Mary e tem dois filhos,
Katie e Christopher.
O
mundo editorial vê poucos livros atingirem o status de "sucesso". No
entanto, o livro A Cabana, escrito por William Paul Yong, superou esse
status. O livro, publicado originalmente pelo próprio autor e dois amigos, já
vendeu mais de dez milhões de cópias e já foi traduzido para mais de trinta
idiomas. É, agora, um dos livros mais vendidos de todos os tempos, e seus
leitores estão entusiasmados.
De
acordo com Young, o livro foi escrito originalmente para seus próprios filhos.
Em essência, ele pode ser descrito como uma teodicéia[3] em
forma de narrativa – uma tentativa de responder à questão do mal e do caráter de
Deus por meio de uma história. Nessa história, o personagem principal está
entristecido por causa do rapto e do assassinato brutal de sua filha de sete
anos, quando recebe aquilo que se torna uma intimação de Deus para encontrá-lo
na mesma cabana em que a menina foi morta.
Na
cabana, "Mack" se encontra com a Trindade divina, onde Deus, o Pai, é
representado como "Papai", uma mulher afro-americana, e Jesus, por um
carpinteiro judeu, e "Sarayu", uma mulher asiática, é identificada
como o Espírito Santo. O livro é, principalmente, uma série de diálogos entre
Mack, Papai, Jesus e Sarayu.
As
conversas revelam que Deus é bem diferente do Deus da Bíblia. "Papai"
é absolutamente alguém que não faz julgamentos e parece determinado a afirmar
que toda a humanidade já está redimida. A
teologia de A Cabana não é incidental à história. De fato, em muitos
pontos a narrativa serve, principalmente, como uma estrutura para os diálogos.
E estes revelam uma teologia que, no
melhor, é não-convencional e, sem dúvida, herética em certos aspectos.
Embora
o artifício literário de uma "trindade" não-convencional de pessoas
divinas seja, em si mesmo, antibíblico e perigoso, as explicações teológicas
são piores. "Papai" conta a Mack sobre o tempo em que as três pessoas
da Trindade manifestaram-se da seguinte forma: "nós falamos com a
humanidade através da existência humana como Filho de Deus".
Em
nenhuma passagem da Bíblia, o Pai ou o Espírito Santos é descrito como
assumindo a forma humana. A cristologia do livro é confusa. "Papai" diz
a Mack que, embora Jesus seja plenamente Deus, "ele nunca usou a
sua natureza como Deus para fazer qualquer coisa". Ele apenas viveu do seu
relacionamento comigo, da mesma maneira como eu desejo me relacionar com
qualquer ser humano".
Quando
Jesus curou o cego, "Ele fez isso como um ser humano dependente que
confiava em minha vida e poder para agir nele e por meio dele. Jesus, como ser
humano, não tinha qualquer poder em si mesmo para curar alguém". Embora
haja muita confusão teológica a ser esclarecida no livro, basta dizer que a
igreja cristã tem lutado por séculos para chegar a um entendimento fiel da
Trindade, a fim de evitar esse tipo de confusão – reconhecendo que a fé cristã
está, ela mesma, em perigo. Jesus diz a Mack que ele é "o melhor caminho
para qualquer ser humano se relacionar com Papai ou com Sarayu". Não é o
único caminho, mas o melhor caminho.
Em
outro capítulo, "Papai" corrige a teologia de Mack afirmando: "Eu não preciso punir as pessoas pelos seus
pecados. O pecado é a sua própria punição, que devora você a partir do
interior. Não tenho o propósito de punir o pecado; tenho alegria em
curá-lo".
Sem
dúvida, a alegria de Deus está na expiação realizada pelo Filho. No entanto, a
Bíblia revela consistentemente que Deus é o Juiz santo e reto, que punirá
pecadores. A idéia de que o pecado é a "sua própria punição" se
encaixa no conceito do karma, e não no evangelho cristão.
O
relacionamento do Pai com o Filho, revelado em textos como João 17, é rejeitado
em favor de uma absoluta igualdade de autoridade entre as pessoas da Trindade.
"Papai" explica que "não temos qualquer conceito de autoridade
final entre nós, somente unidade".
Em
um dos mais bizarros parágrafos do livro, Jesus diz a Mack: "Papai é tão
submisso a mim como o sou a ele, ou Sarayu a mim, ou Papai a ela. Submissão não
diz respeito à autoridade e à obediência; é um relacionamento de amor e
respeito. De fato, somos submissos a você da mesma maneira".
Essa
hipotética submissão da Trindade a um ser humano – ou a todos os seres humanos
– é uma inovação teológica do tipo mais extremo e perigoso. A essência da
idolatria é a auto-adoração, e essa noção da Trindade submissa (em algum
sentido) à humanidade é indiscutivelmente idólatra.
O
aspecto mais controverso da mensagem de A Cabana gira em torno das
questões do universalismo, da redenção universal e da reconciliação final.
Jesus diz a Mack: "Aqueles que me amam procedem de todo sistema que
existe. São budistas, mórmons, batistas, islamitas, democratas, republicanos e
muitos que não votam ou não fazem parte de qualquer igreja ou de instituições
religiosas".
Jesus
acrescenta: "Não tenho desejo de torná-los cristãos, mas quero unir-me a
eles em sua transformação em filhos e filhas de meu Papai, em meus irmãos e
irmãs, meus amados".
Em
seguida, Mack faz a pergunta óbvia: Todos os caminhos levam a Cristo? Jesus
responde: "Muitos dos caminhos não levam a lugar algum. O que isso
significa é que eu irei a qualquer caminho para encontrar vocês". Devido
ao contexto, é impossível extrair conclusões essencialmente universalistas ou
inclusivistas quanto ao significado de Yong.
"Papai"
repreende Mack dizendo que está agora reconciliado com todo o mundo. Mack
replica: "Todo o mundo? Você quer dizer aqueles que crêem em você, não
é?" "Papai responde: "Todo o mundo, Mack".
No
todo, isso significa algo bem próximo da doutrina da reconciliação proposta por
Karl Barth. E, embora Wayne Jacobson, o colaborador de Young, tenha lamentado
haver pessoas que acusam o livro de ensinar a reconciliação final, ele reconhece
que as primeiras edições do manuscrito foram influenciadas indevidamente pela
"parcialidade, na época," de Young para com a reconciliação final – a
crença de que a cruz e a ressurreição de Cristo realizaram a reconciliação
unilateral de todos os pecadores (e de toda a criação) com Deus.
James
B. DeYoung, do Western Theological Seminary, um erudito em Novo Testamento que
conheceu Young por vários anos, documenta a aceitação de Young quanto a uma
forma de "universalismo cristão". A Cabana, ele conclui, "descansa
sobre o fundamento da reconciliação universal".
Apesar
de que Wayne Jacobson e outros se queixam daqueles que identificam heresia em A
Cabana, o fato é que a igreja cristã tem identificado, explicitamente,
esses ensinos como heresia. A pergunta óbvia é esta: por que tantos cristãos
evangélicos parecem ser atraídos não somente à história, mas também à teologia
apresentada na narrativa – uma teologia que, em vários pontos, está em conflito
com as convicções evangélicas?
Os
observadores evangélicos não estão sozinhos em fazer essa pergunta. Escrevendo
em The Chronicle of High Education (A Crônica da Educação Superior), o
professor Timothy Beal, da Case Western University, argumentou que a
popularidade de A Cabana sugere que os evangélicos devem estar mudando a
sua teologia. Ele cita os "modelos metafóricos não-bíblicos de Deus"
no livro, bem como seu modelo "não-hierárquico" da Trindade e, mais
notavelmente, "sua teologia de salvação universal".
Beal
afirma que nada dessa teologia faz parte das "principais correntes
teológicas evangélicas" e explica: "De fato, essas três coisas estão
arraigadas no discurso teológico acadêmico radical e liberal dos anos 1970 e
1980 – que influenciou profundamente os feministas contemporâneos e a teologia
da libertação, mas que, até agora, teve muito pouco impacto nas imaginações
teológicas de não-acadêmicos, especialmente dentro das principais correntes
religiosas".
Em
seguida, ele pergunta: "O que essas idéias teológicas progressistas estão
fazendo no fenômeno da ficção evangélica?" Ele responde:
"Desconhecidas para muitos de nós, elas têm estado presente em muitos
segmentos liberais do pensamento evangélico durante décadas". Agora, ele
diz, A Cabana introduziu e popularizou esses conceitos liberais até
entre as principais denominações evangélicas.
Timothy
Beal não pode ser rejeitado como um conservador e "caçador de
heresias". Ele está admirado com o fato de que essas "idéias
teológicas progressistas" estão "se introduzindo aos poucos na
cultura popular por meio de A Cabana".
De
modo semelhante, escrevendo em Books & Culture (Livros e Cultura),
Katharine Jeffrey conclui que A Cabana "oferece uma teodicéia
pós-moderna e pós-bíblica". Embora sua principal preocupação seja o lugar
do livro "num panorama literário cristão", ela não pôde evitar o
lidar com a sua mensagem teológica. Ao avaliar o livro, deve-se ter em mente
que A Cabana é uma obra de ficção. Contudo, é também um argumento
teológico, e isso não pode ser negado.
Diversos
romances notáveis e obras de literatura contêm teologia aberrante e heresia. A
pergunta crucial é se as doutrinas aberrantes são características da história
ou são a mensagem da obra. Em A Cabana, o fato inquietante é que muitos
leitores são atraídos à mensagem teológica do livro e não percebem como ela
conflita com a Bíblia em muitos assuntos cruciais.
Tudo
isso revela um fracasso desastroso do discernimento evangélico. Dificilmente
não concluímos que o discernimento teológico é agora uma arte perdida entre os
evangélicos – e esse erro pode levar tão-somente à catástrofe teológica.
A
resposta não é banir A Cabana ou arrancá-lo das mãos dos leitores. Não
precisamos temer livros – temos de estar prontos para responder-lhes.
Necessitamos desesperadamente de uma redescoberta teológica que só pode vir de
praticarmos o discernimento bíblico. Isso exigirá que identifiquemos os perigos
doutrinários de A Cabana. Mas a nossa principal tarefa consiste em
familiarizar novamente os evangélicos com os ensinos da Bíblia sobre esses
assuntos e fomentar um rearmamento doutrinário de cristãos evangélicos. A
Cabana é um alerta para o cristianismo evangélico. Uma avaliação como a que
Timothy Beal ofereceu é reveladora. “A popularidade desse livro entre os
evangélicos só pode ser explicada pela falta de conhecimento teológico básico
entre nós – um fracasso em entender o evangelho de
Cristo. A tragédia de que os evangélicos perderam a arte de
discernimento bíblico se origina na desastrosa perda do conhecimento da Bíblia.
O discernimento não pode sobreviver sem doutrina”.
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