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sexta-feira, 9 de junho de 2017

COMO VENCER AS TENTAÇÕES?

Introdução:

            Muitos líderes de igrejas evangélicas, quaisquer que sejam suas denominações, costumam propagar uma mensagem de que a vida cristã é um “mar de rosas”, isto é, que em/com Cristo só haverá “Amor” e tempos de “Prosperidades”.
Infelizmente, tenho que dar-lhe a notícia de que esses homens (ou mulheres) estão passando outro tipo de Evangelho - ele é anátema (amaldiçoado), estão dizendo de forma leviana de que há “Paz, paz, quando não há paz” (Jeremias 6:14).
  Na verdade, o autor e consumador de tudo que há e existe na face da terra e, também, da Sã Doutrina, disse que: “Não cuideis que vim trazer a paz a terra, não vim trazer paz, mas espada” (Mateus 10:34). Em outra passagem Bíblica Ele reitera, dizendo:

João 16:32-33. Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos (perseguidos), cada um para sua casa (ou País), e me deixareis só, mas não estou só, porque o Pai está comigo. Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tendes bom animo, eu venci o mundo (acréscimo nosso).

            As citações Bíblicas acima trazem uma Mensagem única da parte de Deus – o Pai, e de Jesus Cristo – seu Filho, de que os seus seguidores - os Cristãos, teriam momentos conflituosos neste mundo, de grandes aflições e de perseguições por causa do Evangelho. No entanto, diz também, que se eles permanecerem firmes e constantes, terão a Paz do Senhor em seus corações.

Texto Básico 1: Gênesis 39:7-12. José é Tentado pela Esposa de Potifar.

A narrativa em destaque faz referência ao assédio sexual sofrido por José, pela esposa de Potifar, chefe da guarda do Faraó do Egito, que o comprou como seu escravo. No entanto, ele resistiu a tentação e fugiu de sua presença. Por sua atitude, ela nada satisfeita por ter sido rejeitada, inventou uma grande mentira e o levou a prisão. Todo pecado, inclusive aquele contra a integridade do casamento (adultério) é, sobretudo, um pecado contra o próprio Deus.

Salmo 51:4-5. Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que a seus olhos é mal, para que sejas justificado quando falares e puro quando julgares. Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.

            O rei Davi cometeu o pecado de adultério e de homicídio, e tentou encobri-los ao povo. No entanto, Deus não o permitiu, usou o profeta Natã para repreendê-lo. Ele teve que aprender a duras penas, que este tipo de pecado – o adultério pode lhe trazer consequências graves e o julgamento contínuo. Ele reconheceu o seu abominável erro, arrependeu-se e foi perdoado por Deus.
Entretanto, as consequências desse ato pecaminoso alcançaram tanto a Ele como a sua Família: “Porque, pois, desprezastes a palavra do Senhor, fazendo mal diante de seus olhos? A Urias, o heteu, feriste a espada, e a sua mulher tornaste por sua mulher; e a ele mataste a espada pelos filhos de Amom. Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para que te seja por mulher” (2 Samuel 12:9-10). Nesse sentido, vejamos quais foram o resultado de seu pecado:

1º -  Foi gerado uma criança dessa relação adúltera, mas veio a óbito (2 Samuel 12:14-18);
 2º - Seu filho Amnon estuprou sua irmã Tamar (2 Samuel 13:11-15);
 3º - Absalão matou seu próprio irmão Amnom (2 Samuel 13:23-32);
 4º - Absalão é morto por Joabe, chefe do exército de Davi, seu pai (2 Samuel 18:9-15);
 5º - Adonias, o filho mais velho de Davi, é morto por seu filho Salomão (1 Reis 2:19-25).

Vimos nessas passagens Bíblicas que se cumpriu o que Deus disse que aconteceria ao rei Davi, por ter cometido o pecado de adultério com Bate-Seba, esposa de Urias, o heteu, e, ainda o de homicídio, por ter mandado matar Urias, seu marido.
A palavra de Deus condena veementemente o pecado de adultério, haja vista que ele: a) Promove a transgressão da Lei Moral de Deus, conforme descrita no Decálogo: “Não adulterarás” (Êxodo 20:14). E também o que disse Jesus ao proferir o Sermão do Monte: “Ouvistes o que foi dito aos antigos: “Não cometerás adultério” (Mateus 5:27). Algumas pessoas dizem que tudo o que está escrito no Antigo Testamento é passado, ou seja, era para aquela época e povo, e que não precisamos mais cumprir.
Eles argumentam que estamos vivendo o período da graça e que Jesus Cristo é amor (está frase está correta), isto é, estamos sujeitos ao Novo Testamento (NT) ou a Nova Aliança. Por certo, eles estão redondamente enganados, pois se esqueceram de que o NT é mais severo do que o Antigo Testamento (AT), pois o Nosso Deus também é Fogo Consumidor (Hebreus 12:29).
E o próprio Jesus Cristo disse no Livro do Evangelista Mateus 5:28: “Eu porém, vos digo que qualquer que atentar (olhar) numa mulher para a cobiçar (a desejar), já em seu coração cometeu adultério com ela” (acréscimo nosso). b) A Lei do Antigo Testamento esse pecado era punido com a Pena de Morte: “(...) o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera” (Levítico 20:10). c) Acarreta graves consequências como vimos o exemplo do rei Davi. Alguns teólogos o enquadram como sendo um “Crime Hediondo”, inclusive o adúltero levará o seu opróbrio (vergonha, desonra) por toda a sua vida. Ele sempre será lembrado e nunca se apagará.

Neemias 13:26. Porventura, não pecou nisso Salomão, rei de Israel, não havendo entre muitas nações rei semelhante a ele, e sendo amado de seu Deus, e pondo-o Deus rei sobre Israel? E, contudo, as mulheres estranhas o fizeram pecar.
(...)
1 Reis 15:5. Porquanto Davi tinha feito o que era reto aos olhos do Senhor e não se tinha desviado de tudo o que lhe ordenara em todos os dias da sua vida, senão só no caso de Urias, o heteu (grifo nosso)

Podemos dizer, sem sombras de dúvidas e medo de errarmos, que houve uma grande diferença entre o pecado de Davi, embora gravíssimo aos olhos de Deus e de Sua Palavra; e o cometido por seu filho – Salomão. Este, pensou, planejou e colocou em execução a prática do pecado sexual com várias mulheres, com o propósito de aumentar o seu poder territorial, prestígio político e poder bélico (armamentista).
Quanto a Davi, seu pai; pode-se dizer, que foi um acidente de percurso, ou seja, não teve a intenção de pecar (não pensou e nem planejou), mas não soube resistir a tentação e o consumou (o executou). Esse pecado hediondo chamado adultério torna-se mais agravado, quando é cometido pelo povo de Deus, principalmente quando o seu agente é o Líder da Igreja – o Pastor, o Sacerdote, o Padre, o Bispo etc.:

Jeremias 5:28-30. Engordam-se, alisam-se e ultrapassam até os feitos dos malignos; não julgam a causa dos órfãos, para que eles prosperem; nem julgam o direito dos necessitados. Não castigaria eu estas coisas? – diz o Senhor; não se vingaria a minha alma de uma nação como esta? Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra: os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam pelas mãos deles, e o meu povo assim o deseja; e que fareis no fim disso?

Esse texto do profeta Maior Jeremias (AT), deixa de forma bem clara a perversão do povo de Deus (a prática da imoralidade moral e sexual), principalmente de sua liderança. Alguns teólogos classificam esse pecado como sendo “adultério espiritual”. Por isso, Deus os entregou para serem levados cativos por outra nação.
Registro parecido sobre a atitude corrupta de Líderes do Povo de Deus, encontramos também no Livro de Romanos (NT), ao qual destacamos o versículo 28, de seu capitulo 1: “E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso (demoníaco, nocivo), para fazerem coisas que não convém” (acréscimo nosso).

Texto Básico 2: 1 Timóteo 6:11-12. Exortações Gerais.

Verso 11. Mas tu, ó homem, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, a caridade, a paciência, a mansidão (grifo nosso).
             Para saber de quais coisas o apóstolo Paulo está advertindo o povo para fugir, devemos voltar para o versículo 9, desse mesmo capítulo, onde obteremos a seguinte resposta: “Mas os que que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína” (1 Timóteo 6:9).
             Eles estavam sendo alertados aqui neste texto (e é para nós também), para o fato de que se focarmos nossos pensamentos e intenções no acúmulo de riquezas e bens materiais, isso poderá nos levar a tentações da carne e a ruína (pessoal, familiar, profissional, moral e espiritual).
O termo concupiscência tem origem no idioma latim “concupiscens” que significa "o que tem um forte desejo ou um desejo exagerado". Nós, que estamos em Cristo, devemos buscar as coisas celestiais (espirituais): O mesmo Paulo alertou os seus seguidores, ao dizer: “(...), andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gálatas 5:16).

Verso 12. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna (...): Esses dois termos usados pelo apóstolo Paulo neste versículo, tem origem no idioma grego que tem como significado “agonizar”. Ele está dizendo ou interpreta que a vida cristã é como se fosse uma verdadeira batalha, uma luta intensa que requer muita determinação e lealdade a Cristo, para enfrentarmos nossos adversários. Nós temos, no mínimo, três adversários ferozes, a saber: o mundo (a corrupção humana), a carne (o corpo ou o pecado) e satanás (o diabo e suas hostes).
           O mundo: no livro de Tiago está escrito: “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo”. Ele diz mais: “Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 1:27; 4:4).
A Carne: o termo tem origem tanto no idioma hebraico como no grego. Do grego - Sarx significa a substância externa do corpo que cobre nossos ossos e é permeada com sangue, tanto de seres humanos como de animais. E ainda, o corpo duma pessoa em sua forma natural ou física, com a ideia de nascido por geração natural e da natureza sensual do homem. Noutras palavras, a natureza humana decaída pelo cometimento do pecado original praticado por Adão e Eva. Por isso, “todo ser humano pecou e está destituído da glória de Deus” (Romanos 3:23). Sendo assim, devemos fugir do pecado, para não contaminarmos a carne: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes (ceder a tentação) em suas concupiscências” (Romanos 6:12).
Satanás: no idioma hebraico esse termo significa “adversário”. E diabo no idioma grego, significa “caluniador”. Ele é terrível e usa de todas as estratégias e artimanhas para nos tirar da presença do Senhor e nos matar (física e espiritualmente): “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5:8). Ele tem poder e se o Cristão der “brecha”, ou seja, não ser vigilante, ele irá executar sua maior especialidade: “O ladrão não vem senão a roubar, a matar e a destruir” (João 10:10).
            O mais importante irmãos, é que Cristo é fiel e está sempre de braços abertos para nos socorrer, proteger do perigo e nos livrar das tentações “Não veio sobre vós tentação, senão humana, mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis; antes, com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1 Coríntios 10:13).
Gostaria de fazer uma analogia (comparação) bem interessante entre o cometimento do pecado e o cometimento de um delito (crime penal), pois poderemos perceber que ambas as ações são muito parecidas.
          *A Transgressão da Lei Divina: vamos ver os passos ou as fases para o cometimento da transgressão da Lei Divina chamada de adultério: 1º - olhar com intenção; 2º - cobiçar ou desejar sexualmente uma mulher e; 3º - o ato não precisa ser consumado para configurar o delito (não precisa ocorrer à conjunção carnal entre eles).
Jesus Cristo disse em Mateus 5:28: (...) qualquer que “atentar” numa mulher. Essa expressão tem vários significados, entre eles: olhar, reparar, notar, observar e contemplar. Vou me apegar a este último. Contemplar significa “olhar fixamente ou com admiração”. Ou ainda, olhar com muita atenção e cuidado.
Logo, subentende-se dessa fala de Jesus, que o olhar para esta mulher denota uma fixação por um tempo prolongado e com segundas intenções. E Ele continuou dizendo: (...) olhar para a cobiçar (...): a desejar de forma exagerada. E, em alguns casos, de forma obsessiva (continua ou insistente). Portanto, podemos ver como se dá o início desse pecado e a sua consumação registrada em Tiago 1:14-15:

Tiago 1:14-15. Mas cada um é tentado, quando atraído (atentar ou olhar fixamente) e engodado (enganado) pela sua própria concupiscência (desejo sexual desenfreado). Depois, havendo a concupiscência concebido (fecundado ou gerado), dá a luz o pecado (inicia-se a execução): e o pecado, sendo consumado (executado de forma plena) gera a morte (física e espiritual).  

*A Transgressão da Lei Humana (Direito Penal): ela apresenta as fases para a configuração do crime, sendo:
            1º - Cogitação: é a ideia ou a pretensão de cometer o crime (ainda não houve o planejamento). Está por enquanto apenas no pensamento. Hans Welzel a chama de fase interna[1];
2º - Preparação: são os atos que antecedem a execução, ou seja, ultrapassou a fase do pensamento ou da ideia e inicia-se o planejamento para a execução do crime;
3º - Execução: começa a fase de execução do crime, não importando aqui se irá concluir totalmente a ação delituosa, só pelo fato de ter iniciado, já é passível de punição (a consumação);
4º - Consumação: quando o crime é executado de forma plena, isto é, o infrator conseguiu o resultado almejado. Welzel a denomina de fase externa;
5º - Exaurimento: é quando o infrator se aproveita do resultado desejado e comete outro ato delituoso, sem que o tivesse planejado. Por exemplo; ele mata a pessoa que queria (o homem), mas este estava acompanhado de uma mulher, aproveita a ocasião e a situação e a estupra.
             Comparando os dois textos acima, com os acréscimos inseridos dentro dos parênteses, observamos algumas semelhanças quanto a violação de ambas as leis: a de Deus (Divina) e a Penal (Humana).

Conclusão:
             Portanto, irmãos e leitores, todos nós estamos sujeitos a sofrermos tentações. O grande diferencial estará pautado na atitude a ser tomada por nós. Aquele que resolver confiar em suas próprias forças é bem provável que não resistirá e irá ceder ao pecado (lembre do rei Davi). De forma oposta, aquele que depositar sua confiança na força e no poder do Senhor, obterá vitória (lembre-se de José).
Efésios 1:19. “E qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força de seu poder”. Somente dessa forma, nós – os Cristãos, obteremos vitórias sobre as tentações deste mundo e das investidas de nosso adversário – satanás.           

Fonte:

1. ALMEIDA, José Ferreira de. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD, 1995.
2. BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. São Paulo: Editora Vida, 1999.
3. GRECCO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte geral. Rio de Janeiro: Impetus, 2005.
4. LINHARES, Jorge. Conhecendo a Bíblia. Revista Primeiros Passos na Fé. Editora Central Gospel, 2010.

[1] Hans Wetzel, direito penal alemão, 2005.



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