2 Samuel 24:1-4. E a ira do SENHOR se tornou a acender contra Israel; e
incitou a Davi contra eles, dizendo: Vai, numera a Israel e a Judá. Disse,
pois, o rei a Joabe, capitão do exército, o qual tinha consigo: Agora percorre
todas as tribos de Israel, desde Dã até Berseba, e numera o povo, para que eu
saiba o número do povo. Então disse Joabe ao rei: Ora, multiplique o SENHOR teu
Deus a este povo cem vezes tanto quanto agora é, e os olhos do rei meu senhor o
vejam; mas, por que deseja o rei meu senhor este negócio? Porém a palavra do
rei prevaleceu contra Joabe, e contra os capitães do exército; Joabe, pois,
saiu com os capitães do exército da presença do rei, para numerar o povo de
Israel.
Introdução
Existe já a algum tempo, um ditado
popular que diz assim: “quer conhecer o homem, dê-lhe poder”. Davi em sua
juventude era um cuidador das ovelhas de seu pai, Jessé. Dito em outras
palavras, era um pastor de ovelhas. E pelo que se pode extrair das Escrituras
Sagradas, seu pai não lhe dava muita valorização em relação aos demais filhos:
1 Samuel 16:10-11. Assim fez passar Jessé a seus sete filhos diante de
Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O SENHOR não tem escolhido a estes. Disse
mais Samuel a Jessé: Acabaram-se os moços? E disse Jessé: Ainda falta o menor, que está
apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a Jessé: Manda chamá-lo, porquanto
não nos assentaremos até que ele venha aqui
Jessé, após saber que o profeta
Samuel viera em paz e tomar conhecimento do motivo de sua visita, fez questão
de apresentar-lhe seus sete filhos, belos e bonitos, mas não fez nenhuma menção
acerca do mais novo e menor – Davi. Apresentados todos os sete, o profeta teve
a resposta de Deus que não era nenhum deles, mas quando mandaram chamar aquele
jovenzinho ruivo, teve a revelação divina de que era ele a quem o Senhor
escolhera, pois “Deus não vê como o homem vê, pela aparência (...), Ele olha
para o seu coração” (1Samuel 16:7).
Desenvolvimento
Depois desta primeira unção de Davi
(1 Samuel 16:13), ele ainda não havia se dado conta do grande poder e
responsabilidade que recaira sobre si, tendo sido entregue pelo profeta Samuel
a mando de Jeová. Antes dessa unção, já havia matado um urso e um leão para proteger
as ovelhas de seu pai (1 Samuel 17:32-36). E depois de passado um tempo, derrotou
o gigante Golias, o filisteu que afrontava o povo de Israel (1 Samuel 17:48-58).
Com isso, sua fama se espalhou sobre todas as regiões.
Outras
conquistas foram sendo feitas por Davi, aumentando cada dia mais a sua fama
sobre o povo de Israel, com isso, começou a atrair o ciúme e inveja do atual
rei – Saul. Pode-se dizer, que a gota d’água para aumentar a ira de Saul contra
Davi, se deu quando andavam pelas ruas e ele ouviu umas mulheres cantarem:
1 Samuel
18:5-9. E saía Davi aonde quer que
Saul o enviasse e conduzia-se com prudência, e Saul o pós sobre os homens de
guerra; e era aceito aos olhos de todo o povo, e até aos olhos dos servos de
Saul. Sucedeu, porém, que, vindo eles, quando Davi voltava de ferir os
filisteus, as mulheres de todas as cidades de Israel saíram ao encontro do rei
Saul, cantando e dançando, com adufes, com alegria, e com instrumentos de
música. E as mulheres dançando e
cantando se respondiam umas às outras, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porém, Davi os seus dez milhares. Então
Saul se indignou muito, e aquela palavra pareceu mal aos seus olhos, e disse:
Dez milhares deram a Davi, e a mim somente milhares; na verdade, que lhe falta,
senão só o reino? E, desde aquele dia em diante, Saul tinha Davi em suspeita.
A partir de então, Saul deixou entrar
em seu coração, o desejo satânico de tirar a vida do jovem Davi. E por algumas
vezes tentou fazê-lo, mas Deus sempre estava com ele, livrando-o das ciladas
preparados para o matar. Sabemos na verdade, que no decorrer da história, Davi
teve, no mínimo, duas excelentes oportunidades de tirar a vida do rei Saul (1
Samuel 24:4,10).
Com o passar do tempo,
principalmente, depois da morte de Saul, sua fama e poder se multiplicaram. E
foi assim que veio o comportamento de sua soberba, ponto este que passaremos a
abordar agora.
Versos 1-4. Após receber a ordem
do rei Davi para numerar o povo, o capitão do exército de Israel – Joabe,
questiona por qual motivo da necessidade de assim fazê-lo. Sugerindo ao rei que
era só multiplicar “cem vezes tanto quanto agora é (...)”. Entretanto, o rei
fez prevalecer o seu poderio e posição, seria como se dissesse assim: “faça o
que estou mandando, pois eu sou o rei de Israel”.
Esta
fala pode muito bem ser lembrada em nossa atualidade, pois quantas vezes já não
ouvimos algo parecido, dito por alguém que está em uma hierarquia superior a
nossa, mas mesmo sendo alertado sobre tal decisão, prevaleceu a sua ordem, tal como
“faça o que eu estou mandando (...)”.
Versos 8-10. A empreitada a ser executa por Joabe e seus homens, por
determinação do rei Davi, levou aproximadamente 10 (dez) meses para ser
realizada: “Assim, rodearam por toda a terra e, ao cabo de nove meses e vinte
dias, voltaram a Jerusalém” (2 Sameul 24:8).
Ele
apresentou o resultado da contagem do povo ao rei: em Israel – 800 mil homens
de guerra que arrancavam a espada; e em Judá – 500 mil homens. Depois de
apresentada a numeração do povo a Davi, seu coração condoeu-se, entendendo que
havia pecado contra Deus (e, também, contra seu capitão Joabe, por não ter-lhe
dado ouvido), e inicia um diálogo com Ele, confessando-o: “(...): Muito pequei
no que fiz; porém, agora, ó Senhor, peço-te que traspasses a iniquidade do teu
servo, porque, tenho procedido mui loucamente” (2 Samuel 24:10).
Versos 11-16. O interessante da vida deste homem de Deus, entre outras
coisas, é que quando pecava e sabia que tinha errado com Deus, voltava-se
rapidamente para Ele, confessando-lhe a sua transgressão. No episódio com
Bate-Seba, Deus usou o profeta Natã para adverti-lo (2 Samuel 12:13), mas neste
caso, foi usado o vidente Gade, para exortá-lo: “(...): três coisas te ofereço;
escolhes uma delas para que ta faça. (...); e disse-lhe: Queres sete anos de fome que te venham sobre a
terra; ou que por três meses fujas diante de teus inimigos, ou que por três dias
haja peste na tua terra?” (2 Samuel 24:12-13).
Ele
preferiu cair nas mãos do Senhor Deus, pois Ele é misericordioso, do que nas
mãos dos homens sanguinários (inimigos). No entanto, por causa de sua provável soberba
(enumerar o povo), 70 mil pessoas foram mortas pela peste. E a cidade de
Jerusalém seria totalmente destruída, mas, pela sua misericórdia, Deus reteve a
ação do anjo da morte e destruição: “(...), o Senhor se arrependeu daquele mal;
e disse ao Anjo que fazia a destruição entre o povo: Basta, agora retira a tua
mão. E o Anjo do Senhor estava junto à eira de Araúna, o jebuseu” (2 Samuel
24:16).
Versos 17-24.
Davi reconhece que havia pecado e que o povo não poderia pagar pelo seu erro.
Ele, avistando a ação do Anjo que feria seu povo, falou ao Senhor e disse: “Eis
que eu sou o que pequei e eu o que iniquamente procedi; porém, estas ovelhas o
que fizeram? Seja, pois, a sua mão
contra mim e a casa de meu pai”.
Davi,
mas uma vez, pela ação do profeta Gade, é orientado a levantar uma altar e apresentar
uma oferta ao senhor, pois com esta atitude aplacaria a sua ira. Ele vai a eira
de Araúna com o intuito de compra-la, no entanto, ele a oferece gratuitamente,
inclusive, dispondo-lhe também a lenha e os bois para o sacrifício.
2 Sameul 24:21-22. E disse Araúna: Por que vem o rei meu Senhor ao seu
servo? E disse Davi: Para comprar de ti esta eira, a fim de edificar nela um
altar ao SENHOR, para que este castigo cesse de sobre o povo. Então disse
Araúna a Davi: Tome, e ofereça o rei meu senhor o que bem parecer aos seus
olhos; eis aí bois para o holocausto, e os trilhos, e o aparelho dos bois para
a lenha.
O
rei Davi rejeita a oferta feita por Araúna, por entender que deve haver
sacrifício (pagar um preço) para que a nossa oferta seja aceita pelo Senhor: “Porém
o rei disse a Araúna: Não, mas por preço justo to comprarei, porque não
oferecerei ao SENHOR meu Deus holocaustos que não me custem nada. Assim Davi
comprou a eira e os bois por cinqüenta siclos de prata” (2 Samuel 24:24). Ele
entendeu que o valor real de nossas dádivas (ato ou efeito de dar,
espontaneiamente, algo de valor a alguém) e vida diante de Deus, são medidos
pelo sacrifício e o custo envolvido neles. Como alguém já disse: “um
Cristianismo que nada custa, nada vale”.
Isaías 1:11. De que me serve a mim a multidão de vossos
sacrifícios, diz o SENHOR? Já estou farto dos holocaustos de carneiros, e da
gordura de animais cevados; nem me agrado de sangue de bezerros, nem de
cordeiros, nem de bodes.
(...)
Malaquias 1:8-9. Porque, quando ofereceis animal cego para o
sacrifício, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou enfermo, isso não é
mau? Ora apresenta-o ao teu governador; porventura terá ele agrado em ti? ou
aceitará ele a tua pessoa? diz o SENHOR dos Exércitos. Agora, pois, eu suplico,
peça a Deus, que ele seja misericordioso conosco; isto veio das vossas mãos;
aceitará ele a vossa pessoa? diz o SENHOR dos Exércitos.
Como
Cristãos e servos do Senhor, precisamos oferecer o melhor que possuímos para
Deus – a nossa vida por completo em sacrifício vivo, em tempos dedicados a
oração, a leitura e estudo de sua Palavra (Romanos 12:1).
Conclusão:
O Pastor
e Teólogo Martyn LLoyde- Jones, em um de seus vários livros, escreveu que um
dos piores pecados dos homens (principalmente dos que sobem aos púlpitos, pastores
e pregadores) é a soberba, e em vários de seus sinônimos (orgulho, altivez,
exaltação etc.). O rei Davi, provavelmente no texto ao qual abordamos, cometeu
este pecado. Entretanto, ao percebê-lo, correu para os braços do Senhor para
confessá-lo, mas, não podemos esquecer, de que o perdão não nos isenta das consequências
do ato pecaminoso (70 mil homens morreram). Que assim sejamos nós, haja vista
que a soberba é uma chaga que permeia a vida de todos nós, por isso, precisamos
o tempo todo e a todo tempo, buscarmos a limpeza e purificação deste mal em
nossas vidas.
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