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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

A Quarta Linguagem do Amor: Atos de Serviço.

Introdução

            O autor, Gary Chapman, apresenta cinco linguagens do amor, o que me atrevo a chamar também de “os cinco idiomas oficiais do amor”. Entretanto, ele destaca que em cada uma dessas linguagens existem os dialetos, ou seja, outras linguagens que se adicionam ao idioma,oficial, para que haja o dialogo e bom êxito nesta comunicação entre os cônjuges.
            Nesta quarta linguagem do amor, ele escreve que é muito raro um casal em que os dois possuem a mesma linguagem do amor. No entanto, ele apresenta o caso de Mark e Mary, em que ambos, depois de casados, descobriram que possuíam a mesma linguagem: - atos de serviço. E foi a partir dai que começaram a melhorar seu relacionamento conjugal, pois deram início a fazer o que o outro gostava que fizesse e, ao mesmo tempo, demonstrava amor de um para com o outro (introdução nossa).  

Desenvolvimento

            Numa definição muito simples, o autor descreve o que seria atos de serviço: fazer coisas que sabemos que o nosso cônjuge gostaria que fizéssemos. Procurar agradar o outro por meio do serviço, isto é, expressar amor por ele (a) fazendo coisas para ele (a). Poderiamos inserir aqui um ditado popular que diz mais ou menos assim: “Faça ao outro, aquilo que gostaria que fizessem à você”.
            São ações simples, como preparar uma refeição, arrumar uma cama, estender uma roupa no varal, colocar a mesa (ou retirar a mesa), lavar a louça, passar o aspirador de pó, limpar a cômoda, trocar a fralda do bebê, manter o carro limpo e em boas condições de uso, pagar as contas, levar o cachorro para passear, entre tantas outras. Se essas atividades forem realizadas com um espírito positivo, se tornam em verdadeiras expressões de amor.
            O autor esteve na cidade de China Grove, na Carolina do Norte. Na época, uma cidade têxtil, com uma população estimada em 1.500 habitantes. A vida local girava em torno do trabalho e da igreja. Os cultos na igreja enfocavam basicamente a esperança das alegrias do céu. Neste cenário norte-americano remoto, descobri a quarta linguagem do amor.
            Estava em pé debaixo de um cinamomo (árvore que chega a atingir 15 metros de altura), depois do culto na igreja, no domingo pela manhão, quando Mark e Mary se aproximaram de mim. Ao apresentar-se, Mark disse: - Pelo que entendi, o senhor tem estudado aconselhamento. Sorri e disse: - Bem, um pouquinio. Ele continuou; - tenho uma pergunta: É possível existir um bom casamento mesmo que o casal discorde de tudo?
            Aproveitei e fiz uma pergunta particular: - Há quanto tempo vocês estão casados? – Dois anos, respondeu ele. – E não concordamos com nada. Perguntei-lhe; dê-me exemplos: - Bem, para começo de conversa, Mary não gosta que eu saia para caçar. Trabalho a semana inteira no moinho e gosto de sair para caçar aos sábados. Não todos os sábados, mas somente quando é temporada de caça.
            Mary esteve calada até este momento, mas interveio: - Quando a estação de caça termina, ele sai para pescar. Além disso, ele não caça apenas aos sábados. Ele sai do trabalho direto para caçar. – Uma vez por ano eu tiro dois ou três dias de folga para ir caçar nas montanhas com amigos. Não creio que haja algo de errado nisso. Perguntei-lhe: - Em que mais vocês discordam?
            - Bom, ela quer que eu vá a igreja o tempo todo. Não vejo problema em ir no domingo de manhã, mas gosto de descansar a noite. Não me importo que ela vá, mas não acho que eu tenho de ir. Mary interrompeu mais uma vez: - No fundo, você também não quer que eu vá. Fica irritado toda vez que saio pela porta. Sobre o que mais vocês discordam?
            Dessa vez, Mary respondeu: - Ele quer que eu fique em casa o dia todo e faça os serviços domésticos. Ele fica louco se saio para ver minha mãe, fazer compras ou qualquer outra coisa. Ele a interrompeu: - Não me importo que ela vá ver a mãe, mas quando chegar do trabalho, quero encontrar a casa limpa. As vezes, a casa fica desarrumada por dias e, na metade das vezes, quando chego do trabalho ela nem começou a preparar o jantar.
            Ela o interrompeu: - Qual o problema de ele me ajudar com as coisas da casa? Ele age como se o marido não precisasse fazer nenhum serviço doméstico. Tudo o que deseja é trabalhar e caçar. Ele espera que eu faça tudo. Olhei para Mark e perguntei: - Mark, quando vocês namoravam, antes de se casarem, você saía para caçar todos os sábados? – Na maioria, sim. Mas sempre chegava em casa a tempo de vê-la no sábado a noite.
            Mary, com que frequência Mark vinha vê-la? – Quase toda noite. Na verdade, vinha de tarde, e era comum ele ficar e jantar com minha família. Ele me ajudava com as tarefas de casa e, depois, nos sentávamos e conversávamos até a hora do jantar. Como ainda estava no ensino médio, ele me ajudava em algumas tarefas escolares.
            Mark, durante o namoro, você ia a igreja com Mary nas noites de domingo? – Sim. Se eu não fosse com ela à igreja, não poderia vê-la a noite. O pai dela era bastante exigente. Vi a possibilidade de existir uma luz no fim do túnel, mas não estava bem certo de que Mark e Mary conseguiam vê-la. Dirigi-me para ela e fiz-lhe uma pergunta: - Quando você namorava o Mark, o que a convenceu de que ele realmente a amava? O que o tornava diferente dos outros rapazes?
            - A maneira que ele me ajudava com tudo. Ele demonstrava desejo em me ajudar. Nenhum dos outros rapazes expressou interesse nessas coisas, mas isso parecia normal para Mark. Ele até mesmo me ajudava a lavar a louça quando jantávamos em  nossa casa. Era a pessoa mais maravilhosa que eu havia conhecido, mas depois que nos casamos, tudo mudou. Ele não me ajuda em mais nada.
            Perguntei a Mark: - Por que você acha que fazia todas aquelas coisas por ela e com ela antes de se casarem? – Simplesmente parecia natural para mim. Era o que eu gostava que alguém fizesse por mim caso se importasse comigo. – Qual a razão de ter parado de ajuda-la depois que se casaram? – Acho que esperava que funcionasse como em minha família. Meu pai trabalhava e minha mãe cuidava das coisas de casa.
            Nunca vi meu pai passando aspirador de pó, lavando louça ou qualquer outro serviço doméstico. Como minha mãe não trabalhava fora, ela mantinha tudo brilhando, preparava todas as refeições, lavava e passava. Talvez eu deduzi que era assim que as coisas deveriam ser. Respondi a ele: - Para você, era normal seguir o modelo de sua mãe e de seu pai no casamento. A maioria de nós tende a fazer isso, mas seu comportamento para com Mary mudou radicalmente em relação ao período de namoro.
            Nós, homens, temos a tendência de escolher para ser nossa esposa, uma mulher que se pareça com nossa mãe. Enquanto as mulheres, tendem a escolher como marido, um homem que tenha o perfil de seu  pai. Embora tanto um quanto o outro, pode vir a fazer isso sem perceber (acréscimo nosso). Na cabeça de Mark, como aquilo era natural para ele, passou desapercebido.
            Ele fazia todas aquelas coisas por você e com você porque, na cabeça dele, essa é a maneira de uma pessoa demonstrar amor. Portanto, meu palpite é que a razão de vocês dois estarem infelizes no casamento, é que nenhum demonstra amor ao fazer coisas pelo outro. Mary, disse: - O senhor está certo, e a razão de eu ter parado de fazer coisas para ele é que me ressenti do espírito exigente dele. Eu me sentia como se ele quisesse que eu me transformasse na mãe dele.
            De fato, o amor é sempre dado livremente, não se pode exigi-lo. Podemos pedir coisas um ao outro, mas jamais devemos exigir algo. Lembre-se: Os pedidos direcionam o amor, mas as exigências interrompem seu fluxo. Mark concordou com a fala de Mary, e disse: - Ela está certa. Eu era exigente e crítico porque estava decepcionado com ela como esposa. Sei que disse algumas coisas cruéis, e entendo por que ela estaria chateada comigo.
            Gary Chapman, sugeriu aos dois que pegassem caneta e papel. Disse a Mark, anote três ou quatro coisas que, se Mary optasse em fazer, você se sentiria amado quando chegasse em casa no final da tarde.  O mesmo fez com Mary, faça uma lista de três ou quatro coisas em que gostaria muito de ter a ajuda de seu marido, coisas que, se ele optasse em fazer, ajudariam você a saber que ele a ama.
            Eis a lista de Mark: - arrumar as camas todos os dias; - colocar os sapatos no armário antes de eu voltar do trabalho; - tentar pelo menos começar o preparo do jantar, antes de eu chegar em casa; - lavar o rosto do bebê antes de eu chegar em casa.
               E a lista de Mary: - lavar o carro toda semana em vez de esperar que eu faça isso; - trocar a fralda do bebê depois de chegar em casa de tarde, especialmente se eu estiver preparando o jantar; - que ele passasse o aspirador de pó pela casa uma vez por semana; - cortar a grama semanalmente durante o verão, não deixando a grama tão alta a ponto de eu sentir vergonha do nosso jardim.
            Quero sugerir que vocês tentem fazer estas quatro coisas por dois meses e analisem se isso os ajudará. Talvez, após este período, vocês queiram adicionar outros pedidos à lista e compartilhá-los. Vocês acham que conseguem fazer isso. Os dois disseram que sim. É muito raro encontrar um casal em que os dois possuem a mesma linguagem do amor. Neste caso em que acabamos de relatar aconteceu.
            Aqui cabe uma pergunta: Se Mark e Mary possuíam a mesma linguagem do amor, por que tinham tantos problemas em seu relacionamento? – A resposta é muito simples, reside no fato de eles falarem dialetos diferentes. Eles faziam coisas um para o outro, mas não eram as mais importantes. Depois dessas anotações, descobriram o que era mais importante para cada um e começaram a fazer, isto é, começaram a falar o mesmo dialeto, o tanque de amor de ambos começou a se encher.
            Lembre-se: antes do casamento, somos impulsionados pela força obsessiva da paixão (sentimento muito forte, mas que costuma não durar tanto tempo). Depois do casamento, voltamos a ser quem éramos antes de nos apaixonarmos. O amor é uma escolha e não pode ser forçados a amar. Assim que eles decidiram fazer pedidos em vez de exigências e críticas, o casamento começou a se transformar.
Não se esqueça: você pode dar orientação ao amor por meio de pedidos como: “Gostaria que você lavasse o carro (ou trocasse a fralda do bebê)”, mas não pode criar a vontade de amar. Se o amor é uma decisão e decidimos amar nosso cônjuge, então expressar esse amor da maneira que nosso cônjuge pede e gosta, tornará nosso amor mais eficiente em termos emocionais. Precisamos entender que excluímos a possibilidade do amor quando tratamos nosso cônjuge como objeto. Cuidado:

1. A manipulação através da culpa, não é a linguagem do amor; por exemplo: “Se você fosse um bom                   marido, faria isso por mim”;

2. A coerção pelo medo é algo estranho ao amor; por exemplo: “Faça isso, senão você vai se arrepender” (soa como ameaça e intimidação, isso não é amor, acréscimo nosso).

Não podemos nos permitir ser usados (como marionetes na mão do outro, simplesmente pelo fato de o amarmos, acréscimo nosso), pois somos criaturas com emoções, pensamentos e desejos. Temos a capacidade de tomar decisões e de agir. Gary Chapman afirma que: “Permitir-se ser usado ou manipulado por outra pessoa, não é uma ato de amor, mas de traição”.
Esta linguagem do amor exige que reexaminemos os papeis desenvolvidos pelo marido e pela esposa, tendo consciência que eles estão em constantes mudanças. Cuidado para não estar reproduzindo, igualmente ao Mark, o modelo de vida conjugal de seus pais. Muitas vezes, será necessário quebrarmos com os paradigmas (padrões e modelos) que não são nossos. 
           
Conclusão
             Estamos acompanhando muitas mudanças sociológicas em relação a constituição familiar, como também em relação aos papeis desempenhados pelos cônjuges. Antes, imperava a ideia de que ao homem era incumbido exclusivamente o papel de ser o provedor da família (manter o sustento integral), enquanto que a mulher era a responsável pelos afazeres domésticos e os cuidados dos filhos.
            Com o advento da televisão e da mídia, o crescimento da mobilidade humana, a crescente diversidade cultural, a proliferação de pais solteiros, entre outros fatores, tem influenciado nas mudanças da constituição familiar. Seja qual for sua percepção a respeito, é bem possível que seu cônjuge entenda os papeis conjugais de maneira um pouco diferente de você.
                Portanto, uma disposição de examinar e mudar os estereótipos (generalização que as pessoas fazem sobre comportamentos ou características de outros)  é necessária para que se possa expressar amor de forma eficiente. Entenda que, aprender a linguagem do amor de sua esposa (ou marido) e escolher falar essa linguagem diariamente, produzirá uma enorme diferença no clima emocional de um casamento.

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