A Terceira Linguagem do Amor: Presentes
Introdução
Apresentamos a primeira e
segunda linguagem do amor, conforme listadas por Gary Chapman. Agora iremos
caminhar nas trilhas da terceira linguagem – o ato de presentear alguém que
gostamos.
O autor conheceu lugares
e pessoas fascinantes em suas viagens e pesquisas antropológicas (conhecimento
ou estudo sobre o homem). Nas andanças pela América Central, estudou a cultura
Maia e Asteca, além de cruzar o Oceano Pacífico para estudar a cultura das
tribos da Melanésia e Polinésia.
Também pesquisou sobre os
esquimós da tundra ao norte e os aborígenes[1]
ainos[2] do
Japão. Dentro desta vasta pesquisa, o autor buscou conhecer acerca dos padrões
culturais do amor entre esses povos. O resultado encontrado pela pesquisa é de
que em todas as culturas estudadas, o ato de presentear faz parte do processo
amoroso.
Seria possível o ato de
presentear alguém que gostamos, se constituir numa expressão fundamental de
amor que transcende barreiras culturais? A atitude de amar é sempre acompanhada
pelo conceito de doar? Segundo o autor, essas questões são acadêmicas e, de
certo modo, filosóficas, mas, se a resposta for afirmativa, existem profundas
implicações práticas para todos os casais ocidentais.
Desenvolvimento
Numa
destas viagens de pesquisa, o autor conheceu um jovem negro de nome Fred. Ele
tinha 28 anos de idade e perdera uma das mãos num acidente de pesca com
dinamite. Com isso, ele encerrou sua carreira de pescador. Eles passaram muito
tempo juntos, principalmente conversando sobre sua cultura. Numa de minhas
primeiras visitas a sua casa, Fred me ofereceu um suco:
- Sr. Gary, gostaria de
um pouco de suco? Respondi entusiasmado que sim. Ele olhou para seu irmão mais
novo e disse: - Vá pegar suco para o Sr. Gary. Ele saiu pelo piso de chão
batido, subiu num coqueiro e desceu com um coco enorme. Estávamos numa ilha
Dominicana. Fred ordenou a seu irmão: - Abra o coco. Com três movimentos rápidos com o facão, ele
descascou o coco e fez um buraco triangular na parte de cima. Fred me passou o
coco e disse: - Suco para você.
Naquele lugar é cultura
oferecer suco aos amigos. E caso não o tomemos, acaba se tornando numa desfeita
(acréscimo nosso). Isto é para eles, um símbolo de amor. Portanto, um presente é algo que você pode segurar
nas mãos e dizer: “Olhe, ele estava pensando em mim” ou “Ela se lembrou de
mim”.
Para se presentear é
preciso pensar em alguém. E o presente em si, é um símbolo desse pensamento e
desta lembrança, isto é, o presente é um símbolo visual do Amor. Neste ato, não
importa se ele custa dinheiro, o mais importante é que você pensou na pessoa e
decidiu presenteá-la.
O autor descreve o
relacionamento de um casal que estava prestes a se separar. A esposa retirou a
aliança de casamento e jogou em cima do marido, saindo bastante irritada. As
alianças eram um símbolo do que deveria ter sido o casamento, mas, estando na
mão dele e não no dedo dela, eram lembranças visuais de que o relacionamento
desmoronava.
Lembre-se: símbolos visuais de amor são mais importantes para alguns do que para
outros. Não se esqueça de que, geralmente os homens são mais visuais do que
auditivos; enquanto as mulheres o inverso, ou seja, são mais auditivas do que
visuais. Este é um dos motivos, entre outros, porque as pessoas possuem
atitudes diferentes em relação as alianças de casamento.
Certas pessoas jamais a
tiram depois de se casar. Outras nem sequer as possuem. Portanto, se a
linguagem de amor de sua esposa (ou marido) for presentes, dará grande valor a
aliança que ganhou e a usará com grande orgulho.
Um alerta para você que
diz: “Não sou de dar presentes e não sei qual presente escolher. Não é natural
para mim”. Parabéns! Você acabou de descobrir sobre como se tornar num cônjuge
mais dedicado, haja vista que acabou de aprender que você e seu cônjuge falam
linguagens de amor diferentes.
Caso a linguagem de sua
esposa são presentes, você pode se tornar um especialista nesta área. Ela é uma
das linguagens mais fáceis de aprender. Para um pouco, faça uma reflexão e
anote os presentes pelos quais ela já demonstrou interesse em ganhar no
decorrer desses anos juntos. A lista lhe dará ideias. No entanto, se tiver
dificuldades em escolher, peça ajuda de familiares que conhecem bem sua esposa
(ou marido).
Quero chamar sua atenção
para a questão relacionada ao dinheiro. Cada um de nós tem uma percepção
individual dos propósitos do dinheiro, bem como várias emoções associadas ao
ato de gastá-lo.
Alguns gostam de gastar e se sentem bem com isso. Entretanto, se for um
consumidor contumaz, poderá trazer sérios problemas conjugais e familiares
(compulsivo por gastos). Outros têm uma perspectiva voltada a
poupar e investir e se sentem bem quando guardam dinheiro e o investem
sabiamente. No entanto, correm o risco de se tornarem avarentos (obcecado por
adquirir e juntar dinheiro; sovina) e, da mesma forma que os primeiros, podem
trazer comprometimentos ao seu relacionamento conjugal e familiar (acréscimo
nosso).
Se você fizer parte do
primeiro grupo – gastador, terá
pouca dificuldade em comprar presentes para seu cônjuge; entretanto, se você
pertencer ao segundo grupo – poupador,
sentirá uma forte resistência emocional à ideia de gastar seu dinheiro com
presentes, com o objetivo de expressar amor por alguém (acréscimo nosso).
O autor faz a seguinte colocação, acerca do poupador: “Você (Eu) não compra coisas para
si (mim); por que deveria comprar para seu cônjuge?” E dá a resposta: Essa
atitude, porém, não leva em conta que você está comprando coisas para si mesmo.
Neste ponto, quero acreditar que ele se apropriou das Escrituras Sagradas, pois
no livro de Gênesis, 2:24, no Antigo Testamento, diz assim:
Gênesis
2:2-24. E disse Adão: Esta é agora
osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher,
porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe,
e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.
A
prescrição divina para o casamento é de “um só homem e uma só mulher”. E um dos
significados da expressão grifada acima “(...), e serão ambos uma carne”,
quer dizer que ambos estarão unidos em “corpo e alma”. Outro texto que gostaria de colocar em relevo é a Primeira Epístola
aos Coríntios, 7:4, que se encontra no Novo Testamento:
1 Coríntios
7:4. A mulher não tem poder sobre o
seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não
tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher.
O apóstolo Paulo faz, no
texto acima, uma comparação entre a Igreja de Cristo (seus membros e funções) e
o Corpo Humano (seus membros e funcionamento), mas é possível fazermos uma
aplicação para o tema que está sendo abordado por Gary Chapman.
A expressão “A mulher não tem
poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido” e
vice-e-versa; está se referindo, entre outras coisas, ao ato sexual entre os
cônjuges, recomendando o escritor desta Carta, que tanto a esposa como o
marido, deve estar em comum acordo quanto a atitude de abster-se da relação
sexual por algum tempo, mas com propósitos específicos (1 Coríntios 7:5).
Voltando a questão do
marido poupador, aquele que não gosta ou não quer dar presentes a esposa, mesmo
identificando que sua linguagem do amor é esta; podemos dizer que quando ele
compra um presente para a esposa, com base nos textos Sagrados em destaque, ele
está presenteando a si mesmo, pois “serão ambos uma só carne”, isto é, os
mesmos pensamentos, sentimentos e emoções.
Arrisco-me a dizer mais,
ele é quem será o maior beneficiário, pois uma esposa feliz, sentindo-se
valorizada e amada, terá seu tanque de amor cheio. E com certeza adotará
atitudes que poderão surpreender seu marido (acréscimo nosso).
Este tipo de marido
precisa entender que o melhor investimento a fazer é presentear a sua esposa
(não de forma exagerada, mas equilibrada), pois estará investindo em seu
relacionamento conjugal e, ao mesmo tempo, mantendo seu tanque de amor
emocional cheio.
Existe um presente
intocável e que às vezes fala mais alto que um presente material. O autor o
chama de “Presentear a si mesmo ou Presente da presença”. Penso que dinheiro
algum ou qualquer bem material, jamais será capaz de substituir a contento a
presença física e real da pessoa a quem amamos (acréscimo nosso). É muito bom estar presente no lugar certo, na
hora certa e com a pessoa certa.
Se a sua esposa (ou
marido) precisa ou espera de você uma atitude, e você se mostra presente e
pronto para atendê-la (lo), isto fará uma enorme diferença para quem possui
esta linguagem de amor. Por exemplo; acompanhá-la as consulta médicas e estar
com ela na hora do nascimento dum filho, entre outras. Para a esposa, o fato de
o marido estar ao seu lado nesses momentos, é muito mais importante do que
qualquer presente ou bem material.
Lembre-se: se a presença física de seu cônjuge é muito importante para você, diga
para ele (a), mas de forma gentil e não como uma exigência ou imposição (acréscimo
nosso). Ele (a) não tem o poder de ler seus pensamentos.
O autor descreve um fato
muito interessante sobre um casal. A mãe do marido havido morrido (sogra da
esposa). O chefe de sua esposa a liberou por apenas duas horas para ir ao
velório, mas ela lhe disse que só poderia voltar pela tarde. O argumento usado
por ela, era de que seu marido precisaria de sua companhia e apoio naquele
momento.
O seu chefe respondeu:
“Se você se ausentar o dia inteiro, talvez perca o emprego”. A esposa disse:
Meu marido é mais importante que meu emprego. O marido se sentiu mais amado por
ela naquele dia do que antes. Ele nunca se esqueceu do que ela fez e, a
propósito, ela não perdeu o emprego. Seu chefe é que foi dispensado pouco tempo
depois e ela assumiu seu cargo. Ela priorizou a linguagem de amor de seu marido
e ele nunca se esqueceu disso.
Em todas as cinco
linguagens do amor, há a exigência dos cônjuges se doarem um ao outro. Para
alguns, porém, o ato de receber presentes, como símbolos visuais do amor, fala
mais alto. Outra descrição muito interessante no livro trata-se de uma esposa
que reclamava há anos do marido, dizendo-lhe que precisava do seu amor, mas ele
não reagia.
Ela amava os filhos e
eles a amavam, mas não sentia nada da parte do marido (relatos dela). Ele era
uma pessoa metódica, tinha rotina para tudo. Era previsível como um relógio e
ninguém conseguia interromper sua rotina (nesta segunda parte, me vi
completamente). Durante muitos anos tentei ser boa esposa, fazia tudo que, a
meu ver, uma boa esposa deveria fazer. Fazia sexo porque sabia que era
importante para ele, mas não me sentia amada.
Achava que ele deixara de
demonstrar interesse por mim logo que nos casamos e não me dava mais valor. Eu
me sentia usada e desprezada. Lembre-se:
geralmente, se um homem sexualmente ativo, ficar mais de três dias sem ter
relação sexual, poderá apresentar irritação e agressividade com palavras (se
ele já é assim naturalmente, a abstinência sexual fará aumentar seu
temperamento). Sendo assim, a mulher tem que ser sábia, pois se quiser castigar
seu marido com abstinência sexual, poderá estimulá-lo para a prática do
adultério (acréscimo nosso).
No caso deste casal,
quando sua esposa foi falar com ele que era infeliz, ele simplesmente riu e
disse que tinham um casamento tão bom quanto qualquer outro da vizinhança.
Lembrou a esposa de que as contas estavam todas pagas, que tinham uma bela
casa, um carro novo e que ela tinha a liberdade de trabalhar fora ou ser dona
de casa. Finalizou dizendo que em vez de reclamar o tempo todo, ela deveria
estar feliz.
Tempos atrás, eles
participaram de um Seminário para Casais e o palestrante era Gary Chapman.
Depois da participação ele não disse muita coisa, mas parecia ter gostado. Numa
segunda-feira, ele chegou em casa e
me deu uma rosa. Perguntei; onde conseguiu isso? – Comprei de um vendedor de
rua. Achei que você merecia uma rosa. Eu comecei a chorar. Elogiei sua atitude.
Na terça-feira, me ligou do trabalho
e me perguntou o que eu achava de pedirmos uma pizza para o jantar. Talvez você
gostasse de não ter que fazer o jantar. A ideia era maravilhosa, respondi. Na quarta-feira, chegou do trabalho com um
pacote de biscoito para cada filho e um vaso de flor para mim. Estava começando a achar que ele
estava enlouquecendo! Na quinta-feira,
depois do jantar, ele me deu um cartão com uma mensagem sobre o fato de ele nem
sempre ser capaz de expressar seu amor por mim. Depois ele sugeriu que
poderíamos contratar uma babá na noite de sábado e poderiam sair somente os
dois para jantar? Respondi que seria maravilhoso.
Na sexta-feira, ele passou numa padaria e comprou os biscoitos
favoritos de cada uma das crianças. Mais uma vez, ele nos fez uma surpresa. E
não acabou por ai, no sábado a noite, eu estava nas nuvens. Não fazia ideia do
que estava acontecendo, mas estava gostando muito. Ele nunca me dera um Cartão
por qualquer ocasião que fosse. Ele nunca tinha me dado uma flor desde que nos
casamos. Ele nunca comprou nada para as crianças e esperava que eu comprasse
apenas o essencial. Nunca pediu pizza para o jantar.
O que estou dizendo é que
essa foi uma mudança radical em seu comportamento. Portanto, resolvi
perguntar-lhe o que estava acontecendo? – Depois de ter ouvido aquela Palestra,
descobriu que a linguagem do amor de sua esposa era Presentes. Percebi também,
que fazia muitos anos que eu não lhe dava nenhum presente, talvez desde a
cerimônia de casamento. Lembrei-me de que, quando namorávamos, eu lhe trazia
flores ou outros presentes.
A partir de então, decidi
dar-lhe um presente por dia durante uma semana, com o propósito de ver se
haveria alguma diferença nela. Preciso admitir que vi uma enorme diferença em
sua atitude durante a semana. Depois, pedi desculpas por ter sido tão
insensível durante todos aqueles anos e por ter deixado de suprir sua
necessidade de amor. Prometi que, com a ajuda de Deus, eu seria um presenteador
pelo resto da minha vida.
Sua esposa disse que ele
não falhou uma semana sequer, nos últimos três anos. Ele é um novo homem. Nosso
casamento foi restaurado e nossos filhos nos chamam de pombinhos apaixonados.
Meu tanque de amor está cheio e transbordando.
Conclusão
[1]
Aborígene. Expressão
de origem latina com o significado “habitantes originais”. Provavelmente, eles
migraram da Ásia para a Austrália há 50 mil anos.
[2]
Ainos. No original é
“Ainu”. É uma comunidade indígena que vive ao norte do arquipélago Japonês, com
traços físicos parecidos com os dos esquimós, com uma cultura e idioma próprio.
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