Duas palavras
pequenas e aparentemente simples, mas somente em sua forma escrita, pois
possuem tão grande significado e amplitude que, muitas vezes, confundem o nosso aprendizado ao ponto
de encontrarmos dificuldades para coloca-las em prática no cotidiano.
O amor pode ser conceituado
como uma “afeição profunda por alguém ou por alguma coisa”. O termo afeição,
como palavra escolhida neste texto para significar o amor, recebe inúmeros
sinônimos, entre eles destacamos: apreço, bem-querer, carinho, ternura,
amizade, devoção, meiguice, respeito, consideração e aceitação, entre outras.
Logo, fica
subentendido que tanto podemos amar pessoas, animais ou objetos (coisas inanimadas).
Portanto, devemos estar atentos com a amplitude do significado de cada uma
dessas palavras. É interessante frisar que existem diferentes tipos de amor: - o
amor dos pais pelos filhos; do marido pela esposa (e vice e versa); entre
irmãos; entre amigos e entre pessoas. Todos nós podemos amar e ser amados, mas
com conotações e comportamentos diferentes, mas mesmo assim, continua sendo amor.
O sábio Salomão
escreveu aproximadamente três mil provérbios (1 Reis 4:32), mas gostaria de
colocar em relevo, o registrado no Livro de Provérbios, em seu capítulo 18:24, quando
diz: “o homem que tem muitos amigos pode congratular-se (alegrar-se), mas há
amigo mais chegado do que um irmão”.
Traduzindo noutras palavras, o amor e a
amizade de certas pessoas, supera em alguns casos, a de um irmão, mas continua
sendo amor. Um exemplo clássico disso,
se deu entre o Davi e Jônatas, filho do rei Saul: “E sucedeu que, acabando ele
de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o
amou com à sua própria alma” (1 Samuel 18:1).
O que me intriga, é
que acabamos confundindo a interpretação do termo amor, quando tentamos colocar
em prática em nossos relacionamentos diários. E nessa confusão, acabamos por
tomar atitudes que trazem dor e grande sofrimento, principalmente naquele (a)
que figura na posição de vítima (não se esqueça que o agressor também pode vir
a sofrer). Nesse sentido, vamos ver a seguir, o que não é amor: O Amor
não É:
.
Paixão: o amor é um sentimento duradouro, enquanto a paixão é efêmera,
ou seja, de pouca duração. Aquele que ama, pratica naturalmente o amor diariamente
e de diversas formas. Quem ama, tem uma conduta equilibrada, isto é, sabe
controlar suas emoções em diversas ocasiões e circunstâncias.
Enquanto que o
apaixonado, costuma agir com desequilíbrio (muita desconfiança, ciúme doentio, autoritarismo,etc.).
Ela, a paixão, costuma apresentar-se com muita compulsividade e, na maioria das
vezes, acaba por sufocar o outro. Muitas pessoas casam-se apaixonadas, pensando
que é amor. Depois de pouco tempo de matrimônio “cai a ficha”, vindo o
desespero; resultando, muitas vezes, em separação ou divórcio.
.
Sexo:
a relação sexual também faz parte e influencia muito no relacionamento
conjugal, mas não é tudo, inclusive não é amor. Muitas pessoas começam seu
relacionamento, praticamente com a relação sexual. Não houve sequer um tempo de
namoro, para conhecer um ao outro melhor.
E por haver uma
“química” entre eles, ou seja, entre quatro paredes eles “se amam”; acabam confundindo
o amor com o prazer sexual. Se a constituição desse relacionamento estiver fiada
apenas na relação sexual, tem pouca probabilidade de prosperar.
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Possessão: neste quesito, incluimos a figura masculina como o maior agente que faz a
interpretação errada. E, como consequência, promove condutas inadequadas. Os
homens confundem o amor – a pessoa que dizem amar, como se fosse de sua inteira
propriedade.
Quantas vezes ouvimos
algum homem dizer: “se ela não for minha, não será de mais ninguém”. Um dos
maiores índices de violência contra a mulher (vítima fatal), parte de um
ex-marido ou ex-companheiro, por não ter aceitado a separação, configurando-se
como crime passional.
Quando o agente é
preso e lhe é perguntado o motivo de ter matado “sua” mulher? A resposta é
quase sempre a mesma: porque eu a amava e não queria vê-la com outro homem.
Isto nunca foi amor! Tem um provérbio muito conhecido do povo, que diz
assim:”Quem ama não mata”. O amor não é maligno.
No Livro de 2
Coríntios, em seu capitulo 13:4-7, tem uma referência maravilhosa acerca do que
vem ser o amor: “(...); o amor é benigno; não é invejoso; não se ensoberbece,
não se porta com indecência; não busca os seus interesses; não se irrita; tudo
sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Quem ama, entrega-se de corpo e
alma ao outro, com o propósito de fazê-lo feliz.
E, se for preciso sofrer
para cumprir com este propósito, isto é, fazer o cônjuge feliz, ele (a) fará. E
isto pode ser feito com educação, com brandura, com devoção, com respeito e com
cuidado, entre outras formas.
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Subserviência: tem pessoas que se anulam totalmente para
satisfazer os desejos e a vontade do outro, achando que isto é amor. E não é! Ela se dispõe a cumprir as ordens do outro de
forma humilhante, inclusive na presença de outras pessoas.
Nunca se dispõe a
opinar e se opor a ela (e). Nunca diz não. O amor não pode te aprisionar, ele
tem que fluir duma maneira carinhosa entre os cônjuges. Ambos tem que assumir o
seu papel nesta relação, procurando dar o seu melhor para o outro.
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Conto de Fada: neste ítem, incluímos a figura feminina
como o agente propulsor desta interpretação errada. E, como consequência, elas
acabam imaginando ou esperando encontrar um “príncipe encantado”. E isto não é
brincadeira, ainda existem mulheres que agem dessa maneira.
Elas fantasiam em
encontrar um homem dócil, elegante, charmoso, obediente, bem financeiramente, pronto
a satisfazer os seus desejos e vontades. É bem verdade que, ás vezes isso
acontece, mas somente durante o período de namoro e noivado.
Logo que se casam, os
seus comportamentos mudam drasticamente; tanto de um como do outro. Por isso,
opinião nossa, a importância do namoro, onde ambos poderão observar atentamente
como se comportam em vários lugares e momentos que estarão juntos (bebedeira,
ciúme, possessividade, arrogância, etc.).
Quanto ao segundo
termo – o perdão, não é muito diferente em relação ao amor. Confundimos e temos
também dificuldades de coloca-lo em prática no dia a dia. Um de seus
significados pode ser entendido como o de “absolver alguém de culpa ou de dívida”.
Na área jurídica ou
penal, usa-se como significado a remissão de pena, isto é, perdoar a pena
daquele que cometeu uma infração ou delito. Temos muita facilidade em falar sobre
o perdão, mas praticar o perdão, tem sido um grande problema nos
relacionamentos humanos.
Isto se deve por
vários fatores, mas um deles é porque costumamos guardar ressentimentos e
mágoas daqueles que nos ofendem. No geral, nós homens, temos muita dificuldade
em perdoar. A pergunta a ser feita é: quem mais se beneficia com o ato de perdoar,
o ofendido ou o ofensor? A resposta a esta pergunta é muito simples: – os dois são
beneficiados!
Primeiro, o ofensor
que toma consciência de que feriu outra pessoa, procurando-a para desculpar-se,
tendo em sã consciência o seu erro, por isso vai em busca dela para pedir o seu
perdão. Em sendo perdoado, tirará um grande peso de seus ombros (mente e
coração).
Segundo, o ofendido
que concede o perdão, pois sabe que se retiver mágoas e ressentimentos em seu
coração, isto poderá trazer sérias consequências para si, inclusive doenças psicossomáticas.
Sabe também, que a falta da concessão do seu perdão, poderá prejudicar também o
ofensor.
Portanto, amigos e
leitores, tanto um quanto o outro, deve refletir sobre seus atos e, se possível
for, deve tentar reparar os erros cometidos. Não se esqueça que perdoar,
trata-se de uma “tomada de decisão” e a escolha de perdoar, faz parte de um dos
mandamentos do Mestre Jesus: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas,
também vosso Pai celestial vos perdoarás a vós. Se, porém, não perdoardes aos
homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mateus
6:14-15).
Lembre-se: quando
decidimos perdoar, não podemos ter as seguintes atitudes: a) Relembrar o erro
cometido pela pessoa; b) Não mencionar uma ofensa que já havia sido perdoada e;
c) Tratar cada nova ofensa como se nunca tivesse acontecido antes.
Se temos consciência
de que ofendemos alguém, a iniciativa de ir pedir perdão deve partir de nós. Entretanto,
se nós somos a pessoa ofendida, também devemos iniciar o processo de perdão. É
claro que, ás vezes, ofendemos ou somos
ofendido, sem ao menos percebermos. E isto pode acontecer naturalmente em
nossos relacionamentos. Trata-se de uma exceção!
Para concluirmos, o
ato de perdoar libera o ofensor para que possa se arrepender. Dois personagens
que tomaram a decisão de perdoar seus ofensores, foram: - Estevão: “(...):
Senhor, não lhes impute este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (Atos 7:60); - e Jesus Cristo:
“(...): Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. E, repartiram as suas
vestes, e lançaram sortes” (Lucas 23:34).
Penso, que não existe
exemplo maior do que esses dois personagens. Por isso, passemos a refletir
sobre os nossos atos e que venhamos a tomar a decisão de perdoar aqueles que
nos ofenderam (ou nos ofendem). Esta atitude agrada muito a Deus.
EDUARDO
VERONESE DA SILVA
Evangelista e Membro da As. de Deus Nova
Vida – Vila Velha/ES
Professor de Educação Física
Bacharel em Direito
Pós-graduado
em Direito Militar
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