Hebreus 8:1,6. Ora, a suma do
que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à
destra do trono da Majestade. (...). Mas agora alcançou ele ministério
mais excelente,
quanto é mediador de um melhor concerto, que está confirmado em melhores
promessas.
Introdução:
O
texto acima inicia com a expressão “a suma do que temos dito (...)”; ou seja, quer dizer
um resumo do que foi dito anteriormente. No capítulo 7, da Epístola aos
Hebreus, o autor faz referência à pessoa de Melquisedeque,
que foi rei de Salém (provavelmente nome anterior de Jerusalém) e Sacerdote do
Deus Altíssimo. Este sacerdote e rei, foi contemporâneo do patriarca Abraão
que, inclusive, deu-lhe o dizimo de tudo e foi abençoado por ele.
Gênesis 14:18-20. E Melquisedeque,
rei de Salém, trouxe pão e vinho; e este era sacerdote do Deus Altíssimo. E
abençoou-o e disse: Bendito seja Abrão do Deus Altíssimo, o possuidor dos céus
e da terra; e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas
tuas mãos. E deu-lhe o dízimo de tudo.
A Bíblia tem na pessoa de Melquisedeque, uma prefiguração de Jesus Cristo, que é tanto
sacerdote e rei (cf. Hebreus 7:2-7). Quando a Palavra de Deus diz que
“onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque” (cf.
Hebreus 6:20);
significa dizer que Cristo é anterior a Abraão, a Levi e aos demais Sacerdotes
Levíticos e, também, que Cristo é maior do que todos eles.
Desenvolvimento:
Quando o mesmo texto diz que “ele alcançou ministério mais
excelente (...)”, o autor se refere ao ofício ou a função executada
por Cristo, como sendo seu grande mediador. Ele está fazendo uma comparação
entre o Velho Testamento (que estava centralizado na obediência da Lei de
Moisés – o Decálogo) e o Novo Concerto que fora instituído por Jesus (que
outorga graça e bênçãos àqueles que se aproximam de Deus mediante a Fé obediência).
No Antigo Concerto
(Velho Testamento), a salvação e o relacionamento correto com Deus
provinham de uma aproximação com Ele à base duma fé expressa por meio da
obediência a sua lei e ao sistema sacrificial assinalado na lei. Os sacrifícios
neste concerto tinham três propósitos principais:
a) Ensinar
ao povo de Deus a gravidade do pecado, pois este os separava do Deus santo.
Sendo assim, somente com o derramamento de sangue haveria reconciliação com
Deus e o recebimento do perdão (cf. Êxodo 12:3-14; Levítico 1:2-3; Hebreus 9:22);
(...)
b) Prover
um meio para Israel chegar-se a Deus mediante a fé, a obediência e o amor (cf. Hebreus 4:16; 7:25;
10:1); e
(...)
c) Prenunciar
o sacrifício perfeito de Cristo que aconteceria anos depois, pelos pecados da
raça humana (cf. João 1:29; 1 Pedro 1:18-19; Gálatas 3:19-24).
No novo concerto (Novo Testamento), instituído por
Jesus Cristo, pode ser entendido como sendo um acordo ou uma declaração do
propósito divino em outorgar graça e bênçãos para todos aqueles que se achegam
a Ele, através duma fé obediente.
Dito
de outra forma, seria um concerto de promessa para aqueles que, por fé, aceitam
a Cristo como sendo o Filho de Deus. E, simultaneamente, afirmam ser Ele o
mediador deste Novo Concerto (cf. Hebreus 8:6; 9:14-15; 12:24).
O
encargo assumido por esse Mediador foi executado com grande maestria, tendo
total aprovação do Pai Celestial, autorizando-o a descer de seu Trono de Glória
(nos céus) e vir para a terra, isto é, encarnar-se e passar por todas as
provações, como se fora somente verdadeiramente humano (Jesus Cristo era 100%
Deus e 100% homem).
Nesta
incumbência ou em seu Ministério terreno, Jesus Cristo gostava muito de se
fazer presente em três momentos ou lugares específicos: no Monte ou no deserto,
em meio à multidão ou pregando á sua Palavra (na Sinagoga, nas Aldeias e
Cidades ou num diálogo em particular).
Em
seus Evangelhos, no Novo Testamento, encontramos vários registros desses
momentos de Jesus, em cumprimento a sua missão.
1.
No Monte: Muitas vezes, Ele estava
rodeado de uma grande multidão, depois de despedida, ia para o monte. O mais
interessante, é que Ele ia para ficar a sós e orar.
Mateus 14:22-23. E logo ordenou Jesus que os seus discípulos
entrassem no barco e fossem adiante, para a outra banda, enquanto despedia a
multidão. E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar à parte. E, chegada
já a tarde, estava ali só.
(...)
Marcos 6:46. E logo obrigou os seus discípulos a subir
para o barco, e passar adiante, para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele
despedia a multidão. E, tendo-os despedido, foi ao monte para orar.
(...)
Lucas 22:39,41. E, saindo, foi, como costumava, para o
monte das Oliveiras; e também os seus discípulos o seguiram. (...). E
apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava.
(...)
João 6:15. Sabendo, pois, Jesus que haviam de vir
arrebata-lo, para o fazerem rei, tornou a retirar-se, ele só, para o monte.
Vimos que em todos os quatro evangelhos, encontramos
registros sobre a atitude diária de Jesus indo para o monte orar. Ele tinha por
costume “orar sem cessar”, isto é, estava em constante oração.
2.
No Deserto: Este é outro local em
que Jesus constantemente se dirigia. Ora pela necessidade de prosseguir a uma
determinada cidade, ora para fugir de seus perseguidores, ora para isolar-se da
multidão e ficar a “sós” com seu Pai Celestial.
Mateus 3:1,13. E, naqueles dias, apareceu João Batista
pregando no deserto da Judéia. (...). Então, veio Jesus da Galiléia ter com
João junto do Jordão, para ser batizado por ele. (...). 4:1. Então, foi conduzido Jesus pelo Espirito ao deserto, para ser
tentado pelo diabo.
(...)
Marcos 1:9-12-13. E aconteceu, naqueles dias, que Jesus,
tendo ido de Nazaré, da Galiléia, foi batizado por João, no rio Jordão. (...).
E logo o Espirito o impeliu para o deserto. E ali esteve no deserto quarenta
dias, tentado por Satanás. E vivia entre as feras, e os anjos o serviam.
(...)
Marcos 1:35. E, levantando-se de manhã muito cedo,
estando ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava.
(...)
Lucas 3:2. Sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio
no deserto a palavra de Deus a João (Batista), filho de Zacarias. (...). 4:1. E Jesus, cheio do Espírito Santo,
voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto. E quarenta dias foi
tentado pelo diabo, e, naqueles dias, não comeu coisa alguma, e, terminados
eles, teve fome.
(...)
Lucas 5:15-16. Porém a sua fama se propagava ainda mais, e
ajuntava-se muita gente para o ouvir e para ser por ele curada das suas
enfermidades. Porém ele retirava-se para os desertos e ali orava.
(...)
João 1:28-29. Essas coisas aconteceram em Betânia, do outro
lado do Jordão, onde João estava batizando. No dia seguinte, João viu a Jesus,
que vinha para ele (no deserto), e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo.
Vimos nos textos acima, que Jesus constantemente estava
no deserto. Em alguns textos acima (de cima para baixo), podemos notar que
registram seu batismo nas águas do rio Jordão, realizado por João, filho de
Zacarias, como também a tentação sofrida por satanás. Noutros textos (Marcos
1:35; Lucas 5:15-16), percebemos que o povo se reunia próximo a Ele para ser
curado de suas enfermidades e ouvir os seus ensinamentos.
3.
Em Meio a Multidão: Jesus amava
estar com pessoas, pois um de seus maiores ensinamentos é que devemos nos
relacionar bem com nosso próximo. Quando estava envolto a várias pessoas, Ele
não perdia a oportunidade, aproveitava para executar, no mínimo, dois
propósitos: 1º.
Ensiná-los acerca de sua Doutrina e, 2º. Dar atenção e assistência aos pobres, necessitados
e enfermos.
Mateus 8:1. E, descendo ele do monte, seguiu-o uma
grande multidão. E eis que veio um leproso e o adorou, dizendo: senhor, se
quiseres, podes tornar-me limpo. E Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo:
Quero; sê limpo. E logo ficou purificado da lepra.
(...)
Marcos 1:32,40-42. E, tendo chegado a tarde, quando já estava
se pondo o sol, trouxeram-lhe todos os que se achavam enfermos e os
endemoninhados. (...). E, aproximou-se dele um leproso, que, rogando-lhe e
pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia: Se queres, bem podes limpar-me. E
Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse: Quero,
sê limpo! E, tendo ele dito isso, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo.
(...)
Lucas 5:1,12-13. E aconteceu que, apertando-o a multidão
para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré. (...). E
aconteceu que, quando estava em uma daquelas cidades, eis que um homem cheio de
lepra, vendo a Jesus, prostrou-se sobre o rosto e rogou-lhe, dizendo: Senhor,
se quiseres, bem podes limpar-me. E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo:
Quero, sê limpo. E logo a lepra desapareceu dele.
(...)
João 6:1-2.
Depois disso, partiu Jesus para o outro lado do mar da Galiléia, que é o de
Tiberíades. E grande multidão o seguia, porque via os sinais que operava sobre
os enfermos. (...). E disse Jesus: Mandai assentar os homens. E havia muita
relva naquele lugar. Assentaram-se, pois, os homens em número de quase cinco
mil.
4. Nas Sinagogas: eram igrejas judaicas. A palavra
significa assembleia ou congregação e aparece mais de sessenta vezes no Novo
Testamento. Provavelmente, teve sua origem entre os judeus que estavam exilados
na Babilônia, pois sentiam a necessidade de orar e de se edificarem, tendo em
vista que estavam muito distantes do Templo.
Lucas 6:6. E aconteceu também, em outro sábado, que
entrou na sinagoga e estava ensinando; e havia ali um homem que tinha a mão
direita mirrada (ressequida). E os escribas e fariseus atentavam nele, se o curaria no sábado, para acharem no que
acusar (acréscimo nosso).
(...)
João 6:57-59.
Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim quem de mim se
alimenta também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu; não é o caso de
vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para
sempre. Ele disse essas coisas na sinagoga, ensinando em Cafarnaum.
4.1
– Dialogando com Pessoas: Jesus
gostava também de dialogar com pessoas, em particular ou em pequenos grupos.
Nessas ocasiões, Ele não perdia a oportunidade e apresentava a sua Doutrina.
João 4:6-10. E estava ali de Jacó. Jesus, pois, cansado
do caminho, assentou-se assim junto da fonte. (...). Veio uma mulher de Samaria
tirar água. Disse-lhe: Dá-me de beber. Porque os seus discípulos tinham ido a
cidade comprar comida. Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu
judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não
se comunicam com os samaritanos)?
Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te
diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.
(...)
Lucas 24:13-15,17. E eis que, no mesmo dia, iam dois deles
(discípulos de Jesus) para uma aldeia que distava de Jerusalém sessenta
estádios, cujo nome era Emaús. E iam falando entre si de tudo aquilo que havia sucedido
(a crucificação de Jesus). E aconteceu que, indo eles falando entre si e
fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou e ia com eles. (...).
E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós e
por que estais tristes?
Nota-se, pelos textos escolhidos deste artigo, que
verdadeiramente Jesus gostava de se fazer presente nestes lugares e reunido com
pessoas. Ele que é Onisciente, sabia que nessas ocasiões poderia fazer muito
bem o oficio que lhe fora confiado por seu Pai.
Conclusão:
Não abordei neste texto (artigo ou sermão) outro lugar em
que Jesus Cristo ama estar, mas diferentemente dos demais, Ele gosta de
permanecer o tempo todo - em nossos Corações. Portanto, que nós possamos estar ávidos por
uma transformação completa em nossos corações, deixando o Espirito Santo agir e
operar, de acordo com o que escreveu o profeta maior Ezequiel: “E vos darei um
coração novo e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de
pedra da vossa carne e vos darei um coração de carne” (cf. Ezequiel 36:26).
Antes, o Velho Concerto estava
gravado em Tábuas de Pedras (ou impresso em pergaminhos e papiros). Mas, agora,
o Novo Concerto deve estar gravado em nossos corações. No entanto, é preciso que
o Meu e o Seu coração sejam de carne (sensível à voz do Senhor), e não de
pedra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário