SPURGEON,
Charles Haddon. A maior luta do
mundo. São Paulo: Editora Fiel, 2006.
Introdução
Estamos vivendo momentos difíceis e
dias tenebrosos, haja vista tanta violência social e calamidades diversas em
toda a parte do universo. Entretanto, estes acontecimentos já haviam sido
anunciados por Jesus Cristo que viriam a acontecer; inclusive, disse ainda, que
seriam os sinais que irão caracterizar os últimos dias (fim dos tempos).
Conforme transcrito no Livro de Mateus, capítulo 24:6-14:
Mateus 24:6. E ouvireis rumores de guerras; olhai, não vos assustei,
porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.
Não obstante, a Palavra de Deus nos
assegura que a nossa luta não é contra a carne e sangue, mas contra as
potestades dos céus, nas regiões celestiais. Portanto, haverá uma enorme
batalha que será travada no campo celestial. (Efésios 6:12)
Diante desta verdade predita e
assegurada nas Escrituras Sagradas, precisamos nos albardar dos equipamentos e
armas necessárias, para podermos participar desta grande batalha e sairmos
vencedores.
O
Nosso Arsenal
O primeiro equipamento a ser
buscado pelos Cristãos, como parte de seu arsenal para a batalha é a Sagrada
Escritura. Ela é como a Torre de Davi, edificada e preparada com um verdadeiro
arsenal: “mil escudos pendem dela, sendo a defesa dos homens poderosos”. (Cantares 4:4)
A verdade de Deus é o único tesouro
que procuramos, e a Escritura é o único campo onde podemos cavar para encontrá-lo.
Existem pessoas que “(...) gostam
mais do ato de pescar do que do próprio peixe”. E isto pode muito bem ser comum
e verdadeiro, visto que o peixe pode ser pequeno e cheio de espinhas. (p.
15-16)
Muitas destas pessoas nem sequer
estão procurando uma certeza (ou verdade); o seu prazer consiste em evitar toda
a verdade estabelecida; “(...), estão
sempre aprendendo, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade”. (2 Timóteo
3:7)
Quanto a nós, Cristãos, atracamos
nosso navio no grande Porto da Palavra de Deus. Nela encontramos Paz, Força,
Esperança, Estímulo, Conhecimento e Felicidade. Enquanto Cristãos, devemos nos
preparar diligentemente e tentar fazer o melhor na prática de nosso serviço ao grande
e poderoso Deus. “O Cristão se torna
invencível quando dobramos os seus joelhos”. Muitas vezes, tomamos apenas
uma atitude, mas pode ser que desta única ação, sejam apresentadas duas ou mais
interpretações. Para exemplificar, vejamos a narrativa abaixo:
Conta-se a história de que um espião observou um pequeno
grupo de guerreiros Gregos, antes de lutarem contra os Persas, que estavam
preocupados em acertar o arranjo de seus cabelos. O espião ao retornar ao seu
rei, disse-lhe: “Aquele povo é miserável, pois estavam preocupados com suas
vaidades”.
No entanto, o Monarca viu por outra óptica esse ato de
arrumar os cabelos: Se um povo se preocupa com seus cabelos antes de ir para
uma batalha, é sinal de que dão grande valor por suas cabeças e não se
curvariam a uma morte covarde. (p.9-10)
Como soldados, não podemos ser
negligentes, principalmente quando temos a nossa frente uma grande batalha.
Temos que avançar sem medo para enfrentarmos as Falsas Doutrinas, o Mundanismo
e o Pecado. Entretanto, temos de ser organizados e executarmos bem o nosso
trabalho (ou Ministério), visto que almejamos a Vitória (a Salvação Eterna).
Os povos gregos tinham por costume,
sempre que se preparavam para um dia sangrento, apresentar-se bem adornados,
pois poliam seus escudos (defesa) e lustravam suas armaduras (proteção). Penso que, quando temos de fazer uma grande
obra para Cristo, não devemos ir para o Púlpito ou para a Plataforma da frente
e dizer a primeira coisa que vem em sua boca.
Se for falar de Jesus, devemos
fazê-lo da melhor maneira possível. Para nos prepararmos para a batalha, temos
que buscar três coisas de suma importância: a primeira é o nosso Arsenal, sendo este a Palavra
Inspirada; a segunda é o nosso Exército,
traduzida pela Igreja do Deus Vivo e, a terceira é a nossa Força, com a qual usamos o Escudo da Fé (defesa) e empunhamos a
Espada da Justiça (ataque). Desta feita, passaremos a abordar cada um desses
equipamentos ou armas celestiais.
O
Verdadeiro Arsenal:
Para nós, Cristãos, parece
extremamente absurdo pensarmos em pregar qualquer coisa que não seja a Palavra
de Deus. Infelizmente, estamos com vivendo numa geração de dirigentes de
Igrejas, que estão sempre buscando inserir ingredientes novos na liturgia
eclesiástica. Grande parte das igrejas evangélicas hodiernas, estão se moldando
ao que é praticado no mundo, quando deveria ser o contrário, isto é, as pessoas
do mundo (ímpio) se conformarem com a doutrina de Cristo (novos convertidos ao
Cristianismo).
Esses dirigentes perderam a
essência do que é o verdadeiro Evangelho: “A
Palavra de Deus tem sido o suficiente para interessar e abençoar a alma humana
ao longo dos tempos; as novidades, todavia, rapidamente perecerão”. (p.18)
O Livro de Mateus, em seu capítulo 4:4, assegura taxativamente
que: “O homem viverá de toda a Palavra de Deus”. O Livro de Provérbios 30:5, corrobora da mesma
afirmação: “Toda a Palavra de Deus é pura, e Deus é escudo para os que n’Ele
confiam”.
A Palavra de Deus tem suportado de
forma muito firme, muitas críticas do que as melhores Teorias Filosóficas ou
Científicas Atuais e tem sobrevivido a todas elas. O interessante é que quando
“os críticos” fervorosos da Palavra de Deus morrerem, possivelmente serão
contemplados com um sermão fúnebre baseado na Palavra de Deus.
“A Palavra de Deus é um dos
componentes poderosos do nosso Arsenal, não se dobra, nem se parte ou se torna
áspera na luta, mesmo podendo despedaçar o nosso inimigo da cabeça aos pés”.
(p.20)
O pecador condenado usa de todas as
espécies de argumento para provar que não pode ser salvo. “Nenhuma luz consegue
penetrar na escura cela da dúvida, a não ser que passe pela janela da Palavra
divina”. Nas Escrituras, há um bálsamo para todas as feridas e um remédio para
todas as dores. (p.21)
Payson disse: “Se há na Bíblia algum fato,
alguma doutrina ou promessa que nos tenha causado um efeito prático no seu
temperamento ou no seu comportamento, fique ciente de que você não creu nisso
verdadeiramente”. (p.22)
A medida que as nossas mentes vão
ficando cheia da Palavra de Deus, vão tendo a sensação de serem elevados e como
que transportados às alturas, sobre asas de águia. (Isaías)
Foi fornecido a nós, este
maravilhoso arsenal pelo Senhor; portanto, temos que estar decididos a utilizar
única e exclusivamente as Escrituras Sagradas e com maior rigor, buscando
conhecer melhor a nossa Bíblia.
Temos que ter a Palavra de Deus não
somente em nossos corações, mas também na “ponta de nossa língua”.
Infelizmente, há pastores que acrescentam ou omitem palavras da Escritura, ou
ainda, degradam a linguagem do Texto Sagrado.
(2 Pedro 1:10)
Há outros ainda, que citam apenas a
metade de um texto bíblico, perdendo-se o seu real sentido e significado, e, em
muitos casos, até contradizem totalmente o sentido que deveria estar sendo dado
ao texto. (p.30)
Nós, porém, devemos sempre citar as
Palavras de Deus como estão escritas, se possível, na melhor de sua tradução.
Melhor será ainda, buscarmos a sua forma original (em Hebraico ou Grego).
Spurgeon: “O simples encaixar de textos é
uma maneira pobre de se preparar sermões, embora alguns a usem (...), porquanto
fizeram o melhor possível. É melhor encaixarmos os textos uns nos outros, do
que usarmos os nossos pobres pensamentos desinteressantes. Se a Palavra de Deus
for citada, haverá alguma coisa para meditar e recordar, do contrário não
haverá absolutamente nada”. (p.32)
“Estamos decididos a pregar única e
exclusivamente a Palavra de Deus”. Sou
diferente de vocês, e vocês são totalmente diferentes de mim, mas não podemos
nos diferir muito, se formos honestos, retos e tementes a Deus. (p.44)
O
Nosso Exército
Se uma igreja deseja ser o que
deveria, tendo em vista os propósitos de Deus, devemos treiná-la na santa arte
da oração. É preciso incutir na mente dos membros da Igreja Visível de Cristo,
que precisamos ser companheiros uns dos outros. Como também, precisamos da
cooperação de todos os irmãos para sairmos e ganharmos almas para Cristo.
(p.49)
Infelizmente, boa parte de nossas
igrejas mantém a forma de igreja, principalmente quanto ao culto de oração, mas
seus membros costumam não valorizá-lo e não comparecem. “Uma igreja que não
ora, acreditem, é uma igreja morta”. (p. 53)
O que será de nossas igrejas nestes
dias diante de tanto ceticismo[1],
em que qualquer verdade estabelecida é apontada com o dedo da dúvida. E se o
nosso povo não tiver as verdades do Evangelho escritas nas Tábuas de seus
corações? (p.56)
Necessitamos de uma igreja
missionária, que saia em busca de um povo para Deus, vindo de todas as partes
do mundo: “Se uma igreja não é
interessada na salvação de almas, ela pode ser tudo, menos uma igreja”.
Nossas igrejas, irmãos, devem ser
iguais a “destacamentos de soldados do Rei”, prontos para o serviço militar num
país estrangeiro. “No entanto, nossa missão não é a de apenas defender o
Castelo, mas também de conquistar novos territórios para o domínio do nosso
Senhor”. (p.57)
“A igreja eleita é salva para que
possa promover salvação, é limpa para que possa promover limpeza, é abençoada
para abençoar”. Nós não somos enviados para sermos servidos, mas para
servirmos.
Não podemos esperar por igrejas
santas, se nós que devemos ser exemplos, não formos também santos. “O rebanho
espera que, pelo menos, sejamos os mais abnegados, os mais trabalhadores e os
mais zelosos na Igreja e em tudo o mais”. (p.60)
A
Nossa Força
Temos que partir do principio de
que pregamos a Palavra de Deus e que pertencemos a uma igreja que se amolda aos
mandamentos Cristãos. Sendo assim, de onde vem a nossa força? Ela somente
poderá vir do Espírito de Deus e, também, acreditamos no Espírito Santo e em
nossa total e absoluta dependência d’Ele. (p.61)
No entanto, será que, na prática,
cremos realmente n’Ele? Você tem o hábito de procurar a explicação dos textos
bíblicos através da direção do Espírito Santo? Nós não seremos conhecedores da
verdade, ao passarmos a ler os sermões de Moody, os comentários bíblicos de
John Pyper, ou qualquer obra literária
da nossa própria fé.
Irmãos, nós nunca conhecermos a
verdade, enquanto não formos ensinados pelo Espírito Santo, que fala mais ao
coração do que aos nossos ouvidos. “Não poderemos ter êxito em nossas petições,
a menos que o Espírito Santo nos assista em nossas fraquezas, porquanto a
verdadeira oração consiste em orar em Espírito”. (p. 62)
Nada podemos fazer sem a seiva da
vida que corre em nós, vinda de Jesus, que é a videira. (João xxx). Aquilo que
é de nós mesmos, só serve para vergonha e confusão. “Não podemos dar um passo
sequer em direção ao céu, sem a presença de Deus, nós e os nossos ouvintes,
somos transportados a usufruir das delícias celestiais”. (p. 67)
Quando o Espírito de Deus não está
presente, até a própria verdade se torna num grande bloco de gelo. Quando o
Espírito Santo se ausenta, desaparecem toda a energia e entusiasmo. Afinal,
qual é a ação do Espírito Santo? É Ele quem vivifica, convence, ilumina,
purifica, guia, instrui, guarda, consola, confirma, aperfeiçoa e usa.
Não se esqueçam que o Espírito
Santo tem os seus caminhos e os seus métodos próprios e que há coisas que Ele
nunca fará. “Se fizermos algum acordo envolvendo faltas ou pecado, isso será
por sua própria conta. Se faltarmos com a verdade ou santidade e se formos amigos
do mundo ou se formos amantes da carne, então não teremos promessa alguma de
que o Espírito Santo irá conosco”.
Os
cristãos devem se comportar de forma totalmente contrária a isso, ou seja,
“Retirai-vos do meio deles, separai-vos,
diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras, e eu vos receberei, serei vosso
Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”. (2 Co
6:17-18)
Lembrem-se
sempre que o Espírito Santo nunca colocará o seu selo onde entrar a falsidade.
Nunca!
Se
o que pregarem não for a verdade, Deus não estará ali. O Espírito Santo nunca
passa cheques em branco (ou sem fundo). Se nós não anunciarmos uma doutrina
clara, com uma linguagem simples, o Espírito Santo não colocará a sua
assinatura em nossas pregações vazias. (p. 73-74)
Considerem
também, que o Espírito Santo nunca poderá aprovar o pecado: “Apresentai-os
limpos, os que trazeis os vasos do Senhor“. Quero recordar-vos, uma vez mais,
que o Espírito Santo jamais encorajará alguém à ociosidade.
Temos
a obrigação de ocupar bastante nosso tempo em meditação e de nos consagrarmos
totalmente à Palavra de Deus e à Oração. O Espírito Santo não abençoará com o
propósito de apoiar o orgulho de alguém. Ele não tem prazer algum nas pregações
de homens orgulhosos, as quais são cheias de vento.
O
Espírito de Deus não pode habitar em águas revoltas e também não fará morada
onde houver conflito. Tenham sempre em mente que o Espírito Santo só abençoará
quando estiver de acordo com o seu propósito. Sabe qual é o seu propósito?
Glorificar o nome do Senhor (João 16:14).
Portanto,
amados irmãos, se não exaltarmos o Senhor Jesus Cristo glorificado, se não O
colocarmos na mais alta esfera da consideração dos homens, se não fizermos tudo
para que Ele seja visto como o Rei dos reis e Senhor dos senhores, certamente
não teremos o Espírito Santo conosco. (p. 77)
Assim, irmãos, se o nosso único desígnio não for
o de glorificar a Deus (e Jesus Cristo), estaremos trabalhando sozinhos e em
vão.
[1] Ceticismo.
Filosofia. Doutrina cujos preceitos afirmam que o espírito humano não possui
capacidade para alcançar a certeza sobre a verdade, por isso, o ser vive em
constante dúvida ou renúncia por uma incapacidade intrínseca de compreensão
metafísica. 2. s.m. Ausência de
qualquer tipo de crença.
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