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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A MAIOR LUTA DO MUNDO

SPURGEON, Charles Haddon. A maior luta do
mundo. São Paulo: Editora Fiel, 2006.

Introdução

Estamos vivendo momentos difíceis e dias tenebrosos, haja vista tanta violência social e calamidades diversas em toda a parte do universo. Entretanto, estes acontecimentos já haviam sido anunciados por Jesus Cristo que viriam a acontecer; inclusive, disse ainda, que seriam os sinais que irão caracterizar os últimos dias (fim dos tempos). Conforme transcrito no Livro de Mateus, capítulo 24:6-14:

Mateus 24:6. E ouvireis rumores de guerras; olhai, não vos assustei, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.  

Não obstante, a Palavra de Deus nos assegura que a nossa luta não é contra a carne e sangue, mas contra as potestades dos céus, nas regiões celestiais. Portanto, haverá uma enorme batalha que será travada no campo celestial. (Efésios 6:12)
Diante desta verdade predita e assegurada nas Escrituras Sagradas, precisamos nos albardar dos equipamentos e armas necessárias, para podermos participar desta grande batalha e sairmos vencedores.

O Nosso Arsenal
O primeiro equipamento a ser buscado pelos Cristãos, como parte de seu arsenal para a batalha é a Sagrada Escritura. Ela é como a Torre de Davi, edificada e preparada com um verdadeiro arsenal: “mil escudos pendem dela, sendo a defesa dos homens poderosos”. (Cantares 4:4)
A verdade de Deus é o único tesouro que procuramos, e a Escritura é o único campo onde podemos cavar para encontrá-lo. Existem pessoas que “(...) gostam mais do ato de pescar do que do próprio peixe”. E isto pode muito bem ser comum e verdadeiro, visto que o peixe pode ser pequeno e cheio de espinhas. (p. 15-16)
Muitas destas pessoas nem sequer estão procurando uma certeza (ou verdade); o seu prazer consiste em evitar toda a verdade estabelecida; “(...), estão sempre aprendendo, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade”. (2 Timóteo 3:7)
Quanto a nós, Cristãos, atracamos nosso navio no grande Porto da Palavra de Deus. Nela encontramos Paz, Força, Esperança, Estímulo, Conhecimento e Felicidade. Enquanto Cristãos, devemos nos preparar diligentemente e tentar fazer o melhor na prática de nosso serviço ao grande e poderoso Deus. “O Cristão se torna invencível quando dobramos os seus joelhos”. Muitas vezes, tomamos apenas uma atitude, mas pode ser que desta única ação, sejam apresentadas duas ou mais interpretações. Para exemplificar, vejamos a narrativa abaixo:

Conta-se a história de que um espião observou um pequeno grupo de guerreiros Gregos, antes de lutarem contra os Persas, que estavam preocupados em acertar o arranjo de seus cabelos. O espião ao retornar ao seu rei, disse-lhe: “Aquele povo é miserável, pois estavam preocupados com suas vaidades”.
No entanto, o Monarca viu por outra óptica esse ato de arrumar os cabelos: Se um povo se preocupa com seus cabelos antes de ir para uma batalha, é sinal de que dão grande valor por suas cabeças e não se curvariam a uma morte covarde. (p.9-10)

Como soldados, não podemos ser negligentes, principalmente quando temos a nossa frente uma grande batalha. Temos que avançar sem medo para enfrentarmos as Falsas Doutrinas, o Mundanismo e o Pecado. Entretanto, temos de ser organizados e executarmos bem o nosso trabalho (ou Ministério), visto que almejamos a Vitória (a Salvação Eterna).
Os povos gregos tinham por costume, sempre que se preparavam para um dia sangrento, apresentar-se bem adornados, pois poliam seus escudos (defesa) e lustravam suas armaduras (proteção).  Penso que, quando temos de fazer uma grande obra para Cristo, não devemos ir para o Púlpito ou para a Plataforma da frente e dizer a primeira coisa que vem em sua boca.
Se for falar de Jesus, devemos fazê-lo da melhor maneira possível. Para nos prepararmos para a batalha, temos que buscar três coisas de suma importância: a primeira é o nosso Arsenal, sendo este a Palavra Inspirada; a segunda é o nosso Exército, traduzida pela Igreja do Deus Vivo e, a terceira é a nossa Força, com a qual usamos o Escudo da Fé (defesa) e empunhamos a Espada da Justiça (ataque). Desta feita, passaremos a abordar cada um desses equipamentos ou armas celestiais.

O Verdadeiro Arsenal:
Para nós, Cristãos, parece extremamente absurdo pensarmos em pregar qualquer coisa que não seja a Palavra de Deus. Infelizmente, estamos com vivendo numa geração de dirigentes de Igrejas, que estão sempre buscando inserir ingredientes novos na liturgia eclesiástica. Grande parte das igrejas evangélicas hodiernas, estão se moldando ao que é praticado no mundo, quando deveria ser o contrário, isto é, as pessoas do mundo (ímpio) se conformarem com a doutrina de Cristo (novos convertidos ao Cristianismo).
Esses dirigentes perderam a essência do que é o verdadeiro Evangelho: “A Palavra de Deus tem sido o suficiente para interessar e abençoar a alma humana ao longo dos tempos; as novidades, todavia, rapidamente perecerão”. (p.18)
O Livro de Mateus, em seu capítulo 4:4, assegura taxativamente que: “O homem viverá de toda a Palavra de Deus”. O Livro de Provérbios 30:5, corrobora da mesma afirmação: “Toda a Palavra de Deus é pura, e Deus é escudo para os que n’Ele confiam”.
A Palavra de Deus tem suportado de forma muito firme, muitas críticas do que as melhores Teorias Filosóficas ou Científicas Atuais e tem sobrevivido a todas elas. O interessante é que quando “os críticos” fervorosos da Palavra de Deus morrerem, possivelmente serão contemplados com um sermão fúnebre baseado na Palavra de Deus.
“A Palavra de Deus é um dos componentes poderosos do nosso Arsenal, não se dobra, nem se parte ou se torna áspera na luta, mesmo podendo despedaçar o nosso inimigo da cabeça aos pés”. (p.20)
O pecador condenado usa de todas as espécies de argumento para provar que não pode ser salvo. “Nenhuma luz consegue penetrar na escura cela da dúvida, a não ser que passe pela janela da Palavra divina”. Nas Escrituras, há um bálsamo para todas as feridas e um remédio para todas as dores. (p.21)
Payson disse: “Se há na Bíblia algum fato, alguma doutrina ou promessa que nos tenha causado um efeito prático no seu temperamento ou no seu comportamento, fique ciente de que você não creu nisso verdadeiramente”. (p.22)
A medida que as nossas mentes vão ficando cheia da Palavra de Deus, vão tendo a sensação de serem elevados e como que transportados às alturas, sobre asas de águia. (Isaías)
Foi fornecido a nós, este maravilhoso arsenal pelo Senhor; portanto, temos que estar decididos a utilizar única e exclusivamente as Escrituras Sagradas e com maior rigor, buscando conhecer melhor a nossa Bíblia.
Temos que ter a Palavra de Deus não somente em nossos corações, mas também na “ponta de nossa língua”. Infelizmente, há pastores que acrescentam ou omitem palavras da Escritura, ou ainda, degradam a linguagem do Texto Sagrado.  (2 Pedro 1:10)
Há outros ainda, que citam apenas a metade de um texto bíblico, perdendo-se o seu real sentido e significado, e, em muitos casos, até contradizem totalmente o sentido que deveria estar sendo dado ao texto. (p.30)
Nós, porém, devemos sempre citar as Palavras de Deus como estão escritas, se possível, na melhor de sua tradução. Melhor será ainda, buscarmos a sua forma original (em Hebraico ou Grego).
Spurgeon: “O simples encaixar de textos é uma maneira pobre de se preparar sermões, embora alguns a usem (...), porquanto fizeram o melhor possível. É melhor encaixarmos os textos uns nos outros, do que usarmos os nossos pobres pensamentos desinteressantes. Se a Palavra de Deus for citada, haverá alguma coisa para meditar e recordar, do contrário não haverá absolutamente nada”. (p.32)
“Estamos decididos a pregar única e exclusivamente a Palavra de Deus”.  Sou diferente de vocês, e vocês são totalmente diferentes de mim, mas não podemos nos diferir muito, se formos honestos, retos e tementes a Deus. (p.44)

O Nosso Exército
Se uma igreja deseja ser o que deveria, tendo em vista os propósitos de Deus, devemos treiná-la na santa arte da oração. É preciso incutir na mente dos membros da Igreja Visível de Cristo, que precisamos ser companheiros uns dos outros. Como também, precisamos da cooperação de todos os irmãos para sairmos e ganharmos almas para Cristo. (p.49)
Infelizmente, boa parte de nossas igrejas mantém a forma de igreja, principalmente quanto ao culto de oração, mas seus membros costumam não valorizá-lo e não comparecem. “Uma igreja que não ora, acreditem, é uma igreja morta”. (p. 53)
O que será de nossas igrejas nestes dias diante de tanto ceticismo[1], em que qualquer verdade estabelecida é apontada com o dedo da dúvida. E se o nosso povo não tiver as verdades do Evangelho escritas nas Tábuas de seus corações? (p.56)
Necessitamos de uma igreja missionária, que saia em busca de um povo para Deus, vindo de todas as partes do mundo: “Se uma igreja não é interessada na salvação de almas, ela pode ser tudo, menos uma igreja”.
Nossas igrejas, irmãos, devem ser iguais a “destacamentos de soldados do Rei”, prontos para o serviço militar num país estrangeiro. “No entanto, nossa missão não é a de apenas defender o Castelo, mas também de conquistar novos territórios para o domínio do nosso Senhor”. (p.57)
“A igreja eleita é salva para que possa promover salvação, é limpa para que possa promover limpeza, é abençoada para abençoar”. Nós não somos enviados para sermos servidos, mas para servirmos.
Não podemos esperar por igrejas santas, se nós que devemos ser exemplos, não formos também santos. “O rebanho espera que, pelo menos, sejamos os mais abnegados, os mais trabalhadores e os mais zelosos na Igreja e em tudo o mais”. (p.60)

A Nossa Força
Temos que partir do principio de que pregamos a Palavra de Deus e que pertencemos a uma igreja que se amolda aos mandamentos Cristãos. Sendo assim, de onde vem a nossa força? Ela somente poderá vir do Espírito de Deus e, também, acreditamos no Espírito Santo e em nossa total e absoluta dependência d’Ele. (p.61)
No entanto, será que, na prática, cremos realmente n’Ele? Você tem o hábito de procurar a explicação dos textos bíblicos através da direção do Espírito Santo? Nós não seremos conhecedores da verdade, ao passarmos a ler os sermões de Moody, os comentários bíblicos de John Pyper,  ou qualquer obra literária da nossa própria fé.
Irmãos, nós nunca conhecermos a verdade, enquanto não formos ensinados pelo Espírito Santo, que fala mais ao coração do que aos nossos ouvidos. “Não poderemos ter êxito em nossas petições, a menos que o Espírito Santo nos assista em nossas fraquezas, porquanto a verdadeira oração consiste em orar em Espírito”. (p. 62)
Nada podemos fazer sem a seiva da vida que corre em nós, vinda de Jesus, que é a videira. (João xxx). Aquilo que é de nós mesmos, só serve para vergonha e confusão. “Não podemos dar um passo sequer em direção ao céu, sem a presença de Deus, nós e os nossos ouvintes, somos transportados a usufruir das delícias celestiais”. (p. 67)
Quando o Espírito de Deus não está presente, até a própria verdade se torna num grande bloco de gelo. Quando o Espírito Santo se ausenta, desaparecem toda a energia e entusiasmo. Afinal, qual é a ação do Espírito Santo? É Ele quem vivifica, convence, ilumina, purifica, guia, instrui, guarda, consola, confirma, aperfeiçoa e usa.
Não se esqueçam que o Espírito Santo tem os seus caminhos e os seus métodos próprios e que há coisas que Ele nunca fará. “Se fizermos algum acordo envolvendo faltas ou pecado, isso será por sua própria conta. Se faltarmos com a verdade ou santidade e se formos amigos do mundo ou se formos amantes da carne, então não teremos promessa alguma de que o Espírito Santo irá conosco”.
Os cristãos devem se comportar de forma totalmente contrária a isso, ou seja, “Retirai-vos do  meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisas impuras, e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso”. (2 Co 6:17-18)
Lembrem-se sempre que o Espírito Santo nunca colocará o seu selo onde entrar a falsidade. Nunca!
Se o que pregarem não for a verdade, Deus não estará ali. O Espírito Santo nunca passa cheques em branco (ou sem fundo). Se nós não anunciarmos uma doutrina clara, com uma linguagem simples, o Espírito Santo não colocará a sua assinatura em nossas pregações vazias. (p. 73-74)
Considerem também, que o Espírito Santo nunca poderá aprovar o pecado: “Apresentai-os limpos, os que trazeis os vasos do Senhor“. Quero recordar-vos, uma vez mais, que o Espírito Santo jamais encorajará alguém à ociosidade.
Temos a obrigação de ocupar bastante nosso tempo em meditação e de nos consagrarmos totalmente à Palavra de Deus e à Oração. O Espírito Santo não abençoará com o propósito de apoiar o orgulho de alguém. Ele não tem prazer algum nas pregações de homens orgulhosos, as quais são cheias de vento.
O Espírito de Deus não pode habitar em águas revoltas e também não fará morada onde houver conflito. Tenham sempre em mente que o Espírito Santo só abençoará quando estiver de acordo com o seu propósito. Sabe qual é o seu propósito? Glorificar o nome do Senhor (João 16:14).
Portanto, amados irmãos, se não exaltarmos o Senhor Jesus Cristo glorificado, se não O colocarmos na mais alta esfera da consideração dos homens, se não fizermos tudo para que Ele seja visto como o Rei dos reis e Senhor dos senhores, certamente não teremos o Espírito Santo conosco. (p. 77)
Assim, irmãos, se o nosso único desígnio não for o de glorificar a Deus (e Jesus Cristo), estaremos trabalhando sozinhos e em vão.


[1] Ceticismo. Filosofia. Doutrina cujos preceitos afirmam que o espírito humano não possui capacidade para alcançar a certeza sobre a verdade, por isso, o ser vive em constante dúvida ou renúncia por uma incapacidade intrínseca de compreensão metafísica. 2. s.m. Ausência de qualquer tipo de crença.

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