Introdução:
O Presidente da República, no decorrer da semana
passada, fez um pedido ou uma convocação para que o povo brasileiro, no domingo
(05/04/20), fizesse um jejum durante todo o decorrer deste dia. O propósito
estava voltado para a questão da pandemia do coronavírus, para que o Senhor
pudesse vir em auxilio desta nação. Não sei precisar qual é a profissão de fé
deste homem que está no governo de nosso país, mas simpatizei-me com esta tomada
de atitude. Além disso, resolvi escrever sobre o assunto.
Geralmente, quem tem a prática de realizar uma
consagração ao Senhor, seja ela individual, congregacional ou coletiva, é o povo
cristão, conhecido também como evangélicos. Outra coisa importante a ressaltar,
é que normalmente você irá ver um Pastor ou um Líder religioso tomando esta
atitude, mas, dificilmente uma pessoa do alto escalão de governo.
Três coisas que considero importantes sobre esta
prática: 1ª) Por recomendação médica, se o jejum for total, ele não deve
ultrapassar o período de três dias (perigo da desidratação); 2ª) Não é qualquer
pessoa que pode fazê-lo (p.ex., diabéticos, hipertensos etc.), haja vista que
requer abstenção de alimentos e; 3ª) Ele deve ser feito com propósito (s)
específico (s). Como este que foi realizado ontem (05/04/20). Vamos conhecer um
pouco sobre esta prática milenar, praticada pelo povo judeu (ou hebreu), que
perdura até os nossos dias.
1. Conceito e Tipos de Jejuns:
O jejum não aparece nas Escrituras Sagradas como um
mandamento do Senhor, mas foi assumido como prática normal dos primeiros cristãos.
Ele deve ser voltado para Deus, e não para o reconhecimento do homem. O ato de
jejuar é deixar de comer e/ou beber líquidos durante um período de tempo
determinado. Em outras palavras, a pessoa decide não se alimentar de alimentos sólidos
e de líquidos por certo tempo.
Você não deve jejuar só por se sentir pressionado pela
liderança de sua igreja ou para parecer que é mais religioso que as demais
pessoas. Deus não quer e nem se agrada disso. O jejum deve ser uma coisa
privada (individual e secreta), só conte para alguém se for preciso. Se for
casado (a), deve conversar primeiro com seu cônjuge.
Mateus 6:16-18. Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas;
porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão
jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Tu, porém,
quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não mostrar aos
homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que
vê em secreto, te recompensará.
Você poderia me perguntar: todo Cristão deve fazer o
jejum? Penso que Sim, mas somente se sentir que é de Deus. Não precisa ser um
jejum muito longo e nem uma prática regular. O importante é seguir a direção de
Deus e aproveitar o tempo para orar.
1.1 – Tipos de Jejuns: percorrendo as Escrituras Sagradas, podemos observar
três tipos de jejuns que foram realizados por pessoas do povo de Deus: jejum
total, jejum parcial e com restrição de alimentos (ou restritivo). No primeiro,
o indivíduo se priva de comer todo tipo de alimento, seja ele sólido ou
líquido.
Ester 4:14-16. Então
Mardoqueu mandou que respondessem a Ester: Não imagines que, por estares no
palácio do rei, terás mais sorte para escapar do que todos os outros judeus. Pois,
se de todo te calares agora, de outra parte se levantarão socorro e livramento
para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se não foi
para tal tempo como este que chegaste ao reino? De novo Ester mandou-os
responder a Mardoqueu: (...), ajunta todos os judeus
que se acham em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias,
nem de noite nem de dia; e eu e as minhas moças também assim jejuaremos.
Depois irei ter com o rei, ainda que isso não é segundo a lei; e se eu perecer,
pereci (grifamos).
Este texto registra a narrativa, em que Hamã induziu
o rei de Susã, a fazer um Decreto para exterminar todo o povo judeu, que havia
nas 127 províncias que estava sob seu domínio. Entretanto, Mardoqueu, tio de
Ester, ficou sabendo de seu plano, mandando avisá-la. Ela tinha se casado com
ele, mas também era judia (ocultou do marido). Com a sua atitude, conseguiu
salvar todo o seu povo, a si mesmo, inclusive foi revertida a situação social
de sua nação.
No jejum parcial, a pessoa se abstém de alimentos
sólidos, mas não de líquidos. Existe uma corrente teológica que defende que
Jesus Cristo praticou este jejum: “Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao
deserto, para ser tentado pelo Diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta
noites, depois teve fome” (cf. Mateus 4:1-2). Como este texto do evangelista
Mateus, em seu capítulo 4, registra claramente em seu verso 2, que após os
quarenta dias de jejum, Jesus teve fome. Logo, presume-se, que durante todos esses
quarenta dias, Ele fez ingestão de água.
O terceiro e último tipo de jejum, é realizado com
restrição de certos alimentos e/ou líquidos. Um exemplo interessante deste
tipo, encontra-se registrado no livro do profeta maior Daniel.
Daniel 1:5-8,11-13. E o rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei, e do vinho
que ele bebia, e que assim fossem alimentados por três anos; para que no fim
destes pudessem estar diante do rei. Ora, entre eles se achavam, dos filhos de
Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias. (...). Daniel, porém, propôs no seu
coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que
ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se
contaminar. (...). Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos
havia posto sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias: Experimenta, peço-te, os
teus servos dez dias; e que se nos deem legumes a comer
e água a beber. Então se examine na tua presença o nosso semblante e o
dos jovens que comem das iguarias reais; e conforme vires procederás para com
os teus servos.
Nesta passagem Bíblica, vemos como esses quatro
jovens hebreus (ou judeus), não se deixaram contaminar com os alimentos impuros
do povo que os levaram cativos. Notamos ainda, que além de se absterem desses
alimentos, eles demonstraram um comportamento alimentar que perduraria por
longos anos, vindo a ser praticado em nossa era, o vegetarianismo. Depois de
passado os dez dias, eles estavam mais saudáveis dos que os outros jovens, que
se alimentaram das iguarias do rei.
1.2 –
Governantes do Passado que Convocaram Jejum:
Durante o transcorrer da
história do povo hebreu, alguns governantes, mesmo não sendo da mesma nação (povo
de Deus), e por motivos diversos, apregoaram jejum coletivo e total a seu povo.
Jonas 3: 5-7. E começou Jonas a entrar pela cidade, fazendo a jornada dum dia, e
clamava, dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida. E os homens de
Nínive creram em Deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de saco, desde o
maior deles até o menor. A notícia chegou também ao rei de Nínive; e ele se
levantou do seu trono e, despindo-se do seu manto e cobrindo-se de saco,
sentou-se sobre cinzas. E fez uma proclamação, e publicou em Nínive, por
decreto do rei e dos seus nobres, dizendo: Não provem coisa alguma nem homens,
nem animais, nem bois, nem ovelhas; não comam, nem bebam água (grifamos).
Este profeta menor, na primeira
vez em que o Senhor determinou que fosse pregar a cidade de Nínive, fez um
trajeto totalmente contrário, vindo a sofrer consequências de sua
desobediência. Depois, pregou uma mensagem profética de arrependimento aos
Ninivitas, todos, inclusive seu governante maior, fizeram um jejum total. Com
este ato, foram salvos da destruição de sua cidade e da morte de seu povo
(aproximadamente 120 mil pessoas).
2 Crônicas 20:3-6. Então Jeosafá teve medo, e
pôs-se a buscar ao Senhor, e apregoou jejum em todo o
Judá. E Judá se ajuntou para pedir socorro ao Senhor; de todas as
cidades de Judá vieram para buscarem ao Senhor. Jeosafá pôs-se em pé na
congregação de Judá e de Jerusalém, na casa do Senhor, diante do átrio novo, e
disse: ó Senhor, Deus de nossos pais, não és tu Deus no céu? e não és tu que
governas sobre todos os reinos das nações? e na tua mão há poder e força, de
modo que não há quem te possa resistir (grifamos).
O rei Josafá ficou sabendo de que algumas nações se
ajuntaram, e viriam a invadir a cidade de Judá. Não titubeou e proclamou um
jejum total para que todo o seu povo fizesse. Deus se agradou de sua atitude e
concedeu-lhe vitória diante de seus adversários.
2. Propósitos Para a Prática
do Jejum:
Dissemos na introdução deste texto, acerca da importância
da prática do jejum, principalmente sobre a questão de se ter um propósito específico
ao realiza-lo. Listaremos abaixo, alguns motivos em que acreditamos ser
praticado:
. Para honrar a Deus: “Havia também uma profetisa,
Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era já avançada em idade, tendo vivido
com o marido sete anos desde a sua virgindade; e era viúva, de quase oitenta e
quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e
orações” (cf. Lucas 2:36-37).
. Humilhar-se diante de Deus: “Quando chorei e
castiguei com jejum a minha alma, isto se me tornou em afrontas. (...). Eu,
porém, faço a minha oração a ti, ó Senhor, em tempo aceitável; ouve-me, ó Deus,
segundo a grandeza da tua benignidade, segundo a fidelidade da tua salvação” (cf.
Salmo 69:10,13).
. Receber a graça de Deus: “Semelhantemente vós,
os mais moços, sede sujeitos aos mais velhos. E cingi-vos todos de humildade
uns para com os outros, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos
humildes. Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que a seu
tempo vos exalte” (cf. 1 Pedro 5:5-6).
. Desfrutar da Intimidade com Deus: “E dir-se-á:
Aplanai, aplanai, preparai e caminho, tirai os tropeços do caminho do meu povo.
Porque assim diz o Alto e o Excelso, que habita na eternidade e cujo nome é
santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e humilde de
espírito, para vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração
dos contritos” (cf. Isaías 57:14-15).
. Demonstrar arrependimento por seus pecados:
“Samuel, pois, falou a toda a casa de Israel, dizendo: Se de todo o vosso
coração voltais para o Senhor, lançai do meio de vós os deuses estranhos e as
astarotes, preparai o vosso coração para com o Senhor, e servi a ele só; e ele
vos livrará da mão dos filisteus. Os filhos de Israel, pois, lançaram do meio
deles os baalins e astarotes, e serviram
ao Senhor. Disse mais Samuel: Congregai a todo o Israel em Mizpá, e orarei por
vós ao Senhor. Congregaram-se, pois, em Mizpá, tiraram água e a derramaram
perante o Senhor; jejuaram aquele dia, e ali
disseram: Pecamos contra o Senhor. E Samuel julgava os filhos de Israel em
Mizpá” (cf. 1 Samuel 7:3-6).
. Buscar socorro em Deus: Saulo levantou-se da
terra e, abrindo os olhos, não via coisa alguma; e, guiando-o pela mão,
conduziram-no a Damasco. E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu.
(...). Ordenou-lhe o Senhor: Levanta-te, vai à rua chamada Direita e procura em
casa de Judas um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando”
(cf. Atos 9:8-9,11).
Conclusão:
Nossa intenção de
escrever sobre este tema, foi despertada a partir de um vídeo ou entrevista em
que o Presidente da República, pedia ou convocava a nação brasileira para estar
realizando um jejum em prol da proteção do povo brasileiro. Se ele é ou não cristão
verdadeiro, não sei e nem tenho como comprovar. Mas, percorrendo a história do
povo Israelita (hebreu ou judeu), estando comprovadamente registrada na Palavra
de Deus, a Bíblia Sagrada, vimos que governantes ímpios proclamaram o ato de
jejuar coletivamente entre a sua nação e obtiveram respostas positivas de Deus.
Portanto, quero
acreditar que esta atitude agradou ao Senhor, haja vista que na Escritura
Sagrada há registro afirmando que: “Mas que importa? contanto que, de toda
maneira, ou por pretexto ou de verdade, Cristo seja anunciado, nisto me
regozijo, sim, e me regozijarei” (cf. Filipenses 1:18). Em sendo assim, me
regozijei com esta atitude, me inseri diante deste propósito e sei que o nosso
Deus foi anunciado. E creio que a resposta do Senhor virá. Amém!
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