Introdução
Resolvemos escrever sobre
este tema, haja vista que por muitos anos, interpretei esta palavra de forma
equivocada. Ou fiz uma interpretação de forma literal e a coloquei em prática
na minha vida cotidiana, mas sendo de uma forma exagerada. Por isso, quero
nestas poucas linhas, trazer para os leitores, principalmente para aqueles que
estão ingressando na vida cristã, os chamados de novos convertidos, para que
não caiam no mesmo erro cometido por mim.
Este
termo ou palavra, pode ser interpretada em seu sentido amplo e restrito. No
primeiro caso, ele é comumente usado na área ou esfera governamental, fazendo
parte do organograma de governo, apresentando suas pastas ou divisões, com seus
cargos e/ou funções específicas. Ela serve para designar uma Secretária de
Estado ou de um Município. Pode ser usado para identificar um Departamento
estatal ou, um próprio Ministério. Neste último caso, vemos de forma usual no
cenário político brasileiro, seja a nível federal, estadual ou municipal.
Temos, por exemplo, o Ministério da Defesa, Ministério da Economia, Ministério
da Saúde, Ministério das Relações Exteriores e assim por diante.
Mas qual o significado real da palavra ministério?
Buscando seu conceito em nossos dicionários da língua portuguesa, encontramos
que ela pode ser definida como sendo: “Órgão do governo ou do Poder Executivo,
com a função de promover a execução das Leis no interesse da Ordem Jurídica.
Entretanto, gostaríamos de colocar em relevo, palavras sinônimas que apresentam
o mesmo significado, embora sejam aplicadas noutras áreas ou setores de nossa
sociedade; entre elas; serviço, encargo, incumbência, função, ofício,
sacerdócio ou trabalho. Outro conceito bem apropriado para os nossos dias, o
define como sendo o ato de se exercer uma função (pública ou privada) ou um
serviço específico.
No segundo caso, fazendo-se uma interpretação
restrita do termo, e este o propósito da escrita deste texto. Iremos apresentar
a sua aplicação e seu uso habitual na área cristã ou religiosa. Geralmente
neste setor social, usa-se esta palavra para determinar grupos ou segmentos
existentes numa igreja evangélica.
Em muitas comunidades cristãs, você irá encontrar em
sua composição estrutural, vários ministérios (e/ou departamentos): ministério
de louvor, de pregação, de evangelismo, de ação social, de dança, de missões,
entre outros. Portanto, passemos a conhecer um pouco mais sobre seu uso e
emprego, para sabermos aplica-la em nossas vidas, sem trazermos nenhum tipo de
complicações futuras.
1. Etimologia da Palavra:
Em uma breve busca,
observamos que o termo tem sua origem no idioma latim e também no grego. No
latim a palavra original é “Ministerium”, comportando o significado de
serviço ou mister. Esta última, tem como sinônimo de necessidade. Neste
caso, podemos definir ministério, como sendo um serviço prestado por alguém ou
prestado por uma necessidade.
No idioma grego, existem
diversas palavras para significar o termo ministério, mas gostaríamos de nos
ater, de uma forma específica, em apenas dois deles: Diakonia e Leitourgia.
Em suma, todas elas apresentam uma mesma significação – serviço, mas são
aplicadas em situações e setores distintos da sociedade. Portanto, sem
aprofundarmos muito, vamos nos ater ao significado dessas duas, sabendo-se que
elas são muito usadas na área cristã, podendo ser traduzidas por “servir ou
serviço”.
1.1 - Diakonia: o termo interpretado em sua literalidade,
apresenta como significado uma pessoa que atua como “servo” ou “aquele que
cuida das necessidades”. Vale lembrar que existem outras palavras sinônimas
usadas com igual teor; a saber: assistente, auxiliar, mordomo ou servente.
At 6:1-6. Ora, naqueles dias, crescendo o número dos
discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas
viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano. E os doze, convocando a
multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de
Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete varões de
boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos
sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério
da palavra. E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estêvão,
homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão,
e Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia; e os apresentaram ante os
apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.
Este texto é pertinente
para respaldar acerca do tema. Nesta narrativa, aumentava-se gradualmente o
número de novos convertidos ao Cristianismo e, entre eles, haviam várias
mulheres viúvas. Aqueles que detinham o ministério da palavra (servir por meio
da oratória), ou seja, de pregar as Boas Novas de Cristo, estavam tendo que
parar de estudar (de se preparar), para atende-las. Neste episódio, ficou
decidido escolherem sete homens de boa conduta, para dar mais atenção a elas
(servi-las) e as demais pessoas.
1.2 – Leitourgia: esta palavra é derivada do termo “leitos”,
que comporta o significado de “pertencente
ao povo”. Registros históricos o apresentam como sendo um servidor do Estado.
Uma pessoa que servia publicamente para o bem da comunidade local. Um servidor
público, também chamado de publicano.
Mateus 9:9-10; 10:2-3. E Jesus, passando adiante dali, viu
assentado na alfândega um homem chamado Mateus e disse-lhe: Segue-me. E ele,
levantando-se, o seguiu. E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa,
chegaram muitos publicanos e pecadores e
sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. (...). Ora, os nomes dos
doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão;
Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado
Tadeu; (grifamos). (...). Colossenses 4:17. E
dizei a Arquipo: Atenta para o ministério (serviço ou encargo) que recebeste no
Senhor, para que o cumpras (acréscimo nosso).
2. Exemplos Bíblicos de Ministério:
No texto de Mateus, colocado em relevo, ele era conhecido também pelo
nome de Levi (cf. Marcos 2:13-14 e Lucas 6:15), trabalhava na alfândega daquela
cidade, o que pode ser entendido como sendo um local para o recebimento de
impostos públicos. Logo, ele era
cobrador de impostos. Por isso, a narrativa o denomina como sendo “o
publicano”, isto é, o “pertencente ao povo” ou servidor público.
Normalmente, as pessoas que ocupavam este cargo, por profissão, não eram
queridas pela sociedade, principalmente se a sua nacionalidade era judia e o
seu “ministério” era o de servir as pessoas que tinham dominado seu país,
fazendo-os tributários. Neste caso em específico, os romanos.
Lucas 19:1-8. E eis que havia ali um homem, chamado
Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos e era rico. E procurava ver quem era
Jesus e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura. E,
correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver, porque havia de passar
por ali. E, quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e
disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa.
E, apressando-se, desceu e recebeu-o com júbilo. E, vendo todos isso,
murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador. E,
levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade
dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo
quadruplicado.
Neste texto de autoria do
médico Lucas, é apresentado a pessoa de Zaqueu, outro homem com a função de
cobrar impostos do povo judeu. No texto, é afirmado que ele era o chefe dos
publicanos, isto é, comandava os homens que recebiam os tributos da população.
Diz ainda, que ele era muito rico. Certa vez, ele ouviu falar da pessoa de
Jesus e ficou curioso para conhece-lo.
Por onde Jesus passava, uma
grande multidão o acompanhava. Zaqueu, como era de pouca estatura e, sabendo
por onde ele iria passar, subiu numa árvore para vê-lo melhor. Depois deste
dia, isto é, de se encontrar com Jesus, a vida deste homem mudou completamente.
Ele se decidiu por uma mudança completa, inclusive de devolver de forma
quadruplicada, se alguém o acusasse de tê-lo roubado. Por esta atitude e tomada
de decisão, Jesus lhe disse: “Hoje houve salvação nesta casa! Porque este homem
também é filho de Abraão” (Lucas 19:9).
3.
Nosso Equívoco na Interpretação e Aplicação do
Ministério:
Desde a minha conversão, comecei a me dedicar muito
as coisas de Deus, entenda-se, num primeiro momento, as coisas da Igreja
(cultos, vigílias, evangelismos, cruzadas, festividades etc.). Da mesma forma
do apóstolo Paulo, achava que estava fazendo o máximo para Deus, sentindo-me o
“cara”. Era do trabalho para casa, de casa para igreja e assim por diante.
Com pouco tempo na igreja, fui convidado para ser
professor da Escola Bíblica Dominical (EBD). Neste ano de 2020, completei 21
(vinte e um) anos de caminhada com o Senhor e ainda estou ministrando aulas na
EBD. Por volta de 2 (dois) anos de conversão, fui levantado como Diácono e,
tempos depois, passei a atuar como segundo tesoureiro. Durante todo este tempo,
exercia com afinco esses 3 (três) ministérios (serviços) para o Senhor (ou para
a Igreja. Todo este tempo, sempre tive muito conflito em casa, pois o meu
trabalho era praticado na forma de escala, consumindo muito o meu tempo fora de
casa e, para piorar, era muito “caxias”. Quando estava de folga (em casa),
minha prioridade era de estar em todos os cultos e trabalhos oficiais da
congregação a qual era obreiro.
Sendo assim, atuava muito bem em meu “ministério”
religioso para o homem (na igreja), mas deixei muito a desejar em relação ao
tempo dedicado a minha esposa e o meu filho. De uns tempos para cá, conversando
muito com ela e ouvindo muitas pregações na igreja, sendo dita a mesma coisa:
“Seu primeiro e maior ministério é a sua família”, estou mudando completamente
a minha visão e entendimento acerca do termo ministério, e a forma de sua
aplicação em minha vida cotidiana.
Efésios 5:25. Vós, maridos, amais as vossas mulheres, como
também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela.
(...)
1 Timóteo 5:8. Se alguém não cuida de seus parentes, e
especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente
(ou incrédulo).
Atualmente, tenho a seguinte opinião: Não tem como
você ser um excelente “servidor público”, isto é, exercer com excelência seu
ministério entre as quatro paredes do templo onde sua igreja se reúne e, ao
mesmo tempo, não ter nenhuma credibilidade Cristã com a sua Esposa e seus
Filhos (como o Sacerdote da casa). Em outras palavras, não tem como você estar
muito bem com Deus (com os membros da igreja), enquanto vive em “pé de guerra”
com sua família em casa.
Deuteronômio 6:4-5. Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único
Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua
alma, e de todas as tuas forças (entendimento).
(...)
Mateus 22:36-39. Mestre, qual é o grande mandamento da lei? E
Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a
tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E
o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
O mandamento do Senhor, nosso Deus, é que devemos
estar alinhados com Ele, tendo isto como primazia, mas, simultaneamente,
precisamos estar em comunhão com nossa família, familiares e com qualquer
pessoa da sociedade (cristão ou não) que se aproxime de nós. Numa narrativa Bíblica
muito conhecida, denominada da Parábola do Bom Samaritano, Jesus Cristo explica
muito bem que é o nosso próximo:
Lucas 10: 29-37. Ele, porém, querendo justificar-se,
perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo? Jesus, prosseguindo, disse: Um homem
descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, os quais o despojaram
e espancando-o, se retiraram, deixando-o semimorto. Casualmente, descia pelo
mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo. De igual modo também
um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo. Mas um samaritano, que
ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão; e
aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o
sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia
seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e
tudo o que gastares a mais, eu te pagarei quando voltar. Qual, pois, destes
três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões? Respondeu
o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois,
Jesus: Vai, e faze tu o mesmo.
Neste texto, deve ser dada ênfase, sobre a atitude
do Samaritano, pois eles não conviviam e nem conversavam com os judeus
(sacerdotes, levitas etc.), pois eram vistos como marginais (ou incrédulos). Precisamos
entender de que o nosso ministério (servir a Deus) não é exercido somente com
os irmãos da igreja, mas deve ser colocado em pratica em todo e qualquer
ambiente social, principalmente para atender uma pessoa necessitada (próxima),
quer seja, dum tratamento assistencial, alimentar, financeiro ou hospitalar (médico).
3.1 –
Gerenciamento do Tempo:
Na atualidade,
uma das maiores riquezas que temos desperdiçado é o nosso tempo. Gastamos muito
tempo diante duma televisão, dum computador ou com um pequeno aparelho celular,
em nossas mãos. Muitas vezes, vendo vídeos, curtindo ou responde mensagens de
nossa rede social (virtual). Quando somos questionados sobre a nossa crença ou
fé, escapulimos com o seguinte argumento: “estou sem tempo”, tenho trabalhado
muito.
Deus
nos deus sabedoria, raciocínio e inteligência para que pudéssemos administrar
bem o nosso tempo, inclusive esperando de cada um de nós, que reservássemos diariamente
um tempo para ficarmos mais próximos d’Ele: “Quando orares, entra no teu
aposento (quarto) e, fechando a porta,
ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará publicamente” (cf. Mateus 6:6).
Esta
ordenança pode ser realizada também noutro lugar, estabelecido por Ele, como
sendo consagrado e preparado para receber a sua Presença Manifesta, se fazendo
presente em nosso meio para que O adoremos, em Espírito e Verdade: - a Igreja Visível
do Senhor: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali me
farei presente no meio deles” (cf. Mateus 18:20).
Conclusão
Temos que pedir ao Senhor
que nos conceda discernimento, para sabermos distinguir com total segurança e certeza,
como devemos exercer nosso ministério ao Senhor, isto é, como servir bem a Deus,
sem que venhamos a confundir e distorcer as coisas e, de repente, nos tornarmos
em meros “ativistas” religiosos. Precisamos tomar muito cuidado, pois ser ativo
na sua igreja, não quer dizer, necessariamente, que você é ativo na obra de
Deus. Uma coisa é totalmente diferente da outra.
É comum
no ativismo, dar prioridade as atividades da igreja, exigindo-se que os membros
(e obreiros) façam alguma coisa de destaque. Pessoas recém convertidas, são
colocadas para atuarem em ministérios na igreja, sem que tenham maturidade
espiritual. Há uma preocupação em ser visto e elogiado pelos outros: “Todas suas
obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus
filactérios (amuletos), e aumentam as franjas dos seus mantos; gostam do
primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas, das
saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: Rabi, Rabi” (cf. Mateus
23:5-7).
Lembre-se
de que a sua atividade exercida na igreja, não é mais importante do que você É (para
Deus) ou do que você Faz para Cristo. Precisamos pedir que Ele nos dê a
capacidade de saber equilibrar a nossa atuação religiosa (fé cristã), de forma
que não venha a prejudicar a nossa maior riqueza aqui na terra – a nossa Família.
Quando estamos bem em nossa casa e temos uma boa convivência familiar, com
certeza, levamos tudo isso para onde formos, seja em qualquer ambiente da
sociedade, inclusive quando nos reunimos com os irmãos para louvar a Deus.
Hoje, entendemos que o nosso maior e
melhor ministério, pauta-se primeiro, em servir ao Senhor nosso Deus e,
simultaneamente, em servir a nossa família (familiares e o próximo): “Eu não
vim para ser servido, mas para servir, e para dar a minha vida em resgate de
muitos” (cf. Mateus 20:28).
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