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quinta-feira, 23 de outubro de 2014

FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL

FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL

Eduardo Veronese da Silva[1]


RESUMO: O artigo que ora se apresenta, busca atender uma exigência acadêmica do Curso de Psicanálise Clínica, chancelado pelo CETAPES e, ao mesmo tempo, fazer com que seus alunos comecem a se familiarizar com o hábito da escrita de artigos acadêmicos. Ele trará em sua abordagem inicial, um breve relato sobre a vida de Sigmund Freud, o autor da psicanálise e, em seguida, uma apresentação superficial sobre um dos temas em que dedicou boa parte de sua vida em pesquisar as fases do desenvolvimento psicossexual do ser humano.   
Palavras-Chave: Criança – Desenvolvimento – Sexualidade.


Desde tempos antigos, muitos estudiosos buscaram entender como se dava o processo de desenvolvimento humano, principalmente em relação ao ensino e a aprendizagem, como também, acerca do desenvolvimento de sua sexualidade.
Descobriu-se num primeiro momento, de que a criança é um ser sexuado, ou seja, ela possui sexo (macho e fêmea). Sendo assim, muitas foram às pessoas que se interessaram em pesquisar sobre esta temática (sexualidade). Outra descoberta importante desta primeira investigação deu conta de que essa aprendizagem possuía uma estreita ligação com a dimensão psicológica do homem.
Buscou-se então, uma tentativa de compreender melhor a relação e a influência que poderia existir no processo de ensino e aprendizagem integral desse ser em plena formação. Embora de forma abreviada, o artigo apresentará como se processa normalmente a manifestação da sexualidade deste ser em plena formação e desenvolvimento e o seu desdobramento pela influência recebida dentro de seu contexto social (em meio aos familiares e ao local de sua maior permanência).
Sabe-se que o primeiro grupo social que a criança se relaciona é com sua família, em especial, com a sua mãe. Porém, com o decorrer dos anos, surgiram novos núcleos familiares que foram se configurando por décadas e essa interação sofreu e ainda sofre diversas modificações. É nesse novo contexto familiar e social, que está totalmente inserida a criança em fase de formação de sua identidade.
Esse é o grande desafio das famílias e da escola, que devem procurar trabalhar toda esta diversidade de valores, costumes, crenças e tabus, para ampliar o universo inicial da criança e criar possibilidades para sua boa convivência com o outro, mesmo apresentando origens e hábitos totalmente diferentes.

1.   CONHECENDO UM POUCO SOBRE SIGMUND FREUD

Ele nasceu no ano de 1856, na cidade da Morávia[2], onde está localizado hoje a República Checa. Por um período de quatro anos moraram nesta cidade, mas seus pais tiveram que se mudar para Viena e ali viveu até o ano de 1938. Aos dezessete anos de idade (1873), ele ingressou na Universidade de Viena para freqüentar o curso de medicina. Freud, diferentemente dos demais alunos deste curso, permaneceu por oito anos como estudante de medicina (até 1881). Este curso tinha um período de 5 (cinco) anos para sua conclusão. Ele recebeu seu diploma de médico no ano de 1882, começando primeiramente a trabalhar como cirurgião e, depois, como clínico geral. Tornou-se médico do principal hospital de Viena. No transcorrer deste período ele fez um curso de psiquiatria. Seus amigos o incentivaram a abrir uma clínica particular.
Do ano de 1884 a 1887, fez várias investigações e pesquisas com a substância química (tóxica) de nome cocaína. Inicialmente aos estudos, era defensor do uso desta substância, mas, posteriormente, após se aprofundar sobre seus efeitos viciantes (causadores da dependência química), passou a ficar apreensivo quanto ao uso da droga de forma compulsiva.
Em 1885, ele ganhou uma bolsa de estudo e foi morar e trabalhar em Paris. Neste país, conheceu e começou a trabalhar com Jean Marie Charcot. Este médico defendia a tese de que era possível tratar os sintomas histéricos com sugestão hipnótica. Ressalta-se que a histeria era considerada uma doença psíquica, cuja gênese requeria uma explicação psicológica. Trabalhando com Charcot, Freud descobriu que na histeria, os pacientes exibiam sintomas que são anatomicamente inviáveis.
Freud conhece Martha Bernays, com quem acaba se casando. Deste casamento advieram seis filhos. Em 1887, ele começa a se dedicar ao estudo e uso da hipnose com seus pacientes. Pouco tempo depois, ele conhece o médico austríaco Joseph Breuer, com qual confecciona estudos mais aprofundados sobre os sintomas da histeria.
Desta nova parceria, surge a criação de um novo método que visava especificamente o tratamento de pacientes histéricos. Ele foi intitulado de “Método Catártico[3] ou Teoria da Conversa”. Em síntese, eles concluíram que os sintomas neuróticos resultavam de processos inconscientes e a tendência é que desapareceriam a partir do momento em que estes sintomas se tornassem conscientes.
Freud passou a tratar uma das pacientes de Breuer, de nome Bertha Pappenheim, mas conhecida popularmente como “Anna O.” Foi por meio das verbalizações contadas por ela a Freud, que possibilitou que desenvolvesse a psicanálise. 
A partir de 1890, ele começou a anotar seus próprios sonhos, totalmente convencido de que eles poderiam fornecer pistas para a descoberta das atividades desenvolvidas pelo inconsciente.
No ano de 1896, Freud passa a abandonar a hipnose e convence seus pacientes a contarem livremente tudo que passava em suas mentes (neuroses). Desta mudança, surge a técnica psicanalítica denominada de “associação livre ou livre associação”. Com esse novo método ou esta nova técnica, ele começou a dar contornos a sua própria teoria.
Depois disso, ele começa a dedicar-se a “autoanálise”. Por meio de suas inúmeras observações e anotações, passou a investigar e compreender melhor sobre os anseios sexuais infantis através de sua própria experiência. De acordo com suas pesquisas, chegou a sugerir que esses fenômenos sexuais não estavam restritos ao desenvolvimento patológico das neuroses, mas que pessoas essencialmente normais poderiam sofrer experiências semelhantes. 
No ano de 1900 ele publica a obra: “A Interpretação dos Sonhos”. Além desta obra literária, Freud escreveu: “Os Aspectos da Prática Clínica (24 volumes) e Ensaios e Monografias Especializadas sobre questões religiosas e culturais”. Por volta do ano de 1933 o Nazismo tomou grande propulsão, principalmente na Alemanha e Áustria. Eles chegaram a incinerar várias obras de Freud em Berlim e quando começou a ocupar a Áustria, ele teve que fugir para Londres.  
Freud sempre apresentou um quadro clínico de saúde debilitado, mas entre os anos de 1938 e 1939, seu estado se agravou bastante. Um câncer lhe alcançou a boca e a mandíbula, além de sofrer de muitas dores. Passou por mais de 33 (trinta e três) cirurgias, na tentativa de conter a doença e diminuir o seu sofrimento. Ele morreu no ano de 1939, na cidade de Londres.

2. FASES DO DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL

Freud fez uma pesquisa e estudo aprofundado sobre como era apresentada a sexualidade pelas crianças. O estudo desenvolvido por ele teve muita influencia á época, e perdura até os nossos dias, trazendo grande entendimento de como se desenvolve esse processo sexual nos seres humanos. Ele foi dividido e apresentado por fases de desenvolvimento ou etapas do desenvolvimento psicossexual; conforme serão apresentados abaixo:

2.1 Fase Oral

Ela também é conhecida como fase das organizações ou fase canibalesca. Caracterizada por uma indistinção da atividade sexual com a nutrição e na qual o alvo sexual é a incorporação do objeto.
A fase oral indica a fonte primária de prazer do ser humano, da emoção e de contato com o mundo através da boca. Este prazer é originado pelas atividades de alimentação e se desenvolve através da ligação entre o mamar e a satisfação decorrente deste ato.

2.2  Fase Anal
O modo de obter prazer nesta fase, se expressa por atividades de controle da retenção e de eliminação das fezes e da urina. As crianças, nessa fase, dão muita importância as suas fezes, uma vez que apresentam o primeiro bem material produzido pelo seu próprio corpo e o controle dos esfíncteres[4].
Este ato é muito enfatizado pelos pais, onde as crianças por sua vez, controlam o comportamento de seus pais, ora com uma defecação adequada, ora com a inadequação do controle esfincteriano.

2.3  Fase Fálica
É marcada pela primazia dos órgãos genitais. Freud menciona algumas fontes de excitação que provocam um prazer erógeno: excitações mecânicas (agitação ritmada do corpo pelo movimento), atividade muscular (como lutas corporais), processos afetivos intensos (situações assustadoras, situações de dor, inclinam-se para a sexualidade) e o trabalho intelectual.
2.4  Período de latência
É uma fase mais calma, compreendida entre os cinco e dez anos de idade que, para Freud, não é uma verdadeira fase, pois não há nova organização de zona erógena, não há organização de fantasias básicas e nem novas modalidades das relações objetais. Nessa fase ocorre à socialização nos aspectos cognitivos e morais do desenvolvimento, as atividades escolares, os esportes competitivos, as brincadeiras com o grupo de iguais e o desejo do saber serão alvos da energia libidinal.
É um período intermediário entre a genitalidade infantil (fase fálica) e a adulta (fase genital). Nela a sexualidade permanece adormecida, mas as grandes conquistas dessa etapa situar-se-ão nas realizações intelectuais e na socialização. É por isso que este é o período típico do início da escolaridade formal ou da profissionalização em todas as culturas do mundo.
É na latência que a ligação afetiva com os pais vai se deslocando para fora da família, havendo a substituição dos progenitores, como, por exemplo, professores (as tias e tios) e amigos do mesmo sexo. Durante essas fases ocorrem vários processos, dentre eles destaca-se o Complexo de Édipo[5] (acontece entre os dois e cinco anos), pois é em torno dele que ocorre a estruturação da personalidade do indivíduo.
Posteriormente, por medo da perda do pai, “desiste” da mãe, isto é, a mãe é “trocada” pela riqueza do mundo social e cultural, podendo agora participar do mundo social, pois tem suas regras internalizadas através da identificação com o pai. Este processo também ocorre com as meninas, invertendo-se as figuras do desejo e de identificação.

2.5  Puberdade

Nesta fase as pulsões parciais se organizam, as zonas erógenas passam a se subordinar à primazia genital e a pulsão sexual (libido) que era, principalmente, autoerótica (libido do ego ou narcísica). Elas buscam o objeto sexual a serviço da função reprodutora (libido do objeto). Freud salienta que tais transformações acontecem concomitantemente às mudanças físicas da puberdade (em especial as alterações dos genitais), que proporcionam a obtenção do prazer e de satisfação da atividade sexual.
Todas as mudanças da puberdade culminam numa diferenciação sexual cada vez maior, já que os dois sexos terão funções distintas. Cabe pontuar que Freud faz um questionamento a respeito do que seria masculino e feminino, dizendo da complexidade destes conceitos (noção de bissexualidade) e acaba privilegiando a noção de passividade e atividade. A partir daí, afirma que a libido é masculina, já que a pulsão é sempre ativa.
Apesar da dificuldade em distinguir masculino de feminino, deixa claro que existe uma diferença entre a puberdade da menina e do menino. As zonas erógenas seriam homólogas (clitóris e glande), mas enquanto o homem permanece com a mesma zona erógena de sua infância, a mulher transfere a excitabilidade clitoridiana para a vagina, realizando uma troca da zona genital dominante. Estas mudanças deixariam as mulheres mais propensas à neurose histérica.
Outro aspecto levantado por Freud, é que na puberdade ocorre um afrouxamento dos laços com a família (inclusive um desligamento da autoridade dos pais), já que a proibição do incesto impele o jovem a procurar objetos sexuais que não sejam seus parentes.
Inicialmente, estes objetos sexuais são da ordem da fantasia, como a de escutar a relação sexual dos pais, da sedução, da ameaça de castração, romance familiar, entre outros.
Quando essas transformações da pulsão, ocasionadas pelo advento da puberdade, não ocorrem, surgem às patologias (inibições no desenvolvimento).
Freud destaca a fixação como um fator que pode atrapalhar o desenvolvimento sexual normal. Acrescenta a isso a importância de fatores acidentais, que podem levar a uma regressão a fases anteriores do desenvolvimento. “Cada passo nesse longo percurso de desenvolvimento pode transformar-se num ponto de fixação, cada ponto de articulação nessa complexa montagem pode ensejar a dissociação da pulsão sexual”.
Freud finaliza seu trabalho dizendo que os conhecimentos acerca da sexualidade (em seus aspectos psicológicos e biológicos) ainda são insuficientes para uma compreensão total do que é normal e patológico. Como ele não observou diretamente manifestações sexuais em crianças, sua rica teoria é apoiada apenas nas lembranças de seus pacientes.

CONCLUSÃO
Não resta nenhuma dúvida de que as pesquisas e teorias freudianas foram e são até os dias de hoje, de uma riqueza e dimensão gigantesca para compreendermos o processo de iniciação da aprendizagem como um todo, principalmente sobre a sexualidade infantil e o nível de conhecimento adquirido pelo ser humano no decorrer dos anos.
Como foi de vital importância conhecer que muitas de nossas motivações são inconscientes e que a ocorrência e o desenvolvimento da sexualidade infantil podem, e geralmente se dão de uma forma espontânea. Por isso, temos que dar maior relevância aos primeiros anos de vida destas crianças, para que possa haver melhor estruturação de sua personalidade.
Freud descobriu a existência de um ser muito complexo, bem como a descoberta de que este ser era dotado de um grande conhecimento intelectual. Pode-se afirmar, que por meio de seus vários estudos e pesquisas, que tanto a sexualidade como o processo de civilização humana é algo que ocorre de forma natural, e que se fará presente na vida de qualquer ser humano. Não podemos esquecer que a “criança não é um adulto em miniatura”, como muitos dizem por ai, mas ela é totalmente diferente do adulto.
Precisamos rever nossos conceitos, valores e opiniões, e compreender que a criança irá apresentar de forma natural e espontânea sua sexualidade, tudo isso no decorrer de seu desenvolvimento social e familiar, pois estará retratando e confirmando estar em plena fase de desenvolvimento em diversas áreas de sua vida, tanto a biológica, como a motora, psicológica e social.

REFERÊNCIAS

CECHIN, Andréa Forgiarini. Teoria Psicanalítica. Universidade Federal de Santa Maria. (material fornecido pelo Professor Gilvandro Salles).

FREUD, Sigmund. Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1856-1939), Tradução de Paulo Dias Corrêa – Rio de Janeiro: Imago; 2002. (Versão eletrônica do livro “Crítica da Razão Pura”. Autor: Emmanuel Kant. Tradução: J. Rodrigues de Merege).


[1] Licenciatura plena em Educação Física-UFES; Bacharel em direito – FABAVI/ES; Especialista em Direito Militar- UCB/RJ.
[2] Morávia. É uma região da Europa central, formando hoje em dia a parte oriental da República Checa. Seu nome vem do rio Morava, às margens do qual um grupo de Eslavos se estabeleceu por volta de 500 d.C. 

[3] Catarse.  Esse termo antigo foi cunhado por Aristóteles que preconizava pela limpeza simbólica das emoções. Ele também significa "purificação", "evacuação" ou "purgação". Segundo Aristóteles, a catarse refere-se à purificação das almas por meio de uma descarga emocional provocada por um drama.
[4] Esfíncteres. Geralmente é um músculo de fibras circulares concêntricas dispostas em forma de anel, que controla o grau de amplitude de um determinado orifício. O corpo humano tem três esfíncteres importantes: o esfíncter cárdico, o esfíncter anal e o esfíncter pilórico, que faz comunicação entre o estômago e o duodeno.
[5] Complexo de Édipo. Nele, a mãe é o objeto de desejo do menino e o pai é o rival que impede o acesso ao objeto desejado. Ele procura assemelhar-se ao pai para “ter” a mãe, escolhendo-o como modelo de comportamento.

sábado, 11 de outubro de 2014

COISAS QUE DEUS NÃO PODE FAZER

Mateus 19:26


Introdução


No capítulo 19 do Livro do Evangelista Mateus, é apresentado um diálogo entre um jovem rico e Jesus Cristo. Este jovem ouvira falar de Jesus e, em certa ocasião, quando Ele estava num lugar público resolveu aproximar-se e indagar-lhe: Verso 16: “Bom Mestre, que bem farei, para conseguir a vida eterna?”
Sabe-se que para qualquer pessoa herdar a vida eterna, é necessário desapegar-se de muitas coisas do mundo e pagar um preço. Sendo assim, Jesus lhe responde: Verso 17: “Por que me chamas bom? Não há bom, senão um só que é Deus. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos”.
O jovem, não se dando por satisfeito, continua a indagar Jesus: Versos 18-19: Quais? E Jesus disse: Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Ao terminar de apresentar-lhe quais seriam esses mandamentos, o jovem lhe responde: Verso 20: Tudo isso tenho guardado desde a minha mocidade; que me falta ainda? Disse mais Jesus a este jovem rico: Verso 21: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me.
Depois que Jesus tocou no seu bem mais precioso, ou seja, o seu coração estava totalmente apegado a sua riqueza e bens materiais, aquele jovem entristeceu-se muito: Verso 22: E o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades.
Após ter se retirado da presença de Jesus, o Mestre disse aos seus discípulos: Verso 23: Em verdade vos digo que é difícil entrar um rico no Reino dos céus. E reforçou esta sua opinião e ensinamento ao dizer que: Verso 24: E outra vez voz digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus.
Os discípulos de Jesus ficaram muito admirados e perguntaram-lhe: Verso 25: Quem poderá, pois, salvar-se? E Jesus fitou os olhos em seus discípulos e disse-lhes: Verso 26: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.

Desenvolvimento

Jesus Cristo coloca de forma bem clara para seus discípulos que a salvação não é alcançada por mérito algum do homem, mas somente por meio D’Ele mesmo. Sabemos também, amados irmãos, que quando Maria foi visitada pelo anjo Gabriel, para receber a noticia de que daria a luz ao Filho de Deus (Lucas 1:28-30) este afirmou a mesma coisa acerca de Deus: “Porque para Deus nada é impossível”.
Entretanto, irmãos, têm certas coisas que Deus por mais que quisesse fazer, Ele jamais o faria. Isto se deve em razão de sua Natureza, Santidade, Pureza e de sua Perfeição. Algumas dessas coisas passaremos a elencar abaixo:



Abandonar ou Desamparar o Homem:

Deus não criou o homem para depois abandoná-lo. E Ele não é de voltar atrás em suas palavras e promessas. Ele disse que tiraria o povo hebreu do Egito e os levaria ás terras de Canaã. Dos doze espias que foram enviados para investigar e observar a terra, somente Josué e Calebe apresentaram um relatório favorável para que lá habitassem. Eles sabiam que Deus os conduziria a uma terra “que mana leite e mel” (Êxodo 3:8) e que cumpriria com sua promessa.
Deus disse a Abraão que lhe daria um filho. E assim o fez, embora sua esposa não tivesse acreditado e até riu, devido a sua avançada idade (Gênesis 18:12). Ele não abandonou Jonas, mesmo tendo desobedecido a sua ordem de pregar a sua Palavra ao povo de Nínive, partindo para Társis (Jonas 1:1-3). Deus nunca abandona ou desiste de Você.

Isaías 49:15: Pode uma mulher esquecer-se tanto do filho que cria, (...)? Mas, ainda que esta se esquecesse de ti, eu, todavia, me não esquecerei de ti.

Pecar:

Ele jamais irá pecar. Ele não pode pecar porque o pecado não nasceu com Ele, não pertence a Ele  e não está N’Ele: “Mas ele foi ferido por nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas nossas pisaduras, fomos sarados” (Isaías 53:5).
Cristo foi crucificado por nossos pecados e nossas culpas diante de Deus. Ele entrou como nosso substituto, Ele sofreu o castigo que nós merecíamos e pagou com a sentença de morte, e morte de cruz. Este sacrifício foi realizado para que nós que pertencemos a sua família nos tornássemos como Ele em toda nossa maneira de viver: “Portanto, santificai-vos, e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus” (Levítico 20:7).

Aprisionar o Homem:

Todo o plano de Deus envolvendo o homem foi planejado pela Trindade Eterna antes mesmo da fundação do mundo. Este plano foi elaborado com o propósito de libertar o homem de qualquer das circunstâncias e armadilhas tramadas por satanás. E esta promessa de salvação viria a se cumprir com a vinda de seu próprio filho Jesus, promovendo uma libertação da escravidão das trevas. Portanto, esta liberdade só seria possível de ser obtida por intermédio e poder de Jesus Cristo: “Se, pois, o filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8:36).
Infelizmente, em nossos dias, “muitas igrejas estão proibindo coisas que a Palavra de Deus permite e permitindo muitas coisas que a Bíblia condena”. Isto se deve, porque muitas pessoas que estão ocupando nossos púlpitos estão pregando juízos humanos (vaidades, desejos carnais e caprichos humanos). Jesus Cristo disse: “E, se alguém ouvir as minhas Palavras, e não as guardar, eu não o julgo; pois eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo” (João 12:48). 
Deus sempre está nos alertando sobre os perigos e ciladas que nos esperam e, mesmo quando não atentamos para sua advertência e caímos, Ele não sente prazer em nosso erro (pecado, encarceramento). Portanto, Ele sempre tem um escape, pois nos chamou para a liberdade e não para a escravidão: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou e não torneis a meter-vos (permanecer) debaixo do jugo da servidão” (Gálatas 5:1).

Mentir:

Em toda a Escritura Sagrada, nós não vamos encontrar em lugar algum Deus tendo que agir baseado na mentira: “O remanescente de Israel não cometerá iniquidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; porque serão apascentados, deitar-se-ão, e não haverá quem os espante” (Sofonias 3:13).
A mentira é proveniente do diabo, pois ele é o pai da mentira. “(...), porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira” (João 8:44). Portanto, irmãos, além de não poder mentir, Deus não tolera a mentira: “Deus não é homem para que minta, nem filho do homem para que se arrependa!” (Números 23:19).
No Livro de Apocalipse, em seu capítulo 21:8, está registrado o destino de quem usa deste artifício maligno em sua vida diária: “Mas, quanto aos tímidos, (...), e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre, o que é a segunda morte”.

Morrer:

Deus é o Senhor da vida. Nele está concentrado todo o sopro de vida que foi concedido a todos os homens. Deus não precisa e nem depende de fatores externos para que sua vida seja alimentada. Pelo contrário, é Ele quem alimenta a vida de todos os seres viventes, tanto a homens como aos animais.
Jesus, ao saber que Lázaro, seu amigo, estava enfermo; disse: “Esta enfermidade não é para morte, mas para que a glória de Deus seja manifestada (João 11:4). E, ao conversar com Maria, irmã de Lázaro (que morrera há poucos dias), a conforta sobre a morte física do homem: “Eu sou a ressurreição e a vida, quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá”. Crês tu isto?” (João 11:25-26).

Ser Infiel:

Há vários textos Bíblicos que mostram o caráter de Deus, mas gostaria de colocar em relevo o contido em 2 Timóteo 2:11-13: “Palavra fiel é esta: que, se morrermos com ele, também com ele viveremos; se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; se formos infiéis, ele permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo”.
Diferentemente do homem, Deus não muda a sua opinião ou comportamento em detrimento das circunstâncias, pois, “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hebreus 13:8). Esta fidelidade de Deus é aplicada principalmente em relação á Sua Palavra, tendo o próprio Davi afirmado: “Porque a Palavra do Senhor é reta, e todas as suas obras são fiéis” (Salmo 33:4). Se realmente somos filhos de Deus, precisamos nos aproximar D’Ele e sermos parecidos com Ele em tudo, inclusive na fidelidade.

Ser Injusto:

Sabemos que a justiça de Deus é totalmente diferente da justiça dos homens. Os homens costumam julgar pela aparência, isto é, pelo que veem exteriormente (sem conhecimento de causa). Veja o caso de Davi, que era o caçula dentre os oito filhos de Jessé, o belemita: “(...), viu a Eliabe, e disse: Certamente, está perante o Senhor o ungido. Samuel disse: Não atentes para sua aparência, nem para a altura da sua estatura, (...), porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1 Samuel 16:13). 

Conclusão

É sabido que Deus detém todo o poder tanto nos céus quanto na terra, mas tem coisas que realmente Ele não pode fazer, embora tenha toda a liberdade e capacidade para fazê-las. Entretanto, Ele escolheu manter sua natureza, pureza, caráter e personalidade. Com isso, deixou-nos ensinamentos e exemplos para que pudéssemos tentar imitá-lo, buscando seguir sua doutrina que é inegociável e que deve nortear todas as nossas ações.
Esta é a nossa maior garantia; saber que servimos um Deus que não abandona o homem, não peca (não falha e nem erra), não aprisiona ou escraviza o homem, não mente, não morre e que não é infiel e nem injusto para com seus fiéis seguidores.
Sendo assim, irmãos, amemos mais e mais este Deus, que teve (e tem) o cuidado de não cometer quaisquer desses atos pecaminosos, para nos mostrar como se preservar das impurezas deste mundo, e isto só é possível se estivermos N’Ele e, assim, permaneceremos protegidos por sua infinita Graça e Poder. Amém!


EDUARDO VERONESE DA SILVA

Obreiro da AD Ministério IX Marcas – Cariacica/ES