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sábado, 13 de dezembro de 2014

BELEZA NATURAL SUBSTITUÍDA PELA ARTIFICIALIDADE

Eduardo Veronese da Silva[1]


Durante bom tempo de história da humanidade, tinha-se a idéia de que a beleza física (estética) era um dos atributos naturais dos seres humanos, mas nem todos eram privilegiados por uma beleza nas mesmas dimensões e proporcionalidade. Estima-se que naquela época, havia maior aceitação e conformidade quanto à constituição corporal (biótipo) apresentada pela maioria da população.
Talvez, por isso, entre os séculos XVVIII e XIX, os artistas plásticos apresentavam belos trabalhos de pintura sobre telas, destacando como era vista a beleza feminina à época. A silhueta e os contornos corporais das mulheres eram mais cheias e arredondadas.  
Com o avançar dos anos, mudou-se o comportamento familiar e social em relação à mulher, principalmente em relação aos afazeres domésticos. Elas não mais se contentavam em cuidar apenas da casa e da educação dos filhos, agora almejavam disputar o mercado de trabalho, juntamente com os homens.
Essa inserção feminina no mercado de trabalho mudou consideravelmente sua própria concepção de existência e postura sobre sua atuação e representatividade social. E, ao mesmo tempo, promoveu mudanças na educação dos filhos e, especialmente, nos setores empresariais, abrindo um leque de novos campos de trabalho em que poderiam ser empregadas. Fato considerado extremamente positivo que vem sendo comprovado a cada dia.
Presume-se que essa virada do papel socioeconômico da mulher, até então, tratada como mero objeto sexual (reprodução e educação familiar) ou coisa (como uma mobília da casa), fez surgir à exigência de um novo perfil de beleza. Para contribuir com esta mudança, ocorreu entre os anos de 1800 a 1930, o surgimento das produções cinematográficas, apresentado inicialmente por imagens desenhadas sobre fitas transparentes e projetadas numa grande tela. Logo em seguida surgiu o cinema mudo. Enquanto que a década de 30 ficou marcada pelo grande impulso do cinema na forma verbalizada. 
Nas primeiras produções cinematográficas, foi apresentado ao público siluetas de belíssimas mulheres. Sendo assim, elas passaram a ditar um novo padrão de beleza, desta vez acentuando novos contornos corporais, explorando mais a sensualidade feminina. Para conseguir essa beleza plástica, usavam uma peça de vestuário que se prolongou por muitos anos – o corpete. Ele promovia uma diminuição da cintura e evidenciava os seios e quadril da mulher. Logo, para ser considerada bela e atraente, a mulher deveria ter a menor cintura possível.
A partir dos anos de 1940, novas inovações sociais surgiram com a participação ativa das mulheres, mas agora, com o incremento de nova peça de vestuário. A francesa Coco Chanel revolucionou o conceito de beleza feminina, usando saias até a altura dos joelhos. Mais adiante, os cabelos e as roupas passaram a ser mais leves e soltas, evidenciando partes desnudas do corpo, principalmente as costas e o colo dos seios.     
Entre os anos de 1950 e 1970, o mercado cinematográfico começou a apresentar clássicos que se eternizaram, marcando época pela exuberância da beleza feminina, com a participação de bonitas mulheres, entre elas, Grace Kelly (Janela Indiscreta), Rita Hayworth e Ava Gardner (Femme Fatale) e loiras atléticas de cabelos longos e soltos e com bustos grandes, como Farrah Fawcett (As Panteras) e a inesquecível Marylin Monroe, entre outras.
Essa variedade de perfil apresentado nas telas de cinema impulsionou novos padrões de beleza na sociedade. Marilyn Monroe foi considerada uma das mais populares estrelas do cinema, apresentando um corpo invejável à época: 1,67m de altura, 94cm de busto, 61cm de cintura, e 89cm de quadril. Estava declarado o padrão de beleza a ser atingido por qualquer mulher. Vale lembrar que não eram empregadas intervenções cirúrgicas para alcançá-lo, nem tampouco, muitas horas dentro de um salão de beleza ou nas academias de musculação e ginástica.
A partir dos anos 80 até alcançar nossos dias, começou a surgir certos exageros em relação a tudo que é relacionado à moda, estilo ou conduta social. Madonna e Cyndi Lauper deram o pontapé inicial, ostentando uma maquiagem muito vibrante, contrastando com seus cabelos tingidos com várias colorações e tonalidades e figurinos totalmente desconexos.
Hoje, diferentemente do passado, o excesso de peso ou outra característica entendida como anormalidade (distinta da apresentada pela maioria das pessoas), torna-se um grande obstáculo para a inserção no mercado de trabalho, tendo em vista que ele é mais exigente e seletivo, escolhendo pessoas que apresentem a melhor beleza estética. Esse mercado competitivo privilegia o culto ao corpo e a magreza extrema. Eles entendem que ser magro é sinônimo de beleza (saúde), mas isto nem sempre é verdadeiro. Pode-se ter uma pessoa magra e bonita, como também, o contrário pode ser verdadeiro. Ademais, outros fatores devem estar associados à beleza humana, principalmente quando está aliada a saúde do corpo (e da  mente).
A atriz Carolina Ferraz disse certa vez numa entrevista: “A genética foi generosa com meu tipo físico, mas, apesar de ser magra, sempre gostei de atividades físicas, como corrida. Malho quatro vezes por semana e alterno balé com pilates. [...]. Também sou fã de uma boa limpeza de pele e faço sessões de drenagem linfática duas vezes por semana”. Infelizmente, a maioria das mulheres não teve a sorte com tanta generosidade divina e, muita delas, não possuem condições financeiras para cuidar de seu corpo.
O século XXI tem proporcionado aos novos afortunados, contratar profissionais especializados para moldar ou criar o padrão de beleza exigido para o momento atual (Personal Trainner, nutricionistas etc.). Presume-se que todo ser humano é um ser insatisfeito, sendo que a mulher está no ápice dessa eterna insatisfação, principalmente quando se refere ao aspecto corporal (aqui se inclui tudo, cabelos, olhos, pele etc.). Há pouco tempo, uma mulher desconhecida entre os brasileiros, tornou-se numa pessoa totalmente popular nacionalmente. Seu nome: Valesca Popozuda. Qual foi o motivo dessa popularidade emergente? Ter se submetido a uma intervenção cirúrgica para o implante de 350 ml de prótese de silicone em cada nádega. Pouco tempo depois, resolveu turbinar ainda mais essa parte do corpo, passando para 550 ml em cada bumbum. A partir de então, houve um avalanche de tantas outras mulheres em busca de cirurgias deste nível.
Entretanto, tem aumentado o número de homens que se submetem a intervenções cirúrgicas por estarem insatisfeitos com seu biótipo (corpo). Tanto o homem quanto a mulher, tem priorizado pela modificação de partes principais de seu corpo, destas, destaca-se: diminuição ou afilamento do nariz; aplicação de botox (usado principalmente para suavizar marcas de expressão no rosto) e implante de próteses de silicone nos seios (mulher), tórax (homem) e nos glúteos (ambos os sexos).
Agora surge um novo produto que promete melhorar a beleza estética (plástica) das pessoas, principalmente das mulheres: o hidrogel. Este produto contém 98% de soro fisiológico e 2% de poliamida, mas só pode ser aplicado por médicos. Geralmente é aplicado na região da testa, ao redor da boca, no bumbum e coxas, com a finalidade de preenchimento de pequenos sulcos, rugas ou para aumentar o volume da região.
É preciso lembrar aos possíveis adeptos a esse comportamento humano-social, que toda cirurgia possui riscos, umas mais, outras menos. Recentemente ocorreu a morte de Maria José Medrado de Souza Brandão, 39 anos, logo após ter sido feito uma aplicação de hidrogel para aumentar o seu bumbum, em Goiânia. A Justiça autorizou a exumação do corpo, com o objetivo de constatar se a vítima recebeu uma aplicação de hidrogel ou de outro produto químico. Porém, a data do procedimento ainda não foi marcada.
Outra mulher que usou desse mesmo procedimento cirúrgico foi à modelo Andressa Urach, de 27 anos. Ela continua internada e apresenta quadro "estável" e uma "melhora significativa", segundo informou sua assessoria de imprensa nesta sexta-feira (12/12/14). Ela está internada desde 29 de novembro, no Hospital Conceição, em Porto Alegre, para tratar de uma infecção causada pela aplicação de hidrogel nas pernas, procedimento que foi realizado há cerca de cinco anos. Ainda não há previsão de alta. Existem rumores de que ela usou além do hidrogel outros produtos químicos que não foram divulgados pela equipe médica, nem tampouco pela família da modelo.  
Vale lembrar, que o padrão de beleza, não está limitado apenas às evidências e contornos de partes do corpo da mulher (ou do homem), segundo a opinião de um cirurgião plástico americano. Inclusive, ele criou um teste que ajuda a verificar o quanto você pode ser considerado belo e atraente, dando dicas com a possibilidade de melhorar seu desempenho estético (QI da Beleza: Revista Veja; ed. 2199, 12 jan. 11, p.86).
Nesse ponto, vale registrar alguns fatores que estão diretamente associados à beleza, conforme assinalada por ele: mudança e disciplina nos hábitos alimentares; cuidados diários com o corpo (massagens e hidratação da pele, cabelos etc.); prática regular de uma atividade física; no mínimo, 6 horas de sono (o ideal são 8h); não usar qualquer tipo de drogas (licitas e ilícitas); entre outros.
Portanto, estima-se que ainda existem pessoas que preferem a beleza ditada genuinamente pela bondosa natureza divina, sem o uso adicional de qualquer tipo de artificialidade (ou anabolizantes e esteroides). Talvez, quem sabe, eles se apeguem a uma máxima antiga de que: “a beleza está onde se quer ou pode enxergar”.

 
EDUARDO VERONESE DA SILVA
Educador Físico
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Militar



[1] Educador Físico; Bacharel em Direito; Especialista em Direito Militar; email: proerdveronese@gmail.com

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