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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

PERFIL DE TRÊS REIS: CURA e ESPERANÇA PARA CORAÇÕES QUEBRANTADOS

EDWARDS, Gene. Perfil de Três Reis. São Paulo:
Editora Vida, 2007.

Prefácio – Primeira Edição
            Por que este livro foi escrito e qual é o seu propósito? Talvez, pelo fato de receber correspondência de cristãos do mundo inteiro, e notei, alguns anos atrás, um número crescente de cartas enviadas por cristãos arrasados pelos movimentos autoritários que se tornaram muito populares no meio evangélico.
            (...). As histórias contadas por esses fugitivos espirituais são, geralmente, assustadoras e, ás vezes, inacreditáveis. Não sei ao certo se é a doutrina em si causando esse massacre (desigrejados, acréscimo nosso) de grandes proporções ou se é a prática desordenada dessa doutrina.
            A destruição parece ser universal e a recuperação quase inexistente. Este livro reflete meu interesse por essa multidão de cristãos confusos, abatidos e quase sempre amargos, cuda vida espiritual foi despedaçada e que agora andam às cegas, tentando encontrar uma palavra qualquer de esperança e conforto. (...). Este livro tem a intenção de restaurar a vida de cada leitor e oferecer-lhe um alvo seguro.

                              Gene Edwards

Oséias 8:4. Eles fizeram reis, mas não por mim; constituiram princípes, mas eu não o soube; da sua prata e do seu ouro fizeram ídolos para si, para serem destruídos.

Prólogo
            - Tenho aqui duas porções da natureza de Deus: A primeira, é a própria vestidura de sua natureza. Quando ela envolve alguém, reveste-o com o sopro divino. Como a água cobre quem quer que mergulhe no mar, assim é quando o mesmo sopro divino envolve a pessoa. A segunda, é que esse revestimento divino te concederá o poder de Deus. Poder que destrói exercitos, abate os inimigos de Deus e realiza a usa obra na terra. Eis o poder de Deus como um dom.
            O dom reveste o “exterior” do homem, mas a herança é plantada no profundo do ser – como uma semente. Todavia, mesmo que seja um plantio pequeno, esta plantação cresce e, no tempo devido (de Deus) enche todo o homem interior. Entretanto, Deus não pode cumprir o seu objetivo nem pode crescer e encher todo o seu interior a menos que seja bem misturado. Ele deve ser misturado com dor, tristeza e abatimento (quebrantamento).
            Geralmente, o filho mais novo carrega duas características principais: é muito mimado e recebe pouca instrução. Assim ocorreu aproximadamente há tres mil anos atrás, numa vila chamada Belém, numa família composta de oito irmãos.

UM
            Davi, o filho mais novo da família de Jessé, o belemita, era quem cuidava das ovelhas de seu pai. Ele sempre levava consigo uma funda e um instrumento parecido com uma guitarra. As ovelhas costumam pastar por dias seguidos, enquanto isso, estando solitário, ele tocava e cantava. Portanto, ele era: cantor, atirador de funda e amante ao Senhor.
            O Deus onipotente viu que aquele trovador, vestido de couro amava ao seu Senhor com um coração puro mais do que qualquer outro em toda a terra de Israel. O profeta Samuel, indo a casa de Jessé, ordenado pelo próprio Deus, ungiu a Davi com óleo derramado sobre sua cabeça, como sendo o novo rei de Israel: “Eis o ungido do Senhor”. Naqueles dias, Davi se inscreveu não na estirpe real (linhagem), mas na escola do quebrantamento.
Na casa de Jessé, seus sete irmãos tinham ido para a guerra, com isso, Davi recebeu uma promoção de seu pai; passou a ser o garçom de seus irmãos, ou seja, sua nova missão era de levar comida para seus irmãos que estavam na linha de frente da batalha. Ele executou a nova função com muita regularidade. Numa dessas idas para levar os mantimentos para seus irmãos, teve de enfrentar outro urso (1 Samuel 17:34-35), só que esse media aproximadamente 3 metros de altura e era um ser humano – Golias. Em consequencia desta extraordinária proeza, o moço Davi tornou-se herói. E, finalmente, foi parar no palacio de um rei insano – Saul (1 Samuel 17:48-51; 18:1-2).

DOIS e TRÊS
            Naqueles dias (...). E, em circunstâncias tão loucas quanto demente era o rei Saul, o jovem viria a aprender muitas coisas absolutamente indispensáveis. (...). Davi tocava e cantava para o rei insano e a música fazia muito bem ao velho rei. E, quando ele tocava, todos paravam nos corredores, apuravam seus ouvidos na direção dos aposentos reais e ficavam maravilhados. Como teria adquirido tão maravilhosa perícia na musica e na letra?
                        O cântico preferido por todos era o inspirado pelo cordeirinho. Eles, tanto quanto os amigos, gostavam de ouvir aquele hino. Entretanto, o rei era louco e, consequentemente ciumento. Ele se sentia ameçado por Davi, como acontece com frequência com os reis (Pastores ...) quando aparece um jovem popular e promissor (talentoso e carismático) que, algum dia, poderia ocupar o trono ( o púlpito e liderança da igreja, acréscimo nosso).
                        Davi sentia-se numa posição realmente incomoda, porém, parece que havia alcançado profunda compreensão do desdobramento do drama em que fora envolvido. Parece mesmo que havia compreendido alguma coisa que poucos dos mais sábios entre seus contemporâneos haviam notado. (...). E que coisa seria essa?  Deus não tinha, mas deseja muito possuir, homens que pudessem viver em meio ao sofrimento. Deus queria um vaso quebrantrado.

QUATRO
            O monarca insano percebeu que Davi era uma ameaça ao seu reinado. Saul fez o que todos os reis fazem – atirou lanças contra Davi. Os reis podem fazer coisas assim. (...) arrogam para si o direito de atirar lanças. Será possível que esse rei louco fosse o verdadeiro rei; o ungido do Senhor? E o rei do leito; é ele o ungido do Senhor? Talvez seja, talvez não. Só Deus sabe.
            Se o rei do leitor é verdadeiramente o ungido do Senhor e, se ele também arremessa lanças, então há algumas coisas que você (leitor) pode saber, e saber com segurança:
            . O seu rei está completamente louco.
            .  É um rei segundo a ordem do rei Saul.

CINCO
          Deus possui uma universidade. É pequena. Poucos matriculados. Menos ainda é o número de graduados. Deus possui uma escola, porque ele não tem homens quebrantados, mas tem vários outros tipos de homens. Ele possui homens que dizem ter a autoridade ... mas não têm. Homens que dizem ser quebrantados ... mas não são. E homens que são a autoridade de Deus ... mas que, na verdade, são loucos, não quebrantados. (...). Homens quebrantados são raros. Na santa e divina escola da submissão e do quebrantamento, porque são tão poucos assim? É porque todos os que se encontram nesta escola, têm de sofrer muita dor.
            E, como você pode conjeturar, é frequentemente o dirigente não quebrantado (escolhido soberanamente por Deus) quem determina o castigo. Davi foi aluno nesta escola e Saul foi o instrumento escolhido por Deus para lhe esmigalhar.A medida que a loucura de Saul aumentava, crescia o conhecimento de Davi. Ele compreendia que Deus o tinha colocado no palácio do rei sob legítima autoridade. Seria isso possível?
            A autoridade de Saul, não é legítima? Sim, autoridade escolhida para Davi. Autoridade não quebrantada, sim. Mas divina em ordenação, apesar de tudo. Davi respirou fundo, submeteu-se as ordens do rei louco e foi descendo cada vez mais fundo na estrada do seu inferno terreno.

SEIS
       Davi tinha uma pergunta: o que fazer quando alguém arremete uma lança contra você? Todos no mundo sabem como proceder (...). Ora, agente agarra a lança e arremessa de volta! – Quando alguém atirar uma lança contra você, Davi, arranque-a da parede e atire-a de volta. Esteja certo de que qualquer pessoa agiria assim (impio, pagão, acréscimo nosso). E, ao praticar a façanha de devolver as lanças que lhe atiram, você provará muitas coisas: - Que é valente; - Que defende seus direitos; - Que toma posição contra o erro; - Que nao dá lugar a injustiça nem ao tratamento desleal; - Que é defensor da fé.
            Todos esses atributos combinam-se para provar que você também é, obviamente, candidato ao trono real. Sim, talvez você seja o ungido do Senhor! Segundo a ordem de Saul. E, também, com certeza, nessa altura ... completamente louco.

SETE 
      Davi, ao contrário de qualquer outro homem, não sabia o que fazer quando uma lança era atirada contra ele. Não arremessava as lanças de Saul de volta ao rei. Havia algo diferente em Davi: Ele só fazia em desviar-se. O que pode um homem fazer, se for jovem, quando o rei decide utilizá-lo para seu exercício de tiro ao alvo? Se ele preferir não retribuir o cumprimento; o que acontecerá?  Primeiro, ele tem de fingir que não vê as lanças. Ainda que venham em sua direção. Segundo, ele tem de aprender a desviar-se rapidamente. Por fim, deve fingir que não aconteceu absolutamente nada.
            Davi jamais foi atingido. Pouco a pouco, aprendeu um segredo muito bem guardado. Descobriu tres coisas que o impediram de ter sido atingido: primeira, jamais aprenda algo de elegante e a fácil arte de arremessar lanças. Segunda, fique longe da companhia de gentes que atiram lanças. Terceira, mantenha a boca bem fechada. Desse modo, as lanças jamais o atingirão, ainda que lhe atravessem o coração.

OITO
    O meu rei está louco. O que posso fazer? – Reconheça este fato inalterável: Não se pode saber (ninguém pode) quem é o ungido do Senhor e quem não é!  Alguns reis, a quem todos juram ser da ordem de Saul, pertencem a ordem de Davi. E outros, que todos juram ser da ordem de Davi, de fato pertencem a ordem de Saul. Quem está certo? Quem sabe? Ninguém é suficientemente sábio para resolver esse sigma. O máximo que podemos fazer é andar ao redor e perguntar: - é esse homem ungido do Senhor?
             Caso seja, é ele da ordem de Saul? Parece que não é difícl fazer essa pergunta, mas é.  Principalmente quando a pessoa está chorando alto ... sendo tentado a revidar e atirar a lança de volta ... sendo encorajada pelos outros a fazer exatamente isso. Mas, lembre-se nas suas lágrimas: você conhece apenas a pergunta, nao a resposta. Ninguém sabe, a não ser Deus. E ele jamais a revela.

NOVE
       Que devo fazer quando o reino em que vivo é governado por um rei perito em atirar lanças (ou só prega sobre a perdição e a condenação eterna, acréscimo nosso)? Devo partir?  O que exatamente faz um homem no meio de um concurso de arremesso de facas?        A resposta é: - você é esfaqueado até morrer. Qual a necessidade disso? Que bem faz?
            Você tem posto seus olhos no rei Saul errado. Enquanto olhar para o rei (pastor), o culpado, e só a ele, pelo inferno em que se encontra. Fique atento, porque os olhos de Deus estão atentamente fixos em outro rei Saul. Não o visível, em pé, arremessando lanças contra você. Um tão mau como aquele – ou pior. – Deus está olhando para o rei Saul que está em você. – Em mim!
            Ele está no sangue que corre em suas veias e na medula dos seus ossos. Constitui a própria carne e o próprio músculo do seu coração. Ele está na sua alma. O rei Saul e você são um só. Você é o rei Saul. Sá há um meio de nos livrarmos dele. Tem de ser aniquilado. Davi, o pastor de ovelhas, teria crescido para vir ser o rei Saul II, mas Deus arrancou o Saul de dentro do coração dele. Isso levou muitos anos  e foi uma experiência brutal que, por pouco, quase matou o paciente. Qual foi o bisturi que Deus usou para extrair esse Saul interior?  Deus empregou o Saul exterior.
            Sim, é verdade que Davi foi quase destruido no processo, mas isso tinha de acontecer. De outra forma, o Saul que havia dentro dele teria sobrevivido. Davi aceitou seu destino (lembra da história de José? Ele também aceitou o seu destino, acréscimo nosso). Não levantou a mão, nem ofereceu resistência. Nem exibiu piedade. Silenciosamente, carregou suas agonias.

DEZ
      Como ficar sabendo quando é chegado o instante de abandonar o ungido do Senhor – especialmente o ungido do Senhor segundo a ordem de Saul? Davi jamais tomou esta decisão. O ungido do Senhor tomou-a por ele.  O decreto do rei decidiu o assunto! – Matem-no como se mata um cão!  Anote isto, por favor: - Davi não  dividiu o reino ao partir. Não levou consigo parte da população. Ele partiu sozinho. Sim, as pessoas sempre insistem em acompanhar você, não é?
            Elas estão dispostas a afundar o reino do rei Saul II. Você percebe, o verdadeiro ungido do Senhor pode partir sozinho. Só há um modo de deixar o reino: sozinho.

ONZE
      As cavernas não são o lugar oportuno para melhorar o estado de animo (isolamento das igrejas, acréscimo nosso). Elas são escuras, úmidas, frias, bolorentas, em todas elas existe certa mesmice. E pode tornar-se pior ainda, quando você é o seu único habitante. E, ao longe, você pode ouvir os cães acurando. Ele agora dispunha de muito menos do que quando era pastor, porque agora nao tinha nem lira, nem sol, nem sequer a companhia das ovelhas. A maior aspiração de Davi não ia além da posse de um cajado de pastor. Tudo no seu interior estava sendo esmagado.
            Não é mesmo estranho o que o sofrimento gera? Naquelas cavernas, mergulhado na tristeza da sua melodia e no entoar da sua tristeza, Davi, tornou-se o maior hinólogo e o maior confortador de corações despedaçados que o mundo jamais verá.

DOZE
        Ele obtinha seu alimento nos campos, cavava raízes á beira das estradas, dormia em árvores escondia-se em fossas. Corria dias seguidos, não se arriscando a parar e comer. Bebia água da chuva. Agora, as cavernas eram castelos. Nos tempos passados, as mães diziam sempre aos filhos que se não fossem bem comportados, acabariam como os bebados. Agora não era assim. Tinham uma história melhor e horripilante: - Comporte-se, ou acabará como o matador de gigantes. Em Jerusalém, quando os homens ensinavam aos jovens a serem submissos aos reis e a honrarem o ungido do Senhor, Davi era a parábola[1].      
            - Veja, é isso que Deus faz com homens rebeldes. Era assim, naquele tempo, assim é agora e assim sempre será. O sofrimento estava dando a luz. A humildade estava crescendo. Segundo os padrões humanos e terrenos, ele era um homem esmagado; mas segundo a medida celestial, ele era um homem quebrantado.

TREZE
       Ao agravar a loucura do rei, outros tiveram de fugir. Depois de demorada busca, alguns fugitivos entraram em contato com Davi. Não o viam há muito tempo. A verdade é que não o reconheceram. Ele mudara muito; sua personalidade. Sua disposição. Falava menos e amava mais a Deus. Todo o seu ser se alterara. Aqueles homens que o encontraram eram deploráveis, rebeldes, indignos, revoltados e de corações rebeldes.
            Estavam cegos de ódio ao rei Saul e, portanto, a todas as figuras de autoridades. Davi nao os liderou. Nao concordava com suas atitudes. Apesar disso, começaram a segui-lo. Ele jamais lhes falou de autoridade. Nunca lhes disse de submissão, contudo, a um homem se submeteram. Apesar disso, puseram em ordem sua vida exterior. Por pouco, a sua vida interior também começou a mudar. Então, porque o seguiram? O que acontecia era que ele era ... bem ... ele era Davi. E, assim, na primeira de duas vezes, nascia a verdadeira monarquia (Davídica).

CATORZE
            O local era outra vez, caverna sem nome. Aos poucos, e muito apreensivamente, começaram a acomodar-se. Joabe queria algumas respostas. Imediatamente! (...). Davi olhava para além de Joabe, como quem estivesse contemplando outro reino que somente ele podia ver. Joabe prostrou-se diante de Davi, olhou-o com desprezo e pôs-se a urrar suas frustrações. – Muitas vezes ele quase o matou com sua lança, no castelo. Eu vi com meus próprios olhos. Finalmente você fugiu. Mas, agora, você não tem sido mais do que  um coelho que ele caça. (...), na ansia de achá-lo e de matá-lo como se mata um cão. Esta noite, porém, você o teve ao alcance de sua lança e não fez nada!
            - Por que, Davi nao pões fim a todos esses anos de miséria? – Porque, disse Davi bem devagar; porque muito e muito tempo atrás ele não era louco. Era ainda jovem. Grande aos olhos de Deus e de todos os homens. E Deus foi quem o fez rei. Deus, não os homens. Joabe explodiu em resposta: - Mas agora ele está louco! E Deus não está mais com ele. E ele ainda o matará! – Prefiro que ele me mate a aprender os seus caminhos. (...), nem permitirei que o ódio se aninhe em meu coração. Não o vingarei. Nem agora nem nuca!
            Os homens foram dormir sobre pedras úmidas e frias; os anjos também foram para a cama naquela noite e sonharam, no reflexo do esplendor daquele dia tão excepcional, que Deus ainda poderia dar a sua autoridade a um ser indigno de confiança.

QUINZE
         Que tipo de homem era Salu? Quem era esse que se tornou inimigo de Davi? Ungido de  Deus? Libertador de Israel? E, contudo, mais lembrado pela sua maldade. Saul foi um das maiores figuras na história da humanidade. Era um rapaz do campo; tipico moço do interior. Alto, de boa aparência e muito benquisto e procedia de boa família. Foi Ele quem pegou esse povo (Israel) e o consolidou num reino unido. Ele unificou um povo e fundou um reino. Ele foi batizado no Espírito. Mais ainda, foi um profeta. Ele fez coisas e proferiu palavras sem precedentes, e tudo isso, pelo poder do Espírito que nele habitava.
            Saul recebeu a autoridade que só em Deus tem sua origem. Ele foi ungido de Deus, e Deus o tratou como tal. Era, porém, corroído de inveja, capaz de assassinar e estava disposto a viver nas trevas espirituais. Muitos oram pelo poder de Deus. Essas orações parecem poderosas, sinceras, piedosas, desinteressadas, sem motivo oculto. Por trás de tais orações e de tanto fervor, frequentemente ocultam-se ambição, anseio de fama, desejo de ser considerado um gigante espiritual.
            Quem faz orações assim, pode nem mesmo ter consciência do fato; contudo, motivos e desejos obscuros estão no seu coração e ... no coração do leitor também. Grande é a diferença entre o revestimento exterior de poder do Espírito e a plenitude interior da vida no Espírito.  O modo de agir é interessante. Ele ouve todas as súplicas, muitas vezes atende a orações de poder, por autoridade. Por vezes, ao responder a elas, ele diz sim a alguns vasos muito indignos. Dará Deus poder ao homem indigno? O seu poder? Por que Deus age assim?
            A resposta é, ao mesmo tempo, simples e chocante. As vezes, ele concede a vasos indignos quantidade maior de poder, de maneira que se torne claramente visível a todos o verdadeiro estado de nudez interior dessas pessoas. – Lembre-se, um indivíduo pode viver no mais torpe dos pecados e o seu dom exterior estar ainda em perfeita atividade. Uma vez concedidos por Deus, os dons não podem mais ser retirados.
            Mais ainda: alguns que vivem exatamente de tal maneira, são os ungidos do Senhor ... aos olhos do Senhor, Saul foi uma prova viva desse fato. De que necessita este mundo: de homens bem dotados, exteriormente cheios de poder? Ou de homens quebrantados, mas interiormente transformados? (...). Alguns homens aos quais o verdadeiro poder de  Deus foi concedido formaram exércitos, venceram o inimigo, produziram poderosas obras de Deus, pregaram e profetizaram com poder e eloquência sem igual. E arremessaram lanças, odiaram outros homens, atacaram outros homens, fizeram planos para matar, profetizaram nus e, até consultaram feiticeiras.

DEZESSEIS
                Acho que o homem que tem autoridade sobre mim é um rei Saul. Como posso ter certeza disso? Não nos cabe saber. E, lembre-se: mesmo homens como Saul são, com frequência, os ungidos do Senhor. Quem pode, então, saber quem é um Davi e quem é um Saul?  Deus o sabe. Mas ele não o revela. Está você certo de que o seu rei é um Saul, e não um Davi; a ponto de pretender tomar o lugar de Deus e declarar guerra a seu Saul (seu pastor)? Entretanto, o passar do tempo e o comportamento de seu líder revelará muita coisa a seu respeito. E o passar do tempo e o modo de você reagir diante do de seu líder, seja ele Davi seja ele Saul – revela muita coisa a seu respeito.

DEZESSETE
              Duas gerações vieram depois do reinado de Saul; um jovem incorporou-se nas fileiras do exército de Israel, sob um novo rei, o neto de Davi (Roboão). Logo ele começou a ouvir histórias a respeito dos grandes e valentes homens de Davi (2 Samuel 23:8-39). Esse jovem descobriu que um desses homens ainda estava vivo. Ficou sabendo onde era sua habitação e apressou-se em ir até ele. Bateu na porta que se abriu vagarosamente. Diante dele estava um gigantesco homem de cabelos grisalhos ... o rosto cheio de rugas.
            - É o senhor um dos antigos valentes homens de Davi?  De quem tanto agente ouve falar?  O ancião examinou demoradamente o rosto do jovem, os seus braços e a sua roupa. – Se você quer saber de outrora fui ladrão e habitei em cavernas, alguém que seguia um fugitivo histérico e chorão; então, sim, fui um dos “valentes de Davi”. – Ora, o senhor faz o grande rei parecer um fraco. Não foi ele o maior de todos os monarcas? – Ele não foi nenhum fracote, respondeu o ancião. Nem foi ele um grande líder.
            - Então, o que foi, bom homem? Pois vim até aqui para aprender os seus caminhos e dos seus ... dos homens valentes. Qual foi realmente a grandeza de Davi? – Vejo que você sonha em vir a ser um líder de homens algum dia. Sim, eu lhe falarei da grandeza do meu rei, mas minhas palavras poderão deixá-lo surpreso. – O meu rei jamais me ameaçou, como faz o seu. O seu novo rei começou a reinar mediante leis, decretos, regulamentos e medo. A mais viva recordação que tenho de meu rei, quando viviamos em cavernas, era sua vida de submissão.
            Sim, Davi mostrou-me submissão, não autoritarismo. Ensinou-me não aplicação imediata de regras e lei (revidar na mesma medida), mas a arte da paciência. Foi isso que transformou minha vida. O legalismo não passa de um meio para que o líder evite o sofrimento. Os homens que alardeiam (divulgam) autoridade demonstram que não a possuem (“cão que late não morde”, acréscimo nosso).
            E os reis (pastores e líderes) que fazem discursos sobre submissão revelam apenas um duplo temor em seus corações: 1º - não tem a certeza de serem realmente verdadeiros líderes, ou seja, enviados por Deus e, 2º -  vivem em pavor mortal de uma rebelião em seu reino. – O meu rei não falava de submissão a ele. Não temia rebeliões ... porque ... não se importava se fosse destronado. Ele me ensinou a perder, não a vencer (lidar com a vitória é muito fácil, acréscimo nosso). A dar, não a tomar. Disse-me que o incomodado é o líder, e não o seguidor.
            Ao invés de nos expor ao sofrimento, ele nos protegia. – O ancião disse com eloquência: (...), e autoridade que procede de Deus não desafia, não se defende, nem se importa se tiver de perder o trono. Era assim a grandeza do grande ... do verdadeiro rei. O ancião começou a afastar-se. Então ele encarou uma vez mais o jovem e trovejou uma derradeira salva. – Quanto a autoridade de Davi: os que não a tem, discursam o tempo todo sobre ela.  submetei-vos, subordinai-vos. É o que se ouve. Davi tinha autoridade, mas não creio que esse fato jamais lhe houvesse ocorrido. Éramos seiscentos vagabundos com um chefe que chorava muito. É só isso o que éramos!

DEZOITO
          Depois de estudarmos sobre o rei Saul e Davi, você acha que lhe aproveitou alguma coisa?  Você agora está certo de que o homem (pastor, chefe ou líder) que tem autoridade sobre você não é verdadeiramente de Deus ... ou, se o for, na melhor das hipóteses, apenas um Saul?  Quão seguro nós, os mortais, podemos estar ... de coisas que nem os anjos sabem. Permita-me perguntar-lhe: o que você planeja fazer com o conhecimento adquirido?  Estou certo de que você não é um Saul nem um Davi. (...). Você planeja contar o que acaba de descobrir a algum amigo?  Esse novo conhecimento traz consigo um perigo. Pode acontecer uma estranha transformação no seu coração.

DEZENOVE
        - Aquele não é Davi; exclamou um jovem ao seu tutor, enquanto caminhavam á martem da rua. – Por que estão falando daquela maneira? Aquele homem não é Davi! – Tem razão, rapaz. Não é Davi. É Absalão que passa pelo portão. – Por que o chamam de Davi?, perguntou o jovem, (...), olhando para trás, o personagem que ia no carro precedido por cinquenta homens que corriam adiante dele?
- Porque ele nos lembra a Davi quando moço. E, talvez, também porque Absalão tenha uma aparência melhor que a de Davi. – Absalão será rei logo? Que idade tem Davi? Está para morrer? – É claro que não, meu rapaz. Provavelmente ele tenha a mesma idade que tinha Saul quando seu reinado terminou. – Quantos anos tem Absalão? – Mais ou menos a idade de Davi quando Saul tentou matá-lo com tanta tenacidade. O jovem pensativo, falou de novo. – Saul foi muito duro com Davi, não foi? – Sim, foi muito duro. (...). – Se Davi maltratar Absalão, procederá Absalão com a mesma misericórdia que teve Davi?  - Filho, só o futuro dirá.

VINTE
       Os homens sentiam-se seguros em sua companhia. Anelavam passar o tempo ao seu lado. (...). Ao verem-no encarar um problema atrás do outro, resolvendo-os em seguida, os homens ficavam sonhando com o dia em que ele viesse a ser o seu líder. Despertava neles uma sensação de esperança (a referência aqui é sobre Absalão, acréscimo nosso). Um homem tão compassivo como este não poderia permanecer indiferente a esses sofrimentos nem calar-se para sempre.
            Tão nobre caráter haveria de protestar algum dia. Seus seguidores, que ele dizia não possuir, fiaram quase lividos (pálidos) de raiva. A compreensão que tinham das injustiças que se praticavam no reino não só aumentou, mas também chegou ao extremo. Por fim, ao que parecia, o imponente jovem dava a impressão de estar de acordo. No início, apenas uma palavra. Depois, uma oração. O coração dos homens palpitava de emoção. A nobreza despertava  para a ação. Ele os acautelou para que não compreendessem mal.
            Não importava quão graves fossem suas queixas, ele não falaria contra o rei. Contudo, ele ficava cada vez mais agoniado. Até que, por fim, a sua justificadora ira explodiu em ponderadas e controlados termos de força. Pôs-se de pé, os olhos em chama. – Se eu estivesse no poder, era isto o que eu faria (...).

VINTE E UM
            - Bem, conheci muitos homens como Absalão. Muito mesmo. – Então como é ele? – É sincero e ambicioso. É bem provável que ele pretenda fazer o que diz. Mas sua ambição perdurará muito tempo depois que descobrir sua incapacidade para cumprir o que promete. Quando se alcança o poder, corrigir a injustiça ocupa lugar secundário. – (...). Numa dessas reuniões com o povo, Absalão respondia as perguntas que lhe eram feitas, dando muita ênfase a idéia de que é preciso haver mais liberdade no reino. Todo mundo gostou da idéia: “um povo deve ser dirigido somente por Deus, não pelos homens. Devem seguir a Deus, não a um homem”.
            - Sábio, creio que entendo o que o senhor disse, mas não tenho certeza de onde quer chegar. – Absalão sonha. Sonha com o que deveria acontecer. – Sim, mas para realizar seus sonhos, ele precisa da cooperação do povo. – Que fará Absalão quando o povo deixar de segui-lo voluntariamente? – Veja, não há reino sem discórdias (governo ou liderança sem oposições, acréscimo nosso). O próprio Deus teve os seus críticos no céu, você sabe. Todos os reinos seguem uma trajetória irregular. E o povo, principalmente o povo de Deus, nunca segue o mesmo sonho em uníssono.
            Nem todos estão dispostos a acompanhá-lo. Estará ele ainda decidido a por em prática tudo o que sonhou? Se for esse o caso, então ele terá só um recurso: a Ditadura[2]. Ou recorre a ela, ou verá poucos sonhos realizados. Caso venha a se tornar num ditador, garanto-lhe que muito em breve surgirão os descontentes com ele, exatamente como aconteceu com o governo atual (Davi).        - Sábio, o que o senhor acha que ele fará?
            - Os rebeldes que chegam ao poder mediante a rebelião não têm paciência com outros da mesma espécie e sua rebeliões. Quando Absalão (pastores e lideranças) se vir desafiado por uma revolução (pensamentos e opiniões contrárias a dele, acréscimo nosso), se tornará num tirano. Reprimirá a revolta com mão de ferro ... e mediante o terror.
            - Mas, Sábio, não é certo de que algumas rebeliões têm destronado déspotas cruéis? – Sim, algumas. Sim, mas este reino é diferente de todas as outras, pois é constituido do povo de Deus. É um reino espiritual. Afirmo-lhe com convicção: nenhuma revolta no reino de Deus é legítima, nem pode ser plenamente abençoada.
            - Sábio, por que diz isso? – Por muitas razões. Na esfera espiritual, o homem que promover uma rebelião, já demonstrou que, por mais grandiosos que sejam os seus discursos ou sublimes os seus métodos, ele tem uma natureza perigosa, um caráter sem escrúpulos e motivos ocultos no coração. Ele provoca desagrado e tensão no seio do reino e, em seguida, ou se apossará do poder ou roubará seguidores. Usará partidários para estabelecer seu proprio domínio (reino ou igreja). Tão lamentável começo, construido sobre os alicerces da insurreição (rebelião ou revolta) ... Nâo, Deus jamais aprova a divisão em seu reino. Os que dirigem rebeliões no mundo espiritual são homens indignos. Não há exceção.

VINTE E DOIS
              Davi estava de pé na sacada do terraço de seu palácio. Um homem aproximou-se por detrás. Davi suspirou e, sem se voltar, disse: - Pois não Joabe, o que é? – O senhor já sabe? – Sim, sei! – E há quanto tempo? – Meses, anos, talvez uma década. Talvez o tenha sabido há trinta anos atrás. Joabe não estava seguro de estarem falando do mesmo assunto.  Afinal, Absalão não tinha mais de 30 anos.
            - Majestade, refiro-me a Absalão. – Eu também, respondeu o rei. – Se o senhor já sabe há tanto tempo, por que não o deteve? – Estava agora mesmo me fazendo a mesma pergunta. – Não o farás! Nem lhe digas palavras nem censuras. Nem permitas que quem quer que seja o critique. Absolutamente não o impeças. – Mas, então, ele nao se apossará do reino? Davi vacilou entre chorar ou sorrir. Então, sorriu lentamente e disse: - É, talvez o faça.
            - Que fará o senhor? Tem algum plano? – Não, nenhum. Lutei em muitas batalhas e enfrentei muitos cercos. Em geral, sempre soube oque fazer. Mas, neste caso, só posso recorrer as experiências da minha mocidade. Parece-me que o caminho que segui antes (em relação ao rei Saul) é o melhor que posso seguir agora. – E qual foi esse caminho? – Não fazer absolutamente nada.

VINTE E TRES
           Davi ficou novamente a sós. Finalmente, parou e falou em voz alta para si mesmo: Tenho esperado, Absalão, tenho esperado e observado durante vários anos. Tenho me perguntado várias vezes: “que há no coração desse moço?”. E agora sei. Você fará o inconcebível. Você dividirá, Absalão, o próprio reino de Deus. Apesar de parecer explendidamente puro e notavelmente nobre, causa divisão. – Que farei? O reino está em perigo iminente. Parece que só me resta duas altenativas: 1ª – Perder tudo ou, 2ª – Ser outro Saul. (...). Sei que até o Senhor aguarda a minha decisão. Devo ser agora um Saul?
            - Que disse o meu Senhor? Perguntou Abisai. Que foi mesmo o que disseste? – O que foi  que eu disse? – O Senhor disse: Devo ser um Saul para Absalão? Abisai respondeu: - Ele não foi nenhum Davi para o Senhor! – Jamais desafiei Saul. Nunca tentei dividir o reino enquanto ele reinava. – O Senhor poderia ter dividido o reino e provavelmente destronado Saul. Mas, em vez disso, o Senhor preferiu fugir a ter que promver divisão.
            O Senhor arriscou a vida para preservar a unidade nacional (nação de Israel) e selou seus lábios e vedou os olhos a todas as injustiças de Saul. O Senhor nunca maltratou Saul. Jamais, e de forma alguma, foi injusto com Absalão. – Minha opinião é que Absalão não é nenhum Davi. Por conseguinte, pergunto: - Por que o Senhor não acaba com a revolta dele? Detenha esse miserável!
            - Cuidado, Abisai; lembra-te de que ele também é filho do rei. Nunca devemos falar mal do filho do rei (do pastor). – Insisto, vossa Majestade: O Absalão não é nenhum jovem Davi. Meu conselho é que o detenhas. – Estás pedindo,  Abisai, que me transforme num Saul? – Querido rei, Saul foi um pessimo rei. Absalão é, em certas circunstâncias, ressurgimento juvenil de Saul. O Senhor é para sempre o jovem pastor de coração quebrantado.
            - Até agora, não estava muito certo. Mas de uma coisa sei: Quando jovem, não fui nenhum Absalão. Na minha velhice, pretendo continuar sendo Davi, mesmo que isto me custe o trono, o reino e, talvez, a minha cabeça. Pense nisto Abisai: Deus um dia livrou um indefeso e jovem pastor do poderoso e insano  rei (Saul). Ele também pode livrar um velho governante de um jovem ambicioso e rebelde (Absalão). Abisai, ninguém conhece o seu próprio coração. Eu mesmo estou certo de que não conheço o meu coração. Só Deus conhece.

Jeremias 17:9. Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? (acréscimo nosso)[3].
           
            Não movi um dedo para ser rei. Nem o moverei para conservar um reino. Ainda que seja o reino de Deus!  Deus foi quem me pôs aqui.  Tu não compreendes que pode ser a vontade de Deus que essas coisas acontecem? Creio que, se ele quisesse, ele mesmo protegeria e guardaria o reino. Afinal de contas, é o seu reino.

VINTE E QUATRO  
                    - Natã!
                   - Oh, e você, Zadoque! – Perdoe-me, mas tenho-o observado ha algum tempo. Creio que queria falar com o rei, não é? – Sim, mas mudei de ideia. O rei não  precisa de mim. – Estou desapontado, Natã. Na minha opinião, o rei está precisando muito de você. Ele está enfrentando a maior prova de sua vida. Não estou certo de que passará por ela. – Ele já passou por essa prova, Zadoque; respondeu Natã. – Já passou por esta prova? Perdoe-me, Natã, mas não tenho certeza do que você está falando. Esta crise, como você sabe, mal começou. -  Zadoque, o seu rei já passou por esta prova há muito tempo, quando ainda era jovem. – Você se refere a Saul? Mas aquelas, meu amigo, era uma questão diversa. – De maneira alguma. Da mesma forma que Davi se relacionou com seu Deus e com o homem (Saul) que estava acima dele ... assim também agora Davi se relaciona com seu Deus e com o homem que está abaixo dele (Absalão).
            - Não existe diferença real entre o indivíduo que descobre que tem um Saul na sua vida e aquele que percebe que tem um Absalão na dele. Em qualquer das duas situações, o coração corrupto encontrará a sua “justificação”. Tome nota nas minhas palavras: Davi superará os obstáculos no presente caso e passará pela prova com a mesmíssima graça que demonstrou na sua juventude.
            - Se Absalão subir ao trono, que os céus tenham misericórdia de todos os Sauis, Davis e Absalões do reino! – Em minha opinião, o nosso jovem Absalão dará um esplêndido Saul. Sim, um esplêndido Saul. Porque, de todos os aspectos, menos a idade e a posição, Absalão já é um Saul.
  
VINTE E CINCO
                - Obrigado por ter vindo, Zadoque. – Meu rei! - Tu é sacerdote de Deus. Poderias contar-me uma velha história? – Contar-lhe-ei a história da revolta de Corá e de como Moisés se comportou em meio a rebelião.

Números 16:1-2,4-5. E Corá, filho de Izar, filho de Coate, filho de Levi, tomou consigo Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e a Om, filho de Pelete, filhos de Ruben. E levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinquenta homens filhos de Israel, maiorais da congregação, chamados ao ajuntamento, varões de nome. (...). Como Moisés isto ouviu, caiu sobre o seu rosto. E falou a Corá e a toda a sua congregação, dizendo: Amanhã pela manhã o senhor fará saber quem é seu e quem o santo que ele fará chegar a si; e aquele a quem escolher fará chegar a si (acréscimo nosso).

            - Moisés é o supremo exemplo do ungido do Senhor. Não há forma nem método para o governo divino; só há um homem com um coração contrito, e Moisés foi esse homem. Corá, embora fosse primo-irmão dele queria ter a autoridade que ele tinha. Numa bela manhã, Corá despertou. Antes que o dia findasse, ele reuniu duzentos e cinquenta homens que estavam de acordo com suas acusações contra Moisés.
            - Então houve problemas na nação durante o governo de Moisés? Perguntou Davi. – Sim, sempre há problemas nos reinos (lideranças), disse Zadoque. – Sempre. Davi sorriu e perguntou: - Mas, Zadoque, como pode um povo humilde julgar qual reino que tem falhas, embora, chefiados por homens de Deus, e qual é o indigno da submissão dos homens? Como o povo haverá de saber?
            - Não saberá. – E quem, então, poderá saber ou ter a certeza? – Deus sempre sabe, mas ele não diz ou revela. Davi suspirou e reprimiu um soluço. (...). Corá tinha duzentos e cinquenta seguidores e o que aconteceu depois? – Ele se aproximou de Moisés e de Arão com sua tropa. Disse que Moisés não tinha nenhum direito a toda a autoridade que estava exercendo.
            - Diz-me, qual foi a resposta de Moisés a Corá? – Aos seus quarenta anos de idade (Moisés) ele era arrogante e obstinado, não muito diferente de Corá. Agora aos oitenta anos, ele era um homem quebrantado. Ele foi o homem mais manso que já existiu. E creio que o rei sabe o que ele fez. Moisés não fez nada! – Por que ele fez isso, Zadoque? – Rei Davi, o Senhor é, dentre os homens, quem mais deve saber. Moisés sabia que fora somente Deus quem o fizera responsavel por Israel. Que Corá e seus homens tomariam o reino, ou Deus provaria a inocência de Moisés.
            - Moisés disse aos homens que voltassem no dia seguinte com incenso e incensários ... e que Deus decidiria a questão. Davi estava emocionado. – Que aconteceu depois? – Corá e dois de seus homens foram tragados pela terra, e todos os outros morreram de ... (Números 16:31-35)

Números 16:35. Então, saiu fogo do Senhor e consumiu os duzentos e cinquenta homens que ofereciam o incenso (acréscimo nosso).

            Além de a terra ter aberta sua boca e tragar aos homens, o Senhor ainda fez descer fogo do céu para consumi-los por completo (acréscimo nosso).

VINTE E SEIS
                - Você ouviu,  Joabe? – Se ouvi! É meia-noite; contudo, metade da cidade está desperta com a notícia. Como pode ser, Absalão, um filho contra seu pai! – Quando os reinos são vulneráveis (a liderança), os homens têm visões estranhas. Disse Abisai. – E a vontade sacrifica qualquer coisa para satisfazer a ambição, acrescentou Joabe.Que pensa? – Isto: Se Absalão, que não tem autoridade alguma, comete esta ação contra seu pai (e o reino), pergunto em nome da sensatez: o que faria esse homem torando-se rei?
VINTE E SETE
               Quando o senhor era jovem, não disse uma só palavra contra um rei indigno. Que fará agora com um igualmente indigno jovem? – Como já disse, são estes momentos que eu mais aborreço. Todavia, contra toda a lógica, julgo primeiro o meu coração e decido contra seus interesses. Farei o que fiz quando Saul reinava. Deixarei o destino do reino somente nas mãos de Deus.
            Talvez eu tenha pecado tão gravemente que não seja mais digno de governar. Mas hoje darei lugar para que o nosso Deus se manifeste ... Não fazendo nada! O trono não é meu. Nem para possui-lo, nem para defendê-lo, nem para conservá-lo. Abandonarei a cidade. Nao serei empecilho (obstáculo) á ação de Deus. Nada há que o impeça de fazer a sua vontade.
            Se não devo ser rei, o nosso Deus não terá dificuldade alguma em fazer com que Absalão seja rei de Israel. Agora é possível. Deus será Deus!  O verdadeiro rei voltou-se e saiu calmamente da sala do trono, do palácio, da cidade. Caminhou e caminhou ... Até entrar na intimidade própria dos homens de coração puro.


[1] Parábola. Narração alegórica que encerra uma doutrina moral. 2.  Do grego, “parabole” que significa uma comparação, um paralelo. 3. Uma narração curta para ensinar uma verdade moral ou espiritual
[2] Ditadura. Governo de exceção onde os poderes do Estado se concentram nas mãos de um só homem. 2. Déspota (Tirano).
[3] Enganoso é. O coração é o ser interior da pessoa, abrangendo seus desejos, sentimentos e pensamentos. Ele é, acima de tudo iniquo e corrupto (perverso), por isso o ser humano não pode se transformar sozinho.

Um comentário:

  1. Amigos e Irmãos em Cristo, estou inserindo mais uma Bibliografia interessantíssima para seu conhecimento. Como de costume, fiz o resumo colocando em destaque pontos que me chamaram minha atenção. Sem modificar o texto original, acrescentei passagens Bíblicas e comentários meus entre "parenteses". Espero que leiam a síntese e procurem ler o conteúdo completo deste livro. Abraços e a Paz de Cristo!

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