Introdução
Muitas
pessoas que ainda não se decidiram em seguir o Cristianismo, ou, em outras
palavras, mudarem os seus maus hábitos e as suas atitudes e seguir á Cristo,
embora reconheçam que estes comportamentos são contrários as Ordenanças apregoadas
por Jesus Cristo. Elas, provavelmente não o fazem, muitas vezes, por se acharem
indignas e improváveis de serem aceitas por Deus e de adquirirem o direito á
Salvação Eterna.
Por
certo, elas pensam que ao tomarem a decisão de aceitar um convite, para irem a
um culto numa igreja cristã ou evangélica, não serão bem acolhidas ou aceitas
por seus membros. Quero dizer-lhes com experiência própria, que há vinte anos
atrás, eu também pensava da mesma forma. Quero também ressaltar que, Eu e Todos
os membros duma comunidade cristã, inclusive a sua Liderança (qualquer que seja
a denominação), somos pecadores.
O
que nos distinguem das pessoas que ainda não tomaram esta decisão, ou seja, que
não se decidiram por Cristo e de tentar seguir as Sagradas Escrituras, é que
temos a plena convicção de que somos “imperfeitos” e pecadores; mas redimidos
por Aquele que desceu do seu Trono de Glória, se fez Homem (encarnou a natureza
humana), enfrentou todo tipo de oposição e sofrimento (homem algum o
suportaria) e voluntariou-se a tomar o nosso lugar e ser morto, recebendo uma
morte de Cruz[1].
Mateus 27:33-35,39-40,42-43. E, chagando ao
lugar chamado Gólgota, que significa Lugar da Caveira, deram-lhe a beber vinho
misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber. E, havendo-o
crucificado, repartiram as suas vestes, lançando sortes, para que se cumprisse
o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a
minha túnica lançaram sortes. (...). E os que passavam blasfemavam dele,
meneando a cabeça e dizendo:Tu, que destrói o templo e, em três dias, o
reedificas, salva-te a ti mesmo; se és o Filho de Deus, desce da cruz. (...).
Salvou os outros e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça,
agora da cruz, e creremos nele; confiou em Deus; livre-o agora, se o ama;
porque disse: Sou Filho de Deus.
Sabe
por qual motivo Ele fez isso? Podemos responder esta pergunta com respostas
simples e embasadas em sua própria Palavra: foi Ele quem nos criou (cf. Gênesis
1:26-31). Depois de nos ter criado, Ele nos
amou : “(...), e andai em amor, como também Cristo vos amou e se entregou a si
mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (Efésios 5:2).
E, ainda, para aniquilar o poder de Satanás sobre os que creem em Cristo (os
seus seguidores), para livrá-los do temor da morte.
1 Coríntios 15:54-57. E, quando isto que é corruptível se
revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da
imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a
morte na vitória. Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está ó inferno, a
tua vitória? Ora, o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo.
Quando
eles condenaram Jesus á morte e o crucificaram, achavam que O tinham derrotado
e de que os seus seguidores iriam desistir de continuar pregando as suas Boas
Novas. Ledo engano, pois a Sua morte na Cruz não foi uma derrota, pelo
contrário, foi uma tremenda vitória, pois: “Tragada foi a morte”. A partir
dela, Satanás não tem mais poder e nem pode mais escravizar aqueles que estão
em Cristo Jesus.
Lembre-se: o apóstolo Paulo, em sua Epístola
aos Romanos (Rm 8:1,5), afirmou que: “(...), agora, nenhuma condenação há para
os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o
espírito (...). Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da
carne (cedem aos prazeres do mundo, ao pecado); mas os que são segundo o
Espírito, para as coisas do Espírito (buscam por santidade e purificação)”.
1. Exemplos da Atitude de Duas Mulheres que Geraram Bons Frutos:
As
Escrituras Sagradas, desde o seu primeiro livro, o Gênesis (Cf. Gn 1:1—2:25), onde narra a
origem e o principio de todas as coisas, até o seu último livro, o Apocalipse,
onde registra e revela tudo o que irá acontecer no final dos tempos, apresenta
vários personagens que tomaram decisões sábias e importantes, produzindo
excelentes resultados.
Entretanto,
escolhemos destacar a atitude de duas mulheres, Rute e Raabe, pelo simples fato
de que as duas tinham comportamentos familiares e sociais totalmente distintos.
Mas, tanto uma como a outra, tomaram atitudes que vieram a agradar ao Senhor e,
como resultado, elas entraram para a genealogia de Jesus Cristo, o Filho de
Deus (o Messias prometido).
1.1 –
Raabe, a Meretriz Misericordiosa:
Registra a história, que esta cidade
era uma fortaleza e, aos olhos de seus habitantes e de outras nações, era imbatível. Não se sabe ao certo a data
precisa de sua construção, estima-se que se deu no ano 3000 a.C. pelos
Jebuseus. Eles eram uma das sete nações que habitavam a região de Canaã, antes
da conquista dos Israelitas. Depois mudaram seu nome para Jerusalém (Cf.
Gênesis 10:15-16 e Juízes 19:10).
Várias foram as tentativas de
destruirem suas muralhas, mas não era uma tarefa nada fácil, haja vista que o
seu comprimento era de aproximadamente 4018 metros, tinha entre 10 a 12 metros
de altura e 8,5 metros de largura. O
máximo que seus adversários conseguiram foi destruir algumas partes do muro. No
entanto, o povo as reconstruiram. Sua última
reconstrução ocorreu entre 1535 e 1538 d.C., quando Jerusalém fazia parte do
Império Otomano, segundo ordem de Solimão I. Sua muralha continha 34 torres de
vigia e 12 portas de entrada.
O Envio de Dois Espias a
Jericó
Josué 2:1. E
Josué, filho de Num, enviou secretamente, de Sitim, dois homens a espiar,
dizendo: Ide reconhecer a terra de Jericó. Foram, pois, e entraram na casa de
uma mulher prostituta, cujo nome era Raabe, e dormiram ali.
Algumas particularidades sobre esta
mulher merecem destaque. Ela era uma prostituta e recebia muitas pessoas em sua
casa. Seu nome em hebraico significa “insolência”. Penso que, por ser uma
meretriz, ela não tinha permissão para morar junto de outras mulheres na cidade
de Jericó. Ttalvez por isso, segundo o
registro Bíblico, sua casa estava situada sobre as muralhas da cidade (cf.
Josué 2:15).
Esta mulher tinha ouvido falar dos
feitos de Jeová e criou certo temor nela. Por isso, escondeu os dois espias
enviados por Josué em sua casa, livrando-os da morte. Os israelitas precisavam
se livrar desta cidade, haja vista que ela estava situada no Vale do Jordão, em
seu lado ocidental, próximo ao mar Morto, dando acesso a Planície de Judá.
Além de salvar os espias, ela os
orientou por qual caminho deveriam seguir sem serem pegos, inclusive mentiu para
os homens de sua própria cidade. Antes disso, ela propôs para eles uma aliança
ou um pacto, com o propósito de livrar-se da morte, como também a vida de seus
pais e de seus irmãos:
Josué 2:12. Agora, pois,
jurai-me, vos peço, pelo Senhor, que, como usei de misericórdia convosco, vós
também usareis de misericórdia para com a casa de meu pai, e dai-me um sinal
seguro. De que conservareis com a vida a meu pai, e a minha mãe, como também a
meus irmãos e a minhas irmãs, com tudo o que tem e de que livrareis as nossas
vidas da morte.
Raabe
tomou duas atitudes muito importantes para uma pessoa “improvável” de receber a
benção de Javé, pois era uma prostituta: a primeira, foi que ela cumpriu o
primeiro Mandamento do Senhor com promessa: “Honra a teu pai e a tua mãe, para
que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá” (Êxodos
20:12 e Efésios 6:2). A segunda, foi que
ela usou de misericórdia para com os espias, cumprindo mais uma das Ordenanças
do Senhor:
Mateus 5:1,7. E Jesus, vendo a
multidão, subiu ao monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus
discípulos. E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo: (...). Bem-aventurados
os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
Eles
pediram (parecido com uma ordem), para que ela sinalizasse sua casa colocando
um cordão de fio de escarlata (cor vermelha muito viva) á janela, por onde eles
fugiram e se salvaram. Com isso, ficaria fácil identificá-la para não trazer
mal algum para ás pessoas que estivessem dentro da casa, ou seja, ela, seus
pais e seus irmãos (Cf. Josué 2:18). O vermelho (o sangue) simboliza á vida
(neste caso, sua preservação).
Vale
registrar outro pedido, com o mesmo sentido duma ordem, muito semelhante, que
ocorreu no Egito, em sua parte oridental, na cidade de Gósen,onde o povo Hebreu
residia durante a sua escravidão, para que eles passagem o sangue de animais na
verga e ombreiras das portas de suas casas, pois, assim, o Anjo do Senhor, não
promoveria a morte de seus primogênitos.
Êxodo 8:22. E,
naquele dia, eu separarei a terra de Gósen, em que meu povo habita, a fim de
que nela não haja enxames de moscas, para que saibas que eu sou o Senhor no
meio desta terra. (...). 12:21-23.
Chamou, pois, Moisés a todos os anciãos de Israel e disse-lhes: Escolhei, e
tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a Páscoa (em hebraico =
passagem). Então, tomai um molho de hissopo, e molhai-o no sangue que estiver
na bacia, e lançai na verga da porta, e em ambas as ombreiras, do sangue que
estiver na bacia; porém nenhum de vós saia da porta da sua casa até á manhã.
Porque o Senhor passará para ferir aos egipcios, porém, quando vir o sangue na
verga da porta e em ambas as ombreiras, o Senhor passará aquela porta e não
deixará ao destruidor entrar em vossas casas para vos ferir.
Os
familiares de Raabe não poderiam sair de dentro da casa, caso o fizessem,
morreriam: “Será, pois, que qualquer que sair fora da porta da tua casa, o seu
sangue será sobre sua cabeça, e nós seremos inocentes” (Josué 2:18). Esta foi também
a determinação do Anjo do Senhor, com o povo Israelita em Gósen: “(...); porém,
nenhum de vós saia da porta da sua casa até á manhã” (Êxodo 12:22).
Nos
dois casos, houve uma obediência total as determinações dadas e, com isso,
várias vidas foram preservadas da morte.
Portanto, esta mulher e improvável meretriz, foi uma escolhida de
Deus. Ela, segundo escreveu o apóstolo
Tiago, deu um exemplo do exercício da fé que gerou boas obras (boas atitudes):
“Pela fé, Raabe, a meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os
espias” (Hebreus 11:31 e Tiago 2:25).
Ela
veio a casar-se com Salmom, um princípe de Judá, sendo integrada na genealogia
de Cristo: “E Salmom gerou de Raabe a Boaz, e Boaz gerou de Rute a Obede, e
Obede gerou a Jessé. Jessé gerou ao rei Davi, e o rei Davi gerou a Salomão da
que foi mulher de Urias” (cf. Mateus 1:5-15).
1.2
– Rute, a Viúva de Amor
Fraternal:
Ela
era uma jovem e bela mulher que residia na região de Moabe. Entretanto, uma
família de Belém de Judá (israelitas), composta de quatro pessoas, o marido se
chamava Elimeleque, sua esposa Noemi e seus dois filhos Malom e Quiliom, devido
a escassez de alimentos e a grande fome que assolou sua cidade, resolveram
peregrinar pelos campos de Moabe (cf. Rute 1:2).
A
narrativa do livro, não registra o tempo em que se estabeleceram alí, até que o
seu provedor viesse a morrer – Elimeleque. Após isso, Noemi, uma fiel seguidora
do Senhor, experimentou grandes adversidades: sem seu marido, com dois filhos e
em terra estrangeira. Seus dois filhos tomaram mulheres moabitas para si, sendo
que o nome de uma era Orfa, e o nome da outra Rute.
Depois
dessa nova composição familiar, eles permaneceram ali por um período aproximado
de dez anos. Mas, novamente esta familia de Israelita, sofreu um grande baque; Malom
e Quiliom também morreram. Noemi estava
desamparada de seu marido e de seus dois filhos. Agora, a composição familiar
se dava por três mulheres viúvas numa terra estrangeira, passando por imensas
dificuldades.
Rute 1:4-6. E morreram também ambos, Malom e
Quiliom, ficando assim esta mulher desamparada de seus filhos e de seu marido.
Noemi,
a mais velha das três, decide voltar para sua terra natal – Belém de Judá,
liberando suas duas noras para que voltassem para a casa de seus pais. Orfa,
sem pestanejar, deu um beijo nela despediu-se de Rute e partiu. Mas, Rute se
afeiçoou por sua sogra (cf. Rute 1:14) e, por compaixão, diante de sua
fragilidade (viúva, idosa e sozinha), tomou a atitude de não abandoná-la
jamais.
Rute 1:11-13. Porém Noemi disse:
Tornai, minhas filhas, por que iríeis comigo? Tenho eu ainda no meu ventre mais
filhos, para que vos fossem por maridos? Tornai, filhas minhas, ide-vos embora,
que já mui velha sou para ter marido; ainda quando eu dissesse: Tenho
esperança, ou ainda que esta noite tivesse marido, e ainda tivesse filhos, espera-los-íeis até que viessem a ser
grandes? Deter-vos-íes por eles, sem tomardes maridos? Não, filhas minhas, que
mais amargo é a mim, que a vós mesmas (...).
Rute
resistiu a insistência de sua sogra, mesmo quando ela usou o argumento para que
fizesse o mesmo que Orfa. Sua nora lhe disse: “Não me instes para que te deixe
e me afaste de ti; porque, aonde quer que tu fores, irei eu e, onde quer que
pousares á noite, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu
Deus”. Ela disse mais coisas importantes
para Noemi: “Onde quer que morreres, morrerei eu e ali serei sepultada; me faça
assim o Senhor e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de
ti” (Rute 1:16-17).
Se
faz necessário extrairmos algumas falas importantíssimas de Rute, haja vista
que estão embasadas em ensinamentos do Senhor para os seus seguidores. A
primeira delas, se refere a questão do altruísmo de Rute para com a sua sogra,
pois esta atitude não é muito comum em nossos dias. Ela estava cumprindo um
Mandamento que é direcionado para os familiares biológicos (e este não era o
seu caso com Noemi), que diz assim: “Se
alguém não cuida dos seus e especialmente dos de sua família, tem negado a fé e
é pior que um incrédulo” (1 Timóteo 5:8).
Na
verdade, ocorre o contrário, o mais comum é haver uma disputa entre Sogra e
Nora pelo Filho/Marido. Noutras
palavras, a mãe, por medo de perder o amor ou o controle sobre o filho, inicia
uma intriga e conflito com a Nora. Esta, em contrapartida, começa a disputar o
“poder” sobre o marido, muitas vezes, utilizando-se de estratégias terríveis (igual
a sogra), podendo resultar em danos irreparáveis ao relacionamento (inimizades,
separação, divórcio etc.).
A
segunda fala, nós a encontramos mais relacionada a uma postura ou atitude que
deva ser tomada, primeiramente pelo homem: “Portanto, deixará o varão (o homem)
o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á (afeiçoar-se-á) á sua mulher; e serão ambos
uma carne” (Gênesis 2:24 e Mateus 19:5-6). Este texto nos remete a “ruptura”
que deve ocorrer com realização do casamento, acerca de cortar o “cordão
umbilical” dos pais, pois tem muitas pessoas que se casam, mas continuam sendo
totalmente “dominados” ou “influenciados” por seus pais.
Eles
se esquecem de que agora é a vez de constituirem a sua própria família, a sua
própria Casa. Não estamos afirmando que devemos abandonar nossos pais, nunca e jamais! Podemos ouvi-los e dar total atenção as suas
orientações e sugestões, como também cuidar de sua saúde, devido a sua idade
avançada. Mas, precisamos (marido e
esposa) tocar a nossa própria vida. E,
juntos, tomarmos nossas próprias atitudes e decisões. Tem outra coisa que me
veio á memória: vemos diariamente, a pessoa da Sogra sendo alvo de muitas
piadas e até colocações de cunho pejorativo. Rute não, tratou Noemi com muita
generosidade e amor e, talvez, colocou-se como se fosse sua própria filha.
A terceira e útima colocação, ainda está
relacionada ao matrimônio. Em todas as falas durante a realização da cerimônia
dum casamento; ouvimos uma em especial, em que o celebrante diz assim: “(...): até
que a morte os separe”. Rute, mais
uma vez cumpriu literalmente a esta fala, mas totalmente de forma contrária, a
princípio, a Palavra de Deus; explico: pela Lei do Senhor, o homem ou a mulher
estão comprometidos a se manterem fielmente unidos por este contrato, chamado casamento
(religioso e civil), enquanto ambos estiverem vivo. Caso um dos dois venha a
óbito, ficam livres e desobrigados dele, podendo, inclusive se casarem novamente.
1
Coríntios 7:8-10,39.
Digo, porém aos solteiros e as viúvas (Rute), que lhes é bom se ficarem como eu
(Paulo). Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que
abrasar-se (arder em desesejo), Todavia, aos casados, mando, não eu, mas o
Senhor, que a mulher se não aparte do marido (ou ele da mulher). Se, porém, se
apartar, que fique sem se casar ou que se reconcilie com o marido; e que o
marido não deixe a mulher. (...). A mulher casada está ligada pela lei totdo o
tempo em que o seu marido vive; mas, se falecer o seu marido (o caso de Rute),
fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor.
Mesmo
com a morte de seu marido, ela não casou-se de imediato, deixando sua sogra
sozinha em uma terra estranha. Ela permaneceu em sua companhia naquela cidade
até que Noemi decidiu voltar para sua terra natal. Resistiu a insistência dela
para que fosse para casa de seus pais (nas campinas de Moabe). Sua sogra lhe
disse: “(...): Eis que sua cunhada (Orfa) voltou ao seu povo e aos seus deuses;
volta tu também após a tua cunhada” (Rt 1:15).
Em
outras palavras, ela disse: Rute siga o exemplo de Orfa e volta para a casa de
seus pais! Nas minhas palavras, Rute respondeu assim: Noemi, tem mais de dez
anos que estou contigo, já passamos por bons momentos e grandes adversidades,
portanto, agora eu sou sua única família e não vou te deixar jamais, a não que
eu morra (cf. Rt 1:16-17)
Deus
se agradou tanto da atitude tomada por Rute, que deu-lhe um excelente casamento
na terra natal de Noemi – Belém de Judá (ou Efrata[2]),
mesmo sendo “improvável” que ela seria abençoada naquele lugar, haja vista que
era viúva e estrangeira.
Vamos
tentar resumir a história de Rute, que pode ser lida no livro que recebeu o seu
próprio Nome. Inicia-se de forma muito triste, pois a cidade onde moravam a
família de seu futuro marido,passam por período se muita fome e dificuldade em
Belém de Judá, resolvendo ir para as campinas de Moabe.
Pouco
tempo depois, vem a óbito o patriarca da casa – Elimeleque. Mais um pouco de
tempo, seus filhos casam-se: Quiliom com Orfa e Malom com Rute. Ambos os
maridos morrem. Assim, agora a família se compõem de três mulheres viúvas (cf.
Rt 1:1-5).
Depois,
Orfa volta para casa de seus pais e Rute fica com sua Sogra. Noemi decide
voltar para Efrata, sua terra natal, mas Rute segue com ela: “Assim, Noemi
voltou, e com ela, Rute, a Moabita, sua nora, que voltava dos campos de Moabe;
e chegaram a Belém no princípio da cega” (Rt 1:22) .
Nesta
cidade, seguindo cabalmente os conselhos de sua sogra, Rute saiu a apanhar espigas
no campo de Boaz, um parente remidor[3]
de Noemi. A sua conduta adotada por ela em relação a sua sogra, espalhou-se por
toda a cidade de Belém, inclusive aos ouvidos de Boaz. A narrativa registra de
que ela era muito bonita e recatada.
Rute
2:8,10-12.
Então, disse Boaz a Rute: Não ouves, minha filha? Não vás colher a outro campo,
nem tampouco passes daqui; porém aqui te ajuntarás com as minhas moças. (...),
Então, ela caiu sobre o teu rosto, e se inclinou á terra, e disse-lhe: Por que
achei graça em teus olhos, para que faças caso de mim (uma mulher improvável de
receber graça de alguém), sendo eu uma mulher estrangeira? (...) e disse-lhe:
Bem se me contou quanto fizeste a sua sogra, depois da morte de seu marido, e
deixaste a teu pai, e a tua mãe, e a terra onde nasceste, e vieste para um povo
que, dantes, não conhecestes. O Senhor galardoe o teu feito (a tua atitude), e
seja cumprido o teu galardão do Senhor, Deus de Israel, sob cujas asas te
vieste abrigar.
No
início do diálogo de Boaz com Rute, ele a chama de minha filha. Logo, podemos
afirmar de que ele era bem mais velho do que ela (cf. 3:7-9). Na propria
narrativa, esta afirmativa se confirma, inclusive é mais uma atitude tomada por
ela em que fica admirado: “E disse ele: Bendita sejas tu do Senhor, minha
filha, melhor fizeste esta tua última beneficência do que a primeira, pois após
nenhuns jovens foste, quer pobres quer ricos” (Rt 3:10).
A
conduta e o comportamento idôneo de Rute, despertou a tenção de muitas pessoas,
tanto em sua cidade natal, Moabe, quando
estava casada e, também depois de se tornar viúva, com a morte de seu marido. As duas viúvas ainda permaneceram lá por um
periodo de tempo. Sua fama se espalhou e chegou também em Belém de Judá,
estando acompanhada de Noemi, pessoa muito conhecida na região, pois era
natural desta cidade.
Quando
Boaz chegou ao campo para fazer uma averiguação de como estava a sega, de
pronto, observou uma jovem e bela mulher apanhando espigas. E logo perguntou ao
responsável pelos trabalhadores: “(...) de quem é esta moça?” (cf. Rt.
2:5). E ele logo lhe respondeu: “(...):
Esta é a moça moabita que voltou com Noemi dos campos de Moabe” (Rt 2:6).
Outras
atitudes tomadas por ela, agora próximo de Boaz, o parente remidor, confirmaram
ainda mais acerca de seu bom comportamento, o que lhe agradou muitíssimo. Mas gostaríamos
de enfatizar acerca da disposição de Rute em “meter a mão no arado”, noutras
palavras, sem nenhuma vaidade, pudor e egoísmo, ficou o dia todo rebuscando
espigas, para ela, mas também para sua sogra.
Rute
2:7,17. (...). Assim, ela veio e, desde pela manhã, está aqui até agora, a não
ser um pouco que esteve sentada em casa (beber água e descansar). (...). E
esteve ela apanhando naquele campo até a tarde e, debulhou o que apanhou, e foi
quase uma efa de cevada. E tornou á cidade; vendo sua sogra o que tinha
apanhado; também tirou e deu-lhe o que lhe sobejara depois de fartar-se.
Boaz
ficou sabendo que era o remidor de Rute, mas que havia outro parente mais
proximo do que ele. Por ter gostado muito dela, marcou um encontro com ele e
levou testemunhas. Explicou-lhe a história de Noemi (e Rute), colocando-o a par
que tinha a precedencia sobre ele para resgata-la. Entretanto, ele não teve
interesse, principalmente, quando Boaz lhe informou que, em se tornando o seu
remidor, ela passaria a ter direitos a herança (cf. Rute 4:1-6).
Noemi, quando foi avistada com Rute, de
retorno a sua cidade natal, ouviu as mulheres gritarem por seu nome, mas pediu
que gostaria que a chamassem de Mara, que no idioma hebraico significa “amarga
ou amargoso”, pois havia partido cheia (marido e dois filhos), mas voltou vazia
(sem o marido, os filhos e posses).
4:13-15.
Assim tomou Boaz a Rute, e ela lhe foi por mulher; e ele entrou a ela, e o
Senhor lhe deu conceição (engravidou), e ela teve um filho. Então, as mulheres
disseram a Noemi: Bendito seja o Senhor, que nao deixou de te dar remidor, e
seja o seu nome afamado em Israel. Ele te será recriador da alma e conservará a
tua velhice; pois tua nora, que te ama, o teve (Obede), e ela te é melhor do
que sete filhos.
Sua
Nora, com a realização de seu matrimônio
com Boaz, devido a sua beleza e jovialidade, mas, principalmente, por suas
atitudes comportamentais (mulher virtuosa – cf. Provérbios 31:10), resgatou a reputação,
autoestima e dignidade de sua Sogra. Rute, igualmente a prostituta Raabe, outra
mulher improvável de receber bençãos da parte do Senhor, acabou fazendo parte
da genealogia de Cristo, haja vista que seu filho, Obede, se casou e foi o pai
de Jessé, o belamita, que foi pai de Davi (cf. Mateus 1:5-6).
Conclusão
Amigos,
irmãos e leitores, como disse anteriormente, há pouco mais de vinte anos, eu
fazia parte do rol de pessoas que se achavam “indignas” e “improváveis” de
serem amadas e de receberem um olhar de misericórdia, como Raabe e Rute.
Somente pensava que me tratariam com desdém e com olhares acusatórios. Deus
usou uma jovem e linda adolescente (á época), recatada e de comportamentos
ilibados, despertando minha atenção (igual a Boaz).
O
detalhe importante é que eu estava dentro dum bar com vários “amigos”, tomando
todas e mais algumas. No outro dia, fiz literalmente igual a Boaz, fui até uns
amigos que a conheciam, procurando saber tudo sobre ela. Depois disso, me aproximei e mantive contato direto com ela
(intermediado por eles), ficamos próximos e, no dia 05 do mês corrente (depois
de amanhã), estaremos completando 22 anos de casamento e 25 de namoro.
Estamos
hoje, Eu, Ligia, Carlos Eduardo e Elisa (e muitos outros cristãos), buscando
caminhar nos passos de/com Cristo. Tentando a todo custo resistir as tentações
do mundo, para nos manter puro e em santidade (separado). Estamos igualzinho
aos personagens da narrativa: numa terra estrangeira e temporária, como forasteiros
e peregrinos: “Todos estes (os heróis da fé) morreram na fé, sem terem recebido
as promessas, mas, vendo-as de longe (esperança), e crendo nelas (exerci tando sua
fé), e abraçando-as, confessaram que
eram estrangeiros e peregrinos na terra” (Hebreus 11:13).
Estava
meditando na Palavra do Senhor, quando fui despertado para “cavucar” mais acerca
da passagem do Livro de Josué, capítulo 2, que narra acerca da vida da
prostituta Raabe. E, enquanto estudava sobre sua vida, novamente fui despertado
pelo Senhor, para a pessoa de Rute. Acredito que podemos dizer que recebí o Rhema de
Deus –o seu significado básico é “Palavra”. Querendo usá-la com maior
profundidade – pode-se dizer “uma Palavra dita ou revelada pelo Senhor”.
Assim
Ele me revelou que, embora fossem mulheres de povos e culturas distintas, com
comportamentos sociais opostos, mas, as
duas tomaram atitudes que transformaram suas vidas, ao ponto de fazerem parte da
genealogia de Jesus Cristo – o Messias prometido pelos profetas do Antigo
Testamento.
Portanto, caso você ainda faça parte do time dos
“improváveis”, como eu era, saiba que Jesus Cristo te vê e está de braços
abertos te esperando. E, digo mais, os Seus ouvidos estão atentos e desejoso de ouvir a sua voz, clamando para
vir para o Seu Time! (cf. Isaías 59:1). E, Lembre-se: Ele nos amou
primeiro e quer também cuidar bem de você. Amém!
[1] Morte de Cruz. A sentença proferida
como sendo por crucificação, era aplicada
para os piores criminosos e malfeitores daquela época.
[2] Efrata.
Era o nome antigo da cidade de Belém de Judá. Uma terra á epoca muito fértil.
[3] Remidor.
Pessoa mais próxima em grau de parentesco, com a prerrogativa de se casar com a
viúva (resgatar) e de adquirir bens e posses, entre outeras coisas, para não passar
para pessoas estranhas.
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