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quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

A IMPORTÂNCIA DE SE PRESERVAR CERTAS TRADIÇÕES!

 

Introdução

 Muitas tradições que são preservadas e praticadas por muitos povos há séculos, não passam de meras atitudes cotidianas, isto é, tornou-se algo comum e rotineiro em nossos dias, não há quase nenhum significado e importância mais, com o propósito para o qual foram instituídas.

E o que é tradição? Pode-se definir esta palavra como sendo o ensinamento que se passa de pai para filho. Ou, ainda, uma comunicação oral de fatos, lendas, ritos, hábitos, crenças, usos e costumes, etc. que se passa de geração para geração. São estas tradições que costuma nos definir como pessoas.

 Poderia citar vários exemplos para nossa meditação e reflexão, mas, quero me ater, principalmente, numa em que é muito próxima da população capixaba (Estado do Espírito Santo),  a Romaria[1] dos homens e das mulheres. Falo isso com muita propriedade, pois antes de minha conversão ao Cristianismo, participei de muitas delas.

No entanto, quero enfatizar, que muitas pessoas que ainda participam desse evento, continuam com o mesmo propósito original de sua criação, ou seja, demonstrar total devoção e gratidão por algo que lhe foi concedido.

Entretanto, como eu (no passado), muitos são os que participam sem qualquer vínculo ao verdadeiro objetivo de sua realização. Preparam-se para irem ao evento, comprando muita bebida alcoólica e cigarros para consumirem durante a peregrinação (ou em parte dela). Outros vão, para “azarar[2]” ou tentar “fisgar” um peixe, isto é, conseguir uma aventura amorosa.

Nosso objetivo ao preparar esta Mensagem, não é de realçar tradições que foram criadas e preservadas por meros homens mortais (falhos e imperfeitos). Mas, apresentar uma das tradições do povo de Deus do passado (Hebreus ou Israelitas), que se traduzia em se reunirem habitualmente, para juntos, adorarem ao seu Senhor e Salvador, para cear (alimentar-se) ou celebrar alguma vitória ou conquista.

 Êxodo 25:1. Então, falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada.

 O texto em destaque faz referência a uma convocação da parte do Senhor, pedindo para que Moisés reunisse seu povo e lhe trouxessem ofertas voluntárias para construírem o Tabernáculo e, assim, poderem, como seus seguidores (povo ou família) apresentar sua adoração. Sendo assim, ao ler toda a Sagrada Escritura, você verá esta tradição sendo realizada pelos Israelitas.

Queremos centralizar nesta abordagem o ato de que as famílias atuais, inclusive os evangélicos (protestantes ou cristãos), quase não se reúnem mais à mesa para fazerem suas refeições diárias. Parece que essa tradição, com o tempo, foi sendo deixada de lado por muitas pessoas. A realização dessa reunião familiar pode trazer muitos benefícios para seus componentes ou, em caso da não realização, muitos problemas de ordens pessoais, sociais e espirituais.

Nesse sentido, apresentaremos resultados de uma pesquisa e observações a respeito desse ato tão simples, mas que pode apresentar resultados maravilhosos aos seus praticantes.

O contrário também é verdadeiro, isto é, diversos problemas para às pessoas que não mais o valorizam e, muito menos, se reúnem familiarmente para conversarem sobre todo e qualquer tipo de assunto.

Desenvolvimento 

            Vale lembrar que o alerta que será feita no transcorrer desta mensagem, alcança também todos os pais de famílias e não somente os seguidores de Cristo. Foi feita uma pesquisa recentemente na Inglaterra, sendo constatado que em 25% (vinte e cinco por cento) das residências do País não existem mais mesa de jantar.  Foi constatado também, que no Brasil 40% (quarenta por cento) das famílias não se sentam mais a mesa para alimentar-se.  Apresentou ainda a pesquisa que, 70% (setenta por cento) da população brasileira alimentam-se em frente do aparelho de televisão ou dum computador.

         O Salmo 128 foi escolhido (Pr. Josué Gonçalves) para nossa meditação, por abordar o assunto e nos trazer grande aprendizado, advertindo-nos para que voltemos a realizar essa tradição que era praticada no passado pelo povo Hebreu, no Antigo Testamento, e ordenada pelo próprio Deus a Moisés.

      Levítico 23:33-34. E falou o Senhor a Moisés, dizendo: Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias deste mês sétimo, será a Festa dos Tabernáculos ao Senhor por sete dias. Ao primeiro dia, haverá santa convocação, nenhuma obra servil fareis.

    O povo hebreu (ou judeu) costumava realizar várias festas anuais, mas o texto em destaque faz referência a uma das três grandes festas realizadas no transcorrer do ano – a Festa dos Tabernáculos; as outras duas são: a Festa da Páscoa (Levítico 23:4-8) e a Festa das Primícias (Levítico 23:9-14).  Era assim chamada, tendo em vista que durante sua realização, o povo deixava suas casas e morava temporariamente em tendas ou cabanas.

Isto era feito para lembrar-se do ato bondoso de Deus para com eles durante os quarenta anos no deserto, sem habitação permanente. E neste Salmo, a ênfase a ser dada por nós, embasado na Palavra de Deus, é sobre a convocação das famílias para resgatarem o bom hábito (tradição) de sentar-se à mesa durante as refeições diárias, com o propósito maior de propagarmos as bênçãos do Senhor sobre nós e nossa família.

     Salmo 128:3. A tua mulher será como videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa. 

   Gostaria de detalhar alguns trechos deste versículo, para que possamos ser edificados pelo Senhor, e crescermos mais no conhecimento da Palavra de Deus.

     Verso3: A tua Mulher (...).

       Durante o transcorrer da história da humanidade, viu-se por bom tempo, que a mulher não tinha valor algum em algumas civilizações primitivas, algo muito parecido com o comportamento que se adotava aos servos (escravos).  

Entretanto, nas narrativas Bíblicas, observamos que exerciam papel fundamental na constituição familiar e no trabalho de implantação das igrejas, principalmente porque hospedavam os primeiros Cristãos (missionários) e realizavam cultos em suas casas. O profeta Eliseu ganhou até um quarto, com cama e uma mesa para meditar na Palavra de Deus. Tudo isso, por iniciativa de uma mulher que viu nele o Espírito Santo de Deus, e seu marido construiu a edificação.  Além de suas obrigações conjugais, era ela quem cuidava de todos os afazeres domésticos e administrativos da casa, como também da instrução e educação dos filhos.  

Pelos idos dos anos 60, a mulher começa a ingressar no mercado de trabalho, ou seja, a concorrer com os homens por uma vaga de trabalho. Assim, passou a se ausentar por longo período de tempo de sua casa e de seus filhos, deixando aquelas tarefas para outras pessoas. Com isso, entre outras coisas, começou a surgir alguns problemas de ordens familiares e conjugal: “Toda mulher sábia edifica sua casa, mas a tola derriba-a com suas mãos” (Provérbios 14:1). 

     (...) será como videira frutífera.

    A videira (vitis vinifera) pertence à família das vitáceas, provavelmente derivada de uma subespécie silvestre nativa do Mediterrâneo, de folhas alternas, munida de gavinhas, flores aromáticas esverdeadas e frutos bacáceos[3] comestíveis (a uva), ricos em açúcar, que fermentados dão o vinho. Apresenta inúmeras variedades e é amplamente cultivada.

    Este arbusto sarmentoso e seu fruto, era largamente cultivado no Egito: “Então, contou o copeiro-mor o seu sonho a José e disse-lhe: Eis que em meu sonho havia uma vide diante da minha face” (Gênesis 40:9).

    José estava preso no cárcere quando interpretou este e, também, o sonho do padeiro-mor. Ambos os sonhos aconteceram conforme a interpretação dada por ele. Em linguagem figurada, toda a nação de Israel foi comparada a uma videira trazida do Egito (Salmo 80:8).

   (...) aos lados da tua casa.

   Vimos que o Salmista faz uma comparação da mulher com a videira, deixando para nós de forma bem clara, a importância que tem em seu desempenho a tudo que se refere à sua família. Nesta parte do versículo 3, pode-se interpretar também, que a ela era confiado por em ordem a sua casa: “Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubis” (Provérbios 31:10). 

  Atribui-se também a ela e seu marido, a vigilância e proteção de sua prole. Portanto, todos os componentes da família, devem participar e ajudar para que este ambiente seja harmonioso e se torne o melhor lugar do mundo.

  (...) os teus filhos,  

  O Salmista deixou uma advertência para nós sobre nossos descendentes, ao dizer que: “Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão” (Salmo 127:3). Portanto, eles são um presente dado por Deus a nós, por isso, precisamos cuidar bem deles e ensiná-los a seguir o caminho do bem.

   Provérbios 22:6. Instrui o menino no caminho em que deve andar; e, até quando envelhecer, não se desviará dele.

  O Psicanalista renomado – Sigmund Freud, ficou muito conhecido por seus estudos sobre a mente e o comportamento humano, principalmente quando afirmou que: “tudo que ensinarmos as nossas crianças na primeira infância (de 0 a 5 anos), elas irão levar até sua morte”.

   Não sei se ele teve acesso as Escrituras Sagradas, pois Deus já havia inspirado homens ungidos (escritores), para afirmar muito tempo antes, a mesma coisa. Conforme descrito no texto do Livro de Provérbios acima.

   (...) como plantas de oliveiras. 

   A oliveira é uma das árvores mais impressionantes da terra. Não estamos familiarizados com elas porque o Brasil não é seu habitat. Entretanto, para o povo da Bíblia, ela foi e ainda é a árvore mais importante de todas as árvores, haja vista por ser uma fonte de alimento, luz, higiene e cura. 

Os seus frutos são comestíveis e, também, deles se extraem o óleo que sempre teve um papel importante na vida cotidiana de Israel. “Por quase 8.000 anos, azeitonas têm sido um alimento básico do Mediterrâneo e o azeite tem sido usado para cozinhar, para iluminar e como combustível”.

     Êxodo 27:20. Tu, pois, ordenarás aos filhos de Israel que te tragam azeite puro de oliveiras, batido, para o candeeiro, para manter a lâmpada acesa continuamente.

     Essa também deve ser a nossa obrigação a passar aos nossos filhos, para que iluminem continuamente o ambiente em que estiverem e o caminho por onde andarem, como sendo um verdadeiro candeeiro, isto é, como Filhos da Luz (de Deus).

 (...) à roda da tua mesa.

    Uma coisa que preciso enfatizar para você que é Pai (e Mãe), deve-se ao fato de valorizar a mesa de refeições em sua casa, como sendo um lugar aprazível, de reunião e de encontro. Iremos a seguir, apresentar bons resultados pela prática desta tradição:

 1. Benefícios ao reunirmos a família à mesa para alimentarmos.

    a) Há maior satisfação conjugal: a pesquisa feita, constatou que as famílias que preservam este hábito em suas casas, tem uma vida conjugal mais equilibrada.

 b) Maior senso de responsabilidade nos filhos: eles observam o comportamento de seus pais e tendem a reproduzi-los posteriormente.

 c) Os filhos alimentam-se melhores: melhora em muito a satisfação alimentar, promovendo também, maior felicidade aos filhos.

 d) Aumenta-se significativamente a comunhão familiar: por estar esse tempo juntos, promove maior aproximação e intimidade, surgindo assuntos de diversos temas durante as refeições.

 2. Por que o nosso maior adversário, tem tanto interesse em tirar a família da mesa?  

   Pelo significado e importância que representa esta reunião familiar diariamente. E, também, porque à Mesa é um lugar de:

  a)  Comunhão: O Salmista expressa e retrata bem sobre isso, quando nos diz: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em comunhão” (Salmo 133:1). 

 b)  Celebração: Podemos ver bem isso, na narrativa sobre o Filho Pródigo. Seu pai, ao avistá-lo, correu ao seu encontro e o beijou. E logo em seguida, deu ordem aos seus servos para que preparassem uma Festa (celebração).

    Lucas 15:22-23. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés, e trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos.

 c)  Oração:  Nesse momento de reunião familiar, pode ser realizado o Culto Doméstico. E, antes de nos alimentarmos, podemos apresentar nossa gratidão a Deus pelo envio dos alimentos diários.

 d)  Conexão (União):  No Livro de apocalipse, tem uma mensagem que retrata muito bem sobre este tema: “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele comigo” (Apocalipse 3:30).

 e) Ensino e Instrução (Pedagógico): Durante as refeições diárias, os filhos podem aproveitar para  tirar alguma dúvida sobre algum assunto ou os pais podem falar da Palavra de Deus a eles, semeando desde pequeno este valioso ensino que promove vida eterna.

   Deuteronômio 11:18-19.  Pondo, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, (...). E ensinai-as as vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te, e levantando-te.

  Este texto de Deuteronômio estava trazendo um ensinamento sobre a obediência que deveria ser praticada pelo povo Hebreu, sendo que ela traria ricas bênçãos da parte do Senhor para aqueles que a ouvissem e a colocassem em prática. E esta instrução também nos alcança hoje.

 f) Reverência. Costumo dizer em casa quando estamos reunidos para nos alimentarmos, que esse momento é “sagrado”, isto é, um momento de respeito e de silêncio. Um bom momento para nossa reflexão.

 Conclusão   

    Por onde Jesus andava, uma grande multidão O seguia. Podemos afirmar, com base nas Escrituras Sagradas, que Ele gostava de estar reunido com várias pessoas. Ele havia escolhido doze homens para estarem o tempo todo com Ele (Mateus 10:1-13). E, em várias narrativas, estava cercado de inúmeras pessoas. Numa delas, Jesus havia se retirado de barco para um lugar deserto, mas, quando a multidão ficou sabendo para onde ia, seguiu para lá a pé. Ele, em lá chegando, notou que o povo já o esperava.

   Mateus 14: 14,19. E, Jesus saindo, viu uma grande multidão e, possuído de intima compaixão (...), curou os seus enfermos. (...). E ele disse: Trazei-mos aqui. Tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a erva, tomou os cinco pães e os dois peixes, e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou, e, partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos, à multidão.

   Os discípulos queriam que Jesus mandasse as pessoas embora, mas Ele, movido de íntima compaixão, pediu para os reunirem, pois queria estar com eles. O texto acima retrata um dos milagres realizados por Jesus: a primeira multiplicação dos pães e peixes, alimentando aproximadamente cinco mil pessoas. 

  Meus amigos e amados irmãos em Cristo, precisamos voltar e resgatar esta tradição amplamente propagada por nosso Mestre, pois vemos nas Escrituras que o único momento em que Ele gostava de estar sozinho, era quando queria ter seu momento em particular com o Pai Celestial – para Orar. É necessário profetizarmos igualmente o Salmista afirmou no Salmo 112:2: “A sua descendência (a minha família e a sua) será poderosa na terra, a geração dos justos (a nossa geração) será abençoada”. Amém!

 



[1] Romaria. Viagem ou peregrinação religiosa que se faz a um santuário. 2. Peregrinação que se faz por devoção.

[2] Azarar. Demonstrar interesse amoroso por alguém. 2. Arrastar asa para alguém.

[3] Bacáceos. Diz-se dos frutos semelhantes às bagas. 2. Da natureza da baga ou semelhante a baga.

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