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sábado, 11 de agosto de 2018

A IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA CORRETIVA



Introdução:

Temos acompanhado em nossos dias, em que as pesquisas e os estudos sociológicos tem confirmado,  que um dos grandes problemas do aumento da delinquência juvenil, deve-se ao fato de que esses jovens não foram ensinados por seus pais acerca dos limites comportamentais. Para piorar ainda mais a situação, quando a criança e/ou pré-adolescente, comete alguma conduta inapropriada ou não permitida, não recebem nenhum tipo de advertência ou correção por parte de seus pais.
Com isso, eles passam a interiorizar e a pensar de que essas condutas são tidas como normais, mas não deveria ser assim.  Num desses estudos, os pesquisadores  asseguram que se você quiser criar um delinquente, entre dez aspectos elencados pela pesquisa, basta “nunca dizer não” para seu filho. Assim, ele sempre vai pensar que as pessoas devem dar o que ele quer, sem que tenha de fazer nenhum esforço para consegui-lo.
Nós, pela nossa faixa etária e experiência, sabemos que a vida não é bem assim! No entanto, quando nos voltamos para a vida cristã, eclesiástica ou religiosa, devemos ter o mesmo pensamento e fazer a mesma aplicação. Para isso, escolhemos o texto que está registrado na Primeira Carta aos Corintos 5:1-5:

1 Coríntios 5:1-5. Geralmente, se ouve que há entre vós fornicação e fornicação[1] tal, qual nem ainda entre os gentios (ímpios ou pagãos), como é haver quem abuse da mulher de seu pai. Estais inchados e nem ao menos vos entristecestes, por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação. Eu, na verdade, ainda que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato praticou, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meu espírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo, seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus (acréscimo nosso).

Fazendo uma interpretação de forma superficial e rasa do texto em destaque, você pode pensar que o que é recomendado a ser feito ao violador (o pecador) da Lei Divina pelo apóstolo Paulo, pode parecer um tanto quanto rigoroso. Por isso, vamos detalhar melhor a narrativa para tentarmos atingir o propósito da escrita deste artigo.

Desenvolvimento:

            Esta Epístola foi direcionada a igreja que estava situada na cidade de Corinto, cuja localização geográfica trazia grande relevância à época. Durante a hegemonia do Império Romano, esta cidade, juntamente com as cidades de Roma, Éfeso e de Antioquia, era a mais importante da Grécia. Ela ficava num istmo, ou seja, uma faixa de terra que une uma península a um continente, colocando-a numa posição estratégica, tornando-se maior, mais opulenta e importante da Grécia. Além disso, possuía dois portos excelentes, onde passavam o comercio do/para o mundo.
            Nesta cidade, havia muita licenciosidade e luxúria por parte da população local. Nela, entre outros deuses (Apolo, Zeus, etc.), cultuava-se a deusa romana Vênus, onde seus rituais eram totalmente depravados e vergonhosos. Em lá chegando, o apóstolo Paulo permaneceu por um período de aproximadamente 18 meses, pregando a Palavra de Deus e disputando na Sinagoga.

Atos 18:1-4. Depois disto, partiu Paulo de Atenas e chegou a Corinto. (...). E todo o sábado disputava na sinagoga (igreja judaica) e convencia a judeus e gregos. (...). E ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus (acréscimo nosso).

Durante o tempo de sua permanência, muitas pessoas creram nas palavras que o Senhor colocava na boca do Apóstolo, representando ser fielmente o Embaixador de Cristo (cf. 2 Coríntios 5:20). E entre elas, estavam pessoas de posições sociais e religiosas importantes da sociedade (formadores de opinião): “E Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; também muitos dos corintos, ouvindo-o, creram e foram batizados” (Atos 18:8).
Passado algum tempo depois de sua partida, Paulo, embora distante da cidade e da igreja de Corinto, ficou sabendo de alguns pecados que estavam sendo cometidos no seio da igreja, isto é, praticados por seus membros. O que mais lhe chamou a atenção e perplexidade, foi em relação ao pecado de fornicação, mas não aquela comum que era praticada pelo povo (principalmente o ímpio), mas a que o seu violador era o filho que estava mantendo relações sexuais com a esposa de seu pai.
Neste caso, provavelmente a sua madrasta. E, segundo a fala do próprio apóstolo, pecado este, que nem o pior ímpio daquela cidade costumava praticar: “(...) e fornicação tal, qual nem ainda entre os gentios ...” (Atos 5:1b). Se esse fato chegou ao conhecimento do apóstolo Paulo, que estava “ausente no corpo (da cidade)” bem distante. Podemos concluir que não somente a liderança da igreja sabia do fato, como também os demais membros da igreja e, ainda pior, alguns ímpios. Conclui-se que eles estavam tolerando a imoralidade sexual em seu meio, agravando ainda mais o pecado cometido.
Tem um dito popular muito antigo, mas que na semana passada, ouvi na fala de uma atriz de televisão, que diz assim: “é preciso retirar a maça podre do meio das outras que estão na caixa, senão todas apodrecerão”.  Paulo, de forma semelhante, embora com objetividade e propósito diferente, diz que:

1 Coríntios 5:3-5. Eu, na verdade, (...), já determinei, como se estivesse presente, que o que tal ato praticou, (...), seja entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus.

            Se atentarmos para a questão das frutas e dos vegetais, realmente é assim que as coisas acontecem. Assim que observarmos um ou outro se deteriorando em meio aos demais, temos que retirá-los para não perdermos todos eles.
            Em relação a igreja do Senhor Jesus Cristo, o ato de retirada do faltoso em meio aos demais membros é parecido. Geralmente, uma igreja séria e que apregoa a verdadeira Sã Doutrina – “Sola Escriptura[2], quando se sabe do cometimento do pecado e, principalmente, quando se torna público, ela  afasta o faltoso (violador) por um período de tempo da participação da Ceia do Senhor – o ato que representa a Comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo. Como também o afasta de todas as funções ou cargos exercidos na Igreja.
            Esta disciplina é pedagógica e corretiva, mesmo que no início traga constrangimento e certo sofrimento ao pecador, mas tem um propósito divino: fazê-la refletir acerca de seu erro e ser curada. Por isso, os demais membros da igreja não podem abandoná-lo (a) e muito menos ficar tocando no assunto. Por outro lado, o membro disciplinado deve continuar a frequentar os cultos oficiais da congregação, pois a liderança deverá acompanhar o seu tratamento, para posteriormente reintegrá-lo a Comunhão da Igreja.
Infelizmente, muitas igrejas ditas cristãs e evangélicas da atualidade, estão relapsas em relação à aplicação da Disciplina Eclesiástica. O pior disso tudo, é que pode ocorrer a seguinte situação: você ir entusiasmado (a) convidar uma pessoa conhecida para ir ao culto da igreja; mas, de repente, é surpreendido (a) ao ouvir de sua boca a seguinte fala: “nem pensar, pois conheço muitas pessoas que a frequentam, inclusive o seu Pastor (ou Liderança), que praticam muitas coisas erradas, ou seja, que não condizem com a Palavra de Deus”. Dito com outras palavras, eles não vivem o que pregam no púlpito da igreja.
No entanto, se a liderança ou dirigente da congregação (Pastor, Evangelista, Presbítero, Bispo, Padre, etc.), ao saber do cometimento de pecado entre seus membros e não tomar uma atitude em relação ao violador, principalmente quanto à aplicação duma disciplina corretiva. Este dirigente será conivente com o pecado cometido. Em outras palavras, ele também estará em pecado.
Estima-se que entre tantos casos, o dirigente fica com medo de confrontar o violador e coloca-lo em disciplina, haja vista que uma de suas primeiras reações poderá ser a de sair da igreja. E, com isso, o líder acabará perdendo um “bom dizimista e ofertante”. É triste, mas é a este ponto que muitas pessoas, tanto lideres como membros, estão tratando a Noiva do Senhor – a Igreja. Como também o Genuíno Evangelho. A que ponto chegamos!    
Louvo á Deus pelas igrejas cristãs brasileiras (e suas lideranças) que fazem conforme o que recomenda a Palavra de Deus, pois não existe maior comprovação de amor como a atitude tomada pela pessoa de Jesus Cristo, colocando-se à morte por nós, miseráveis pecadores: “(...), vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco” (2 Coríntios 13:11).
Entretanto, esse mesmo Deus que é Amor em sua essência, também disciplina a quem ama: “Filho meu, não rejeites a correção do Senhor, nem te enojes da sua repreensão” (Provérbios 3:11).  A correção e a disciplina aplicada no momento e na medida certa, pode fazer nascer à sabedoria. Por isso, pais e lideres de quaisquer instituições sociais, religiosas e/ou profissionais, não abram mão de que, em havendo o cometimento de erro, que haja à aplicação da advertência (mesmo que seja verbal), pois servirá de exemplo e de cunho pedagógico.
Na igreja ou na esfera eclesiástica, penso da mesma forma. Se o pecado chegar ao conhecimento somente da liderança da igreja, chama-se em gabinete somente o violador e aplica-lhe a correção devida ao caso (nem seus membros e, muito menos, os ímpios precisam saber).
No entanto, caso já tenha chegado a conhecimento de seus membros e, pior, de pessoas não cristãs e circunvizinhas da congregação, aplica-se a disciplina corretiva de forma a se tornar pública, isto é, em reunião só de membros (sem a necessidade de detalhar ou dizer o fato em si).
Neste caso, como diz o apóstolo Paulo, com a aprovação em Assembleia: “Eu, na verdade, (...), já determinei, (...), em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, (...), juntos vós e o meu espírito”, (...), seja entregue a Satanás”. (1 Coríntios 5:3-5).

Conclusão:

            Quero concluir este assunto, deixando bem claro aos irmãos e leitores, que não sou a favor da pratica do abuso de autoridade e nem mesmo da violência (verbal ou física) contra quaisquer pessoas. Para tanto, na ocorrência dum erro e de acordo com a sua gravidade, sou favorável  que deva haver a disciplina corretiva (e temos várias formas de fazê-la), sem exageros e excessos.

Provérbios 13:24. O que retém a sua vara aborrece (não ama ou ama menos) a seu filho, mas o que o ama, a seu tempo, o castiga (acréscimo nosso).

Devo enfatizar que quem ama corrige e, em muitos casos, o aplicador da correção irá sofrer também (ou mais que a pessoa em correção). Posso fazer uma comparação e aplicação bem prática: todas as vezes que levamos a Elisa para vacinar, sofremos.  Mas sabemos acerca da importância e necessidade desse ato para sua vida. Lembre-se: nunca aplique a disciplina num momento de ira ou raiva, pois ela deve ser aplicada com/por amor.      



[1] Fornicação. Relação de pessoa não casada (solteira), com outra pessoa casada ou não.
[2] Sola Scriptura. Do latim: “sola” significa ou nos dá a de “somente”; enquanto que  a palavra “scriptura”  significa às Escrituras. Portanto, a expressão significa que somente as Escrituras são autoridade de fé e prática do cristão. A Bíblia é completa, inerrante e infalível: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Timóteo 3:16).

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