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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

BREVE DESABO PARA NOSSA REFLEXÃO!


Tenho por costume visitar minha mãe aos domingos. E, neste último, tive o privilégio de estar com ela na casa de minha irmã, Adê. E o melhor ainda, foi que apareceu mais dois de meus irmãos, Adonias e Adilson. Enquanto minha irmã preparava o almoço, ficamos na sala assistindo uma entrevista com Acelino de Freitas – o Popó, como também, depoimentos de sua mãe e irmãos.
Nós todos que estávamos na sala, enquanto víamos e ouvíamos esses depoimentos, fizemos um retorno ao passado. A história de vida deles, em muito se assemelhava a nossa (igual a de inúmeras pessoas espalhados pelo mundo), por isso, eles se emocionavam ao falar do sofrimento vivido na infância e adolescência na Bahia, enquanto nós todos também.
Uma das falas do Popó que foi muito marcante para mim, foi quando ele disse ter um “trauma” de ver uma geladeira vazia, somente com água. Noutras palavras, durante boa parte de sua infância foi a cena mais comum e habitual vivida por ele e por seus irmãos. Logicamente, amigos e leitores, continua a existir bem próximo de nós, pessoas, e não são poucas, que estão passando neste exato momento pelo mesmo problema (trauma) vivido por esta família brasileira.
Nosso desabafo e reflexão, pautar-se-á basicamente numa questão muito simples: o esporte, a arte, a música, a literatura, o cinema, o teatro, entre outras coisas, é uma forte ferramenta para a inclusão social. Poderíamos citar inúmeros exemplos para respaldar esta afirmativa. Acredito que todas as pessoas que estarão lendo este texto, deve conhecer alguém próximo (ou distante) que passou por este tipo de experiência em sua vida. E hoje desfruta de uma vida bem mais tranquila e com certa comodidade financeira e social (eu posso me inserir nesta relação).
Entretanto, gostaria muito de chamar sua atenção para outra questão que, talvez, não seja tão simples assim, principalmente para pessoas que tiveram esta terrível experiência, mas que, desfrutam na atualidade de uma vida totalmente “exagerada” (mera ostentação). Para melhor entendimento, colecionam em suas garagens uns simples “carrinhos” como uma lamborguini, uma ferrari, um porsche etc. Além de outros bens materiais de grande valor monetário. Eles, por certo, se esquecem de que essas posses não irão descer com eles para a sua sepultura: “E disse: Nú sai do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá”(cf. Jó 1:21).
Noutras palavras, outras pessoas irão desfrutar dos bens que vocês “se esforçaram” para adquirirem: “O fruto da tua terra e todo o teu trabalho, o comerá um povo que nunca conheceste (não fez nada para adquiri-lo); e tu serás oprimido e quebrantado todos os dias” (cf. Deuteronômio 28:30-33; Jeremias 8:10). Alguns ainda defendem que não devemos se “lembrar” de nosso passado. Costumam dizer a seguinte frase: “o que passou, passou. Agora estamos vivendo outra vida e outro momento”!
Tenho um pensamento totalmente contrário a esta fala, pois defendo que é o nosso passado que poderá ter grande influência em quem “somos” (ou seremos) ou em quem iremos nos “tornar” no futuro. O Seu ou o Meu sofrimento, não deve ser a razão única de sua arrogãncia e soberba atual. Ou, ainda, o único motivo de seu fracasso.
As ciências humanas afirmam que a Personalidade humana é formada entre 0 e 7 anos de idade e, que, a formação de nosso Caráter se dá entre os 8 aos 12 anos de idade. Sendo assim, tudo o que aprendermos no “passado”, isto é, entre esses anos de nossa vida, levaremos para o “futuro”, sejam ensinamentos bons ou ruins. Toda esta formação e constituição humana, será basicamente gerada pela herança genética de nossos pais e, também, pela influência do meio em que passaremos boa parte de nossa convivencia social.
Ainda existe uma outra questão que atribuo como sendo mais terrível ainda: pessoas que passaram por um período de grande miséria e infelicidade em sua infância, mas a vida lhes proporcionou dar a volta por cima, estando numa vida bem confortável e regalada na atualidade. No entanto, não querem, não se aproximam (ou não deixam que se...)  e nem pensam em ajudar seus familiares que continuam em estado de miserabilidade.

1 Timóteo 5:8. Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel (grifamos).  
  
Pense juntamente comigo: se a pessoa não pensa em ajudar os de “sua propria família”, ela irá mover um dedo para ajudar uma viúva, um órfão ou um necessitado qualquer (andarilho ou morador de rua etc.)? De maneira alguma. Ela era ou se tornou num “avarento” de carteirinha. Totalmente mesquinho e voltado com os olhares para o seu próprio umbigo.
Fico muito feliz quando vejo atitudes contrárias a esta. Uma pessoa afamada socialmente e de grandes posses na atualidade, que não possui nenhum grau de parentesco com as pessoas, mas que brotou em seu coração o desejo de ajudar uma instituição filantrópica que cuida de crianças e/ou de idosos, ou uma família ou uma comunidade periférica, e assim por diante. Atitude que demonstra, ao meu ver, dois sentimentos ou virtudes louváveis: gratidão e compaixão. Gratidão por tudo que Deus lhe tem proporcionado viver. E compaixão ao ver pessoas iguais (seres humanos), passando por tamanho sofrimento e necessidade.
No Brasil, e em boa parte do mundo, muitas coisas fogem da “realidade social”. Para algumas coisas adotam-se muito rigor, como por exemplo, ao “proletariado”[1] é estipulado um teto salarial mínimo, que não dá nem para sobreviver dignamente:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem á melhoria de sua condição social:
(...).
IV – Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender as suas necessidades vitais básicas e ás de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo (grifamos), sendo vidada sua vinculação para qualquer fim;

Poderíamos sublinhar todo este inciso IV, do Caput deste artigo Constitucional. Tenho grande tristeza ao ler e escrever acerca deste artigo de nossa Carta Magna, pois ele nunca teve a plena eficácia em sua aplicação. O valor estipulado para este salário mínimo, não tem como alcançar e atender todas as necessidades vitais básicas do pobre trabalhador assalariado, conforme apresentado no texto Constitucional.
Além disso, todos os anos assistimos uma disputa acirrada entre os parlamentares, para se chegar ao acordo sobre o percentual de aumento salarial, para ser dado aos bravos trabalhadores brasileiros. Entretanto, quanto o aumento trata-se da classe “burguesa” brasileira  (Desembargadores, Procuradores e Juízes federais, Ministros do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, Senadores, Deputados federais, Governadores, entre outros cargos Públicos e Políticos em geral, etc.), resolve-se rapidamente a aprovação dum percentual bem elevado para a categoria.
Você poderia dizer: mas existe vedação na Constituição Federal que proíbe o recebimento salarial excessivo, pelas pessoas que ocupam certos cargos, funções e empregos públicos da Administração Direta, Autárquica ou Fundacional.  Como também, das pessoas que ocupam cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário Brasileiro (cf. Art.. 37, incisos XI a XV, CRFB).
Realmente existe, entretanto, quero te lembrar acerca desses funcionários, de que eles possuem direitos a vantagens e benefícios que acabam elevando exorbitantemente seus vencimentos; tais como: verbas para o pagamento de aluguel, gasolina, viagens, contas de telefone, para seus assessores, auxílio paletó,entre outras.  Pesquisa feita recentemente, assegurou que cada um dos 513 deputados brasileiros e dos 81 senadores custam mais de $ 7 milhões por ano, isto é, seis vezes mais que um parlamentar francês, por exemplo. É o parlamento mais caro do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Outras categorias profissionais também são beneficiadas com este “mal” costume brasileiro, por exemplo, os atletas profissionais, principalmente os jogadores de futebol, com salários tão aviltantes. Poder-se-ia perguntar: não poderia existir um “teto” salarial mínimo também para todas as demais categorias profissionais? Acredito que sim.
Nosso desabafo tem como objetivo, trazer a memória de cada leitor, inclusive daqueles que se enquadram na posição de “bem-afortunado”, para fazer uma reflexão  sobre a sua vida e, quem sabe, mudar de atitude e começar a pensar também nos outros, em vez de apenas em si mesmo. Muitas e muitas pessoas, estão vivendo em estado de  pobreza e miserabilidade no Brasil (e no mundo).  E a partir de então, tomar a inciativa de ajudar alguém ou uma entidade que cuida de pessoas em estado de extrema pobreza.  Com isso, poderão estar contribuindo para mudar um pouco o destino de tantas e tantas pessoas. Gesto este, revestido de verdadeira  gratidão e duma sincera compaixão pelo próximo. Seria mais ou menos assim: “ajudar alguém, sem saber a quem e, muito menos, sem esperar receber algo em troca”.
          Precisamos tentar cumprir os dois maiores e melhores Mandamentos ordenados por Jesus Cristo: “Amar a Deus acima de todas as coisas, e amar o próximo como a ti mesmo” (cf. Mateus 22:37-39). Precisamos voltar a ter sensibilidade quando vemos uma pessoa ás margens da sociedade (de nossas ruas) mal vestida e faminta,  implorando, mesmo sem dizer uma única palavra, para que demos-lhe um pouco de atenção e de cuidados. Se realmente proclamamos por mudanças sociais, elas devem começar conosco. Pensemos mais sobre isto! Depois, que possamos colocar numa prática diária em nossas vidas.


[1] Proletariado. Conjunto de trabalhadores de um determinado País ou duma Região.

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